Semiapagados

Escrita porRay Dias
Editada por Lelen

Capítulo 11

Tempo estimado de leitura: 16 minutos

Tempo Presente
Narração por Luan

  Depois do meu retorno, dez meses após minha turnê eu ainda não havia tido uma conversa com %Melissa% sobre a forma como havíamos acabado. Na verdade, não havíamos acabado, mas eu cheguei dando de cara com aquele Pedro com a minha mulher. E eu sabia que não tinha direito de reclamar, houve uma separação especulada pela mídia, cuja resposta contrária eu não dei e nem ela. Então, a mentira que contavam se realizou. Não havia divórcio legal, mas havia a separação. Eu também não podia falar nada sobre a relação dela com o tal Pedro, porque, eu mesmo me relacionei rapidamente com outras mulheres entre uma viagem e outra. Então, não podíamos nos declarar ter traído um ao outro, porque a verdade é que a história de “vamos dar um tempo” foi apenas uma maneira de não assumirmos entre nós que havia acabado.
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  Eu fui egoísta, um babaca que não cumpriu as promessas feitas a ela. Um estúpido que colocou a fama na frente do nosso amor. E o pior: não medi as consequências com nosso filho. Eu queria tanto falar com ela sobre nós dois. Na primeira vez que a vi eu tentei, mas minha oportunidade foi desfeita com a chegada do namorado que tomou o meu lugar. E também no dia em que ela aceitou ir ao sítio dos meus pais, comecei a falar acreditando que teria a oportunidade de desfazer aquela distância, novamente não deu.
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  Então, eu decidi que resolveria aquela história enquanto estivéssemos no sítio. Na semana que antecedia a viagem, Rick e Ana surgiram com um trabalho novo, e também inovador. Estávamos na sala da minha casa, quando eles me contaram.
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  — Luan, estávamos conversando com a equipe da gravadora sobre o quanto as letras das suas músicas atraem o seu público por tanto tempo, e o Tiago falou que esta era uma das questões mais recorrentes ao pessoal da gravadora. E aí eu tive uma ideia muito, muito boa, e eu não aceito você dizer que não.
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  — Pra quando seria, Rick? Você sabe que eu acabei de chegar da turnê e quero descansar, aproveitar pra resolver minhas questões pessoais.
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  — Nós sabemos Luan, mas, o Rick e eu achamos que não vai atrapalhar você em nada. Na verdade como você está compondo novas músicas e está mais tranquilo, seria um trabalho leve e acredito que muito divertido para você.
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  — Sei, Ana... Sei…
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  — Luan! É o seguinte: você vai estrelar uma série própria. No estilo reality, onde serão filmados alguns dos seus dias de rotina nestas férias, mas o foco é principalmente filmar você contando a história das suas canções. Como te inspiraram, o que acontecia na sua vida quando você as escreveu, um raio-x total das suas inspirações!
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  — O Rick e eu já pensamos em algumas canções, mas você fique à vontade para escolher, claro!
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  — Ana, Rick… Vocês sabem que no momento, eu preciso recuperar o meu casamento. E eu não quero nada atrapalhando isto.
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  — Não vai atrapalhar, Luan! Na verdade, eu acho que a %Melissa% vai gostar de saber quais músicas tiveram o dedo dela.
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  — Todas! — Rick comentou para Ana em tom sarcástico e voltou a mim dizendo: — Presta atenção Luan! Isto pode ser a chance de você também se desculpar. Imagina só, você contando para a %Melissa% tudo de bom que sentiu com ela e te inspirou nas melhores músicas, e até tudo de ruim que sentiu, a sua pior fase longe dela que foram estes dez meses! As músicas novas escritas no começo da turnê, que tiveram a ver com a separação. Cara! É uma tremenda chance de você falar a verdade para ela e para todo o Brasil!
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  — É Luan, o Rick está apostando numa novidade voltada para a sua carreira, mas acreditamos que será uma boa chance para reatar com a %Mel%. Ainda mais porque será tudo exibido simultaneamente às gravações.
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  — A rede globo manifestou interesse na ideia.
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  — Pelo visto vocês já negociaram tudo sem me falar!
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  — Luan, não fica nervoso. Nós apenas especulamos se teria aceitação de alguma emissora, e o Huck quando soube da ideia, disse que queria o quadro da série no programa dele, mas nós achamos melhor ser uma produção independente. E a emissora concordou em reservar o horário do domingo antes do futebol, por achar que teria maior índice de audiência.
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  — Eu não sei não…
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  Mais uma vez, eu fui convencido por eles. E depois de pensar um pouco sobre o assunto, realmente achei uma boa ideia. As gravações começaram naquela mesma semana.
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Primeira Semana: Gravações da terça-feira

  Eu seria o próprio apresentador do programa, e a equipe concordou que só entraria ao ar as cenas que eu permitisse e que, aquele trabalho extra se adequaria à minha rotina e não o contrário. Terça-feira era o dia em que eu combinei com a %Melissa% de pegar o Miguel na escola. Agora que eu estava de férias, decidimos prolongar os nossos encontros não apenas para os fins de semana alternados, mas também, alguns dias pela semana – para matar o tempo que ficamos longe um do outro – e ela foi muito adepta da ideia. Outra coisa que eu tive que perguntar se ela concordaria, era este trabalho. As gravações acabariam por envolver o Miguel, e talvez um pouco da imagem dela.
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  Eu tive medo disso exercer uma influência negativa entre nós dois, já que foi o meu trabalho que atrapalhou tudo, mas Ana foi até ela e conversou em segredo sem que eu soubesse. Então quando eu fui falar com a %Mel% sobre o assunto, deixando claro que eu preferia não envolvê-los, ela disse que não se importava que o nome dela fosse citado por algum motivo desde que com consciência, mas não queria que sua imagem fosse divulgada. Já no que dizia respeito ao Miguel, %Melissa% afirmou que como o pai eu poderia colocar em minha consciência o peso daquilo sobre a imagem da criança, já que sempre fomos tão discretos com a exposição do nosso filho — diferente de nós dois — e era a minha responsabilidade saber se aquela experiência seria positiva ou não para o Miguel, e se ele estaria preparado. Na opinião da mãe, %Melissa% afirmou tranquilamente que o menino adoraria conhecer um pouco mais a rotina do pai e se sentir inserido nela. Apesar da pouca idade, Miguel começava a entender as coisas e poderia ser importante para ele e eu. Afirmou ainda, que não sabendo exatamente do que se tratava o tal trabalho, ela deixaria em minhas mãos a decisão sobre a aparição do garoto no tal reality.
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  Eu ouvia as palavras dela, louco para beijar os seus lábios. Por que eu fui capaz de deixar aquela mulher? Tão sensata e amável, e tão forte e corajosa! Como eu pude passar tanto tempo longe dela e do meu filho?
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  Eu havia decidido que o Miguel participaria, e como combinado com a emissora: tudo o que eu aprovasse iria ao ar, principalmente no que se tratasse do menino.
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  Estávamos eu e uma equipe externa das gravações na porta da escola dele, e o pequeno tumulto gerado na saída da escola — não por minha causa, exatamente, mas pelas filmagens que fazíamos — quando Miguel surgiu sorridente ao lado da professora. Peguei-o no colo e o beijei, me despedindo das outras crianças, mães e funcionários que acenavam para nós. Ana, que estaria a maioria do tempo nas gravações como minha assessora e amiga, no banco do carona conversava comigo sobre aquele tumulto diferente. E uma câmera acoplada na parte de trás do carro nos filmava, Miguel brincava com ela acenando e rindo. A intenção era que parecesse tudo o mais independente, caseiro e real. Por isso, não havia terceiros interagindo, com exceção da equipe externa que gravaria poucas vezes, o carro e nossas imagens de um ângulo diferente, e com exceção é claro, de quando fossemos falar de música no estúdio do programa. Em geral, o meu dia a dia deveria soar como uma gravação própria.
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  — Por que todo este tumulto hoje? Tem sido assim desde que você voltou? — Ana perguntou se referindo à saída da escola.
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  — Não, as pessoas estão acostumadas comigo já… Não é filho?
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  — Todo mundo adora o papai, tia Ana.
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  Nós rimos.
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  — É por causa das gravações. Estão todos ansiosos para saber o que eu estou aprontando desta vez.
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  — Até eu estou ansiosa pelo resultado.
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  — Papai, a gente pode comer peixe?
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  — Peixinho frito, filho?
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  — É!
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  — Claro que podemos!
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  — Onde você vai arrumar peixe-frito, Luan? A Berta já preparou tudo. — Ana perguntou surpresa.
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  — Vamos ao mercado, e depois nós faremos em casa.
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  E assim fiz. Dirigi até o supermercado a equipe filmando nossas compras. Algumas abordagens de fãs por onde passávamos e o Miguel levando o carrinho, adorando o assédio do público. Depois seguimos para casa e entre uma brincadeira e outra com a Berta, ela autorizou que eu utilizasse a cozinha para preparar o peixe com o Miguel. Tudo entrou na filmagem, até Ana almoçando duas vezes escondido.
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  Após Miguel e eu comermos, fazermos a lição dele e brincarmos um pouco no quintal, nós fomos gravar no estúdio, não da minha casa, mas sim da gravadora. Deixei Miguel com Berta e parti com Ana para a segunda parte daquele primeiro dia de trabalho. E aí, o entrevistador — que era ninguém menos que Rick Bonadio — chegou à gravadora para participar.
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  Na quinta-feira houve mais gravações, com a arrumação das minhas malas para a viagem ao sítio. E ali, entrei em discussão com Rick, meu empresário. Ele achava que a festa de aniversário da minha mãe deveria ser filmada, já que, na minha rotina entrou nas gravações a preparação para a viagem. E eu não aceitei. %Melissa% não queria a imagem dela exposta e eu não queria a imagem da minha família num momento tão íntimo após tanto tempo sendo exposta. A saída foi: seriam filmados respectivamente, a minha saída de casa para buscar o Miguel (eu não citaria a presença de Lucas e %Melissa%) para a viagem. O momento dos parabéns da minha mãe, sem muita exposição dos meus familiares, e principalmente sem a imagem de %Mel% e Lucas. Eu preservaria os dois de tudo aquilo. E entrariam na filmagem também alguns momentos entre Miguel e eu no sítio. Tudo registrado por alguém da família, nada de equipe por lá. E assim foi feito.
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  No sábado de manhã, eu liguei a câmera do carro e enquanto eu colocava as malas lá dentro, as imagens já estavam sendo gravadas. Eu estava a caminho do apartamento da %Mel%, quando meu telefone tocou e eu atendi pelo painel do carro. Era a %Melissa%.
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  — Luan, tudo bem?
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  — Oi %Mel%, tudo sim. E por aí? O Miguel está pronto? — eu havia me esquecido de avisar a ela, sobre a filmagem no carro então decidi disfarçar que alguém além do meu filho, iria.
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  — Sim, eu só liguei para saber se você já está chegando, o Miguel está aqui insistindo de ansiedade para saber.
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  — Estou quase, daqui uns quinze minutos eu chego.
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  — Tá ok, até mais.
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  Desliguei a ligação e fiquei feliz pela discrição dela. Assim que cheguei, estacionei, desliguei a câmera e subi.
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  Ela atendeu à porta e estava linda. Sorriu me cumprimentando e eu entrei. Parei de frente para %Mel%, a encarando dos pés a cabeça e ela sorriu sem graça.
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  — O que foi? — ela perguntou.
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  — Você está tão linda.
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  Eu disse me aproximando sem nem perceber, e ela deu um passo para trás. Só então consegui notar a minha aproximação quando a vi se afastar levemente.
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  — Você também.
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  Ela respondeu sorrindo e tocou meu braço indicando-me a acompanhá-la. Ela havia fugido de mim, e eu já tinha reparado que %Melissa% em todas as oportunidades que tentei me aproximar, vinha se esquivando. Não consegui aceitar aquela verdade. Será que ela não me amava mais?
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  A acompanhei enquanto adentrava os cômodos do apartamento. O vestido com decote marcado e acentuado na cintura, solto e esvoaçante a partir dos quadris. De um tecido que eu não sei qual é, mas que a deixava sensual e confortável, na cor vermelho carmim, surtiu sobre mim como um ímã. Eu não consegui desgrudar os olhos do corpo dela, e o que eu mais queria era arrancá-lo diante às memórias que pairavam em minha mente. Meus devaneios foram interrompidos com Miguel, em seu quarto pulando sobre mim assim que cheguei.
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  — Papai! — Ele gritou assim que entrei no seu quartinho e eu o peguei no colo.
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  — Pronto para ver a vovó e toda a família?
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  — Muito, muito! — Ele respondeu animado.
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  %Melissa% pegou a mochilinha dele e eu, ainda com Miguel ao colo, tirei a mochila de suas mãos numa forma não só de cavalheirismo, mas também, de sentir a sua pele de novo.
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  Já na sala, Lucas puxava três malas para a saída. Ao ver aquelas bagagens, me animei mais do que o normal, porque era a confirmação da verdade: %Melissa% e eu viajaríamos e estaríamos juntos por todo o fim de semana. A família toda, unida novamente.
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  Ela e Miguel desceram sendo seguidos por Luke e eu com as bagagens. Mais que imediatamente, Lucas entrou com o afilhado na parte de trás, como se armasse para %Melissa% ir ao meu lado. Ela não ligou a mínima para aquilo. Não havia motivos, na verdade, para que agíssemos como adolescentes tímidos, contudo, ainda assim, eu encarei meu compadre pelo retrovisor e sorri agradecido. E ele entendeu.
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  Lucas era um cara sensacional! Eu tive a sorte de ganhar um compadre e um cunhado postiço como ele. Sempre tão positivo em tudo e companheiro em minha relação com a %Mel%, além de ser cuidadoso com nosso filho e conosco. Ela trouxe à minha vida, as melhores pessoas e lembranças.
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  Fizemos uma viagem tranquila, divertida e alegre até o sítio. Assim que chegamos, a família estava toda na varanda da casa nos aguardando, notei %Melissa% mudar seu semblante quando passamos a porteira. Estacionei e Lucas desceu rapidamente com meu filho. O menino saiu correndo na direção dos avós e já presenciávamos uma farra de saudade e felicidade com o reencontro. Desafivelamos os cintos de segurança, e antes que ela tocasse a tranca do carro, eu peguei em sua mão sentindo-a gelada:
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  — %Mel%, não precisa ficar nervosa. Eu te garanto que todos estão ansiosos e felizes em poder rever você.
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  — Eu sei, a sua família é um amor. Sempre foram magníficos, é só… — Ela encarou meus olhos de uma maneira mais calma, e tocou a minha mão sobre a sua: — Uma sensação estranha de nostalgia.
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  — Isso não é bom?
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  Toquei seu rosto com leves carinhos e ela tirou minha mão de sua face, sorriu e respondeu:
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  — Eu não sei.
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  Desceu do carro e eu a acompanhei. Fomos recebidos com a mesma euforia e alegria de antes. Todos sentíamos saudades uns dos outros. Mamãe me abraçou e abençoou-me a testa e logo puxou a todos nós para a área de lazer onde os preparativos do aniversário estavam sendo feitos.
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N/A Fixa: Olá leitora, se você gosta das minhas histórias e gostaria de saber mais sobre meu processo criativo e/ou me conhecer, eu tenho um convite para você! Entre no meu grupo de leitoras no whatsapp e me siga no instagram @escritoraraydias! Aguardo você, ansiosa para conhecer as amoras que leem meus pequenos universos! ✨💖


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Lelen

Acho que eu no lugar da Mel ia estar toda boba também, mas eu sendo eu, na hora que ele falou “Você está tão linda” eu já ia estar revirando os olhos 🙄 🙄 🙄 com aquela cara de “tá querendo o quê?” kkkk
Coitado do pobre do Luan, ainda tá no processo pra me alcançar aqui 😂 😂 😂 😂
Mas quero ver no que vai dar essa de reality e bora lá pro caminho do perdão com a Mel!

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