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ATENÇÃO!

História NÃO RECOMENDADA PARA MENORES ou PESSOAS SENSÍVEIS.

Esta história pode conter descrições (explícitas) de sexo, violência; palavras de baixo calão, linguagem imprópria. PODE CONTER GATILHOS

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Sangue e Chocolate

Escrita porPams
Revisada por Natashia Kitamura

História inteiramente escrita por Pâms.


3 • Sweet Dreams

Tempo estimado de leitura: 18 minutos

Wick House, Chicago

  Assim que eu abri a gaiola de transporte do meu gato, Boris saiu de forma manhosa como se reconhecesse nossa casa. Passando seu rabo em minha perna com suavidade, logo se aproximou da vasilha de comida, que estava vazia. Seu olhar para mim, seguido de um miado fraco, demonstrava sua necessidade momentânea. Não me contive em rir de leve e caminhar até um dos armários da cozinha e pegar o pacote de razão. Despejando um pouco na vasilha, o observei comer um pouco.
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  Por um breve momento, senti algumas dores nas minhas costas. Me espreguicei seguindo até meu quarto, retirei a camisa e entrei no banheiro. Um banho quente poderia ajudar meu corpo a chegar no lugar. Sempre que eu passava por uma temporada de serviços, me sentia esgotado mentalmente e fisicamente. E agora, mesmo recusando inicialmente, a proposta da senhora Lauren Height não me saía da cabeça.
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  — Ahhh. — suspirei de leve, sentindo meu corpo relaxando na banheira — Preciso controlar meus pensamentos.
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  Precisava mesmo. Era um misto de indagações e curiosidades, entretanto todas me conduziam a pensar em %Alice%. Seu olhar, o sorriso e até mesmo a forma espontânea de agir diante de um desconhecido. Tudo nela me atraía de uma forma assustadora. 
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  Fiquei mais algum tempo dentro da banheira e tomei uma ducha rápida depois. Voltei para o quarto com a toalha enrolada na cintura e notei que meu celular estava tocando. Tinha deixado o volume no silencioso e sua tela estava ligada com a chamada sendo feita. Assim que peguei o aparelho, atendi a ligação.
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  — Wick na linha. — disse.
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  — Olha só, velhos amigos ainda atendem as ligações. — a voz de Hugh soou num tom de brincadeira do outro lado da linha.
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  — O que você quer? — perguntei num suspiro fraco, já imaginando.
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  — Credo, não posso nem ligar para um amigo, que já pensa que quero algo? — ele se fez ofendido — Acha que sou o quê? Um mercenário?
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  — Quer mesmo que eu te responda? — retruquei.
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  — Não, não diga nada, prefiro manter a amizade. — ele riu debochadamente — Soube que voltou para casa.
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  — Anda muito bem informado. — comentei.
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  — Meus contatos tem contatos. — brincou novamente.
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  — Sua namorada trabalha na Interpol, isso não é um contato, é dormir com o inimigo. — conclui sua situação.
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  — Olha, nosso relacionamento é uma troca mútua de interesses e favores, além do nosso amor que cresce a cada dia. — explicou ele, se defendendo — É melhor do que iludir belas mulheres e nem deixar o número no dia seguinte.
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  — Isso foi uma indireta? — indaguei — Se for, errou o alvo.
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  Ri dele.
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  — Pelo que me lembro, não iludo ninguém. — continuei — Sempre sou honesto com todos.
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  — Você tem medo do que aconteceu com seu irmão. — provocou ele, expondo aquilo.
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  — Medo é uma palavra muito forte, eu digo que tenho prudência, John não foi cuidadoso o bastante e agora está na lista negra da Alta Cúpula. — prossegui em minha defesa — Mas não foi para falar sobre mim que você ligou, não é?
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  — Ahhhhh… Não. — ele deu uma risada fraca — Eu estou no Blackjack agora, eu acho que consegue chegar aqui em vinte minutos.
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  — O que quer me propor? — insisti.
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  — Deixa de ser estraga prazeres e vem logo. — pediu ele.
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  Eu ri baixo e encerrei a ligação. Voltei meu olhar para Boris que já estava enroscado em cima da poltrona ao lado da janela.
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  — Folgado. — sussurrei para ele.
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  Segui em direção ao closet e entrei. Passei o olho superficialmente pelos ternos e peguei um azul marinho, minha cor preferida. Após me vestir adequadamente, segui de moto até o bar em que meu amigo me esperava. 
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  O Blackjack tinha uma fachada discreta, porém bastante bonita. Me lembro bem de quando Jack, o dono, inaugurou o lugar se gabando de ter contratado um dos melhores arquitetos do país para reformar o prédio e decorar o espaço. Seu interior transmitia uma certa nostalgia pela decoração inspirada em arquitetura industrial misturada aos cabarés de Paris. A iluminação em tons vermelhos, o mobiliário luxuoso e seus funcionários muito bem trajados para melhor atender aos clientes. 
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  A recepção do lugar era impecável.
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  Em poucos instantes no interior do bar, avistei Hugh assentado no sofá mais aos fundos. Uma garrafa de Bourbon na mesa a sua frente e um copo meio cheio. Parecia estar bebendo ali há algum tempo. E me perguntava o motivo de ter me ligado.
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  — Hugh. — disse, colocando-me em sua frente.
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  — Ah, %Nate%. — ele abriu um largo sorriso e esticou a mão para que me sentasse na cadeira à sua frente — Vamos, sente-se, beba comigo.
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  — Acabo de chegar em casa, confesso que queria estar dormindo agora e não aqui. — disse tentando ponderar minhas palavras de insatisfação — O que deseja?
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  — Pare de ser tão mal humorado e chato. — ele pegou seu copo e tomou um gole — Há quanto tempo não nos vemos? Dois anos?
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  Eu me controlei para não bufar, porém foi mais forte que eu. Logo ao sinal de Hugh, uma garçonete se aproximou de nossa mesa e colocou um copo com gelo em minha frente. Se afastando com discrição. A observei por um momento. A mulher tinha um porte elegante em seu caminhar, e o terno feminino vermelho bordô que vestia, contribui muito.
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  — Estou aqui então. — disse ao despejar o líquido da garrafa em meu copo — Tenho certeza que não me chamou aqui para me convidar para ser seu padrinho de casamento.
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  Tomei o primeiro gole.
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  — Não mesmo. — ele riu — Mas pode apostar que em breve o convite chegará em sua humilde casa.
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  — E? — mantive o olhar atento nele, que parecia um pouco ansioso.
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  — Sei que não costuma pegar trabalhos fora de seu cronograma com a Hill, mas…
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  — Mas? — o interrompi tentando entender suas intenções.
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  — Preciso que me ajude com um trabalho, te dou metade dos ganhos. — disse ele, com o olhar atento pela minha resposta.
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  — Desde quando precisa da minha ajuda pra alguma coisa? — eu ri dele.
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  — Bem, digamos que desta vez é mais delicado. — ele pigarreou.
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  — No que se meteu, Hugh? — perguntei de imediato.
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  — Digamos que devo algo a alguém, de uma aposta que perdi em um certo jogo, e agora… — ele foi se enrolando nas palavras, o que me deixava estressado.
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  — Para quem está devendo? — fui direto.
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  — Eu juro que se eu fizer esse trabalho, minha dívida está paga e eu serei um homem livre para me casar com a Meredith. — explicou ele.
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  — Para quem está devendo? — insisti na pergunta.
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  — Para o senhor Height. — respondeu ele.
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  De novo essa família.
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  — Como conseguiu essa proeza? — perguntei a ele.
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  — Bem, sabe que teve aquela época que estive doente e não pude trabalhar, e depois sempre tive problemas com jogos… — ele soltou um suspiro cansado — Não vamos entrar em detalhes.
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  — E o que você tem que fazer? — perguntei.
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  — Preciso entregar um recado a uma pessoa. — contou ele.
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  — Quem? E que recado? — tomei outro gole e mantive a atenção nele.
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  — Igor Magnus. — respondeu — Ele é dono de uma rede de bistrôs pelo país e neste final de semana vai estar em Chicago para a entrega de um prêmio. Dizem que sua empresa está patrocinando um concurso de gastronomia na cidade.
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  — E você pretende entregar esse recado no concurso? — perguntei já sabendo a resposta.
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  — Sim, é minha única oportunidade. — seu olhar se mostrou um pouco desesperado — %Nathaniel%, eu não te pediria se realmente não fosse necessário, mas…
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  — Eu entendi a gravidade do assunto. — assegurei a ele — Dever para os Height é como se perdesse sua vida. Você sabe que essa dívida nunca vai acabar, não é?
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  — Estou confiante que este é o último trabalho que tenho para fazer. — alegou ele.
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  Inocente.
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  — Por que o concurso é a única oportunidade? — indaguei.
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  — Porque este homem é mais protegido que o presidente dos Estados Unidos. — e no concurso os guardas não poderão ficar muito próximos dele, fazendo a segurança somente pelo perímetro.
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  — Não vai ser fácil se aproximar dele então. — conclui — Mesmo no concurso.
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  — É aí que você entra. — respondeu — %Nate%, você sempre foi mais rápido que eu, enquanto eu causo a distração, você entrega o recado.
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  — Devo imaginar que se isso é pagamento de uma dívida, eu não vou receber nada em troca. — reforcei meu olhar analítico para ele.
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  — Eu tenho uma pequena quantia de moedas guardadas, para minha aposentadoria. — explicou ele — O que me diz de dez moedas?
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  — Quero cinquenta, é o meu preço mínimo. — disse a ele.
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  — Mas é metade do que eu tenho. — reclamou — Somos amigos.
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  — Então eu deveria dobrar o valor? — sorri de canto — Este é o meu preço, é pegar ou largar.
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  Hugh se mostrou pensativo por um tempo, porém não tinha como recusar. Sua necessidade era maior.
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  Os dias passaram e eu me preparei para o serviço. Hugh me deu metade das moedas antes e o restante seria após a finalização. Ele sabia que se em algum momento me enganasse, seria um erro fatal para sua vida. O plano era simples, meu amigo causaria uma distração que geraria o caos no lugar e eu disfarçado de segurança, seguiria com o senhor Magnus para um lugar mais reservado. Tudo estava milimetricamente calculado e acertado. 
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  Entretanto, a vida é imprevisível de uma forma surreal. Tanto que meu congelou de leve assim que entrei no salão de eventos do Hotel Cygnus, onde acontecia o concurso e reconheci um rosto dentre os participantes. Não era possível isso. Não podia estar acontecendo. Me forcei ao máximo em manter meu foco, fingindo estar na equipe de segurança do senhor Magnus. Porém, foi inevitável perceber o olhar surpreso de %Alice% em minha direção.
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  — Senhoras e senhores, hoje com a presença do nosso ilustre patrocinador, senhor Magnus — disse o mestre de cerimônias, ao apontar para o senhor Magnus que recebeu os devidos aplausos —, daremos início ao nosso concurso Sweet Dreams.
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  Naquelas duas horas de concurso, minha mente não sabia se focava no plano ou em apenas apreciar %Alice% em sua concentração preparando e montando seus pratos. Foi inesperado para mim, que apenas pensei que seus dotes se resumiam a tortas e brownies. Mas ela realmente tinha talento para a cozinha. 
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  Cada um dos dez participantes deveriam montar um menu de jantar que futuramente seria acrescentado ao cardápio dos Bistrôs Magnus. Após a última prova, que seriam as sobremesas, todos ficaram enfileirados à frente dos balcões de preparo e o anúncio do vencedor veio em seguida. 
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  Era o sinal para Hugh iniciar sua distração.
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  Em um piscar de olhos, meu amigo começou um tumulto indignado com a nomeação do vencedor. As pessoas ficaram inquietas com aquele e quando ele se aproximou de um balcão e pegou uma faca, o caos se instalou no lugar. Os seguranças a postos já receberam a ordem de retirar o senhor Magnus do lugar. Aí que eu entrei. Seguido de mais três homens, nos retiramos pela saída de emergência na lateral, em direção ao estacionamento privado.
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  — Senhor, temos que ser mais rápidos. — eu disse, tomando a frente na liderança dos seguranças.
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  — Que absurdo. — resmungou o senhor Magnus — Este concurso deveria ser mais organizado e com mais segurança.
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  Continuamos pelo corredor, até que chegamos a porta do estacionamento. 
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  — Espere. — disse, olhando para o segurança mais jovem — Vá na frente e confira.
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  — Sim, senhor. — disse o rapaz, abrindo a porta.
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  — Espera, quem disse que você está no comando? — o segurança robusto reclamou.
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  — Eu disse. — ao finalizar minha fala, saquei a arma e atirei contra eles, então travando a porta com o rapaz do lado de fora, apontei para o senhor Magnus.
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  — Você é muito corajoso ou burro, meu jovem. — disse ele.
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  — Me classifique como os dois se preferir. — eu ri — Não disponho de tempo, só vim dar um recado.
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  — Ah sim, imagino que seja de Lauren Height. — ele riu agora, confiante na suposição.
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  O que me deixou confuso, pois não imaginava que pudesse ser ela.
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  — Olha só, me parece que o informante não sabe quem é o remetente. — observou ele.
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  — Estou curioso, como chegou até aqui se não foi você quem ela contratou? — o homem manteve o olhar tranquilo.
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  Era um fato que o senhor Magnus tinha muita experiência com a Alta Cúpula, tinha negócios com os membros. Mas o que me intriga é Lauren o querer extinto.
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  — Por que ela o quer morto? — agora eu fiz a pergunta.
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  — Segredos do passado. Sabe, jovem Wick, neste quesito, seu irmão sempre foi prudente, ele sempre soube muito bem quem eram seus alvos. — comentou ele — Eu e Height somos grandes amigos desde a infância e sei de todos os segredos dele.
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  — Por isso a esposa o quer morto? — mantive a mira nele.
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  — Tenho uma contraproposta para você. — ofertou ele.
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  — Estou ouvindo. — disse.
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  A voz do jovem segurança pode ser ouvida do lado de fora. O corredor em que estávamos tinha mais duas saídas estratégicas. Não foi fácil memorizar todas, mas consegui depois que Hill me enviou a planta do hotel.
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  — Meu amigo não pode se livrar pessoalmente da esposa, mas tenho certeza que se algum acidente acontecer a ela, não teria nenhum problema. — iniciou ele — Posso te oferecer o dobro para me deixar ir e…
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  — É tentador, mas… — considerei as possibilidades na minha mente.
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  — Ah! — a voz feminina, soou atrás de nós.
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  Voltei meu olhar para sua direção. O olhar assustado de %Alice% em minha direção fez meu coração se apertar estranhamente. Em um piscar de olhar, o barulho de um tiro soou e o projétil passou de raspão em meu braço. Olhei para trás e os outros seguranças vinham pelo acesso principal. Atirei contra eles e me afastei do homem. Já não estava mais preocupado com o serviço ou até minha vida. %Alice% estava ali e não iria permitir que nada de mal lhe acontecesse por minha causa. Me aproximei dela e a puxei, escondendo-a atrás da pilastra.
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  Disparei mais dois tiros contra os seguranças. Sentindo o olhar assustado dela ainda em mim.
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  — Minha oferta ainda estará de pé. — gritou o senhor Magnus, ao abrir o portão rapidamente e ser amparado pelo jovem que permaneceram do outro lado.
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  Eu respirei fundo recalculando toda a minha rota de fuga, e segurando na mão de %Alice%. A puxei comigo. Sabia que se a deixasse lá, mesmo não estando envolvida, não haveria testemunhas para comentar o ocorrido. A protegi com meu corpo enquanto seguíamos pelos corredores no meio de toda a troca de tiros. 
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  Chegando na rua de trás, a guiei até o carro que se mantinha estacionado para minha fuga. De repente ela soltou a minha mão. Estava ofegante e trêmula, sua outra mão mal conseguia segurar seu troféu de primeiro lugar. Só naquele momento eu tinha percebido que a vencedora havia sido dela. 
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  — Espera... — disse ela, tentando assimilar tudo que tinha acontecido — Quem é você?
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  Seu olhar tinha traços de medo e também de curiosidade. Naquele instante, foi a primeira vez que eu senti o gosto de sangue e chocolate em minha boca.
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  Será que eu realmente deveria dizer a verdade a ela?
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You can call me monster.
- Monster / EXO

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