Telekinesis

Escrita porNatashia Kitamura
Revisada por Natashia Kitamura

Capítulo 7

Tempo estimado de leitura: 12 minutos

  %Jennifer% não sabia quantos dias ou semanas estava sendo mantida naquela cabine. Seu humor, ao invés de melhorar, piorava. Se antes ela reclamava por estar sendo tratada como uma prisioneira naquela nave, agora então, nem se fala. Os humanos tinham uma maneira ignorante de tratar pessoas que machucavam as outras, talvez por isso elas fossem tão violentas.
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  Perdeu as contas de quantas vezes olhou seu reflexo no espelho. A vontade de ser retirada dali se foi depois que percebeu o que realmente significava para os humanos. Comia pouco, mesmo quando Natasha mandava; mesmo quando Steve, seu único amigo, mandava. Mesmo quando Thor, depois de muito tempo, veio vê-la e ousou ordená-la comer, tentando utilizar sua autoridade asgardiana em cima da irmã; mas o respeito que ela sentia por ele já não mais era prioridade. O que disse para Thor no dia do descontrole era verdade, ela queria morrer.
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  Steve era a pessoa que mais passava tempo com ela. Mesmo que fosse somente para ficarem em silêncio, o herói a visitava todos os dias e ficavam por um longo tempo com ela, tentando conversar, tentando fazê-la comer, tentando melhorar seu ânimo. Com o tempo, %Jennifer% passou a se sentir mais agregada a Steve do que seu próprio irmão. Comia somente quando ele trazia seu prato para comer com ela, pois não gostava da sensação de ser observada enquanto se alimentava. Só falava quando Steve estava sozinho com ela na sala e as únicas mãos que lhe davam carinho, passando uma mínima sensação de conforto, eram as do Capitão América.
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  - Quando sairei? – %Jennifer% murmurou, a cabeça apoiada nas pernas de Steve, que estava sentado em sua cama.
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  - Você não está sendo uma boa pessoa, sabe? – ele diz em tom de riso. %Jennifer% tenta rir com o comentário, mas não consegue. – Enquanto não colaborar com eles nos testes, não sairá daqui tão cedo. Estou falando para seu bem, %Jenny%.
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  A garota apertou os lábios e fechou os olhos, virando o corpo de lado, tentando adormecer, a única ação que podia fazer dentro daquelas quatro paredes.
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  Provavelmente alguns dias depois, quando %Jennifer% abriu os olhos, pode ver uma pessoa diferente de Thor, Steve, Natasha, Nick Fury ou qualquer integrante da S.H.I.E.L.D. Coçou os olhos, tentando enxergar melhor do que o borrado de ter acabado de acordar e foi somente alguns segundos depois que conseguiu identificar o perfil do homem parado em pé do outro lado da sala:
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  - Ah, é você, Mecânico. Sou uma pessoa perigosa, pelo menos é o que dizem, então você não deveria estar aqui.
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  - Acha que tenho medo de você? É apenas uma garotinha.
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  - Queria ser vista como uma garotinha por todos. Pelo menos me tratavam bem.
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  Tony Stark abriu um pequeno sorriso ao vê-la começar a se parecer consigo, utilizando a ironia como muro protetor de suas emoções. Se aproximou, sentando na beira de sua cama. %Jennifer% a olhou com curiosidade, mas ele nada disse. Manteve-se calado, apenas respirando o mesmo ar que ela, coisa que deveria ter feito há anos e nunca teve coragem ou força de encará-la. Agora, ela se parecia ainda mais com Emily, mas não sentia tanta repulsão quando criança. Observando-a através das câmeras e analisando seus exames e testes, entendia por que a criança está no alvo das ninfas do espaço. Ninguém até então consegue entender a dimensão do poder, porque até agora não encontraram o limite dele.
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  - Ouvi dizer que está dando trabalho para os heróis. – começou a conversa. %Jennifer% bufou, exausta, se sentando e abraçando suas pernas, enquanto se encosta na parede, ao lado de Tony.
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  - Ninguém que é maltratado colabora com a pessoa que causou sua dor.
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  - Por que eles causaram sua dor? Achei que estivesse tentando ajuda-la a saber o limite de seus poderes para que quisesse controla-lo e liberá-la para missões na Terra.
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  - Eles só me mandam treinar, como se quisessem que eu me canse. Não me dão treinamentos específicos, só fazem testes repletos de fios e monstros de metal. Não me dizem se melhorei, a não ser que eu pergunte. Em Asgard, os tutores não aguardavam a ingenuidade do aluno em vir questionar um professor, eles diziam nossos erros antes mesmo de suspeitarmos deles.
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  - Os humanos são um pouco estúpidos, sim. Mas isso não significa que você deva sacrificar sua saúde para atingi-los. Você deve saber que não está se sucedendo, não é? Eles não dão a mínima.
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  %Jennifer% encarou o homem honesto à sua frente. Pela primeira vez desde quando chegou, alguém era direto consigo. Não perdia tempo escolhendo palavras de conforto que acabavam machucando-a muito mais. A falta de tato de Mecânico trazia mais aquecimento em seu coração do que a falsa esperança que o resto dos visitantes ofereciam.
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  - Se eu ajudar, você acha que me tirarão daqui?
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  - Pelo menos pensarão na hipótese.
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  - Mecânico, isso não ajuda. – a garota reclamou com uma careta. Viu o homem virar seu corpo para ela, o ponto de luz no meio de seu peito brilhando mais que as luzes que iluminam o quarto.
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  - Acho que está na hora de te dizer que meu nome não é Mecânico. Mecânico é uma profissão dos humanos na Terra. São pessoas que concertam coisas, como eu fiz com a máquina de seus treinamentos.
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  - Então qual seu nome? – %Jennifer% perguntou, abobada por ter sido facilmente enganada no primeiro encontro deles.
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  - Tony. Tony Stark.
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  - Tony Stark... – ela repete, baixo. – É um nome mais bonito que Mecânico. – concorda com a cabeça, vendo o homem abrir um pequeno sorriso, divertindo-se com a descoberta da garota. – Você também é um herói? É seu poder? – apontou para o peito iluminado do homem.
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  - Sou um herói melhor que os outros. – Tony diz, o ego acima dos fios de seus cabelos. – Meu poder não está comigo agora, isso – aponta na direção de seu peito. – garante que meu coração não irá parar e eu morrer. Não se assuste, tenho o controle dele. Posso viver mais que você.
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  - Isso não é confortante. – a garota o encara assustada com a possibilidade da luz no peito do homem apagar repentinamente, o fazendo desfalecer em sua frente. – Dói?
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  - De vez em quando, mas a dor já faz parte de mim. Quando você sabe que não poderá viver sem ela, arranja uma maneira de acostumar-se à ela antes que ela a destrua.
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  %Jennifer% manteve-se pensativa com o que Tony havia acabado de lhe falar. Estava sentindo muita dor agora, uma dor agonizante, que a fazia querer morrer. Não queria se adaptar à ela, quer voltar a ser feliz como era quando estava em Asgard. Quando foi em sua única visita de algumas horas na Terra.
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  Depois que Tony se fez sua primeira visita, %Jennifer% começou a ansiar mais seu retorno do que Steve, seu único amigo. No entanto, as visitas dele não eram tão frequentes quanto as do Capitão América. Perguntando sobre Tony a Steve, %Jennifer% não se estranhou a expressão surpresa no rosto do herói, que perguntou se Tony havia mesmo a visitado.
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  - Ele vem menos que você ou Thor. Gosto das histórias que conta sobre as missões que completou. – %Jennifer% abriu um sorriso, sentada ao lado de Steve, que a observava boquiaberto. – Sabe, ouvindo ele falar e das consequências que teve com relação a Nick Fury, me identifico com ele.
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  - Identifica, é? – Steve abre um sorriso sem graça.
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  - É. Ele também tem um poder maior do que consegue controlar, então recebe bronca todas as vezes que não faz certo. Gosto da maneira que ele se importa em salvar o mundo, mas não liga quando alguém aponta algum erro durante o processo dele. É como se ele soubesse que é imperfeito, mas não liga para esse fator. Também tenho um grande problema de imperfeição, mas não sou tão... Descolada, quanto ele.
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  - Acredito que o “descolado” dele é visto como “irresponsabilidade” algumas vezes. – Steve coça a nunca, sem saber como se referir ao pai da garota. – Bem, Stark é uma ótima pessoa. Ele tem seus próprios ideais e gosta de fazer as coisas da maneira dele, que são bem mais... Aventureiras, que a nossa.
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  - Ele é bem sensacional. – a garota sorri, encarando o chão. – Gosto de conversar com ele. Ele me entende.
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  - Entende?
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  - Ele me diz a verdade, mesmo que não seja o que eu queira ouvir. Gosto da honestidade dele. Meu pai, o rei Odin, diz que temos de prestigiar as pessoas cuja virtude é honestidade. Thor disse que não há muitos deste tipo na Terra, então ter encontrado com Tony Stark foi uma sorte grande, não acha? – ela olha para Steve, que se engasga com a própria saliva, concordando brevemente.
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  Com o tempo, as visitas de Tony foram se tornando fonte para os testes mentais de %Jennifer%, que não demonstrava nenhuma mudança desde feita da última vez. O homem, que sem os outros perceberem, tratava a cabeça e o psicológico da garota, estava começando a sentir a animação de poder ensinar sua própria filha a lidar com seus poderes da maneira que gostaria, como quando a via brincar com os objetos pesados quando neném.
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  Os dois passaram a conversar com mais liberdade, Tony com um pé sempre atrás, hesitante por dizer a verdade à filha. Depois de ter começado a conversar com ela, todas as noites eram completadas com pesadelos do peso na consciência de tê-la abandonado quando ela mais precisou. Mesmo acordando antes do horário devido, com o rosto suado e o corpo trêmulo, o herói usava o dia para refletir, deixando de visitar a menina. Contudo, a curiosidade de ver seu bem-estar sempre faz com que ele espiasse a garota por entre as câmeras escondidas dentro da cabine que a deixaram; eventualmente, desistiria da força de seus pesadelos para passar mais tempo com a garota que cada dia mais se parece com Emily.
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  %Jennifer% estava cansada de observar as pessoas entrarem, saírem e passarem por sua cela. Steve disse que grande parte dos heróis estariam fora em uma missão importante com a Terra. Encontrariam-se com os representantes do Estado para discutir sobre a segurança do mundo. Devido ao encontro, %Jennifer% sabia que não receberia visitas em sua cela, chamada de cabine por Steve.
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  Estranhou quando uma agitação se iniciou do lado de fora de sua cela. Sem ter o poder de gritar por ajuda devido ao sistema antissom da cela, %Jennifer% não pode fazer nada senão observar os soldados responsáveis pela segurança de sua cela – ou da nave, contra ela -, caírem desacordados no chão. As luzes continuavam instáveis, significando que seja quem for a pessoa responsável pelo caos, as pessoas da nave ainda não possuem ciência sobre a presença de alguém perigoso.
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  Em questão de segundos, a segurança da cela foi cancelada; o campo de força sumiu, assim como as paredes de vidro e as algemas que prendiam os tornozelos e os pulsos de %Jennifer% que foram ao chão. Enquanto massageava o lugar anteriormente presos, a garota observou seres encapuzados em capas de cor bordô se alinharem dentro da cela para em seguida dar espaço a uma mulher com a touca da capa pendurada esquecida atrás de seus cabelos louros brilhantes.
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  %Jennifer% arregalou aos olhos, ao ver uma versão de si mais velha. Abriu a boca para dizer algo, pensando ser uma provável energia que mostrava seu futuro, mas os movimentos da mulher não seguiram os seus, dando a entender que ela era outra pessoa.
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  - Quem é você? – %Jennifer% perguntou, tentando manter distância da mulher, mas sendo impossível devido à parede branca atrás de si.
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  Os lábios vermelhos e brilhantes da mulher formaram um sorriso malicioso.
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  - Meu nome é Emily e vim te salvar.
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Capítulo 7
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