Semiapagados

Escrita porRay Dias
Editada por Lelen

Capítulo 10

Tempo estimado de leitura: 34 minutos

Tempo Presente
Narrado por %Melissa%

  Ouvi som de violão sendo tocado, e uma melodia desconhecida. Coloquei a chave na maçaneta e assim que entrei à sala, me deparei com pai e filho cantando juntos. Sorri, aquela cena me deixou nostálgica em memórias criadas por mim no passado. Eu havia imaginado aquele momento quando Miguel ainda era um bebê e, ver aos dois trouxe-me a saudade de algo que não vivemos e eu nem sabia se viveria. Senti falta daquela família.
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  Caminhei sorrateira por trás do sofá, e deixei a bolsa no aparador. Toquei o ombro de Luan e ele, assustando-se sem parar de tocar e cantar, olhou para mim sorridente. Miguel pulou em meu colo e continuou cantando — no seu sotaque infantil de quem não sabe direito todas as palavras, muito menos toda a letra da música — enquanto eu o enchia de beijos. Luke, em alguns minutos depois chegou apressado, como sempre, e ao nos ver parou estático com um sorriso largo. Não demorou a se juntar a nós.
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  Luan reforçou o último refrão e eu já havia o gravado, cantei acompanhada de Miguel:
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Que tal apostar?
A gente não se fala mais por um mês.
Você vai ver que o tempo não muda nada, nada.
Nada, nada… Eu tô’ aí, mesmo sem estar...

  Nossos olhares eram fortes e indesviáveis como se nunca houvesse mudado nada entre nós. Desci Miguel de meu colo, Luan repousou o violão no sofá e Luke começou a gritar brincadeiras para Miguel que saiu correndo do tio. Sentei-me ao lado de Luan no sofá, e ele avançou sobre mim para um cumprimento de beijinhos no rosto, me assustando e nos deixando constrangidos.
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  — Música nova? — perguntei ainda com a bochecha constrangida.
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  — Desde que voltei venho compondo bastante.
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  — Isso é ótimo.
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  — É mesmo, ainda mais porque longe daqui eu estava numa crise criativa. É como se… toda minha inspiração tivesse ficado aqui.
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  Desviei o olhar por um momento com um sorriso afirmativo em meus lábios.
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  — Miguel gosta de pegá-lo, — apontei para o violão encostado ao sofá —e fingir que toca. Acho que seguirá os passos do pai.
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  — Tudo bem para você se ele quiser isso?
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  — Eu jamais irei me opor às decisões profissionais do nosso filho, sempre estarei lá para apoiá-lo e ajudá-lo a lidar com isso da melhor forma.
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  Minha frase pareceu uma crítica, embora nunca tenha sido.
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  — %Mel%. Me... Desculpe.
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  O olhei surpresa, e seus olhos continham mágoa e arrependimento. Pelo menos eu pensava que era isso. Sorri, a fim de que ele continuasse.
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  — Eu causei tanto mal a vocês dois… Sinceramente se eu pudesse voltar atrás…
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  — Papai!!
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  Miguel surgiu correndo nos interrompendo e pulando ao colo do pai. Luke já havia trocado de roupa para comer e estava à cozinha servindo a mesa.
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  — Tudo bem, Luan. Não pensa nessas coisas agora, só aproveite o tempo que tem com ele daqui por diante.
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  Afirmei para Luan, que sorriu, havia em seu rosto uma expressão de quem ainda tinha algo a dizer. Miguel nos puxava por suas mãozinhas para almoçarmos, embora ele e Luan já tivessem comido e eu também. Para que meu filho não se chateasse com a manha que iria iniciar sobre “mamãe não quer comer a comida do papai”, eu fiz companhia ao Luke numa pequena degustação. Luan apressou-se para ir embora, mas ao notar que Miguel protestaria, eu o convidei a ficar o restante da tarde.
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  Estávamos na sala, eu havia acabado de servir café para nós três sentados conversando, e Miguel brincava sobre o tapete.
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  — E então Luan, já falou com ele sobre a ida para o sítio?
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  — Sim, mas ele ficou dividido.
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  — Filho? — chamei e Miguel me deu atenção com seus pequenos olhos castanhos, como os do pai: Você quer ir ao aniversário da vovó?
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  — Eu quero, mas, eu não quero não ficar com a mamãe…
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  Nós três entreolhamos, enquanto ele voltou a atenção aos brinquedos.
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  — E você, %Mel%? Não quer mesmo ir?
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  — Luan eu tenho tanta coisa para resolver, sabe?
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  — Que tanta coisa, %Melissa%? — Luke perguntou irônico.
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  — Referente ao trabalho, Luke. — respondi o encarando cortante.
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  — Então você mudou bastante. A %Melissa% que conheci não deixava de estar com a família por causa de trabalho.
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  Luan me pegou. Ele me conhecia o suficiente para saber que aquela era uma desculpa esfarrapada, ainda mais por causa da nossa separação que envolvia aquela temática. Sorri culpada, e nós três rimos discretos por eu ter sido pega na mentira.
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  — Luan, é como eu tinha dito… Não sei se seria uma boa ideia.
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  — Por quê não? Minha família te ama, e todos querem te ver.
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  — Eu só não estou preparada para este reencontro. Seria a primeira vez que eu encararia sua família desde…
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  — Garanto que vai ser como sempre foi. Ninguém vai julgar você por nada, até porque não foi você a culpada.
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  Luke nos encarava com um sorriso bobo, que eu podia pressentir ainda que estivesse com os olhos grudados aos de Luan.
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  — E vai ser bom pra você esquecer o término do namoro, %Mel%!
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  Encarei, mais uma vez cortante, ao Luke que sorria falsamente. Minha vontade era de matá-lo. Miguel estava ali e não era assim que ele deveria saber. E ainda tinha o Luan.
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  — Você... — Luan fez uma pausa, com um esboço de sorriso que rapidamente, ele, num pigarro desfez: — Terminou com aquele tal de…?
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  — Pedro. Este final de semana.
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  — Eu… Eu não vou dizer que lamento porque eu estaria mentindo.
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  — Não há o que lamentar, de qualquer forma. Ele foi um erro. Mais um.
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  Eu não queria ser estúpida com ele, quando disse que Pedro foi “mais um erro” dando a entender que nosso casamento também foi. Por que não era o que eu pensava. Foi um acerto enquanto durou. E felizmente, Luan me conhecia bem o suficiente para saber que eu estava generalizando e não o atacando. Sorriu verdadeiro, e continuou a insistir na ida para o sítio.
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  — E você Luke, vai não é?
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  — Lógico! Se a %Melissa% quiser ficar aqui sozinha, o problema é dela. Eu estou com muitas saudades do pudim de milho da sua mãe!
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  — Que bom. Ela vai adorar ver vocês lá.
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  Miguel se levantou e sentou-se entre Luan e eu. Apoiou a cabeça no colo do pai, e os pés no meu. Fiz cócegas arrancando risadas gostosas de meu filho.
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  — Adivinha aonde o seu padrinho vai? — Luke perguntou chamando a atenção dele.
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  — Aonde, dindinho?
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  — Ao aniversário da vovó!
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  Miguel se levantou animado e sorridente.
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  — EBA! Mamãe, você também vai?
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  Aqueles pares de pequenas jabuticabas a me encarar, com aquele sorriso branco de leite deixaram meu coração apertado. Miguel merecia, depois de tanto tempo, uma reunião da família completa. Suspirei vencida pelo emocional. Encarei Luan, outro sorriso de apertar o coração, certamente vitorioso de minha decisão.
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  — Vou sim, filho.
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  Todos os três comemoraram.
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  — O tio Pedro vai também, mamãe?
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  — Não filho… Ele… Não vai.
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  Ponderei se era o momento, mas logo decidi que o melhor momento de explicar ao meu filho por que o tio Pedro não estaria ali, não era aquele. Não demorou, para que Luan após me convencer a ir para o sítio com ele e Miguel, ao invés de separada com Luke, se despedir. Miguel chorou dizendo que gostaria que o pai dormisse lá, mas, Luan com jeitinho explicou não poder. E outra vez meu coração estava apertado. Primeiro pelo que nós fazíamos ao nosso filho, e segundo porque eu também queria que ele ficasse.
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  Levei Miguel ao banho, e o coloquei na cama logo após o jantar às dezenove horas. Caminhei pós-banho para a sacada da sala. Era possível ver a grande avenida, naquele horário, pouco movimentada de carros e cheia de luzes. O ar de cidade que se prepara para descansar.
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  Me inclinei na varanda enquanto pensava no retorno de Luan. O ventinho ameno, fresco, e amigo chicoteava meus cabelos soltos e meu robe de cetim. Escutei passos lentos dentro de meu cômodo.
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  — Em que está pensando, hein, mocinha?
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  Luke abraçou-me apoiando o queixo em meu ombro. Sorrimos, por já saber a resposta.
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  — %Mel%, %Mel%… Você o ama. Por que ficar tão distante quando é claro que vocês querem estar juntos?
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  — Eu já falei, Luke. Não antes de ter certeza de que Luan entende onde errou.
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  — Mais certeza? É só você se atentar ao olhar dele…
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  — É fácil se confundir agora Luke. Estamos nos reencontrando depois de tudo. E se dermos um passo apressado e depois nada mudar?
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  — Você pensa demais, pensa muito para quem sente tanto.
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  Beijou minha bochecha e saiu do quarto deixando-me. Fechei os olhos por um instante e lá estavam meus pensamentos vagueando novamente em Luan, seus olhares, trejeitos e sorrisos. Seu cheiro, sua voz, sua presença.
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Narração por Luan

  A lua estava mais brilhante do que em qualquer noite desde que eu voltara. Ela estava livre de novo. Ela estava próxima de novo. Por mais que não da forma como eu gostaria, já era alguma coisa. Eu estava deitado na espreguiçadeira da piscina encarando aquele céu estrelado. Com o brilho das estrelas copiando o brilho dos olhos dela. Num simples piscar, as memórias daquela noite vinham: nós três como uma família feliz cantando juntos, conversando, rindo… Nós, como uma família tão perfeitamente intacta, que não parecíamos ter passado um turbulento ano, separados um do outro. Como eu a desejava! Minha vontade era de agarrar-lhe ao saber que ela estava livre do Pedro, e de levá-la em meus braços para o seu quarto quando começamos a iniciar o diálogo sobre o passado.
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  Outro piscar de olhos e, memórias mais antigas reverberavam meu coração. Um arrepio leve percorreu meu corpo se denunciando em meu tórax nu abaixo da lua. Não era sensação de frio, era o tesão saudoso do corpo de %Melissa%. Eu precisava do perdão dela, mais do que tudo, eu precisava retomar meu espaço em seu coração. E aquela viagem para o sítio deveria ser a grande chance da nossa reaproximação definitiva.
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Tempo Passado
Narração por %Melissa%

  Depois daquele primeiro show, muitos outros vieram. E paparazzi, e coletivas de imprensa em que Luan nos denunciava. Até o momento em que ele foi convidado a participar de um quadro no programa do Luciano Huck e eu era convidada surpresa. Eu não queria aceitar nada daquilo. Jamais aceitaria participar da fama do Luan, e em tudo achava que o prejudicaria. Mas, Ana garantiu que seria ótimo revelar tudo, para os dois, e de primeira mão no programa do Luciano. Assim que acabou o quadro, o Luciano anunciou ao Luan uma surpresa. E eu sorria observando meu oculto namorado, confuso e curioso, mas meu sorriso também representava apreensão. Estava com medo de decepcioná-lo de alguma forma.
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  — Luan, lembra aquele jogo de criança “verdade ou consequência”?
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  — Deus do céu, Luciano o quê ‘cê tá aprontando, rapaz?
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  — Eu nada! Você é quem está aprontando com a mídia, seus fãs, cheio de segredos. Eu, como seu amigo, e os seus fãs queremos extrair toda a verdade de você.
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  Luan o encarava confuso e apreensivo. Certamente não estaria daquele jeito, mas como tínhamos um segredo todo programa de televisão que nos mencionava, o deixava desconfortável.
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  — Produção, a surpresa está pronta? — A produção do programa fez sinal positivo e o Huck continuou a falar: — O Luan não sabe, mas eu pedi para a produção chamar uma pessoa aqui hoje. Alguém que eu estou muito curioso para conhecer, e acredito que todo mundo que acompanha o trabalho deste cara.
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  Ele parou de falar para uma câmera, e virando-se para o Luan afirmou:
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  — É claro que eu jamais faria isto se soubesse que você ficaria chateado comigo, pelo amor de Deus, longe de mim e da minha produção. Mas, a sua assessoria concordou e disse que seria uma surpresa muito boa que você gostaria de receber aqui no palco do Caldeirão. — Luan o encarava com sorriso constrangido e expressão de confusão, e seus olhos procuravam por Ana, perdidos como quem tenta descobrir o que era então o Luciano prosseguiu rindo: — Sem mais delongas… Por favor, sinta-se muito bem-vinda %Melissa% %Costa%!
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  O apresentador me anunciou e eu entrei sorrindo, ainda acanhada. Luan me olhava descontraído tampando o rosto, levou as mãos a cabeça e mexeu nos cabelos, nervoso. Era um hábito dele. Eu já estava corada quando entrei e ao encarar Luan, eu não sabia como agir. Ele estava surpreso, mas, sem dúvidas depois de toda a enrolação do Luciano, ele já desconfiava que tivesse alguma coisa a ver com nós dois.
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  Fui até o Luciano cumprimentá-lo primeiro, e ele era extremamente simpático. Me abraçou e ao separar-me dele eu encarei Luan vindo até mim, e pensei: “Vou apenas pegar a mão dele, e esperar a reação”. Entretanto, Luan estava a fim de acabar com aquilo tudo, e gargalhando me abraçou apertado e me beijou. Escondeu nosso beijo com seus braços. Ouvi a plateia comemorar e o Luciano dizer coisas em meio a risos.
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  — Esquece o jogo gente, o Luan já jogou a verdade no ventilador. — disse o apresentador assim que o encaramos.
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  — Rapaz, eu sabia que tinha alguma coisa a ver com ela, e já que eu estou em casa… Eu ‘tô em casa Luciano?
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  — Ô! Sempre, pode ter certeza que eu e minha equipe te consideramos cria da casa.
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  — Então! A gente não tem que levar a namorada em casa e apresentar pra família?
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  Dito aquilo, todos comemoravam de novo e Luciano abraçou a nós dois, e parecia realmente feliz.
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  — %Melissa%, mas você está muito calada! — Ele falou me olhando divertido: — Cara, a primeira vez que eu chamo a menina no programa e já apronto esta exposição toda com ela!
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  Luciano ria e falava conosco como se realmente estivéssemos na varanda da casa dele. Ele perguntou como nossa história começou, e contamos tudo. Ou quase tudo.
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  Antes daquilo, minha vida já estava turbulenta com as especulações da mídia, da família e amigos sobre o assunto “é você sendo flagrada com Luan frequentemente?”. Após a revelação, é que virou realmente um furacão. No palco do Caldeirão, Luan me promoveu como a “melhor fisioterapeuta que existe”. Contou que eu trato das lesões dele, embora ele não seja de se machucar muito:
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  — Mas, a melhor lesão que ela cuida e trata de maneira ímpar, é a lesão do amor que ela deixou no meu coração.
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  Ele disse e todo mundo adorava quando ele era fofo. Um tanto piegas, mas os fãs adoravam. E eu, de certa forma também. Acabei sendo entrevistada naquele programa, e em outros, e ganhando uma legião de fãs. E com tudo isso também veio os haters. Graças a Deus, as pessoas gostavam muito de nós dois juntos. Em pouco tempo, Luan e eu estávamos no topo dos “casais favoritos” da mídia, do público, e a nossa imagem se tornou um marco.
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  Devo a ele o sucesso relâmpago da minha carreira. Eu teria demorado um pouco mais a chegar aonde cheguei. E tive outras opções de carreira que nunca havia cogitado: teatro, cinema, novela, música, reality e tudo o que a mídia pudesse oferecer. Fiz alguns trabalhos: comerciais, modelagem e fotografia, participei de alguns clipes do Luan, e estive fazendo pontas em novelas. Ponderei realmente, uma segunda carreira. Entretanto, no momento em que eu não tive o Luan, eu evitei tudo isso. Não queria falatórios de que me aproveitara dele. E mesmo evitando, as fofocas vieram forte. Tive outro motivo também: o Miguel. Eu me dedicaria a ele e à minha clínica, e só.
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  Uma vez no programa da Eliana, Luan participou e ao ser perguntado sobre casamento, ele dissera que estava planejando o melhor pedido de todos os tempos. E eu assistia no sofá da casa dos meus pais, o Luke esperneava gritando de felicidade no celular, meus pais e familiares riam comigo. E eu também pulava no sofá.
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  “Esse já foi o melhor pedido de todos os tempos”, eu pensava ao ouvi-lo no programa. Luan havia dito em rede nacional que pediria minha mão. E já era o suficiente para mim. Entretanto, um dia, em minha clínica, pleno horário de trabalho, o meu telefone tocou com uma chamada dele. E ele me deu coordenadas de sair da clínica, subir ao prédio da frente até a cobertura. E lá estava eu, saindo da clínica e atravessando a rua. Entrando no prédio vizinho e subindo à cobertura. E quando cheguei nela, não havia nada.
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  — Luan! Eu estava trabalhando, que ideia é esta de tirar uma com a minha cara? Eu achei que…
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  — Calma, %Mel%. Agora olha para o norte.
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  Fiz o que ele pediu, e Luan me enrolava com coordenadas estranhas. Eu já estava me irritando, mas o barulho de hélice de helicóptero foi ficando mais forte. E quando olhei para trás, o helicóptero levantava-se atrás de mim, e ganhava altura. Luan, com um microfone e um megafone — que sinceramente ouvia-se pouco pelo ronco das hélices tão próximo — sentado à porta da aeronave cantava para mim. E bem ao topo de minha cabeça, outro helicóptero se abriu caindo sobre mim várias pétalas de rosas vermelhas e brancas, e vários cartõezinhos dizendo: “%Melissa% %Costa%, você aceita se casar com Luan Santana?”.
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  Aquele dia foi uma euforia de confusão e alegria. Na avenida abaixo de nós, várias pessoas se reuniam nos aplaudindo. Aquilo se tornou não só um viral na internet, pela chuva de vídeos amadores no youtube, mas também, tornou-se cena de um clipe dele depois de um tempo. E eu nem sabia que naquele dia, havia uma câmera nos filmando no segundo helicóptero. Ana surgiu ao meu lado com um megafone e eu gritei “sim” para ele. E desde então, as pessoas que conseguiram pegar um daqueles papeizinhos os guardaram como relíquia da nossa história de amor.
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  O nosso casamento foi celebrado em Minas Gerais, tivemos uma festa de campo num sítio maravilhoso, uma cerimônia incrível e singela – apesar da lista enorme de convidados que extrapolou qualquer número que eu pudesse imaginar para meu casamento um dia – o evento mais memorável de toda a minha vida, mais até que a minha formatura. A cerimônia cheia de amigos, familiares, celebridades e não podíamos escondê-la dos fãs. O programa do Huck, mais uma vez em nossa história, filmou todo a cerimônia e exibiu. Recorde de audiência. E a nossa casa, foi comprada em Belo Horizonte. Luan, abriu mão de morar em São Paulo para não movimentar mais ainda a minha vida.
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  Cerca de seis meses depois, eu estava grávida de Miguel. E por mais que parecesse algo planejado entre nós, não foi. E assim como ele me surpreendeu no pedido de casamento, eu o surpreendi com a notícia. Ana, nossa cúmplice em tudo, me ajudou: eu fui de surpresa a um show dele no Rio Grande do Sul, e entrei no palco, no momento em que ele cantava “Chuva de Arroz”, a nossa música. Na minha barriga descoberta estava escrito “Parabéns, papai”, e em minhas mãos um par de sapatinhos. Entrei cantando de surpresa: “vai ser nossa cidade, nosso telefone, nosso endereço e nosso apartamento...” e quando ele me olhou surpreso parou de cantar, correu até mim e me beijou. Só depois se deu conta da cena. Ele estava em êxtase pelo show, e por minha presença, mas ao ler minha barriga e notar os sapatinhos, colocou as mãos no rosto e começou a chorar. Seu público continuava a música sem parar. Luan me puxou num abraço apertado, emocionado e me beijou longamente, e todos gritavam “Parabéns papai!” num coro carinhoso.
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  — Obrigada a todos vocês pelo carinho! Estão sendo os primeiros, a saber: EU VOU SER PAI!
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  Me abraçou, rodopiou, beijou, chorou e cantou a última música. Nossos celulares não pararam de receber mensagens e ligações de felicidade. Ana havia transmitido no instagram dele e no meu, a surpresa que agora todo mundo sabia. Nosso relacionamento tornara-se um evento público. Tudo, exatamente tudo o que fazíamos os nossos fãs sabiam. Naquela semana, outro vídeo nosso se tornando viral: a revelação no show.
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  No dia da primeira consulta médica, ele voltava de mais um show e fez um story dentro do jatinho, contando o quanto estava nervoso pela experiência e implorando para eu esperá-lo chegar até entrar no consultório. Depois, no dia da primeira ultrassonografia, ele e Rick postaram uma foto ao meu lado, onde nós três segurávamos a foto do nosso bebê.
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  Na minha rede social a legenda: “Eu só tenho a agradecer a Deus por você, meu anjo Miguel. Mal consigo esperar a passagem destes meses, quero muito te ver nos meus braços, meu bebê!”.
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  Na legenda do Rick, o empresário dele: “Que Deus lhe dê muita saúde e que você venha forte para brincar com o titio, garotão!”.
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  Na legenda do Luan: “Eu não tenho palavras para descrever o imenso amor que sinto, a gratidão, a felicidade e a ansiedade! Eu nunca imaginei que um amor assim fosse possível! O meu filho, o meu garoto, o nosso anjo Miguel está forte e crescendo saudável. Obrigada pelo carinho de todos que vem nos acompanhando e torcendo por nosso amor! @Oficial%Melissa%%Costa% eu te amo demais, e jamais terei como agradecer por este presente maravilhoso que é o nosso filho, fruto deste amor tão absurdamente surreal que sentimos. Obrigada por não ir embora ao amanhecer daquele dia. Eu te amo, minha vida.”.
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  Eu não consegui conter as lágrimas ao ler a legenda dele. E assim, a minha gestação foi sendo acompanhada por uma legião de fãs e amigos. Quando o Miguel nasceu, foi uma euforia coletiva maravilhosa, e como no dia da notícia da gravidez, nós recebemos mensagens uma atrás da outra. Luan deu uma pausa nos shows quando ele nasceu. E foi uma turbulência, porque a agenda dele já estava cheia, e ao fazermos o cálculo do nascimento, ele trabalhou dobrado nos outros meses para estar conosco da hora do nascimento até o sexto mês do Miguel.
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  Ele esteve em casa, até os exatos seis meses, e depois voltou a trabalhar. E a primeira música que ele lançou ao retornar aos palcos após a breve pausa foi em parceria com a cantora Belinda chamada “Meu Menino (Minha Menina)” que nas entrelinhas de nós dois falava muito da maneira como lidamos com o sentimento após nosso primeiro encontro.
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  Depois que o Miguel nasceu nós tivemos momentos incríveis em família, porém, cada dia, mais curtos. A carreira do Luan decolava numa rapidez absurda, e eu havia focado na minha carreira de fisioterapeuta após sair da licença maternidade. O tempo parecia ficar contra nós, e céus, como eu sou grata à Berta que esteve ao meu lado como babá e governanta! E à Ana, que nos momentos em que Luan — sem tempo para estar em casa — levava Miguel ao trabalho, ela cuidava dele como se fosse seu filho entre uma escapada e outra do pai.
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  Eu começava a sentir o peso da carreira dele entre nós, mas, o que mais me desgastava era a distância dele como pai. Eu precisei ir com Luke, três vezes, ao hospital de emergência com o garoto. Não eram coisas graves, apenas as corriqueiras doenças de criança, porém, eu era mãe de primeira viagem. E Luke, ainda no Rio com o Marcos, nas três ocasiões pegou o primeiro avião para estar comigo e com o afilhado. Era desnecessário, eu dizia, porque meus pais estavam mais perto, mas, Luke fazia questão. O Luan, muito preocupado interrompia o que estivesse fazendo e ligava de cinco em cinco minutos e por saber que ele se importava e detestava não poder estar comigo nestes momentos, que eu relevava a sua ausência.
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  Entretanto, conforme Miguel foi parando de nos dar estes sustos, Luan foi sentindo-se mais confortável para aceitar cada vez mais compromissos. E eu não era a mulher que aceitava o trabalho se sobrepor à família. As rachaduras iam acontecendo em nosso casamento, e nenhum de nós fazia algo para mudar: eu só cobrava, e o Luan só pedia para eu entender.
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  Foi em um dia, turbulento para mim no trabalho, que os tabloides começaram a especular a crise da nossa relação, e eu fui interrompida dentro do meu consultório por uma das minhas colegas de clínica, me chamando à recepção para ver o que passava na TV. Eu fiquei tão estressada e tão irritada que imediatamente telefonei à Ana contando o ocorrido e pedindo para que ela o mais rápido possível desse uma resposta àqueles jornalistas maldosos. O que eu não sabia é que, naquele dia três shows haviam sido cancelados e a equipe do Luan, assim como ele, estavam exaustos e irritados com a surpresa desagradável e a busca pelos direitos judiciais dele. Ana me tratou muito bem, como sempre, e me acalmou. Explicou o que estava acontecendo e logo eu encerrei a chamada para deixá-la em paz.
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  Naquela noite, Luan me telefonou dizendo que voltaria para casa ainda naquela semana. Na sexta-feira, data de um dos cancelamentos, ele chegou em casa e eu fui recebê-lo com todo carinho, apesar de estar estressada com problemas da clínica. Mas, ele não soube deixar de lado os problemas do trabalho dele para estar comigo e com o filho. Me beijou friamente, mesmo não tendo nos visto há semanas, e abraçou o filho apertado. Entrou com ele para o quarto e eu fiquei plantada na sala. Berta me encarou confusa, e eu já estava furiosa. Não fui atrás dele por puro orgulho. Ao jantar, ele comeu calado e Berta decidiu quebrar o clima:
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  — Como foi o seu dia, senhor Luan?
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  — Péssimo, Berta.
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  Fizemos silêncio e ele mal se preocupou em corresponder à educada pergunta dela, ou de refazê-la a mim.
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  — E a senhora %Melissa%? Como estão indo aqueles problemas da clínica?
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  — Eu vou conseguir resolvê-los Berta, mas parece que tudo vem de uma vez e acaba se acumulando quando se está sozinha para solucionar tudo. Obrigada pela atenção.
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  Agradeci a ela e o meu marido, nem mesmo atentou-se ao que eu disse. Nossa governanta suspirou pesadamente, e após terminar seu jantar se levantou e ficamos a sós para acabar o nosso. Eu percebi que não tinha assunto com meu próprio marido e aquilo matou o meu orgulho. Tentei puxar assunto com ele sobre o ocorrido da fofoca:
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  — Luan?
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  — Hm?
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  — Ana conseguiu ter um tempo, para desfazer aquelas mentiras sensacionalistas sobre o nosso casamento?
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  — Ah %Melissa%, por favor! Você fica se preocupando com fofocas quando temos mais a nos preocupar? Da próxima vez, evite ocupar Ana com estas besteiras! Até parece que não conhece a mídia.
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  — Pelo que vejo não eram tão mentiras assim…
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  Falei e saí da mesa o deixando só. Ouvi Luan bater com os talheres sobre o prato, provavelmente contrariado. Fui ao quarto me preparar para dormir, vesti minha camisola e abri um livro que vinha me acalmando há algum tempo. Antes que eu tivesse tempo de virar a primeira página lida naquela noite, Luan surgiu em nosso quarto, já com seu pijama e preparado para dormir. Deitou-se ao meu lado e se aproximou de mim. Tirou o livro das minhas mãos e me beijou, se desculpou e começou a beijar meu pescoço, fazendo carinhos que eu adorava e sentia falta. Mas, quando ao nos separar de um beijo eu o olhei nos olhos, pude perceber que não estava sendo igual à antes.
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  — O que está acontecendo com a gente? —perguntei.
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  — %Mel%, não grila com o que a imprensa anda espalhando. Do nosso amor a gente é que sabe.
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  — Como assim “não grila” Luan? Para você não incomoda nada escutar que estamos numa crise a caminho da separação? E o efeito que estas notícias terão em nossas vidas?
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  — Não me incomoda porque eu não tenho tempo para pensar em fofocas. E você também não!
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  — Não parou para pensar no Miguel no meio disso?
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  — %Melissa%, não é verdade o que eles dizem! Que diferença faz?
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  Àquela altura estávamos separados, encarando um ao outro, com clima sério e desconforto.
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  — Faz diferença quando não é verdade e quando não queremos ser alvos de maldade, principalmente porque sabemos o quanto notícias sobre nós podem mexer com nossas vidas de maneira desastrosas. Mas, sobretudo porque há uma criança envolvida nisso tudo.
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  — Se você se importar toda hora com uma bobeira dessas, vamos nos desgastar a toa.
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  — Se você não se importar com o que as pessoas andam dizendo, ou porque não dizer percebendo sobre a sua família, aí sim haverá desgaste.
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  — Eu não tenho tempo para isso %Mel%, e você sabe disso. E quer saber? Você também não deveria ter, não vive dizendo que o trabalho não pode influenciar na nossa vida?
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  — Você não tem tempo para mais nada há muito tempo, Luan! E eu também sou ocupada com a minha carreira, mas realmente, eu não deixo o trabalho desgastar a minha família! E quer saber? Você anda tão distante de mim e do seu filho que não percebe como esta influência da fofoca, e consequentemente, do seu trabalho, realmente vem atrapalhando a nossa vida. Não sou eu que estou dando atenção a coisas desnecessárias, é você quem não está dando atenção ao essencial.
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  — Vai começar com isso? Eu estou aqui, não estou?
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  — Depois de quanto tempo? Viu como você chegou? A atenção e carinho que você deu a mim ou ao Miguel? Você ouviu alguma das minhas palavras no jantar?
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  — Eu estou de cabeça cheia, %Melissa%!
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  — Eu também! E nem por isso os meus problemas afetam você ou o Miguel.
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  — Sabe… Eu não tenho como abrir mão de tudo o que eu conquistei agora, você já sabia da vida que eu levava quando se casou comigo.
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  — Não fala mais nada.
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  — %Mel%… — ele abaixou a cabeça suspirando cansado.
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  — Eles estão certos, há uma crise aqui e se você não vai lidar com isto agora, não serei eu.
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  — %Melissa%, não tem crise nenhuma! Não começa a acreditar nas fofocas, amor. — Ele se aproximou para me beijar, mas eu me virei de costas e me deitei.
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  — Boa noite Luan.
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  Aquela não foi a primeira vez e nem a última que dormimos brigados um com o outro. Nós decidimos dar um tempo, um mês antes da turnê mundial que ele faria. Então chegou a turnê e não nos vimos mais. E nos falamos pouquíssimas vezes, apenas pelo Miguel. Luan não havia me visto ou ao filho, e nós não havíamos tido nenhuma conversa definitiva.
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  Dez meses se passaram, e ele voltou para buscar o Miguel após tanto tempo.
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N/A Fixa: Olá leitora, se você gosta das minhas histórias e gostaria de saber mais sobre meu processo criativo e/ou me conhecer, eu tenho um convite para você! Entre no meu grupo de leitoras no whatsapp e me siga no instagram @escritoraraydias! Aguardo você, ansiosa para conhecer as amoras que leem meus pequenos universos! ✨💖


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Lelen

Luan no passado cagou bonito na relação, mas ele no presente tá tentando bem tentado, aí eu fico “e aí?” kkkk
Pra mel já passou um tempinho, né, mas pra mim, eu ainda tô no momento “estou guardando rancor”, então eu tô bem mais no pé de não querer ele de volta, porém, logo passa kkkkkkkk

Ray Dias

Ansiosa pra saber como você reagirá com o desfecho deles.

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