The Hidden Depths


Escrita porVictoria Fideles
Revisada por Lelen


Capítulo 2

Tempo estimado de leitura: 7 minutos

  O aroma de manjericão fresco e molho de tomate caseiro preenchia o apartamento de Lorraine e John %Vance%, um convite caloroso que se contrapunha à frieza cortante do mundo lá fora. Para %Alex% %Vance%, esses jantares em família eram mais do que simples refeições; eram um refúgio, um porto seguro onde o peso dos casos de homicídio e as sombras da cidade grande se dissipavam, ao menos por algumas horas. Ela observava seus pais na cozinha, a harmonia em seus movimentos, a risada fácil de Lorraine, o jeito tranquilo de John ao arrumar a mesa. Era um quadro de vida doméstica perfeita, quase ingênuo, que %Alex% valorizava acima de tudo. Mal sabia ela que aquela perfeição era construída sobre um alicerce de segredos tão profundos quanto os túmulos que ela visitava em seu trabalho.
0
Comente!x

  — Então, filha, como foi o dia hoje? — John %Vance% perguntou, um sorriso caloroso iluminando seu rosto enrugado, mas ainda jovial. Ele sempre a recebia com um abraço forte, um gesto que transmitia segurança e orgulho.
0
Comente!x

  %Alex% forçou um sorriso, tentando não deixar transparecer o peso da cena que havia presenciado mais cedo no jardim de infância. Leslie Walsh, a professora, estendida ali, o corpo macabramente adornado com arame farpado e aquele pentagrama sinistro.
0
Comente!x

  — Ah, pai, o de sempre. A burocracia policial é o verdadeiro vilão, sabia? — Ela tentou desviar, servindo-se de uma porção generosa do cozido. Seus pais não gostavam de ouvir os detalhes sórdidos de seu trabalho, e %Alex%, por sua vez, preferia mantê-los protegidos da escuridão que ela enfrentava diariamente.
0
Comente!x

  Lorraine %Vance%, com seus cabelos grisalhos bem cuidados e olhos azuis gentis, pousou a mão sobre a dela.
0
Comente!x

  — Você sabe que a gente se preocupa, querida. Esse tipo de trabalho... — Sua voz se perdeu em um suspiro. Lorraine era o tipo de mãe que se preocupava com o mínimo arranhão, e a ideia de sua filha estar tão exposta à violência a afligia profundamente.
0
Comente!x

  — Eu sou detetive de homicídios, mãe, não voluntária de campo de guerra. Eu me cuido — %Alex% assegurou, um tom de leve impaciência disfarçado em seu carinho. Ela amava seus pais, mas às vezes a preocupação deles era sufocante. Era um preço pequeno a pagar, contudo, pela paz que eles lhe proporcionavam.
0
Comente!x

  Durante o jantar, a conversa fluía levemente. Eles falaram sobre a rotina dos aposentados, sobre o novo livro que Lorraine estava lendo, sobre o pequeno jardim que John cultivava na varanda. %Alex% contava sobre a briga de gato e cachorro que rolava no prédio dela, sobre a comida do novo restaurante japonês que abriu perto da delegacia. Era a normalidade que %Alex% buscava para equilibrar o caos.
0
Comente!x

  No entanto, mesmo em meio àquela bolha de afeto, a mente de %Alex% não conseguia se desconectar completamente. A imagem do pentagrama na cena do crime, a limpeza macabra do corpo, a ausência de sangue... tudo isso girava em sua cabeça como uma engrenagem enferrujada. O "Assassino do Pentagrama" havia voltado. E a vítima, Leslie Walsh, uma professora de jardim de infância de 39 anos. Havia algo estranho, algo que não se encaixava perfeitamente, mas %Alex% não conseguia identificar o quê.
0
Comente!x

  Lorraine, percebendo o olhar distante da filha, tocou seu braço.
0
Comente!x

  — %Alex%, está tudo bem? Você parece um pouco aérea hoje.
0
Comente!x

  %Alex% piscou, voltando à realidade.
0
Comente!x

  — Ah, não é nada, mãe. Só o cansaço do dia. É que o caso que pegamos hoje é meio complicado, só isso. — Ela não elaborou, não precisava. Seus pais não precisavam saber dos pesadelos que o trabalho lhe trazia. O sorriso que ela deu era convincente o suficiente para apaziguar a preocupação deles.
0
Comente!x

  Depois de mais algumas horas de conversa e risadas, %Alex% se despediu dos pais, prometendo ligar no dia seguinte. O trajeto de volta para seu apartamento, no coração da cidade, foi feito em um silêncio pensativo. As ruas iluminadas passavam como um borrão, e a melodia suave do rádio não conseguia afastar a imagem do corpo de Leslie Walsh de sua mente.
0
Comente!x

  Ao chegar em seu próprio apartamento, um espaço moderno e minimalista que contrastava com o aconchego da casa dos pais, %Alex% sentiu o peso do trabalho voltar a cair sobre seus ombros. Ela largou a bolsa e a jaqueta sobre o sofá, mas antes que pudesse sequer pensar em um banho ou em uma xícara de chá, seu celular vibrou com uma intensidade quase ruidosa.
0
Comente!x

  Era Liam Reid.
0
Comente!x

  %Alex% hesitou por um segundo. A ligação não era sobre o trabalho, ela sabia. Liam, seu parceiro na Divisão de Homicídios, era um poço de calma e lógica no ambiente profissional, mas fora da delegacia, a dinâmica entre eles mudava. Eles tinham um arranjo casual, um entendimento tácito que preenchia uma lacuna na vida de ambos sem exigir compromissos. Era uma relação que servia, um alívio mútuo da solidão e do estresse constante de suas profissões.
0
Comente!x

  Ela atendeu.
0
Comente!x

  — Reid. Aconteceu alguma coisa? — Sua voz era neutra, a máscara de detetive de volta ao lugar.
0
Comente!x

  — Estava pensando em você, %Vance%. — A voz de Liam, sempre controlada, tinha uma leve camada de rouquidão que %Alex% reconheceu de imediato. — O dia foi puxado, não foi? Preciso relaxar. Você está sozinha?
0
Comente!x

  A pergunta, embora sutil, era um convite. %Alex% olhou para o apartamento vazio. A solidão que ele preenchia, a tensão que ele desfazia, eram tentadoras.
0
Comente!x

  — Estou — ela respondeu, a voz mais baixa do que o pretendido.
0
Comente!x

  — Certo. Estou a caminho. Preciso de uma boa conversa... ou de uma boa distração — ele insinuou, e %Alex% conseguiu visualizar o sorriso de canto de boca que ele provavelmente exibia. — Te vejo em dez minutos.
0
Comente!x

  Antes que ela pudesse responder, Liam desligou. %Alex% soltou um suspiro, uma mistura de alívio e uma estranha antecipação. A presença dele, mesmo que efêmera, era um escape necessário. Ela sabia o que viria. O tipo de "distração" que ele falava era exatamente o que ela precisava para esvaziar a cabeça, nem que fosse por algumas horas, antes de mergulhar novamente nas profundezas da escuridão.
0
Comente!x

  %Alex% deixou o celular no balcão e caminhou até a janela, observando as luzes da cidade. A cidade era um emaranhado de vidas, de sonhos, de pesadelos. Em algum lugar lá fora, o assassino estava à espreita. E em breve, ela estaria de volta à caça. Mas, por enquanto, a noite pertencia a Liam.
0
Comente!x

  O som da campainha a fez se virar. Era ele. O ar no apartamento já começava a se carregar de uma nova energia. %Alex% abriu a porta, e o olhar de Liam cruzou o dela. O sorriso dele, antes contido, se alargou. Era uma promessa de esquecimento, mesmo que por pouco tempo. O mundo da investigação poderia esperar.
0
Comente!x

Capítulo 2
0 0 votos
Classificação do artigo
Inscrever-se
Notificar de
guest
0 Comentários
mais antigos
mais recentes Mais votado
Feedbacks embutidos
Ver todos os comentários
Todos os comentários (2)
×

Comentários

×

ATENÇÃO!

História NÃO RECOMENDADA PARA MENORES ou PESSOAS SENSÍVEIS.

Esta história pode conter descrições (explícitas) de sexo, violência; palavras de baixo calão, linguagem imprópria. PODE CONTER GATILHOS

O Espaço Criativo não se responsabiliza pelo conteúdo das histórias hospedadas na sessão restrita ou apontadas pelo(a) autor(a) como não próprias para pessoas sensíveis.

Você não pode copiar o conteúdo desta página

0
Adoraria saber sua opinião, comente.x