Capítulo 14
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Harry ainda estava tentando assimilar o que estava acontecendo, o que sua noiva estava fazendo em seu apartamento? Ele nem se deu conta da ausência dela nos dias anteriores, era como se ela realmente não estivesse ali.
– Eliza? O que tá fazendo aqui? – repetiu confuso.
– Oi pra você também, meu amor! E, respondendo sua pergunta, eu voltei para o aniversário de um ano do meu sobrinho e voltei pra ficar com você!
– Eu não estava sabendo de aniversário algum, e quanto aos seus estudos na França?
– Harry, eu já terminei o curso, já se passaram dois anos! E quanto ao aniversário, eu queria que minha chegada fosse surpresa. – Com toda certeza, Harry estava surpreso, e não estava feliz.
– Me desculpe, mas não posso continuar com isso – disse sincero.
– Por que não, Harry? Agora temos todo tempo para ficarmos juntos! – Aproximou-se para abraçá-lo, mas o mesmo recuou.
– Eu traí você, Elizabeth. – Harry viu as lágrimas surgirem em sua face, ela sorriu triste e piscou os olhos algumas vezes para se recompor.
– Harry... Olha, não vou dizer que estou surpresa com isso, eu já imaginava, você não falava comigo com tanta frequência, não nos víamos há dois anos, não posso te culpar por isso, e eu quero te dizer que eu te perdoo, podemos voltar a ser o que éramos antes, meu amor.
– Não... Não podemos. Eu não te amo, Eliza, nunca amei, eu só aceitei ser seu noivo por respeito às nossas famílias e porque você cuida de mim, mas nunca foi recíproco, e agora eu amo outra pessoa. No fim das contas, eu que peço perdão.
– Harry, não podemos jogar sete anos de relacionamento no lixo, não desse jeito, é só uma fase ruim, todos os casais passam por isso, logo tudo voltará a ser como era antes! – tentou incentivar.
– Não, Eliza, nunca vai ser como antes, você não entende? Você merece alguém melhor, que possa cuidar de você e que te ame como eu não fui capaz de fazer. Não podemos mais continuar juntos. – Segurou em seus braços delicadamente, para acalmar sua agitação. – Me desculpe.
Sem ter outra saída, Eliza entregou-se ao choro preso na garganta. Harry a tomou em seus braços, compartilhando seu lamentar, ela era uma ótima garota, não merecia sofrer daquele jeito, mas o fim era necessário para que novos caminhos se abrissem, para os dois.
– Tudo bem, Harry... – Enxugou as lágrimas afastando-se dele. – Mas posso te fazer um último pedido?
– Claro. – Ele não poderia negar, devia isso a ela, em consideração a todos os anos que viveram juntos.
– Por favor, ao menos vá comigo para a festa do meu sobrinho, não quero que minha família saiba que terminamos nosso noivado em um momento tão feliz para eles, principalmente para Niall.
– Compreendo perfeitamente, eu lhe farei companhia.
– Muito obrigada, Harry, agora acho melhor eu ir embora. – Pegou a bolsa e evitou encarar seus olhos mais uma vez, ou voltaria a chorar. – Te vejo no sábado.
– Até sábado. – Acompanhou até a porta. Por incrível que pareça, Harry não estava tão satisfeito como imaginava que ficaria, era como se ele também saísse perdendo nessa situação.
(...) Dentro de casa, Sarah se deparou com seu pai no sofá, ele segurava um papel e uma garrafa de bebida na outra mão. Seu pai só bebia por dois motivos: quando estava estressado ou com raiva, analisando rapidamente ele parecia bravo.
– Oi pai. – Recolheu sua bagagem indo em direção ao quarto.
– Sarah! Onde você estava? – perguntou a seguindo.
– Viajando. – Continuou desfazendo a mala, de costas pra ele.
– Você não disse para onde iria e muito menos com quem iria, você me deixou preocupado, Sarah.
– Não precisa se preocupar pai, eu estou bem, e muito feliz, por sinal.
– Já que você não quer me dizer, tudo bem. Não irei te obrigar. – Quando fez menção de sair, a filha perguntou.
– O senhor está bem? Pelo visto não, está bebendo essa hora da manhã – reclamou.
– Na verdade, recebi uma carta muito estranha essa manhã. – Adentrou finalmente, sentando na poltrona do quarto.
– Como assim?
– Um oficial de justiça me entregou isso hoje pela manhã. – Dylan estendeu o papel para que a filha o pegasse.
– O Senhor Dylan Poesy está sendo intimado a comparecer para petição de alimentos de Jordan Allen – leu em voz alta. – Acho justo.
– Como justo? Serei obrigado a pagar pensão a uma criança que nem sequer conheço! – diz impaciente.
– Tem certeza, pai? O sobrenome Allen te faz lembrar alguém? – instigou cínica.
– Claro que não! Não devo me lembrar de ninguém! – foi sua palavra final.
– Você é tão nojento! – gritou irritada – Eu sei de toda a verdade.
– O quê? Do que você está falando, Sarah?
– Você e Lea tem um filho! – Dylan ficou desconfiado, sem querer acreditar que ela realmente sabia ou estava apenas blefando. – Ainda vai continuar fingindo que não sabe de nada, papai?
– Aquele garoto não é meu filho! É apenas um bastardo que veio pra atrapalhar minha vida. – Levantou quase aos tropeços, ficando de frente a ela.
– Como você pode ser tão insensível? Ele tem seu sangue, é meu irmão, ele só é uma criança, se ele existe é por sua culpa, então trate de reconhecer que ele é seu filho – respondeu incrédula.
– Olha, Sarah, você não deve me dizer o que fazer, eu sou seu pai! – Exigiu autoritário. Ela não iria mais continuar com aquela discussão, seu pai estava bêbado mas ela sabia que ele não mudaria de opinião quanto a isso.
– Quer saber? Eu sou a favor dessa pensão, você é meu pai e o dele também, então haja como homem, enquanto estiver sendo esse babaca você irá me perder. – Recolheu as roupas que ainda restavam pra dentro da mala outra vez. – Eu não vou mais ficar nessa casa, você é tóxico.
– Você está insinuando que sairá de casa? – Avançou indo atrás. – Pois tudo bem, Sarah, você já é uma mulher, faça o que bem entender!
– Você é um monstro – foi a última coisa que disse antes de ir embora, dessa vez, para sempre. Ainda do lado de fora, pôde escutar o urro de Dylan e o som de vidro sendo quebrado. Não se comoveu, tudo que ela precisava era sair o mais rápido daquela casa.
(...) Ao ouvir batidas desesperadas em sua porta, Becca correu para atender, deparou-se com sua amiga em lágrimas, não pensou duas vezes em colocá-la pra dentro, Sarah precisava de consolo.
– O que aconteceu? Por que tá chorando? – perguntou preocupada.
– Meu pai, ele é uma pessoa horrível. – A abraçou com força, como se a melhor amiga fosse seu refúgio.
– O que ele fez dessa vez?
– Ele está negando assumir a paternidade do meu irmão. – Becca fez uma cara ainda mais confusa – Meu pai teve um filho com a empregada.
– Eu não posso acreditar. Você deve estar arrasada, amiga.
– Eu saí de casa, não quero mais voltar, ele é um imundo. Posso ficar por uns dias?
– A casa é sua, Sarah, poderemos ficar juntas, como antes.
– Obrigada, de verdade – agradeceu subindo as escadas para o quarto de hóspede.
– Sarah, eu sei que está passando por um momento delicado, mas preciso te contar uma coisa que venho guardando a dias.
– Por favor, me diz que não é uma notícia ruim.
– É sobre o Harry…
– Como assim? O que tem ele?
– O que eu tenho pra te dizer não é fácil, mas você precisa me escutar. Sarah, eu ouvi uma conversa do Harry e ele tem uma noiva.
– O quê? Isso é impossível! Estávamos juntos durante a semana passada, ele não iria mentir pra mim.
– Sarah, ele não passa de um grande mentiroso, você precisa acreditar em mim!
– Mas o que você diz é estúpido! Harry não é comprometido, você que tem ciúmes dele desde o início e fica nessa implicância.
– Sarah, você está cega novamente, não deixe que as coisas aconteçam como foi com o Zayn!
– Do que você tá falando?
– Você está fazendo tudo novamente, você está deixando de acreditar em mim, deixando sua amiga de lado para viver uma mentira que novamente eu estou tentando te alertar!
– Eu não acredito que você foi capaz disso! – disse Sarah chamando sua atenção.
– Me deixa em paz, Sarah. – Becca simplesmente deu as costas e voltou a fumar com o grupo.
– Então é desse jeito que você acha que vai resolver as coisas? Cadê a sua maturidade agora?
– Acho que você deve escutar sua mamãe, Becca – zombou uns dos garotos que também estava fumando no estacionamento.
– Cala a boca, Greg. – Revirou os olhos e se distanciou do grupo, voltando a sua atenção só pra ela. – E você, não comece com seu showzinho de hipocrisia, você não se importa comigo.
– Eu não me importo? – disse Sarah sem acreditar – Você é minha melhor amiga, não consigo pensar outro motivo para estar fazendo isso, mas te conheço o suficiente para saber que você não faria essa burrada por causa do nosso namoro.
– Sim, é por causa dele, o Zayn não tá namorando só com você! Ele namora várias ao mesmo tempo na faculdade, porque é tão difícil de entender? Você acha que eu iria mentir pra você? – Tragou mais uma vez.
– O que você quer de mim? Por que não aceita que estou com ele e para com essas histórias absurdas? – disse desesperada. Becca riu nasalado.
– Ele sempre vai está em primeiro lugar pra você, não é? Então o Zayn apareceu na sua vida e você não enxerga mais nada a sua frente? Se não acredita no que eu digo então também não tem o direito de cobrar nada de mim!
– Então continue com seu joguinho estúpido, mas você não vai me levar junto com seus problemas – respondeu furiosa e deixou pra trás a amiga, que continuou com o grupo como se nada tivesse acontecido.
As lembranças a invadiram sem qualquer aviso, a acertando em cheio com fortes dores de cabeça, as vozes e as cenas surgiam enquanto conversavam.
– Não. Não o meu Harry, ele é diferente! – gritou, para provar de que estava errada sobre ele.
– Ele não é diferente, Sarah, ele é ainda pior que Zayn!
– Não, não pode ser verdade. – Tropeçou nas próprias pernas e quase se desequilibrou.
– Sarah, você tem que entender que só eu cuidarei de você quando você se machucar, assim como foi da outra vez, nem Zayn muito menos Harry cuidaria de você como eu!
– Cuidar de mim? Por que tá falando isso? – Sua cabeça estava fervendo, outra vez mais uma memória.
Estava tudo desmoronando, não sabia o que exatamente me deixava assim, a solidão tinha tornado minha companheira, ninguém me compreendia e ninguém percebia, era como se minha existência fosse inútil, e que só existia um jeito de acabar com o que eu estava passando.
Não sei ao certo quando começaram os sintomas, eles simplesmente apareceram e tomaram toda a esperança que eu tinha. Talvez tenha sido a falta de comunicação entre meus pais, ou o estresse da vida no colegial, mas eu não conseguia expressar corretamente para buscar por ajuda, e no fim sufoquei com minhas próprias inseguranças.
Engoli todos os compridos de uma só vez, talvez se tomasse todas na mesma quantidade que minhas dores o efeito fosse mais eficaz, já havia se tornado um hábito, toda vez quando esse sentimento me atingia tomava os remédios e logo sentia-me mais calma e aquela sensação ia embora, por um tempo.
Meu corpo foi amolecendo, nem senti a dor do impacto ao cair no chão do banheiro da escola, estava dopada e em êxtase, ainda estava consciente quando comecei a convulsionar e quando tive a sensação de ter quase o coração sendo arrancado para fora do peito, mas não tinha como voltar atrás, e nem voz para pedir por ajuda.
Aceitando minhas condições, me entrego fechando os olhos.
– AI MEU DEUS! – alguém grita. – ALGUÉM ME AJUDA!
– Quem estava lá com você no hospital quando sofreu overdose? Onde estava o Zayn? Me diz, Sarah!
– Me desculpa – era tudo que conseguia dizer a cada minuto sem parar chorar.
– Eu não entendo, por que fez isso? – perguntou Becca, também emocionada.
– Eu não sei... Só senti que precisava fazer…
– Foi por causa do que eu falei sobre você e o meu primo? Eu não queria te deixar magoada, me perdoa, eu nunca mais vou fumar ou brigar com você de novo, não posso ficar sem você.
– Não foi sua culpa, só por favor... Não conte nada do que aconteceu ao Zayn, não sei como ele pode reagir. E nós não estamos em nosso melhor momento.
– Eu não vou. – segurou sua mão.
– Você... – Agora tudo estava claro, toda a verdade. – Você prometeu que não iria contar, e me traiu!
– A culpa foi sua pelo acidente do Zayn! – Sarah acusou.
– A culpa foi sua, Sarah! Você foi a única culpada, você causou tudo isso!
– Minha culpa? – Riu incrédula. – Foi você que destruiu tudo, que fez o Zayn perder o controle do carro e agora quer destruir a única felicidade que me resta!
– Você fez com que o Zayn perdesse o controle do carro, você causou toda a situação, ele morreu por sua culpa! E você nunca vai entender que não será feliz ao lado de Harry! Ele não passa de um mentiroso que só quer te usar!
– O QUE VOCÊ QUER DE MIM? – esbravejou Sarah.
– EU QUERO QUE VOCÊ ENTENDA, SARAH, QUE EU TE AMO! SÓ EU POSSO TE FAZER FELIZ SEM TE MAGOAR COMO TODOS ELES!
– Eu vou embora, você está ficando louca. – Recolheu suas coisas.
Depois da briga Sarah não teve outra pessoa para recorrer que não fosse sua mãe, sua memória havia finalmente voltado, tudo estava claro e as peças do quebra cabeça se encaixavam. Pegou seus pertences e seguiu para o aeroporto onde iria mudar sua rota mais uma vez, ligou para Eva e contou tudo o que aconteceu e pediu por ajuda. Sua mãe e o padrasto foram bastantes compreensíveis ao recebê-la, era estranho o fato de Niall ser seu padrasto sendo que eles têm a mesma idade, mas Niall fora tão generoso e simpático que a mesma deixou seu preconceito de lado.
– É um prazer te conhecer, estávamos esperando por sua chegada – comentou com Theo no colo.
– Prazer em conhecê-lo, Niall – disse gentil. – Esse é meu irmão?
– Sim – disse sua mãe. – Gostaria de carregá-lo?
– Eu posso?
– Claro que sim – respondeu Niall a entregando a criança.
O garotinho de início ficou olhando fixamente pra ela, nitidamente confuso com o novo membro da família.
– Oi Theo, tudo bem? – perguntou amigável.
– Bem – repetiu.
– Ele já sabe falar? – perguntou curiosa.
– Ele repete algumas palavras, não sabe falar corretamente ainda – explicou sua mãe.
– Acho que ele gostou de você, ainda não chorou nos seus braços – brincou Niall.
– Que criança mais dócil, ele é lindo – comentou Sarah ao abraçá-lo e ser correspondida.
– Por sorte, ele ainda não dá muito trabalho, só às vezes na hora de dormir, tirando isso você irá amá-lo – disse a mãe.
– Eu já o amo. Você ama sua irmã, Theo? – brincou Sarah.
– Amo – balbuciou fazendo alegria a todos.
(...) Enquanto preparava o novo quarto que iria hospedar, Sarah lembrou de Harry e de que deveria contar sobre os últimos acontecimentos e saber como ele estava, pegou o aparelho no bolso e discou seu número.
– Harry?
– Sarah... Oi.
– Como você tá, tudo bem por aí?
– Bem... Estou sim... Tá tudo bem, e com você?
– Estou bem, confusa mas bem, minhas memórias voltaram.
– Sarah, isso é ótimo, estou muito feliz por você.
– Deveria estar me sentindo bem com isso, mas não consigo, eu descobri coisas terríveis com a volta da minha memória, eu só preciso de um conforto. – A vontade de chorar estava presa na sua garganta.
– O que aconteceu, meu amor? Quer que eu faça uma visita mais tarde?
– Não vai dar, não estou em Portland.
– C-como assim não está?
– Eu estou na casa da minha mãe, na Irlanda, vou passar alguns dias com ela, eu briguei com meu pai e minha melhor amiga, eles... são uns monstros.
– Sarah... Eu sinto muito, com certeza precisamos conversar o mais breve possível, mas será que poderíamos conversar em outro momento? Meu plantão começa agora.
– Claro tudo bem, promete me ligar?
– Sim, ligarei depois.
– Ok, Harry.... Eu te amo.
– Eu também te amo... fique bem. – Finalizou a chamada.
(...) Com os dias que passou na casa de sua mãe, Sarah teve a chance de conviver e conhecer um pouco sobre a rotina dela, a correria do dia a dia, sendo mãe, esposa e arquiteta ao mesmo tempo e todo o esforço que ela mantinha para se manter presente na vida deles, do marido e filho, tinha esquecido do quanto admirava sua mãe. A maior parte do tempo quem cuidava do bebê era Niall, pois seu trabalho não exigia muito dele, então por conta disso ele podia ter mais tempo com a criança, ele não sentia nem um pouco obrigado ou insatisfeito, ao contrário, ele parecia muito feliz em ficar com Theo. Durante os dias que Sarah ficou hospedada, a babá do Theo foi dispensada temporariamente, pois como a mesma havia dito, gostaria de conhecer mais sobre o novo irmão e cuidar dele. Theo era uma criança adorável e amorosa, estava sendo uma experiência incrível descobrir mais sobre sua personalidade e passar o tempo com ele.
Seu pai não dava notícias desde que saiu de sua casa, talvez ele tenha tomado uma postura madura comparecendo ao juiz, ou ele simplesmente deveria estar foragido, o que ela achava mais provável. Harry ligava para ela todas as noites, sentia falta dele e estava ansiosa para vê-lo, mas ela tinha prometido a mãe que ajudaria na festa do seu irmão. Sarah notou que Harry agia estranho ultimamente, como se estivesse preocupado ou estressado com algo que o incomodava. Sim, ela o conhecia o suficiente para perceber, ele apenas dizia que eram problemas familiares mas que quando eles conversam tudo melhorava, ela queria acreditar que sim.
Sua mãe estava muito empolgada e feliz com a comemoração do primeiro aniversário do Theo, estava estampado em sua face e, por incrível que pareça, Sarah compartilhava do mesmo sentimento, não imaginava que em uma semana estaria tão apegada e apaixonada pelo irmão mais novo. Toda a decoração, cada detalhe, havia sido pensado e planejado por ela, e estava maravilhoso. O tema escolhido para a festa, período Jurássico, foi de acordo com os gostos do pequeno garoto, onde ela descobriu sobre suas paixões por dinossauros ao assistir desenhos com ele, o resultado final a deixou orgulhosa.
— Não tenho palavras para descrever o quanto eu amei! Muito obrigada, filha, de todo meu coração — disse sua mãe ao abraçá-la.
— Não fiz nada demais, você merece. — Sorriu de volta.
— Os convidados estão chegando, vou ficar ao lado do Niall e recebê-los. Estou bem? — Deu uma volta para mostrar sua roupa de mulher das cavernas.
— Engraçada, mas perfeita, quero registrar várias fotos disso para quando o Theo crescer. Ele vestiu a fantasia de dinossauro, certo?
— Sim, todos estamos a caráter, deveria vestir a sua fantasia também.
— Não, estou bem obrigada. — Riu da situação. — Mas não posso receber ninguém fedendo desse jeito, vou tomar um banho e desço.
— Vou te esperar lá embaixo — gritou de volta.
Enquanto escolhia suas roupas para a festa, Sarah sentiu seu bolso vibrar, sorriu ao ver que era Harry ligando.
— Oi amor.
— Oi meu bem, como você está?
— Um pouco ocupada, escolhendo roupas para o aniversário e você?
— Estou indo pegar um avião agora.
— O quê? Como assim? — Parou o que estava fazendo para ouvir melhor.
— Estou indo para Irlanda, na verdade estou indo a trabalho, vou ficar apenas 2 dias para uma palestra, mas poderíamos voltar juntos para minha casa. Talvez diga que estou acelerando as coisas, mas se olhar por outro lado, você não iria ter que ficar longe das coisas que gosta, nem dos seus amigos, nem do seu trabalho, e claro eu vou sair ganhando porque vou ter você morando comigo. É uma ideia muito ruim?
— Não amor, é uma ideia maravilhosa — disse emocionada. — Eu aceito morar junto com você, aceito ir pra qualquer canto com você.
— Estou aliviado em ouvir isso vindo de você, amor. — Suspirou e logo em seguida riu descontraído. — Não me sinto tão tolo por você quando concorda comigo.
— Hazz... seu bobo, meu bobo. — Sorriu apaixonada.
— Irei embarcar agora, preciso desligar, eu te amo.
— Eu também te amo, me mantenha informada.
— Te vejo em breve. – Fim de chamada.
(...) Os convidados chegaram e logo sentaram nas mesas indicadas com seus nomes, Niall tinha uma família grande, por parte de sua mãe, apenas seus avós e Sarah estavam presentes, todos pareciam se divertir e os doces e salgados personalizados estavam irresistíveis. Logo após, Niall apareceu pedindo para que sua mãe o acompanhasse até a porta para que ela conhecesse sua cunhada que estava viajando fora a estudos. Sarah não se importou muito, continuou comendo os doces e confirmou pela milésima vez que sua mãe estava bonita para conhecer a cunhada, desejou sorte e mandou beijo para o Theo no colo do pai.
Com a mão livre mandou mensagem para Harry, perguntando se já havia chegado, tentou esquecê-lo um pouco, afinal ele deveria estar ocupado e voltou a curtir as músicas infantis e as crianças correndo por todo o quintal, primos e alguns filhos, parentes do Niall.
— Gostaria que conhecesse minha filha. — Ouviu a voz de sua mãe se aproximar, ainda de costas, Sarah pegou prontamente o guardanapo para limpar as gorduras dos dedos e cumprimentar quem fosse.
— Olá, tudo bem? — Uma garota linda de olhos azuis, semelhante a Niall estendeu sua mão direita. — Sou Elizabeth.
— É um prazer te conhecer, sou Sarah. — Correspondeu ao aceno.
— Sua filha lembra muito você, Eva. Quando mencionou que tinha uma filha não imaginei que fosse tão grande – comentou para descontrair.
— Sim, ela já é uma mocinha. — Entrou na brincadeira. — Filha, essa é minha cunhada, se importa se ela e o noivo sentarem aqui?
— Claro, a casa é de vocês — disse receptiva, mas notou que a garota estava sozinha. — Ele está a caminho?
— Oh, ele deve ter ido ao toalete, Harry sempre tira água do joelho quando chega das viagens, como se fosse algum tipo de marcação de território. – Riu, sentando à mesa.
— Bom, preciso receber os outros convidados, volto em alguns minutos – avisou Eva.
— Seu noivo se chama Harry? – tentou puxar assunto com a garota. – Que legal, esse é o nome do meu namorado também! – disse empolgada.
— Que coincidência! — Sorriu simpática. — Então, sua mãe me contou sobre a decoração, parabéns pelo bom gosto, está adorável.
— Obrigada, me inspirei em algumas postagens da Internet, nada em especial. – Riu e seu celular vibrou avisando uma mensagem. — Falando nele, acabou de me avisar que chegou de viagem.
— Ele vai se juntar a nós para a festa? — perguntou curiosa.
— Não, infelizmente. Harry, é muito ocupado, talvez ele passe aqui amanhã, vou guardar alguns salgados para quando ele chegar.
— Que fofa, com meu noivo não é muito diferente, somos muito ocupados mas espero continuar mantendo nosso amor por mais tempo, apesar de nossas diferenças.
— Desejo felicidades a vocês, ele deve ser muito importante pra você para continuar firme ao lado dele, hoje em dia é tão difícil encontrar alguém disposto a cuidar um do outro.
— Eu entendo perfeitamente — disse bebendo o suco, mas logo fez uma pausa para acenar para alguém. — Aí está ele.
Sarah continuou de costas para não parecer tão intrometida, afinal ele iria se juntar a mesa. Mas algo estava familiar demais, quando o rapaz se aproximou ela jurou que o perfume dele era tão semelhante ao do seu Harry que seu coração acelerou.
— Estávamos falando sobre você, amor – comentou Elisabeth levantando para roubar um beijo, Sarah desviou da cena para não ser invasiva, apesar de estarem atrás dela.
— Eva disse que poderíamos sentar nessa mesa, com a filha dela. Sarah, esse é meu noivo Harry.
Quando a garota levantou e virou para cumprimentá-lo quase caiu dura no chão, o sorriso que antes estampava no seu rosto dera lugar para uma feição completamente confusa, não poderia ser real, Elizabeth o abraçava como um troféu valioso, o que seu Harry estava fazendo aqui e com a irmã do Niall?
— Harry...? — disse decepcionada.
— Sarah — respondeu claramente espantado, tão confuso quanto ela.
— O que você... E ela? – Sua visão começou a embaçar devido às lágrimas que desciam livremente.
— Vocês se conhecem? – questionou Elizabeth.
— Não....eu não a conheço — mentiu e, no momento das emoções a flor da pele, Sarah desferiu um tapa no rosto dele, chamando atenção de quem estava ao redor.
— Você! — Apontou o dedo para ele com tamanho desprezo e decepção. — Você é tão imundo quantos os outros. Eu não vou continuar mais um segundo aqui.
— Sarah, por favor, me deixa explicar. – Aproximou-se da garota que recolhia sua bolsa da mesa.
— Não encosta em mim! – gritou. – Você não me conhece, esqueceu?
— Por favor, me perdoa — disse atordoado, Harry estava sem reação e não soube como agir, ele não imaginaria que chegariam a esse ponto, ele não teria como se preparar para aquilo.
— O que está acontecendo aqui? – Niall apareceu em meio a confusão.
— Estou indo embora, não estou me sentindo bem. — Limpou as lágrimas.
— Filha, o que houve? – Sua mãe surgiu preocupada.
— Eu estava vivendo uma mentira, eu cansei, cansei de tudo! — gritou e correu em direção a saída.
— Alguém pode me explicar o que está acontecendo? – repetiu Niall. Harry correu atrás dela, ignorando todos, ele só se preocupava com uma pessoa, ele precisava ir, ou a perderia para sempre.
— Sarah, por favor espera! – pediu ofegante, ela não olhava pra trás, corria sem parar. — Por favor, em consideração ao nosso amor, ouça o que tenho a dizer.
— Consideração? — Sarah parou de correr por um momento para respirar, e começou a gargalhar. — Logo você, Harry? Cobrando por consideração?
— Eu sei que está confusa, com raiva e decepcionada, mas por favor ouça o que tenho a dizer.
— Não temos nada para conversar! – esbravejou. – Você mentiu pra mim, enganou ela também!
— Não, não é o que está pensando amor, não estamos mais juntos – tentou explicar, mas parecia complicar a situação ainda mais. — Ela não significa mais nada pra mim, você é o amor da minha vida!
— O engraçado é que quando me chama de amor, eu sei que não sou a única. – Sorriu triste. — Sabe o que é pior? Eu confiava em você, acreditava que você nunca me magoaria, mas eu me enganei.
— Eu sei que cometi alguns erros, mas tudo que eu fiz foi por medo de te perder, poderia ter feito diferente, mas se eu tivesse feito outras escolhas não teria conhecido você. Entende porque é tão difícil te deixar? Você não é apenas um amor, você é o amor. Por favor, lembre do que vivemos até aqui, não me…
— Eu não quero conversar sobre o que vivemos, não há mais nada a ser dito. – Virou de costas, voltando a caminhar.
— Onde você vai? — Harry alcançou seus passos.
— Ficar bem longe de você!
— Isso não é justo! – gritou em resposta, indignado.
— Injusto? – Riu debochada. – Injusto foi o que você fez comigo! Magoou meu coração sendo que poderia fazê-lo feliz.
— Então é assim? Você simplesmente vai embora, e a gente finge que nada aconteceu?
— Você quis assim, Harry.
— E quanto ao nosso amor?
— Acabou.
— E amor acaba?
— Não sei, mas esse acabou. – Sarah estendeu a mão para chamar um táxi.
— Talvez não tenha acabado. — Tentou convencer, mas tudo que Sarah fez foi parar a porta do carro e olhá-lo pela última vez.
— Talvez não fosse amor. — Ele não soube o que mais poderia fazer, não queria desistir mas também não sabia como insistir.