Superar


Escrita porThicy Porto
Revisada por Luba


Capítulo 09

Tempo estimado de leitura: 49 minutos

  Sarah olhava surpresa para a mulher em sua frente. Depois de tanto tempo sem ver sua mãe, sem a presença da mesma durante os dias no hospital, tanto tempo longe causou uma certa desconfiança e um turbilhão de perguntas com sua volta repentina, tinha tanta coisa para conversar, sentia tanta falta dela mesmo estando decepcionada com toda a situação. Sarah sentia confiança nela, aquela sensação que costumava sentir quando estava perto de sua mãe reapareceu e tudo que conseguiu fazer foi se aproximar para abraça-la.
  - Oh, meu docinho, – Eva disse emocionada ao abraçar a filha.
  - Mamãe! – repetiu Sarah, abraçando-a bem forte como se a qualquer momento fosse desaparecer.
  - Você tá tão linda, deixe-me te ver melhor. – Afastou-se para dar uma olhada em sua filha crescida.
  - Eu senti tanto sua falta, mãe, - confessou quando a mais velha tocou seu rosto, secando suas lagrimas.
  - Eu também senti a sua, meu docinho.
  - Então por que foi embora? – perguntou indignada.
  - O casamento já não estava dando certo, eu já não conseguia ser feliz ao lado de seu pai, – disse Eva.
  - E por isso teve que ir embora e me abandonar?
  - Eu não te abandonei Sarah, que história é essa agora? – perguntou aflita.
  - Onde a senhora estava quando eu acordei do coma? Durante meses eu esperei por você no hospital, eu precisei de você, mãe, e você não estava lá, – respondeu magoada.
  - Filha, me desculpa, eu sei que não justifica mas eu tive meus motivos, seu pai não tinha me contado nada sobre você eu que tive que buscar por notícias suas, – disse atônita.
  - Meu pai me contou sobre sua nova família, não precisa fingir que se importa comigo agora, – respondeu rígida.
  - Claro que você é importante pra mim, Sarah! Seu pai me traiu e estava sendo falso com nossa família, não acredite nele, Dylan está te enganando para me atingir, – Eva disse como se fosse óbvio.
  - E em quem a senhora espera que eu acredite? Meu pai ficou do meu lado quando eu precisei, já você estava ocupada demais para se lembrar de mim, – respondeu com desdém.
  - Não faça isso, Sarah, não deixe ele nos afastar, eu só quero me aproximar de você, reconstruir o laço de mãe e filha, – disse sincera.
  - Quem está na porta, Sarah? – Dylan perguntou ao se aproximar da porta, encontrando as duas ali. - O que você tá fazendo aqui? – Colocou-se na frente de Sarah, impedindo qualquer contato visual.
  - Só estou conversando com minha filha! – disse Eva no mesmo tom, sem se intimidar.
  - Você não é bem vinda nessa casa, por favor se retire ou irei chamar a polícia, – ameaçou e ela se manteve impassível até Sarah interferir.
  - Por favor, acho melhor a senhora ir agora. - O pedido de Sarah foi como uma faca no seu peito, ela não esperava por essa atitude, sem ter no que mais insistir olhou para a filha triste e saiu do local.

(....)

  Trabalhar sem ter a presença de Sara havia se tornado entediante, como se o dia demorasse a terminar e Harry ficasse sem ânimo para começar seu trabalho. Isso o afetou de tal forma que fisicamente ele também havia mudado, Harry havia perdido o sorriso encantador dos lábios, o bom humor para cumprimentar seus colegas, assim como a vontade de sorrir. Era tão triste passar pelo quarto de Sarah e estar vazio, tudo que ele desejava era apenas ter tido um pouco mais de tempo para confessar seu amor por ela, havia uma semana que Sarah não estava mais no hospital, e sua mudança de comportamento foi notada por todos a sua volta.
  Assim que terminou seu turno no hospital, dirigiu-se para casa, o trânsito estava tranquilo por ser tarde da noite, com isso havia pouco fluxo de carro na estrada, em seguida ligou o rádio para ouvir música durante o caminho de volta para casa.
  Quando chegou em casa procurou se preparar para um banho quente e relaxante, depois de feito foi para cozinha preparar um lanche rápido antes de dormir. Harry comia sem vontade alguma, pensava enquanto mastigava seu sanduíche, pensava e lembrava dela e logo a vontade de comer sumia, ele estava angustiado para vê-la, mas a verdade é que ele não fazia ideia de como encontrá-la. Seu celular vibrou na mesa, o tirando de seus devaneios.
  - Alô? - Atendeu sem olhar no visor da tela.
  - Oi meu bolinho, te acordei? – Harry sorriu ao reconhecer a voz do outro lado da linha.
  - Oi mãe, na verdade acabei de chegar em casa fez 15 minutos, – respondeu docemente.
  - Nossa, querido, chegou bem tarde, deve estar cansado, você já jantou? Não se esqueça de se alimentar bem, é importante comer frutas, é saudável e você precisa repor as energia, – aconselhou sua mãe.
  - Estou jantando agora e, sim, mãe, estou cansando mas nunca cansado demais pra você.
  - Oh, meu filhote meigo, vou ser breve para não tomar seu tempo, o motivo dessa ligação é que gostaria de passar o dia com você e sei que o dia que você está disponível é no domingo, sinto sua falta, dos nossos passeios em família, – comentou manhosa.
  - Claro mãe, irei passar o dia com você, o domingo é perfeito, serei todinho seu, – disse e sua mãe gritou de felicidade na outra linha.
  - Ah que ótimo, vou esperar ansiosa, agora vou deixar você descansar, beijos meu bolinho durma bem.
  - Beijos mamãe, boa noite.

(...)

  Sarah despertou da cama sentindo o aroma de ovos sendo fritos, seu pai estava na cozinha, ele não era tão bom com comida como sua mãe, mas a única coisa que sabia fazer são ovos fritos.
  Sorria ao lembrar que quando era criança e ficava sozinha com seu pai o seu único almoço era os ovos mexidos que ele sabia fazer, era divertido ver como seu pai ficava sem jeito cozinhando e todo desastrado e tinha medo até de se queimar quando o óleo chapiscava. Ela sentia tanta alegria por ter um momento entre pai e filha que adorava ver o modo como ele se esforçava para agradá-la e a parte mais engraçada era quando sua mãe chegava e dava uma bronca nele por ter sujado a cozinha inteira. Então os dois tinham a missão para organizar tudo para aliviar e deixar a mãe menos zangada.
  Sarah sentou-se à mesa enquanto Dylan terminava de pôr os ovos na mesa e teve uma vontade de voltar para aquele tempo em que era criança para poder reviver os momentos e reviver a felicidade que sentia compartilhando o momento do cotidiano com seu pai, mas agora ela estava tão desolada que só queria ter sua antiga família de volta, pois tudo havia mudado. Sua mãe não iria mais voltar para casa e brigar com seu pai para limpar a bagunça, não iria mais ter todos reunidos na mesa para jantar e não ficaria esperando ansiosa sua mãe voltar. E agora ficar sozinha com seu pai parecia tão desconfortável, mesmo com esforço dele tentando agrada-la, Sarah queria entender porque sentia que não podia confiar nele.
  - Bom dia meu anjinho, – pronunciou ao se virar e ver a filha na mesa.
  - Bom dia pai. – Sorriu para ele.
  - Como passou a noite? - disse ao servir os pratos.
  - Bem, – respondeu pegando talher e levando a comida a boca.
  - Fiz seu prato favorito, ovos mexidos e suco de laranja como nos velhos tempos, ainda está bom como antigamente? – tentou puxar assunto para quebrar a tensão que havia entre eles.
  - Sim, está bom, – disse de boca cheia. Sarah estava incomodada com o que tinha ocorrido no dia anterior, não sabia como questionar a seu pai o que realmente tinha acontecido, ela não havia gostado da forma de como seu pai tratou sua mãe.
  - Pai – pronunciou chamado sua atenção –, sobre ontem, por que tratou a mamãe daquele jeito? – perguntou e notou a inquietação de seu pai ao tocar no assunto.
  - Nós podemos deixar pra falar disso outra hora? – pediu calmo enquanto bebia o café.
  - A mamãe disse que você a traiu e por isso se separou, isso é verdade?
  - E você acredita nela? Depois de tudo que ela fez a você e a mim?
  - Pai, por que ela mentiria sobre algo tão grave?
  - Porque ela quer te manipular, te usar contra mim, ela sabe que amo você mas até isso quer tirar de mim, você é a única família que me resta. Não confie nela, Sarah, ela só quer te usar e depois, quando não servir mais, vai te trocar, assim como fez comigo, fui trocado por um garotinho e em menos de um ano já teve um filho com ele. Não acha suspeito? Eu os via na rua, ela parecia outra pessoa, como se nós nunca tivéssemos existido na vida dela.
  Sarah ouvia tudo atentamente, desnorteada, sem saber como reagir e em quem acreditar.
  - Sei que é difícil mas essa é a verdade, ela nem ao menos te visitou no hospital quando você se recuperou. – Completou ele e se aproximou tentando tocar em sua mão, mas Sarah recolheu, evitando que a tocasse e limpou suas lágrimas.
  - Desculpa, perdi a fome, – disse ao levantar.
  - Onde você vai? – perguntou Dylan assim que a viu pegar a bolsa pra sair.
  - Vou dar uma volta, preciso ficar um pouco sozinha pra pensar, – respondeu ao sair de casa.
  Sarah caminhou sem rumo pela rua, estava confusa e queria compreender as palavras de seu pai, caminhava distraída em seus pensamentos, não prestava atenção em nada ao seu redor, depois de uma longa caminhada sem destino, até que seu olhar parou em uma floricultura. O que mais havia chamado sua atenção foram as lindas rosas em frente a lojinha. Ficou tão encantada com as mesmas admirando-as que percebeu que realmente se interessou por elas e resolveu entrar.

(...)

  - Estou preocupada com Harry, – disse Gemma.
  - O que aconteceu com seu irmão? - perguntou Liam.
  Gemma e seu namorado conversavam em seu restaurante favorito, que tinha uma vista incrível para o mar, em um restaurante bastante sofisticado. Liam estava vestido como de costume, usando sua jaqueta de couro preta favorita, com uma blusa lisa da mesma cor e jeans. Liam sempre atraiu olhares por conta de seu estilo despojado e, claro, por ser um moreno de olhos castanhos muito charmoso.
  - Harry anda estranho ultimamente. Sabe, ele nunca mais nos visitou aos sábados, – disse decepcionada.
  - Ele é um homem ocupado, talvez teve algum compromisso de urgência. – Liam tentou justificar.
  - Meu irmão não trabalha até tarde aos sábados e se fosse por isso, ele nos avisaria, poderia até marcar para nos encontrar aos domingos, já que nesse dia ele tá livre, – respondeu inconformada.
  - Não acho que seja motivo para se preocupar com ele, talvez ele tenha coisas importantes para resolver, – disse simples.
  - Eu não acredito que ouvi isso, Liam! – Gemma o repreendeu. – O que pode ser mais importante do que a família? É do Harry que estamos falando! Ele é dedicado e amoroso com a família, eu conheço meu irmão, algo muito grave deve ter acontecido pra ele se afastar der repente. Nós somos gêmeos, mas ele é meu amigo também.
  - Me desculpe se te ofendi, não sabia que estava tão séria a situação dele, – respondeu sem graça.
  - Eu te desculpo, até porque é compreensível. Você não o conhece direito, por isso marquei de encontrar com Louis hoje, – disse bebendo seu chá.
  - Aqui e agora? – Liam perguntou confuso. – E quem é Louis?
  - Louis é o melhor amigo do meu irmão, você o viu uma vez no aniversário surpresa, ele trabalha em um escritório de advocacia aqui por perto e aceitou se reunir conosco para o almoço e conversar, – explicou a loira.
  - Conversar sobre o que, exatamente?
  - Como Louis é o melhor amigo do Harry depois de mim, é claro, acho que meu irmão pode ter encontrado com ele recentemente, eu prefiro acreditar que meu irmão não está escondendo nada de mim, mas se tem alguém que pode ter notícias do Harry esse alguém é o Louis, – disse e Liam confirmou com a cabeça.
  - Ele chegou, – anunciou Gemma assim que avistou o moreno de olhos azuis.
  - Boa tarde casal, – Louis saudou ao se aproximar. O mesmo estava com seu paletó azul marinho perfeitamente alinhado em seu corpo e cumprimentou ambos com um largo sorriso.
  - Oi Louis lembra do Liam? Meu namorado, – comentou Gemma.
  - Prazer em conhecer você, Liam - estendeu a mão –, acho que lembro vagamente do seu rosto no aniversário surpresa, - disse Louis.
  - Prazer em conhecê-lo também, é, eu estava lá, me desculpe não lembrar de você
  - Sem problemas, já faz muito tempo e não tivemos a oportunidade de nos apresentarmos, - Justificou Louis - Então Gemma, a que devo a honra do seu convite? - perguntou sentando-se à mesa.
  - Você tem conversado com meu irmão recentemente? – perguntou sutilmente.
  - Faz umas semanas que eu não o vejo, a última vez foi quando ele me ligou durante a madrugada. Por que, aconteceu alguma coisa? – perguntou preocupado.
  - Faz exatamente quase dois meses que o Harry não se reúne conosco para o jantar em família, isso nunca aconteceu, com exceção de quando ele tinha 12 anos e fez greve de fome. Ele mal responde minhas ligações!
  - Já tentou se encontrar com ele? Ou talvez visita-lo? – sugeriu Louis.
  - Nossos horários são diferentes e o tempo que fica disponível em casa não condiz com meus horários. Eu já tentei ir na casa dele mas ele não estava, ou fingiu não estar, como se quisesse ficar isolado, entende? – Gemma explicou e logo surgiu em sua mente a última conversa que teve com Harry. – Acha que esse comportamento pode ter ligação com a garota que ele está apaixonado?
  - Acho provável. Eu não aguentava mais o Harry falando dela aí eu disse “siga seu coração, a vida é curta pra não se arriscar”. Então ele te contou sobre Sarah?
  - Quem é Sarah? – perguntou confusa.
  - Merda, Gemma, achei que soubesse!
  - Louis, me explica essa história direitinho.

(...)

  Quando chegou domingo Harry se encontrou com sua mãe para passarem o dia juntos. Não foi um dia agitado como era de costume quando era criança sua mãe Atenas havia pres dias o companhia para aí na estreia do novo museu de artes da cidade anistia seu filho distantes e alguns momentos e percebendo isso sempre pedi opinião dele o incentivando a participar do momento entre mãe e filho depois disso resolveram fazer um lanche em um piquenique que ficava por ali por perto eu estava se divertindo muito com a sua mãe a ponto de fazenda esquecer de suas preocupações então o mesmo lembrou de uma floricultura que ficava por perto de onde eles estavam ele estava tão feliz como muito tempo na vertical volantes e queria retribuir o carinho como como sabia que sua mãe adorava rosas sabe exatamente o que comprar já que seu interesse por flores surgiu através dela
  - Já volto mãe, um segundo, não some daqui, – pediu igual a uma criança quando quer fazer uma surpresa. Sua mãe apenas assentiu sorrindo saboreando o sorvete enquanto o seu filho se distanciava.
  Ao entrar na lojinha seguiu para as estantes de rosas, o cheiro amadeirado com perfume natural das flores estava tão agradável como lembrava, fazia algum tempo que ele não passava por lá para comprar flores, já que Sarah não iria mais recebê-las. Escolheu as rosas amarelas, eram as favoritas de sua mãe, e ele em particular também adorava essa cor, assim que terminou de recolher o que queria, se aproximou de uma das vendedoras que estava ao seu lado, a mulher de altura mediana e de cabelos castanhos até os ombros, estava de costas para ele mas pôde identificar o fardamento da loja em sua blusa.
  - Moça, com licença a senhorita poderia me ajudar com... – De repente as palavras fugiram de sua boca e seu coração batia tão rápido que parecia querer sair seu peito.
  - Dr. Styles? – Sarah disse ao reconhecê-lo. – Olá, como vai? Posso ajudá-lo?
  - Bom, eu... Eu.... – Piscou os olhos várias vezes, Harry não sabia o que dizer, não conseguia formar nenhuma palavra, estava tão hipnotizado que gaguejou ao falar.
  - O senhor quer um arranjo pra suas flores? – Sarah sugeriu.
  - Ah, claro, por favor. – Sorriu sem graça mostrando suas covinhas. – Era exatamente o que ia pedir.
  - Por favor, me acompanhe, – a garota pediu.
  - Então, você está trabalhando aqui? – perguntou enquanto a seguia.
  - Sim, faz uma semana amanhã, o engraçado é que nunca me imaginei trabalhando em um lugar como este, mas até que é interessante.
  - E o que a fez querer trabalhar aqui?
  - É como se eu a as flores tivéssemos um tipo de ligação, como uma sensação nostálgica. Sinto que em algum momento elas tiveram uma importância na minha vida, mesmo sem eu ter nenhum interesse antes, – explicou deixando Harry perplexo.
  - Isso é incrível, que bom que está trabalhando com o que gosta.
  - Não é como se fosse o trabalho dos sonhos mas é o que me deixa feliz, poder ver o sorriso das pessoas e a energia que elas emitem por ficarem realizadas, isso me deixa feliz também.
  - Sabe, no hospital estão com vagas para trabalhos voluntários, talvez seria uma boa ideia você aparecer por lá e deixar mais pessoas felizes distribuindo rosas. – Sarah riu concordando com ele. – E como você está? Suas memórias voltaram?
  - Ainda não me lembro de quase nada, e quando forço minha mente sinto dores de cabeça.
  - Não há muito o que você possa fazer, acho que só com o tempo para descobrir.
  - O senhor acha que minha memórias vão voltar ao normal?
  - Eu espero que sim. – Sorriu esperançoso, porque não era simplesmente o fato de Sarah querer suas lembranças de volta, e sim o desejo de Harry para que ela lembre dele.
  - Lindas rosas, – disse Sarah e então uma voz ecoou na sua mente. “rosas amarelas representam amor, respeito, alegria, amizade, esta flor significa apenas satisfação e alegria, e são uma boa forma de festejar entre amigos uma data especial. Minha mãe adora cores vivas, amarelo é sua cor favorita, quando minha mãe tinha uma dia triste ou quando era seu aniversário eu costumava entregar rosas amarelas e o sorriso dela dizia tudo.”
  - São para sua mãe? – perguntou Sarah e deixou Harry surpreso.
  - Sim, como sabia?
  - Apenas me passou pela cabeça, – disse simples.
  - Você acertou em cheio, estou em um piquenique com minha mãe aqui no parque e essa são suas flores favoritas, – respondeu Harry e Sarah parou para absorver o que Harry acabara de dizer, como se aquela frase fosse familiar.
  - Foi um prazer vê-la novamente e muito obrigado, – disse Harry ao pagar pelas rosas.
  - Foi bom vê-lo também, volte sempre, – disse e Harry acenou antes de ir embora.

(...)

  Niall havia preparado todo o quarto para deixar o clima romântico. Havia velas em lugares estratégicos e pétalas de rosas ao redor da cama finalmente teriam a liberdade de uma noite de amor como antigamente, sem se preocupar em fazer barulhos ou se Theo despertaria de madrugada com fome. O bebê estava com sua mãe, que também havia se mudado recentemente para Mullingar e não parava de paparicar o neto. Assim, Eva, ao sair do banho pronta para dormir, se surpreendeu com o cenário, analisou todo o cômodo encantada, ficou um pouco perdida, como se não soubesse como reagir a ocasião. Era tão atencioso um rapaz jovem vivendo o primeiro amor, era de se esperar que ele fizesse de tudo para agradar sua esposa.
  Eva andou em direção ao seu marido, que a estava esperando na cama de cueca. O mesmo ficou de joelhos sobre a cama e pediu gentilmente para que a ela fechasse os olhos e estendesse as mãos para ele. Dito e feito, ela deixou ser guiada por ele.
  Niall percorreu a sua mão por todo o corpo de sua esposa apontando e acariciando sua pele e quando ela menos esperar foi atacada pelos lábios sedentos de Niall em seu pescoço, sua língua era tão habilidosa como sua mão que apalpava sua pele, porém Eva não conseguiu se entregar às carícias de seu marido.
  - Niall, por favor, – Eva pediu em sussurro e o mesmo não havia cessado. – Querido, por favor, pare.
  Niall imediatamente se afastou dela a desamarrando e tirando o lenço de seus olhos, era nítida a sua frustração.
  - Eu te machuquei? - perguntou preocupado verificando o seu pulso.
  - Não meu amor, só não estou no clima.
  - O quê? Você só pode estar brincando comigo, – disse decepcionado. – Sabe a quanto tempo não temos um momento juntos como um casal? Você travou pra mim desde o nascimento do Theo! Eu sou homem e sinto falta da minha mulher.
  - Eu sei, me perdoa – respondeu cabisbaixa –, é que eu não consigo parar de pensar na Sarah, no desprezo dela ao me ver, Dylan manipulou tudo, conseguiu deixar minha filha contra mim, não acredito que ele foi tão baixo!
  - Dylan! Sempre esse maldito cara, você só vive falando dele, as vezes tenho a impressão de que você ainda é apaixonada por ele, que ainda não superou a separação! – desabafou.
  - Niall, do que você tá falando? Eu só tenho olhos pra você, estamos juntos, mas eu sempre te avisei que não seria fácil, eu já fui casada e tenho uma filha, Dylan sempre vai fazer parte da minha vida. Agora você precisa ter maturidade para agir nessas situações, – desabafou Eva.
  - Ah, quer que eu seja maduro? – disse debochado. – Pois bem, você está deixando esse cara atrapalhar nosso casamento, sempre soube da sua filha mas desde o início aceitei esse fato e isso nunca foi um empecilho. Mas se Dylan vai ser sua prioridade acho melhor darmos um ponto final nessa relação, já que nós não vamos a lugar algum.
  Dito isso Niall vestiu suas calças e bateu a porta ao deixar o quarto, nitidamente irritado.

(...)

  Já em sua casa depois de mais um dia de trabalho, Sarah tomou um banho relaxante, vestiu seu pijama mais confortável ao sair e sentou na cama penteando seus cabelos molhados. Fechou os olhos enquanto fazia o ato, e ao abrir os mesmos deparou-se com as rosas azuis que Harry havia lhe presenteado. As pétalas já estavam falecendo por conta do tempo, apesar de todo carinho que Sarah havia tido com elas. Ao toca-la um sorriso bobo brotou em seus lábios e a nostalgia veio junto, lembrar de Harry a deixava fascinada, ela adorava ouvir o som de sua voz antes de dormir, como se ele acima de tudo a protegesse e a acolhesse, Sarah estava tão acostumada em esperar por Harry todas as noites antes de dormir que pela primeira vez estava sentindo falta disso, do conforto de sua voz.
  Dirigiu até seu criado mudo e ligou o abajur, procurando por seu caderno de desenho. Quando o achou, folheou buscando por páginas em branco e começou a rabiscar como nos velhos tempos. Sarah rabiscou o rosto de Harry, assim que concluiu ficou admirando sua obra, como se o fato de estar o desenhando quisesse a trazer alguma mensagem ou revelar um sentimento desconhecido, então lembrou-se da proposta e pensou na chance de conhecê-lo se aceitasse ir.
  - Toc toc – anunciou Becca –, atrapalho?
  - Não, entra, – disse fechando o caderno e pondo em cima do criado mudo. – Só estava pensando.
  Era a noite das garotas, como nos velhos tempos, Becca iria dormir com ela hoje.
  - Então – sentou-se na cama ao seu lado –, precisamos comemorar o seu primeiro emprego e sua saúde, por isso você escolhe o filme! – Abraçou a amiga empolgada.
  - Finalmente! – agradeceu Sarah. – Nem me lembro da última vez em que nós fizemos isso, só sei que faz muito tempo. – Ambas riram.
  - Espero que escolha o clássico da noite do pijama, – comentou Becca.
  - Claro – mostrou o DVD –, não podia faltar As Branquelas.
  - Espera! Onde está a pipoca e o suco? – questionou.
  - Ah, é mesmo. Só um minuto que vou buscar, – Sarah disse saindo do quarto.
  Assim que ficou a sós no quarto a curiosidade à despertou, Becca queria muito saber o que amiga tinha feito em seu caderno, ela não queria invadir sua intimidade, mas não conseguia controlar sua vontade de saber o que estava ali. Aproveitou o momento e pegou o caderno, abriu na página mais recente e não quis acreditar no que tinha encontrado. Era o retrato do médico do hospital, Harry. De primeira sua vontade foi de amassar e jogar fora o desenho, rasgá-lo em pedaços, mas se conteve, porque ela sabia o que isso significava, quando Sarah fazia o retrato de alguém é porque estava apaixonada, e para Becca isso não podia acontecer.
  - Trouxe duas vasilhas cheias d... – Sarah entrou no quarto e logo uma interrogação estava em sua face. – o que está fazendo?
  - Você está ficando cada vez melhor nisso, que bom que não perdeu o talento para a coisa. – Era perceptível o tom de mágoa nossa voz. – Sério, Sarah? você anda desenhando o Harry? Ele foi seu médico! Está apaixonada por ele agora?
  - O que você tem a ver com isso? – Deixou as vasilhas no chão e foi guardar o caderno. – Aliás, quem deu o direito de você mexer nas minhas coisas?
  - Você sabe que isso não é certo, você não lembra mas eu me lembro da última vez que você se entregou de bandeja assim. Ele não está apaixonado por você, ele só foi gentil e teve cuidado na época que você era paciente dele, nada além disso. Não confunda as coisas.
  - Eu só fiz um desenho, não significa nada. – Tentou justificar.
  - Você disse a mesma coisa quando desenhou o Kevin. A relação de vocês não era saudável, sabe que a culpa dele ter batido o carro foi por sua culpa. É meu dever te alerta sobre esse cara, porque eu não confio nele, não serve pra você, – disse Becca.
  Ouvir o nome de Kevin depois de tanto tempo ainda doía como uma ferida recente, Sarah sentia falta dele e sabia que ele morreu por sua causa. Queria poder voltar no tempo e feito as coisas de outro jeito, sem as brigas.
  - Ele tem 30 anos, Sarah! Você é só uma imatura! – Continuou Becca.
  - Mas que tipo de amiga é você? Fica esfregando que a culpa foi minha, invade minha privacidade e quer me deixar pra baixo? – desabafou. – Eu não ligo pro que você pensa, se realmente fosse minha amiga ficaria do meu lado e não me julgando. – As lágrimas saíam de sua face facilmente.
  - Me desculpe, eu não quis dizer, eu só não quero que a história se repita e você fique pior e cometa outra fatalidade com sua vida quando tudo desmoronar. Mas saiba que vou estar esperando por você quando cair, – disse e Sarah a encarou com surpresa e negação. - Já está tarde, assistimos o filme outro dia. – completou Becca saindo do quarto.
  E mais uma vez, Sarah estava em conflito com seus sentimentos.

(...)

  Elizabeth estava aflita, havia se passado semanas sem conseguir conversar com seu noivo, Harry estava a ignorando e seu comportamento para se isolar a magoava ao mesmo tempo que a preocupava, ela queria entender o que aconteceu para seu noivo estar a rejeitando. Foram vários dias frustrados ligando para Harry sem sucesso, já que o mesmo não atendia, no início Elizabeth achou que estava sendo controladora demais e resolveu dar um tempo para ele, mas com o passar dos dias ela percebeu que Harry nem se importava, pois não retornava as ligações, foi aí que notou o quão delicada estava sua situação.
  Sabendo disso, resolveu tirar o dia para ligar pra ele, mesmo se fosse em um momento inoportuno Harry teria que se comunicar. Tentou de tudo para chamar atenção dele, quando finalmente depois de muita insistência ele atendeu o telefone.
  - Finalmente consegui falar com você! – desabafou irritada mas Harry parecia estar calmo.
  - Estava ocupado. – Respirou fundo.
  - Por semanas? O que é tão importante ao ponto de você me ignorar? – questionou indignada.
  - Eu não estava te ignorando, só queria ficar um tempo sozinho, me desligar das coisas para organizar minha vida. – respondeu como se fosse óbvio.
  - Do que você está falando? Eu sei que você está escondendo alguma coisa e sei disso porque sua explicação e seu sumiço repentino, significa uma coisa para mim, – disse e sua voz ficou trêmula. – Você tem outra, não é?
  - Eliza, não! – Harry respondeu sem segurança.
  - Eu já estava esperando por isso, Harry! Você está sozinho aí, vive me ignorando, mal conversa comigo, quando fala é como se fosse uma obrigação pra você. Eu te amo, Harry, não desista de nós, do nosso futuro, – pediu sem conter as lágrimas.
  Harry se sentia culpado ao ouvir tais palavras, ele queria acabar com o sofrimento dela mas não assim, não por telefone. Se eles separassem melhor seria para Elisa se recuperar emocionalmente. O problema é que faltava coragem.
  - Você sabe que não precisa de mim, Liza – deixou escapar –, você é incrível e independente, é a mulher que qualquer homem gostaria de ter ao lado. Eu digo isso porque não te mereço.
  - Eu sabia! Você vai terminar comigo por uma porra de ligação, Styles? Você está realmente com outra e quer se livrar do peso que sou pra você, vai jogar toda uma vida que tivemos no lixo? Achei que me considerasse mais, pensei que me amava.
  - Elizabeth, – disse seco. – Eu não estou com ninguém, só pedi para você parar com esse drama desnecessário. Quero que você respeite meus momentos e pare de me perseguir como se fosse sua posse e um troféu para apresentar suas amigas, quero que seja madura para enfrentar os problemas de cabeça erguida e para de chorar por qualquer não que tiver que ouvir, porque nada e nem um milagre vai acontecer se continuar chorando à toa, – Harry disse exaltado desligando o telefone em seguida.

(...)

  A conversa que teve com Becca não saía de sua cabeça, mesmo com todas aquelas duras palavras, Sarah não enxergava perigo em se aproximar de Harry, mesmo estando apaixonada por ele, porém disse a si mesma que não estragaria a amizade dos dois por conta disso, afinal ela sempre quis saber de sua rotina, de como era sua vida fora do trabalho e entre amigos. A verdade era que Sarah queria participar da vida de Harry, e só havia um jeito disso acontecer. Mesmo não acreditando em destino ela sabia lá no fundo que existia uma força maior que a ligava a ele, como se tivessem que ficarem juntos. Acreditando em sua intuição, foi de ônibus até o hospital.
  - Bom dia, eu gostaria de me inscrever para o trabalho voluntário para animar crianças, – disse para a recepcionista.
  - Bom dia, preencha o formulário por favor. – A mulher entregou uma prancheta.
  - Sarah? – A mesma parou de escrever quando reconheceu aquela voz.
  - Dr. Styles! – respondeu ao se virar.
  - Oi, que surpresa vê-la por aqui. Aconteceu algo?
  - Ah, não! – Sorriu tímida. – Segui seu conselho e decidi me inscrever pro trabalho voluntário. Acho que será uma boa experiência e vai me deixar muito feliz ver outras pessoas felizes. E é uma oportunidade de conhecer mais sobre o trabalho no hospital.
  - Bom, eu não sou tão velho assim para ser chamado de senhor. Pode me chamar de “você”, – pediu.
  - Desculpa, é o costume e respeito pelo senh.. Você. – Corrigiu.
  - Claro, entendo. Que bom que decidiu tentar, posso ajudar no que precisar ou para tirar dúvidas, – comentou e Sarah assentiu.
  - Estou no meu intervalo agora, quer se juntar a mim para um café? – sugeriu Harry.
  - Não gosto muito de café, mas muito obrigada, preciso terminar o formulário primeiro.
  - Oh, claro! Nos vemos por aí nos corredores, até mais senhorita Poesy.
  - Até mais. – Acenou para se despedir e voltou a escrever.

(...)

  Suas mãos suavam frio, estava nervosa, finalmente havia tomado coragem para acertar as coisas com Niall, do lado de fora em frente a casa de sua sogra, seus pelos por debaixo da roupa se arrepiava por conta da baixa temperatura de Mullingar. Thep estava dormindo na casa de sua mãe desde a noite que discutiram, Eva sentia-se culpada, queria provar para ele que o amava e que não sentia nada pelo ex-marido. Algumas batidas na porta um Niall apático e triste abriu a porta.
  - O que você quer? – Suspirou.
  - Eu vim consertar as coisas, – explicou e Niall deu espaço para que ela entrasse.
  - Vou pedir que seja rápida, tenho que buscar minha mãe no médico.
  - Niall, me perdoa, – disse e o mesmo parou sem mostrar reação. - Eu sei que de uns tempos pra cá eu fiquei distante de você – prosseguiu ela –, eu andei falhando com você, mas quero que entenda que tudo isso que estamos passando é novo pra mim também, porque eu nunca imaginei que me casaria de novo na metade da minha vida, e que com essa idade recomeçaria minha vida e teria um filho. É um desafio pra mim também, sair nas ruas com meu marido que tem a idade de ser meu filho e ser julgada com olhares preconceituosos, mas eu amo você e esse amor é capaz de enfrentar qualquer dificuldade só para não te perder, porque eu sei que o que você sente por mim é verdadeiro e eu tenho que conservar isso porque ultimamente, é raro encontrar alguém que esteja disposto a cuidar de você.
  Niall engoliu em seco, seus olhos estavam marejados, continuou em silêncio até se recompor diante do que ouviu.
  - Você me perdoa? – insistiu Eva.
  - Você terá meu perdão – disse –, mas quero que fique claro que quero que tome uma postura com relação a seu ex-marido, quero que se afaste dele, não o procure, você não precisa ter contato com ele pra mais nada, sua filha é uma mulher adulta então resolva-se diretamente com ela. E também acho que deve trazê-la mais para nossa vida, recuperar o tempo que você perdeu quando não esteve ao lado dela, somos uma família agora e nada mais justo que ela se inclua nisso.
  - Você é o homem da minha vida. – Eva sorriu orgulhosa e avançou em Niall, enchendo-o de beijos.

(...)

  Dois meses se passaram desde que Sarah começou a trabalhar no hospital como voluntária na ala de crianças, por apenas 3 vezes na semana ela trabalhava no local, sexta à domingo, onde dedicava 4 horas de seu tempo para ler para crianças e jovens, sempre trazia consigo uma rosa para entregar as mães e aos familiares que estivessem ali presentes, havia também os chamados médicos da alegria onde palhaços se vestiam de médicos, ou médicos se vestiam de palhaço, trazendo alegria para ajudar pacientes a saírem desse clima tenso, transformando o ambiente em um local de descontração e animação.
  Uma satisfação crescia em seu peito ao receber os sorrisos de gratidão, um ato tão simples com um significado imenso, Sarah estava orgulhosa de si. Certo dia no fim de tarde de uma sexta-feira, observou que havia um novato entre os palhaços veteranos, Sarah sempre observava as brincadeiras para se distrair um pouco, mas aquele era um palhaço especial, foi quando ele sorriu que Sarah teve certeza disso, pois as covinhas e o sorriso de Harry ela reconheceria em qualquer fantasia. Harry era o Doutor Pirulito, estava junto com os outros rapazes fazendo brincadeiras e mágicas que deixavam as crianças impressionadas, e davam altas gargalhadas quando Harry se atrapalhava ou caía no chão. A atitude de Harry em se fantasiar de palhaço a surpreendeu, ele era ótimo com as crianças, comunicador e divertido, como se já tivesse o hábito de fazer isso, ver sua dedicação e disposição para com aquelas crianças cresceu ainda mais sua admiração por ele.
  Quando o seu horário acabou, Harry distribuiu pirulitos a todos e Sarah recolheu seus pertences e esperou na recepção a violenta chuva cessar.
  - Parece que vai desabar o prédio com tanta chuva, – comentou Harry ao seu lado, agora como o médico do hospital e não um personagem.
  - Olá Dr. Styles, ou devo chama-lo de Dr. Pirulito? – disse segurando o riso e Harry abriu os olhos em espanto.
  - Não acredito! Como me reconheceu? – falou abismado.
  - Eu reconheceria sua voz em qualquer lugar e ainda de olhos fechados, – respondeu orgulhosa. Harry sorriu largamente, estava feliz em ouvir o que Sarah disse a seu respeito, ele não queria se sentir assim, tão feliz ao ponto de querer confessar tudo o que sentia por ela de uma vez.
  - Estou lisonjeado – Sorriu sincero. –, mas vamos fazer de hoje nosso segredinho, acho que meus colegas ficarão com ciúmes se descobrirem minha identidade secreta.
  - Pode confiar, não sai nada daqui. – Fez uma cruz imaginária em sua boca.
  - Você quer carona pra ir pra casa? – sugeriu Harry. – Se esperar pela chuva vai morar aqui dentro.
  - Se não for muito incômodo pro senhor, desculpe, pra você. – Corrigiu-se.
  - Não será, vamos? – disse e ambos seguiram para a garagem.

(...)

  Risos e gritos eufóricos se ouviam em meio a calçada enquanto Harry e Sarah tentavam correr da chuva para entrar na casa. O carro de Harry estava estacionado na porta de Sarah, mas não impediu de ambos se molharem, para retribuir a gentileza de Styles a mesma o convidou para entrar e ofereceu um café enquanto esperava a chuva amenizar. Adentraram a casa molhados e ofegantes, rindo um do outro, então fizeram uma pausa para recuperar o fôlego.
  - Vou buscar uma toalha para você se secar – disse Sarah. –, e uma camisa seca do meu pai, se importa?
  - Seu pai está em casa?
  - Não, ele disse que chegaria tarde hoje.
  - Se não for incomodar, eu aceito, – repetiu o que Sarah havia dito horas atrás.
  - Pode ficar a vontade, eu já volto, – avisou dando as costas.
  Enquanto a esperava voltar, Harry observou o cômodo ao seu redor, a casa não era exuberante e gigantesca mas era simples e bem aconchegante, o que fez com que ficasse à vontade. Haviam retratos de família por todo lado e ele sorriu com a foto infância que encontrou de Sarah.
  - Aqui está. – Chamou Sarah ao trazer a camisa limpa. – Tem um banheiro no corredor a esquerda, pode se trocar lá.
  - Muito obrigado, – respondeu Harry aceitando a roupa e seguindo para o corredor. Minutos depois, Harry e Sarah já de roupas secas, resolveu preparar um café para sua visita, visto que a mesma sabia que ele adorava um café.
  - Gosta de café puro ou com leite? – perguntou ela enquanto Harry enxugava os cabelos.
  - Pode ser puro com bastante açúcar, – respondeu ao terminar com a toalha. Assim o fez, entregando ao mesmo.
  - Cuidado, está quente, – Sarah avisou mas foi tarde, Harry já havia provado, o mesmo fez uma careta ao beber.
  - Poderia ter me avisado antes de eu beber?
  - Eu tentei. – Defendeu-se bebendo em sua caneca.
  - O que está bebendo? – Quis saber.
  - Chocolate quente. Desculpa não acompanhá-lo no café.
  - Tudo bem, eu sei que você não gosta de café, mas se eu soubesse que tinha chocolate também iria querer. – Fez bico.
  - Como eu ia adivinhar? Eu sempre o vejo beber café. – Defendeu-se.
  - Não estou reclamando! – protestou ao pegar sua caneca. – Obrigado pelo café.
  Nenhuma palavra foi dita, os dois estavam na cozinha tomando seus respectivas bebidas, um olhando pro outro, Sarah ficava vermelha toda vez que Harry a olhava nos olhos, ao perceber isso o mesmo sorriu bobo.
  - Quantos anos você tinha naquela foto da praia? – Harry puxou assunto para quebrar o clima tenso.
  - Eu tinha 2 anos, foi a primeira vez que vi o mar. – Fez uma pausa para beber e voltou a concluir. – Minha mãe disse que eu estava apavorada com a agitação do mar, por isso minha cara de “alguém me tira daqui.” – Ambos riram. – Até hoje não gosto de praia.
  - Eu achei você muito fofa com aquela carinha assustada, precisa ver minhas fotos de quando eu era bebê. – Harry parou para pensar no que havia dito. – Na verdade, não precisa não.
  - Acha suas fotos antigas constrangedoras? Eu duvido você ter uma foto chorando no colo do papai Noel porque estava com medo dele.
  - Ainda sim, não se comparam com as minhas, eu tenho uma tomando banho na bacia, uma eu vestindo o sutiã da minha mãe, e com carinha toda suja de papinha.
  Sarah sentiu-se íntima de Harry ao ouvi-lo contando sobre sua infância, por mais simples que que seja a situação, para Sarah foi um passo importante já que naquela conversa pôde conhecer mais sobre ele.
  - Quando era menino confesso que não era muito fácil, aprontei várias com a governanta da casa. – Mordeu o lábio pra não rir. – Certa vez, esperei ela dormir, o sono dela era profundo, então eu fiz desenhos aleatórios em seu rosto e pintei o cabelo dela de azul, era minha cor favorita.
  - E não é mais? – Quis saber.
  - Minha cor favorita costumava ser azul, mas aí eu me apaixonei pelo castanho de seus olhos. – Harry confessou e Sarah prendeu a respiração como se esquecesse de como respirar. Harry aproveitou o momento para confessar tudo que ele sentia, tudo que havia guardado a anos.
  - Toda minha vida mudou quando você começou a fazer parte dela, desde a primeira vez que eu a vi, eu percebi que minha vida nunca mais seria a mesma, como se tudo der repente se resumisse a você. – Sarah respirava ofegante diante de tal revelação, estava tensa. – Seus olhos são irresistíveis, tudo em você é difícil resistir, quando se trata de você, Sarah, tudo me fascina. Eu só consigo pensar em como deve ser imperdível o seu beijo, e como seria maravilhoso poder toca-la e sentir seu cheiro ficar em minha camisa.
  A cada frase Harry se aproximava mais de Sarah, para sua surpresa a mesma não recuava, porém era nítido que ela estava em conflito com sua mente pelo modo como ofegava.
  - Eu percebi também que eu me tornei um tolo quando eu a conheci, pois não me imaginava mais sem você, eu me apaixonei por seu olhar e desde então os castanhos de seus olhos tornou-se minha cor favorita. – concluiu Harry e finalmente tomou coragem para beijá-la.
  Sarah continuou parada, processando sua atitude, como se quisesse aceitar de que aquilo era real. Mas algo acendeu em seu peito ao sentir os lábios de Harry, como se uma carga de alta voltagem passasse por seu corpo e acordasse suas células desfalecidas. O coração de Harry parecia que ia explodir, finalmente ele estava beijando-a, era como se sonhasse acordado, Harry explorou sua boca e a beijou com vontade, com receio de que a qualquer momento fosse despertar de um sonho.
  Tantas noites ele sonhou com esse momento, fantasiando-se, que o fato de ser correspondido o fez concluir que a realidade estava sendo melhor do que imaginava. Sarah estava se permitindo sentir as novas sensações que Harry lhe trazia, como se despertasse os sentidos que haviam adormecido junto com ela no coma. E ela que sempre foi pé no chão, queria ao menos dessa vez, esquecer que há limites na vida.
  Harry abraçou o corpo de Sarah a trazendo para mais perto, suas línguas brigavam por espaço, querendo aprofundar o beijo. Sarah sorriu tímida ao prender os lábios macios de Harry entre os dentes, o mesmo sorriu de volta para ela, aprovando sua atitude. Então o beijo ganhou mais intensidade e o clima foi esquentando, Sarah sugeriu que fossem para o quarto, então Styles a carregou em seus braços onde a mesma entrelaçou as pernas em sua cintura, onde trilhou o caminho para a cama onde a deixou gentilmente ficando por cima dela.
  - Você tem certeza que quer continuar com isso? – ele perguntou receoso enquanto acariciava seus cabelos.
  - Sim! – Sarah sorriu contagiante ao perceber a preocupação de Harry em relação a ela. – Está tudo bem Harry, toque-me como quiser, eu já conheci um homem antes, – respondeu ela dando total liberdade para que continuasse.
  Um sentimento estranho incomodou Harry, ele não queria admitir que o fato de Sarah não ser virgem havia o desapontado, mas o que ele esperava? Que ela se entregasse para que ele fosse seu primeiro e último homem? Talvez ele realmente quisesse isso. Harry lançou um sorriso simpático para afastar seus pensamentos traiçoeiros e voltou a beijá-la com vontade.
  Desceu uma trilha de beijos para sua clavícula e colo onde iniciava sua pele desnuda dos seios, em seguida Harry retirou sua camisa e jogou em algum canto do quarto e Sarah fez o mesmo. Harry apalpou seus seios descobertos, sorriu malicioso por sua garota não usar sutiã, ele estava admirado com a descoberta de seu corpo, gravava em sua mente cada centímetro de sua pele. Sarah também estava admirada e surpresa ao descobrir que Harry tinha tatuagens por todo corpo, ela nunca imaginou que por baixo daquela roupa de hospital havia um mapa sobre ele. Em particular Sarah havia gostado das tatuagens, talvez por dar um charme ou por ser simplesmente Harry desnudo a sua frente. Deslumbrada, a mesma percorreu seus dedos pelo peitoral de Harry, fazendo uma trilha imaginária por suas tatuagens, desceu maliciosamente até o início de sua calça e levemente apertou sua excitação.
  - Surpresa? – perguntou Harry referindo-se as tatuagens.
  - Por essa eu realmente não esperava. – Ambos riram.
  Talvez por Sarah já ter tido uma experiência sexual antes, ela não sentia nenhuma vergonha em se despir para Harry, era como se ficar nua fosse algo tão natural como beber água, não se preocupava com suas imperfeições sendo expostas, nem cicatrizes do acidente ou suas estrias, mostrando confiança em relação a seu corpo, e isso só deixou Harry mais encantado por ela, era como se realmente existisse uma certa intimidade entre eles.
  - Você é tão linda, – comentou hipnotizado, deixando-a tímida.
  - Você também não é de se jogar fora, Dr. Styles, – confessou.
  - Não me chame de doutor. – caminhou até ela. – não estamos no hospital, estou com você agora, sou apenas Harry, é preciso que lembre-se disso quando for gemer meu nome, – respondeu e ambos sorriram.
  - Como preferir, Harry, – disse puxando-o para si, arrancando outro beijo de cinema. Dessa vez o ritmo era mais acelerado, ambos queriam a mesma coisa, ir direto ao ponto, com habilidade tiraram o resto de suas roupas ficando nus. Sarah puxou a gaveta e tirou uma camisinha, entregando a Harry, que estava surpreso.
  - Uma mulher tem que se prevenir, não acha? – Lançou um sorriso malicioso. - concordo perfeitamente. – retribuiu o sorriso e se protegeu devidamente seu membro ereto.
  Sarah deitou na cama relaxando o corpo, deixando a passagem livre para Harry se posicionar em sua entrada, sem perder o contato visual Harry a penetrou, arrancando gemidos de sua garota. Era uma sensação maravilhosa, sentir o corpo dela, toca-la, não era apenas sexo, havia carinho e delicadeza, como se ambos esperassem por esse momento. De início Harry foi cauteloso, como se ela fosse frágil ao seu toque, mas ao sentir o prazer aumentar gradativamente acelerou seus movimentos indo fundo, ele se movia desfrutando cada milímetro de sua carne, Harry nunca imaginou que um dia teria a chance de ficarem conectados daquela maneira, compartilhando prazer. Suas respirações eram ofegantes, o suor começando a brotar na pele, Sarah sorriu para seu garoto e o mesmo intensificou suas penetrações, Harry mordia o lábio em um gemido sôfrego, saboreando a sensação que estava por vir.

(...)

  Elisabeth estava aflita, Harry não respondia mais as suas mensagens desde sua pequena discussão, já havia almoçado e estava esperando em seu quarto com o computador ligado, já que seu noivo costumava ligar durante aquele horário. As horas foram passando e Elisa concluiu que ele não a procuraria, de novo. Decepcionada, tomou a decisão de ligar para a cunhada para desabafar. Não demorou muito até Gemma atender.
  - Oi Gemm, – cumprimentou.
  - Liz! Que bom falar com você, como vão as coisas aí na França? – perguntou Gemma.
  - Comigo está tudo bem, mas já meu casamento não posso falar o mesmo, – disse cabisbaixa.
  - O que aconteceu? Vocês brigaram?
  - Não foi bem uma briga, mas acho que seu irmão levou a sério demais o que eu disse, ele vive me ignorando agora, – revelou.
  - Deve ser só uma fase difícil. – Tentou reconfortar.
  - Você tem visto ele recentemente? – Quis saber.
  - Não, eu... – Gemma pensava no que falar. – Eu não o vejo tem alguns dias.
  - Sabe Gemm. As vezes eu acho que Harry enjoou de mim, tenho a impressão de que não sou boa o suficiente e que ele tem outra, com certeza deve ter, – confessou decepcionada.
  - Liz, você é uma mulher maravilhosa, não se menospreze só porque o idiota do meu irmão não está sabendo valorizar a pessoa incrível que tem.
  - Ele mudou, Gemm, me trata friamente e as vezes até rispidamente. Eu não sei o que fazer, só não quero perde-lo, – disse em lágrimas.
  - Calma amiga, vai ficar tudo bem, não chore. Eu vou ligar para meu irmão amanhã e vamos conversar e tentar resolver esse climão entre vocês. Harry não merece suas lágrimas, tenho certeza que é alguma frustração do trabalho e ele está descontando em você.
  - Às vezes eu penso que seria melhor abandonar minha pós e voltar pra casa, voltar a estar com ele, porque minha faculdade a distância só esfriou nossa relação, – respondeu entre soluços.
  - Não Liz! Não faça isso, não é justo desistir dos seus sonhos. Você não tem culpa de nada – assegurou. –, não tem culpa do meu irmão ser um infiel, porque se ele disse que te amava seria honesto com você até em outro país!
  - Gemma, o que você disse? – questionou confusa ao ouvir a declaração da cunhada. A mesma se calou como se tivesse falado algo errado. - Gemma, você está insinuando que Harry está me traindo? É isso?
  - O quê? Óbvio que não, amiga, meu irmão te ama, mas acho que você deveria descansar um pouco, amanhã mesmo eu faço Harry te ligar. Me desculpe, preciso ir. Beijos. – Desligou o telefone deixando Eliza perplexa.

(...)

  O Sol tocou seu rosto como um aviso de que havia amanhecido, com a claridade em sua face o fez despertar, aos poucos Harry abriu os olhos observando o quarto a sua volta e lembrou do porque estava ali, sorriu ao encontrar Sarah dormindo tranquilamente sobre seu peito, era possível ouvir as batidas de seu coração e sua respiração calma. Ao recordar da noite passada Harry não conseguia segurar o sorriso bobo nos lábios, seu braço estava em volta das costas dela, abraçando, com a outra mão livre começou acariciar seus cabelos e lentamente Sarah acordou. Assim que consciente, se afastou e sentou na cama para limpar o rosto, Harry observava cada movimento seu, gravando o momento, os cabelos bagunçados caídos sobre seus ombros, a vergonha por ele a encarar, e cara amassada de sono.
  - Bom dia. – Ela levantou o olhar e sorriu, então Harry percebeu que queria ver aquele sorriso pelo resto de sua vida, ainda que uma vida fosse pouco.
  - Bom dia flor da manhã, – respondeu.
  - Que horas são? – perguntou sonolenta.
  - Não sei, acordei tem pouco tempo mas acho que seu pai chegou, – disse e Sarah arregalou os olhos.
  - Sério? Como você sabe? Ele viu a gente? – Segurou o lençol no corpo.
  - Ele chegou de madrugada assim que você pegou no sono, um homem tem que se prevenir então eu tranquei a porta quando ouvi as chaves, ele viu tudo fechado e foi dormir, ouvi quando ele fechou a porta também, – explicou.
  - Meu Deus, não acredito – disse nervosa. –, ele não pode saber que você dormiu aqui, – sussurrou.
  - Já entendi, senhorita Poesy, sei quando não sou bem vindo. – Tirou o lençol e recolheu as roupas do chão.
  - Para de drama, Styles. – Riu da cara de cachorro sem dono de Harry e o puxou para um selinho.
  - Ontem foi incrível, adorei nossa noite, – revelou Sarah.
  - Foi uma das melhores noites que eu tive. – Depositou um beijo demorado em sua testa. – Melhor eu me arrumar antes que eu desista de ir embora.

(...)

  Harry estava contente e não fazia questão de esconder isso. Já em seu carro devidamente vestido, ligou o rádio no maior volume, deixando a música o contagiar. Ele acreditava que nada estragaria seu humor hoje. Estacionou o carro assim que chegou no edifício, saiu cantarolando e dançando pelas escadas até chegar no elevador. eu sorriso se desfez e uma interrogação formou em sua face assim que chegou na porta do seu apartamento.
  - Gemma? O que faz aqui a essa hora da manhã?
  - Bom dia pra você também, Styles, hoje é domingo e eu achei que poderia te encontrar em casa, a propósito, onde estava? – Cruzou os braços.
  - E-eu dormir na casa do Louis. – Mentiu.
  - Eu acabei de falar com Louis, ele não sabia onde você estava. Você dormiu fora?
  - Gemma, a minha vida particular não lhe diz respeito.
  - Eu sei que não, mas você é meu irmão e achei que confiava em mim para se abrir comigo e dizer que não quer mais casar e que está dormindo com outra!
  - Eu não estou com ninguém, Gemma!
  - Ah é? E como explica o fato de não estar usando sua aliança? – Observou e na hora Harry tocou em seu dedo, constrangido por sua irmã ter notado.
  - Eu não vim te julgar – continuou Gemma. –, até porque não tenho esse direito, só acho que a Liz não merecia essa traição eu achava que eu conhecia você, mas você se tornou igual a ele. – cuspiu sua indignação, Harry sabia a quem Gemma se referia, e ser comparado ao seu pai foi como uma magoar uma ferida aberta.
  - Você nem ao menos teve respeito por ela! Se queria ficar com essa tal de Sarah, tudo bem, mas não precisava ser desse jeito, poderia ter sido honesto com Elisa.
  - Como sabe de Sarah? – Sua respiração vacilou.
  - Não importa! O foco aqui é sua infidelidade. Sabe que sou amiga da Liz, mas eu sou sua irmã, então ficaria ao seu lado se me contasse o que estava se passando. Ainda pode consertar as coisas, Harry, eu não vou te entregar, por isso aqui vai um conselho, se afaste de Sarah não estrague um futuro que você pode ter ao lado de Elizabeth só por uma garota qualquer. Você não a ama, Harry, você e a Liz são um casal de verdade, se conhecem a anos, ela está perdida sem saber o que fazer com você.
  - Sarah não é uma garota qualquer, não posso abrir mão dela.
  - E vai fazer o quê? Se aventurar e agir como nosso pai? Sendo um porra de escroto egoísta?
  - CHEGA GEMMA! – Harry esbravejou. – Eu quero ficar sozinho, por favor.
  - Com prazer. – Deu as costas segurando sua bolsa.
  Enquanto sua irmã se afastava, lágrimas caiam de seu rosto discretamente, borrando sua visão, talvez Gemma tivesse razão e Harry fosse o vilão da história, ele só queria que amar Sarah não fosse tão difícil.

Capítulo 09
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