Capítulo 1
Tempo estimado de leitura: 12 minutos
Era normal de se ouvir por aí, que as pessoas que conseguiram muito dinheiro, fama e poder tiveram apenas sorte na vida. Talvez houvesse um fundo de verdade nessa afirmação, mas nada acontecia apenas com a sorte e Louis Tomlinson sabia disso. Aos 27 anos de idade, ele era o maior modelo masculino da atualidade e, talvez, pudesse ter tido a sorte de estar no lugar certo e na hora certa quando recebeu o cartão de uma agência de modelos em uma pista de Cooper num parque em Londres, mas isso não significava que ele não precisou trabalhar duro para conseguir chegar onde chegou. Foram dias exaustivos de trabalho, ensaios, divulgações do seu book, aulas de etiqueta, aula de treino com a mídia, foram vários meses sem poder visitar sua família por estar fazendo uma promo para ver se alguém se interessava pela sua imagem. As horas de sono eram um luxo no início de carreira e horário de lazer era apenas uma fantasia. Felizmente, todo esse esforço veio com uma recompensa. Mundialmente famosos, ele possuía o mundo aos seus pés. De brinde, também ganhou o melhor noivo que podia desejar, Harry Styles.
Harry agora era um cantor de pop rock extremamente conhecido, mas tudo começou para ele com uma banda informal com seus melhores amigos, Liam Payne, Niall Horan e Zayn Malik. Os quatro se apresentavam em alguns bares ao redor da Universidade em Londres ao mesmo tempo em que postavam os ensaios e shows no Youtube. Pouco a pouco começaram a ganhar uma fama na internet até que chamaram a atenção de alguns olheiros e aos 19 anos, os quatro assinaram com a gravadora Syco. Tanto eles quanto Louis estavam no início das carreiras e suas gerências acharam que seria uma boa ideia de marketing unir a imagem do modelo com a banda. Assim, Louis fez parte do primeiro videoclipe da banda e conheceu o menino de cabelos encaracolados e um sorriso de covinhas.
Logo na primeira que se viram, Louis sabia que aquele garoto com rosto de querubim seria o amor da sua vida para sempre. Um flerte atrevido virou vários flertes, que virou um encontro no mesmo dia, que virou vários encontros na mesma semana e de repente, o relacionamento deles aconteceu em menos de um mês. Muito rápido alguns diriam, mas era o certo e Louis e Harry sentiam isso. Sete anos depois, os dois continuavam firmes e fortes nos altos e baixos da carreira. O noivado deles já durava três anos e que só não houve o casamento ainda, pois decidiram curtir a carreira por mais cinco anos, antes de se aposentarem e construírem uma família em paz, sem a pressão da mídia.
Naquela noite em específico, eles sentiam bem a pressão que suas carreiras tinham. Os dois estavam dentro de uma limusine preta, ouvindo os gritos de vários fãs do lado de fora. Era noite do Grammy Award e Harry e sua banda estavam concorrendo ao prêmio de Melhor Álbum e Artista Revelação. Louis não podia estar mais orgulhoso do noivo, pois sabia o quanto ele trabalhou e se dedicou à sua música. Porém, mesmo que a noite fosse para Harry, havia muitos fãs segurando cartazes com os dizeres “Larry is real ”, jargão que se iniciou antes de poderem assumir publicamente o relacionamento, mas que já havia vários boatos do seu envolvimento. Bem… Eles não podiam fazer nada se seus fãs eram espertos e descobriram, mesmo contra a vontade de suas gerências. Anos depois de revelarem ao mundo o namoro/noivado deles, a frase continuou firme e forte. Louis adorava, pois achava que era um grito de sobrevivência num mundo tão homofóbico.
Sentado ao seu lado estava Harry, tremendo de nervoso e balançando as pernas inquietamente. Depois de tantos anos, era esperado que o cacheado já estivesse acostumado com isso, mas no fundo ele continuava sendo aquele menino tímido e dócil do interior da Inglaterra.
— Vai ficar tudo bem, amor ― Louis disse tentando acalmá-lo. ― Mesmo que você não ganhe, chegou muito mais longe do que esperava. Eu estou muito orgulhoso de você.
— Eu sei, mas ainda sim... Parece que eu estou sonhando. — Harry sorriu e mostrou suas covinhas fofas que encantaram o mundo inteiro, literalmente.
— Você está lindo — disse Louis ajeitando a lapela do terno preto com listras vermelhas e a gola da camisa preta. Depois da roupa ficar impecável, ele começou a ajeitar os cachos dos cabelos longos que caíam suavemente pelos ombros largos.
Eles eram o segundo carro em uma fila de limusines para estacionar e logo receberão os holofotes da noite, sendo assim, nada menos do que perfeito era aceitável, não que fosse muito difícil para Harry ficar perfeito.
— Não chego nem aos seus pés — Harry disse dando-lhe um olhar apaixonado que Louis tinha certeza que estavam refletindo os sentimentos que transbordavam dos próprios olhos.
O modelo sorriu e capturou os lábios rosados de Harry com os dele, compartilhando um beijo casto e ignorando os resmungos dos amigos e colegas de banda de Harry, que vieram com eles ao evento. Não houve tempo de aprofundarem o carinho, pois o motorista andou com o carro depois que a limusine da frente partiu e finalmente pararam em frente a entrada do local que aconteceria o evento. O tapete vermelho se estendia por todo o caminho. Hora do show.
O motorista abriu a porta e Harry foi o primeiro a sair do carro. Imediatamente as luzes dos flashes das câmeras dispararam. A gritaria ficou ainda maior e o astro se sentiu um pouco tonto com tanta comoção. Acenou brevemente para os fãs atrás das grades, antes de virar de costas e estender a mão para Louis, ajudando o noivo a sair do carro também.
A cerimonialista os empurrou para o painel para tirarem as fotos no evento enquanto os outros membros da banda tivessem seus momentos sob os holofotes também. Havia repórteres e paparazzi por todos os lados, assediando eles e outros artistas.
— Estão todos olhando para você amor — sussurrou Harry no ouvido de Louis durante as fotos no painel.
— Então estão olhando para a pessoa errada. Essa é sua noite.
— Não me importo de dividi-la com você — Harry respondeu.
Nessa pequena conversa, os olhos dos dois não se desgrudaram de forma alguma um do outro. Era verde no azul e vice versa, não importando mais nada no mundo ao redor deles, por isso nem percebiam todo o furdunço dos fãs ao vê-los tão apaixonados. O noivado da estrela do rock e do modelo mais cotado do ano ainda era o assunto do momento, de forma que o E! teria uma ótima noite só com as demonstrações públicas de afeto entre os dois.
A bolha de amor deles foi rompida quando os outros integrantes se juntaram a eles para tirar a foto com banda completa. Foi a vez de Louis ficar de fora das fotos. Os cinco eram muito amigos, mas aquele momento era apenas para a One Direction. Depois de feita todas as publicidades esperadas deles em algumas entrevistas rápidas, os cinco entraram no salão que aconteceria o evento, onde ficaram todos juntos. O restante da noite passou maravilhosamente bem, pois a banda deles ganharam todos os prêmios que foram indicados e o cacheado fez um discurso lindo que levou Louis às lágrimas com a emoção que sentia vindo das palavras de agradecimento. Nunca ficara tão orgulhoso de Harry e dos meninos como naquela noite. Quando o evento enfim terminou, o casal estava muito cansado para sair comemorar, decidindo terem uma comemoração privada entre eles no quarto do hotel que estavam hospedados.
No quarto, Harry o despiu do terno brilhante com carinho e devoção, garantindo que tocasse, beijasse e marcasse todos os lugares que sabia levar Louis ao limite do prazer. Amaram-se lenta e profundamente, renovando com gestos e toques todo o amor que havia entre eles, caindo no sono horas depois, esgotados, porém satisfeitos.
No dia seguinte, retornaram para Londres, onde residiam e a rotina deles voltou ao normal. Harry saiu cedo para entrevistas em rádios e programas de TV para fazer a promo dos novos single enquanto Louis foi para reuniões e sessões de fotos de ocupavam o dia todo.
Durante o almoço, Louis twittou sobre um novo trabalho de caridade que ele ajudava, levantando hashtags com seu nome em várias redes sociais em tempo recorde, além de tirar uma foto no Instagram da sua sobremesa que consistia em um pote de iogurte de morango, cheio de guloseimas, mas deu destaque ao urso de gelatina. Colocou uma legenda provocando Harry secretamente, já que amava aquele urso: “sinta inveja, é tudo meu”.
Quando chegou à mansão que morava com Harry no começo da noite. Olhou para a fachada branca e arquitetônica da casa quase não acreditando no contraste que tinha com a casa simples de três quartos e um banheiro que morou na infância. Estacionou sua BMW ao lado da Ranger Rover preta do noivo que indicava que o cacheado já estava em casa. Sorriu minimamente com a ideia de poder se enroscar no maior e passar o final do dia com ele e seus beijos. Sua irmã Lottie definitivamente tinha razão, ele era um idiota apaixonado, mas não estava nem um pouco incomodado com esse título, contando que ainda tivesse Harry em sua vida.
Entrou em casa e estranhou ver o primeiro andar todo escuro, mas viu alguma luz bruxuleante no andar de cima ao final da escada. Harry provavelmente estava lá. Tirou os sapatos e as meias, largando tudo pelo caminho e subiu descalço para o segundo andar, sentindo os dedos livres após passar horas presos na meia. Parou no topo da escada quando viu o imenso corredor do segundo andar iluminado por velas coloridas e pétalas de rosas vermelhas no chão, formando uma trilha que ia até o quarto deles.
Louis seguiu o caminho e viu que na cama king size deles estava um enorme buquê de rosas vermelhas. Preso no caule havia um cartão com a letra de Harry, escrito:
“Quando estamos longe um do outro, eu existo duas vezes, aqui e onde você está. Eu te amo minha vida! Com todo o meu amor, H”.
No chão havia uma seta de flores e velas indicando o banheiro em anexo. Louis colocou cuidadosamente o buquê no criado-mudo do seu lado da cama e seguiu para onde a seta lhe indicava já com o sorriso no rosto pela surpresa que tivera.
O banheiro estava com as luzes apagadas e com mais velas acesas por toda pia, chão e privada abaixada, deixando o lugar fracamente iluminado em ar aconchegante, romântico e inebriante, numa mistura de conforto e sensualidade. O lugar todo cheirava a sândalo e ao fundo tocava uma suave melodia. Dentro da grande banheira com espuma, estava Harry, nu em toda a sua glória, levando uma taça de vinho aos lábios pecaminosos. Em uma mesa posta ao lado da banheira, Louis pode ler o rótulo que mostrava a marca a marca do vinho: Musigny.
— Bem-vindo em casa. — Harry sorriu, revelando suas covinhas.
— Mas que surpresa maravilhosa. Estamos românticos hoje para você abrir o Musigny. É nosso aniversário e eu esqueci? — O menor se aproximou da banheira e beijou em cumprimento os lábios do noivo, sentindo a maciez dos lábios rosados e o sabor suave da bebida.
— Não. Só achei que nós dois merecíamos. Tire essa roupa e entre aqui comigo. — Harry o persuadiu, usando suas enormes mãos para ajudar a puxar a camiseta de Louis para cima.
Em segundos, Louis estava completamente nu como Harry. Com cuidado para não cair, entrou na banheira e se sentou entre as pernas de Harry, encostando as costas no peito dele.
— Aqui, tenho um copo pra você. — O cacheado esticou o braço e pegou uma segunda taça entregando-a para ele.
Os dois se estabeleceram em um silêncio confortável e íntimo, apenas apreciando a música e o vinho. Não era apenas a água quente do banho que aquecia o coração de Louis, mas também a presença acolhedora e meiga de Harry e suspeitava que seu noivo fosse o maior responsável pelo seu estado de plena paz. Ficaram quase uma hora na banheira, mas quando seus dedos estavam mais do que enrugados, o mais novo os fez saírem e vestiram roupas confortáveis.
Apesar de terem um guarda-roupa cheio de ternos Armani, camisetas Versace, relógios Rolex e outras joias mais caras que a casa de muita gente, ambos gostavam de vestir moletons velhos e desgastados, com tantos furos como o possível por causo de tanto uso. Foi assim que nasceram, foi assim que passaram sua infância e foi assim que se conheceram. Na simplicidade, quando a vida ainda estava fácil e eles eram jovens e ingênuos. A falta de produção em beleza entre eles tornava-os tão íntimos e tão normais, que às vezes, noite como aquela era tudo o que precisavam para relaxarem a mente e o corpo de suas rotinas tão corrida e atribulada.
Após o banho, Louis fez uma macarronada simples em retribuição ao banho que Harry organizou para eles. Na mesa de jantar, ambos contaram como havia sido seu dia e após arrumarem juntos a pouca sujeira que fizeram, foram para o quarto assistir algum filme clichê até caírem no sono. Antes de cair totalmente no sono nos braços de Harry, Louis agradeceu a qualquer divindade que existisse pela vida que tinha. Tudo era perfeito e não era capaz de desejar nada melhor. Mal sabia ele que o destino tinha planos e que no dia seguinte sua felicidade iria começar a ruir.