Semiapagados

Escrita porRay Dias
Editada por Lelen

Capítulo 2

Tempo estimado de leitura: 13 minutos

  Antes de descer o elevador, abracei Luke – que assim como era melhor amigo de %Melissa%, também se tornou um amigo fiel para mim – e não me contentando apenas às cordialidades, precisei investigar:
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  — Há quanto tempo eles estão juntos? – perguntei apontando discretamente para %Melissa%.
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  Ele sorriu e me encarou com aquele olhar de desafio, antes de responder:
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  — Eles estão saindo há cinco meses, mas oficialmente juntos só tem dois.
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  — Cinco meses? – me espantei com aquilo — Ela não me falou nada!
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  — Você esperava que ela ligasse para dizer que partiu para outra?
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  — Não, mas… Você também não contou nada, Luke!
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  — Desculpe Luan, você não pediu para eu espionar a vida amorosa da minha irmã.
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  — Não é isso. – mexi nos cabelos, um hábito de quando eu ficava sem graça — Ela está apaixonada por ele?
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  — O que você acha?
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  — Luke, não brinca cara…
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  — Ela não confessou nada ainda, acho que ela está apenas deixando acontecer.
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  Abracei de novo o meu amigo, Miguel puxava minha perna para irmos logo. Sorri e acenei para %Melissa% que ainda estava à porta de seu apartamento. Bati no ombro de Lucas dizendo:
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  — Eu vou ficar de olho nesse namoro, e conto com você.
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  Lucas apenas assentiu sorrindo.
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  Desci o elevador com Miguel sorrindo e falando todos os planos que havia feito. Eu estava muito feliz por estar com meu filho após tanto tempo de viagem. Entretanto, vê-la preocupada com nosso filho daquele jeito, aparentemente cansada, me deixou preocupado com ela também. Vê-la de novo trouxe o mesmo sentimento misto de alegria e tristeza, que eu sentia desde a nossa separação.
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  Perguntei ao Miguel o que ele gostaria de fazer primeiro antes de irmos para o show, e ao me responder “qualquer coisa com você, papai”, eu pude perceber que a falta que eu fiz ao meu filho era muito maior do que eu imaginava. A culpa que %Melissa% sentia, não poderia ser maior que a minha.
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  No carro, a caminho da minha casa, Miguel adormeceu. A mãe havia dito que ele não dormiu nada na noite anterior por efeito de ansiedade. E eu também havia dormido um pouco mal, eu também estava ansioso para rever o meu filho. Chegamos em casa e levei Miguel no colo até o seu quarto.
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  Aquela ainda era a nossa casa, e tudo dentro dela me lembrava %Mel%. Nós havíamos nos separado há um ano. E em momento algum eu quis o divórcio, e %Melissa% também decidira esperar. Se ela chegasse, a qualquer momento a me pedir o divórcio, eu negaria. Embora estivéssemos afastados por um ano, eu não aceitava a ideia de oficializar o fim da nossa história.
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  Aquele Pedro… Eu não poderia imaginar que já teria outro na vida dela. Ele era uma ameaça que, dia e noite, eu torcia para não acontecer.
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  Quando %Melissa% decidiu partir com Miguel, eu quis que ela ficasse na nossa casa, mas ela decidiu que seria melhor voltar para o seu apartamento. Eu havia comprado aquela casa para ela, por ela, com ela, e jamais imaginaria viver ali sem a %Melissa% ou com outra pessoa. Mas, %Mel% é o tipo de pessoa que ao romper os laços não guarda as fitas. Não é do tipo que rasga as fotografias, mas não as deixa expostas também.
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  E ela não havia mudado muito depois da nossa separação. Continuava doce, meiga e mesmo eu acreditando que ela passaria a me odiar ou evitar o contato comigo, ela não o fez. Provando-me a cada dia de distância que, o seu único motivo para se afastar de mim fora minha culpa, minha negligência com a família, e a sua intuição. %Melissa% sempre seguia a sua intuição. Por alguma razão, sua intuição dizia que ela deveria se afastar, e não voltou atrás com sua decisão. Eu batalhei para que ficássemos juntos, mas não o suficiente. Naquela época, aceitar as condições que %Melissa% impunha a nós soava como abandonar a minha carreira. E eu jamais aceitaria, e mal acreditava que a mesma mulher que me conquistou e conhecia toda a minha paixão pelo trabalho estaria me propondo aquilo. Os primeiros meses de distância foram baseados nas discussões sobre Miguel. Nenhum dos dois queria recorrer às decisões judiciais, pois nos levaria ao litígio e não havia necessidade daquilo. %Mel% e eu sempre resolvemos todos os nossos problemas à base de diálogos, nunca levantamos o tom de voz um para o outro, e mesmo na nossa briga com os ânimos exaltados.
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  À noite, eu teria o último show da minha turnê. Eu havia voltado aquela manhã e prometido ir buscar o Miguel. Ele iria comigo à Arena Minas, para assistir o show que encerrava aquela turnê e após eu teria todo o tempo para o meu filho. Meu empresário, assessores e algumas pessoas da equipe passariam na minha casa à tarde para alguns detalhes finais. Era o primeiro show que o meu filho assistiria. Quando bebê, %Melissa% o levou a algumas apresentações, mas ela é uma mãe muito zelosa e só permitiria Miguel ir a um show, verdadeiramente, quando ele fosse um pouco maior. Aquilo explicava a euforia dele durante aquele fim de semana, e por mais que ele estivesse ansioso para executar todos os planos que havia feito, eu não queria acordá-lo. Miguel precisava daquele descanso e eu também.
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  Berta era a empregada da casa, e depois que nos separamos ela não queria continuar a trabalhar na casa sem que sua “adorável patroa” – como ela dizia, pelo enorme apreço que tinha à %Mel% – estivesse ali. Pedi também pelo apreço que ela tinha a mim, que não deixasse a governança da casa. Eu mantinha uma relação mais aberta – sem muitas formalidades – com Berta, do que %Melissa%. E embora %Mel% tivesse em Berta uma conselheira, um tipo de mãe, Berta correspondia igualmente à %Melissa% como uma filha, mas, ainda assim, mantinha a formalidade de %Melissa% ser sua patroa. Berta, ia ao apartamento de %Melissa% com alguma frequência visitar a patroa amiga e o Miguel. Berta era apaixonada por nosso Miguel. E quando %Mel% ficava sem babá para olhar o menino, era Berta que quebrava seus galhos nos momentos de emergência.
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  Ela estava na cozinha preparando o nosso almoço e sorriu feliz quando eu entrei para beber água.
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  — Miguelzinho está cada vez mais bonito, Luan!
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  — É… Está cada vez mais parecido com a mãe.
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  — Tem razão. Como ela está? – Berta perguntava distraída.
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  — Não sei ao certo, me pareceu abatida. Mas continua linda… – eu disse sob os olhares esguios de Berta recordando a imagem de minha ex — Berta, você sabia que ela está namorando?
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  A mulher abriu e fechou a boca um pouco nervosa e me encarou. Respirou fundo e disse se justificando:
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  — Olha Luan, você não me pediu para vigiar a dona %Melissa%!
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  — Não estou te cobrando nada, Berta. – eu ri enquanto via o seu nervosismo.
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  — Bem… Eu vi o cara, algumas vezes – disse com desdém — Não gosto dele e já falei isso para ela, mas eu não posso fazer nada, porque se pudesse o senhor bem sabe onde ela estaria agora – me olhou por cima dos óculos — Mas se eu fosse o senhor, ficaria tranquilo. Aquele romance não vai vingar.
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  — Porque acha isso?
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  — Tenho feito minhas mandingas.
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  — Que horror Berta!
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  — Brincadeira – ela gargalhou após ver minha reação — Eu também quero a felicidade da dona %Melissa%, mas eu digo isso por saber que ela está com aquele homem apenas para compensar.
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  — Compensar o que?
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  — A falta que sente do senhor.
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  Depois que disse aquilo, Berta saiu deixando as panelas no fogo. Eu fiquei pensando nas suas palavras e recordei o dia que pedi para ela continuar trabalhando na casa:
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  — Berta, infelizmente %Melissa% foi embora, e eu apreciaria muito se você pudesse continuar a governar a casa.
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  — Olha “seu” Luan, eu amo esta família, e meu coração está partido com isso tudo. Eu não ficaria nesta casa sem a dona %Melissa%, mas pelo apreço que tenho ao senhor, eu concordo em continuar. Mas eu vou ser bem clara: se o senhor colocar outra mulher aqui dentro, eu saio sem nem olhar para trás. Eu não vou aceitar outra patroa, e acho bom o senhor ir fazendo sua parte quanto a trazer dona %Melissa%, de volta!
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  — Obrigada, Berta. - abracei sutilmente à governanta amiga enquanto sorria fraco.
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  Estava feliz por ela ficar, mas triste por tais circunstâncias.
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  — Ela logo vai perceber que não vai adiantar agir deste jeito. Assim como o senhor percebeu, antes mesmo de tentar compensar a falta que ela o faz. – Berta disse me despertando dos pensamentos, voltando ao seu fogão.
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  — Eu tentei compensar também, Berta, mas você está certa. Eu percebi que não adiantaria… – Berta me olhava com desaprovação por saber daquilo — E não me chame de senhor, nós já pulamos esta etapa!
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  Apertei o ombro da senhora e fui ao meu quarto. Deitei na cama e olhando em volta tudo me lembrava %Melissa%: desde as cortinas até o abajur ao lado da cama que pertencia a ela.
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  Alguns meses depois de nos separarmos eu saí em turnê e desde então trabalhava incessantemente. Voltar para aquela casa, ainda tocava numa ferida aberta. E eu tentei esquecê-la, me entregando a outras mulheres nas viagens e isso só me atrapalhou ainda mais. Então meti as caras na turnê, e embora todas as músicas cantadas me lembrassem, ela, com o tempo, eu consegui cantar e viver aquelas canções – a maioria escritas para ela – com indiferença.
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  A sensação de anestesia aos sentimentos havia se tornado parte da rotina. Pelo menos até aquela manhã.
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  Eu ainda a amava. E não entendia porque não lutei por ela. Como eu disse, acho que não lutei o suficiente. Estava tão impregnado da minha carreira que cogitar voltar atrás para ficar com ela, significava perder tudo, mas depois de %Melissa% tudo o que eu tinha era a minha família. A carreira, embora importante, não tinha mais graça se não fosse para cantar para ela. Não era como antes.
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  E só depois de vê-la beijando outro, que eu me dei conta de que estava na hora de agir novamente. Eu não poderia a entregar de mão beijada. Ela com certeza só deu chance a ele, por achar que eu não me importava, já que eu não lutei o suficiente.
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  Eu encarava o teto do nosso quarto, e pensava no rosto dela. O rosto que eu não via há tanto tempo, mas tinha todos os traços gravados na cabeça. Peguei o violão e comecei a cantar a minha música, que fazia parte da minha vida desde que %Mel% havia saído dela. E com esta música, pensando nela, eu começava todos os shows da turnê:
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  “Trouxe o meu colchão pra sala, hoje eu vou dormir aqui, pois não quero relembrar os momentos que vivi. O lençol que a gente usava tem perfume de jasmim, o que tanto me agradava hoje não faz bem pra mim. Depois que você foi embora entrou outra em seu lugar, e é só quando eu me deito que ela vem me visitar. Passa as mãos em meu cabelo, insiste muito em me beijar, e eu com delicadeza peço pra se afastar. Eu não quero compromissos, nem tampouco me apegar, nem novelas tenho visto, dá vontade de chorar. Tenho medo de acordar de madrugada, e uma luz semiapagada refletir ela pra mim. Sei que está tão curiosa e louca pra me perguntar: quem está no seu lugar, quem roubou meu coração se chama solidão.” - (A outra)
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  Aquela noite seria a última da turnê, a última que eu cantaria “A outra” como se fosse uma verdade. Eu havia voltado e mudaria as coisas. Eu não desisti da minha musa, dona de todas as letras e versos. E se todas as canções me lembrariam dela pelo resto dos meus dias, ela estaria ao meu lado pelo resto dos meus dias sendo a inspiração de tudo o que eu fizesse. Eu ainda a amo. E foi necessário vê-la com outro, para despertar. Perder, nos faz valorizar. E eu recusava acreditar que havia a perdido.
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N/A Fixa: Olá leitora, se você gosta das minhas histórias e gostaria de saber mais sobre meu processo criativo e/ou me conhecer, eu tenho um convite para você! Entre no meu grupo de leitoras no whatsapp e me siga no instagram @escritoraraydias! Aguardo você, ansiosa para conhecer as amoras que leem meus pequenos universos! ✨💖


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Lelen

Primeiramente: eu também amo bobó de camarão (e tudo que tenha camarão e frutos do mar HEHEHEH) e massas.
Segundamente: EU MORRI COM A BERTA FALANDO DAS MANDINGAS POASNDOPASND
Apoiamos se for para o bem do casal 😂 😂 🤓
Amando conhecer esses personagens ❤ ❤ ❤

Ray Dias

A Bertinha ♥ Ela é maravilhosa! Eu também amo bobó de camarão, frutos do mar e culinária italiana! Amando você amando os personagens! ♥

Nara
  — Tenho feito minhas mandingas." Leia mais »

Kkkkkkkkkkkkk ela é tão engraçada

Nara
  — A falta que sente do senhor." Leia mais »

Bora Luan,reage

Nara
  — Olha “seu” Luan, eu amo esta família, e meu coração está partido com isso tudo. Eu não ficaria nesta…" Leia mais »

Bota ordem, Berta

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