Superar


Escrita porThicy Porto
Revisada por Luba


Capítulo 03

Tempo estimado de leitura: 9 minutos

  Harry tentava absorver o que estava acontecendo em sua casa. Ainda parado na porta, notou os enfeites festivos por todo o cômodo, enquanto um bolo colorido estava sendo carregado nas mãos de sua mãe, então percebeu que se tratava de seu aniversario.
  – Parabéns pra você, nessa data querida! – Sua mãe foi puxando a musica enquanto se aproximava dele. – Parabéns, meu bolinho!
  – Oh! Nossa. – Respondeu assim que assoprou as velas. – Obrigado mãe! –Abraçou a mesma.
  – Parabéns amorzinho! – Falou Elizabeth, sua namorada.
  – Ei, Harry, quanto tempo, amigão! – Disse seu velho amigo Louis, dando um abraço seguido de um tapinha nas costas.
  – Louis? Só assim para eu te ver! Como vai? – Respondeu contente ao encontrar seu amigo de longa data.
  – Estou indo bem, obrigado. Tinha que reservar um tempo para te dar os parabéns, ou seria uma sacanagem de minha parte. – Respondeu ele.
  – Com certeza! Obrigado pela consideração! – Disse Harry.
  – Meu cupcake está virando bolo, como o tempo passa rápido. – Comentou sua mãe enquanto dividia as fatias.
  – Mãe, eu não tenho mais 5 anos, não precisa me chamar assim em voz alta. – Falou fingindo está bravo.
  – Mesmo quando for um velho você será o meu bebê, eu não vou mudar com você, meu filhote. – Respondeu dando um beijo em sua testa entregando seu pedaço.
  – Pois bem, maninho, parabéns para gente! – Disse sua irmã gêmea, Gemma, se aproximando. – Estamos ficando mais velhinhos hoje, curtindo muito os 25?
  – Olha só quem veio aparecer, como vai minha garota prodígio? – Disse dando um abraço meigo nela. – Parabéns Gem.
  – Estou indo bem, valeu. Mas é serio, Hazza, já pensou em se divertir? Precisa sair e curtir enquanto é jovem. Qual é? você não era assim. – Falou fingindo dar um sermão.
  – Acontece que estou me dedicando ao meu trabalho e tenho minhas responsabilidades, você deveria pensar o mesmo em vez de trancar a faculdade. Estou me divertindo muito com vocês aqui.
  – Eu ate poderia pensar no seu conselho se eu me importasse com essas coisas de ciclo da vida e blá blá blá. Só que a vida é muito curta, prefiro quebrar as regras, perdoar rapidamente, beijar lentamente, amar de verdade e rir descontroladamente. Não pretendo mudar.
  – E pensar que dividimos o mesmo útero. Tudo bem, você ainda é nova para entender do que estou falando, vamos apenas esquecer e aproveitar nossa noite, certo? – Disse ele brindando as taças. – Quem é o bonitão?
  – Ah, claro. Esse é meu namorado Liam, ele é amigo do Niall e nós nos conhecemos em umas das minhas trilhas que faço no campus, nos demos muito bem e ele é um cara legal, então pensei por que não? Diga um olá ao Harry, amor.
  – Parabéns. É um prazer conhecê-lo. – O rapaz que estava atrás de Gemma se pronunciou, estendendo a mão direita para ele.
  – Obrigado. É bom conhecê-lo também. – Aceitou o cumprimento de Liam.
  – Agora que todos desejaram felicidades ao Harry, com exceção do meu irmão Niall que não pôde estar presente, gostaria de fazer um breve discurso! – Anunciou sua namorada, se colocando de pé.
  – Mais tarde teremos uma conversa séria. – Harry falou para liam antes de se virar e dar atenção a Elizabeth.
  – Não liga para ele, só faz falar, mas não morde. – Disse Gemma abraçando a curva do pescoço do namorado.
  – Há exatamente 3 anos atrás... – Começou a falar tendo o silencio e a atenção de todos. – eu encontrei uma pessoa maravilhosa, que mudou minha vida só para melhor, que me conquistou com seu jeito doce e integro. Ainda lembro como nos conhecemos na faculdade, e não me canso de falar que foram os melhores tempos que passamos juntos. – Sorriu para Harry, que a olhava atentamente. – Eu sei que é clichê demais dizer que “sem você eu não seria a mesma, porque você é minha metade.” Por isso, quero apenas agradecer por me deixar fazer parte disso e por me mostrar que nunca se deve esperar ficar sozinho para reconhecer o valor de quem está ao seu lado. Parabéns e amo você. – Finalizou, recebendo palmas dos convidados e um beijo caloroso de Harry como resposta.

(...)

  Já era madrugada quando a festa acabou e todos foram para suas respectivas casas. Desde muito novo Harry mostrava ser um conquistador por conta de seu charme, mas com o tempo seus interesses mudaram. Quando jovem, nunca deixou de participar das típicas festas da escola ou de sair com garotas, mas havia outro lado de Harry que poucos conheciam o lado calmo e sereno que apreciava o silencio. Era o que o diferenciava da irmã.
  Enquanto Harry olhava os olhos de Elisabeth, passava um pano nos pratos, enxugando-os. Um sentimento nostálgico invadiu-o. Ele lembrou-se do momento em que ajudava sua mãe a organizar os pratos no armário. Era um dia comum e divertido, filho e mãe se divertindo em uma atividade cotidiana. Até o momento em que o carteiro chegou, trazendo uma carta de seu pai. Para Harry, não havia sentimento de amor, muito menos saudade. Era como se fosse uma obrigação ele mandar um sinal de vida, mostrar que tem o mínimo de consideração com a família que deixou para trás. Todas as vezes que ele passava por aquela porta, trazendo um presente caro e dando um abraço frio em Harry, não havia sentimento. Era como se ele realmente não estivesse ali.
  Desmond sempre ia embora depois de um momento, e tudo voltava a ser como antes. Mas tudo isso não importava mais, até porque Harry nunca mais poderá vê-lo. Despertando das memórias, se aproximou de Liz, dando um beijo na curva de seu pescoço, deixando-a arrepiada.
  – Você é incrível, sabia? Obrigado por tudo. – Sussurrou em seu ouvido, a mesma continuava de costas lavando a louça. – Mas agora eu quero que faça um favor pra mim. – Disse a virando de frente para ele.
  – O que você desejar. – Respondeu com um sorriso malicioso nos lábios. – Sou toda sua.
  Então Harry colou seus lábios nos dela com ferocidade, carregando-a pela cintura e a girando para o lado oposto, onde a sentou no balcão. Afastou-se um pouco para tirar a blusa e voltou a beija-la.

(...)

  Da janela de seu carro as arvores passavam como borrões. Dentro do carro ouvia-se apenas uma musica qualquer que tocava no radio. Conforme o seu destino se aproximava, Harry pensava em seus mil afazeres que teria ao chegar ao hospital e lembrou-se de Sarah, a paciente pelo qual era responsável. Uma sensação de pena e angustia o invadiu, e durante todo o caminho ela não saiu de sua cabeça.
  Fazia sol naquela tarde de terça-feira, Dylan estava sentado em uma cadeira de frente para cama de Sarah, porém sem olhar para ela. Vários minutos em silencio com a cabeça abaixada, enquanto em sua mente sua consciência gritava. Tudo havia se tornado um pesadelo de uma hora para outra, não queria aceitar o fato de carregar essa culpa em segredo caso sua filha não melhorasse. Esse era seu medo, ter causado a morte de Sarah. Por fim decidiu encarar a filha, notou machas de sangue saindo de seu curativo e como o corpo aparentava estar mais frágil.
  – Eu sei que sou a ultima pessoa com quem você gostaria de estar agora. – Pronunciou como se ela estivesse lúcida. – Mas... acredite quando eu digo que quero que se recupere logo e que te amo. Se você pode mesmo me escutar, peço seu perdão pelo o que eu te fiz passar. – Sorriu com a triste realidade.
  – Você e sua mãe não mereciam passar por isso, estávamos em um momento tão especial e feliz e aí... – Fez uma pausa para segurar as lagrimas e voltou a falar. – Sua mãe está bem, a pressão dela caiu, mas se ela continuar nesse ritmo de fortes emoções corre risco para o bebê, por isso o medico aconselhou que ficasse de repouso e não pôde vir. Se fosse por sua mãe, não se afastava por um segundo, ela não cansa de rezar por você. – Se aproximou e segurou em sua mão.
  - Estamos aqui esperando por você, nós te amamos e iremos respeitar seu tempo. – E, naquele breve instante, Dylan acreditava nas palavras de conforto e na fé que passava para ela, que logo tudo voltaria ao normal. Porém, o momento acabou quando Harry invadiu o quarto.
  – Me desculpe, eu não sabia que o senhor estaria aqui. O horário de visitas acabou tem 15 minutos. – Falou para o pai de Sarah, que logo tomou uma postura ereta.
  – Eu já estava de saída, doutor. Perdi-me no horário. – Respondeu.
  – Sem problemas, eu só preciso que o senhor me de licença para analisar a paciente. – Falou com a prancheta em mãos.
  – Claro. – Abriu a porta e, antes de sair, virou-se para Harry. – O senhor acha que ela vai ficar bem em breve? – Perguntou preocupado.
  – Estamos fazendo o nosso melhor para que isso aconteça. – Respondeu com um sorriso para confortá-lo. Ele assentiu, saindo, deixando Harry a sós com a paciente.
  Sozinho naquele quarto ao se aproximar da paciente, Harry levantou sua pálpebra esquerda e revisou o registrador que marcava seus batimentos cardíacos, antes de escrever em seu prontuário olhou para garota a sua frente. As maçãs de seu rosto eram marcantes, com traços finos e cabelos castanhos curtos, mesmo tendo alguns arranhões encontrou beleza nelas.
  — Acho estranho o modo como as coisas gostam de dar errado em nossas vidas, vejo isso em você. É como se precisasse balancear essa felicidade, trazendo tristeza. Em um momento, tudo estava bem, mas aí aconteceu isso. Sei que pode não ser nada, mas você tem pais que se importam com você. — Harry disse, olhando para ela, enquanto sorria brevemente. — Pareço um doido falando com uma pessoa em coma. — Ele se distanciou, dando uma última olhada na prancheta e saindo do quarto.

Capítulo 03
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