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História NÃO RECOMENDADA PARA MENORES ou PESSOAS SENSÍVEIS.

Esta história pode conter descrições (explícitas) de sexo, violência; palavras de baixo calão, linguagem imprópria. PODE CONTER GATILHOS

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Peccavi

Escrita porLelen
Revisada por Lelen

Quinto • %Isaac% %Johnston%

Tempo estimado de leitura: 10 minutos

  “Me perdoe padre, porque eu pequei.” Essa era a frase que %Isaac% %Johnston% mais ouvia desde que virara padre.
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  Nem sempre quisera isso para sua vida, é claro que não! Quem em sã consciência gostaria de viver uma vida privada de todos os tipos de prazeres e diversões? Não o %Isaac% de anos atrás, não. Aquele queria viver intensamente cada segundo da vida; tinha sonhos que estavam para se concretizar, e até tinha um alguém especial, um alguém que ele havia magoado e que jamais voltaria para que ele pudesse pedir desculpas. Mesmo sabendo que ela jamais aceitaria desculpar sua estupidez, ele se sentiria melhor se pudesse vê-la uma última vez, que ela o estapeasse, gritasse e disse que nunca mais queria vê-lo, mas nem sequer isso aconteceria.
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  Ah, como se arrependia das coisas que tinha feito em seu tempo mais jovem; como queria ter sido menos irresponsável, talvez ainda a tivesse ao seu lado como quase sempre fora...
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  %Isaac% baixou a cabeça como fazia toda vez que se lembrava dela. Aquilo doía de todas as formas possíveis, eram como feridas que jamais cicatrizavam e jamais cicatrizariam. Suspirou alto tentando espairecer e aproveitar a paisagem noturna em frente à igreja. Não que houvesse muito o que apreciar, afinal, estavam na cidade grande, mas o céu naquela noite estava extremamente estrelado e valia a pena ser visto.
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  %Isaac% olhava para as estrelas quando uma mulher parecendo desesperada surgiu da esquina da igreja e correu em sua direção segurando-lhe as mãos de forma frágil e assustada, parecia estar chorando.
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  — O que houve, senhorita? — perguntou encarando assustado a mulher de cabeça baixa que soluçava e ainda segurava sua mão.
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  — Me perdoe padre, me perdoe! — ela murmurou entre um soluço e outro. — Me perdoe pois eu pequei... — murmurou enquanto erguia a cabeça para poder encarar o rosto do padre. — E vou pecar de novo — disse friamente apagando qualquer rastro da mulher desamparada que parecera a primeira vista.
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  O padre ficou estático ao encarar de volta a mulher. Sentiu seu sangue correr em suas veias com rapidez, as mãos suaram e os olhos se arregalaram.
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  Aqueles olhos podiam ter mudado de cor, mas aquele olhar ele jamais esqueceria mesmo que se passassem séculos, ainda assim ele o reconheceria. E como não reconhecer? Mesmo depois de dezessete anos ele ainda lhe causava as mesmas sensações, embora tudo tenha mudado, inclusive a dona do olhar.
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  — %Annelise%? — %Isaac% perguntou quase gaguejando. Ele tinha certeza que sim, mas era impossível!
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  — Ora, enfim alguém percebeu! — a mulher morena exclamou sorrindo ironicamente.
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  — C-como...?
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  — Fascinante, não? — %Annelise% perguntou marotamente. — Ah, sabe, depois de ser abandonada no meio daquela reserva florestal completamente desacordada, eu tive que me virar um bom tempo para sair de lá sozinha. — Deu de ombros. — Sabia que a gente precisa fazer coisas nojentas quando queremos sobreviver? — questionou olhando %Isaac% fixamente.
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  — Mas... Mas... Nathan disse que você... Seu coração... — O padre %Johnston% não conseguia compreender.
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  — Foi o que pareceu, não foi? — A mulher suspirou. — Mas esse fenômeno já ocorreu outras dúzias de vezes pelo mundo, se lembra?
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  — Síndrome de Lázaro...
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  — Isso! Quem poderia dizer que aconteceria bem na nossa vida, hein, %Zac%?
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  O silêncio se instalou entre os dois, até %Annelise% quebrá-lo.
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  — Não convida uma velha amiga para entrar, %Isaac%? Tenho certeza de que não foi essa a educação que recebeu de seus pais.
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  O padre balançou a cabeça como que para espantar as velhas e negras lembranças de sua mente.
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  — Claro, acompanhe-me — ele murmurou desconcertado com tudo o que estava acontecendo.
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  O homem fez o caminho até a parte de trás da igreja onde às vezes ele passava as noites, um quartinho pequeno com uma cama, um armário, uma escrivaninha e uma segunda porta, o banheiro.
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  — Gostaria de um chá? — perguntou quando fechou a porta e se virou para encarar a mulher.
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  — É sério? — %Annelise% questionou incrédula. — Uma mulher que você viu morrer dezessete anos antes bate à sua porta e tudo o que tem a dizer é: gostaria de um chá?
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  O padre ficou em silêncio e baixou a cabeça.
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  — Como pode agir dessa maneira, %Johnston%? — perguntou se aproximando com um tanto de ferocidade. — Você me viu morrer e agora age como se nada tivesse acontecido? Como se aqueles seus amiguinhos idiotas não tivessem feito o que fizeram comigo? Como se você, que se dizia meu melhor amigo não tivesse me abandonado morta naquela reserva? — ela cuspia as palavras com ódio em direção a %Isaac%.
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  — Eu sinto tanto, %Ann%, tanto! — O homem deixou-se tomar pelas emoções e as lágrimas começaram a rolar. — Deus sabe o quanto sinto, %Annelise%!
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  — Você não fez nada enquanto Nathan me fazia chupar ele; não fez nada enquanto aquela bicha do Allan se enfiava dentro de mim, NÃO FEZ NADA EM MOMENTO ALGUM! — a mulher gritou a última parte.
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  %Isaac% gostaria de estar morto naquele instante, morto como pensou que %Annelise% estivesse. Se detestava por todas aquelas verdades ditas por aquela nova pessoa que sua %Ann% se tornara. Se algum dia pudesse voltar no tempo, o faria e salvaria %Annelise% de todos aqueles pervertidos que encostaram nela, na sua %Annelise%.
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  Teve vontade de se socar, sempre se referira à %Annelise% como sua, mas quando tivera a oportunidade de provar que ela era dele e ele completamente dela, ele simplesmente baixou a cabeça e ouviu seus gritos de desespero.
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  O homem ergueu o olhar e com os olhos marejados encarou a foto que colocara em sua escrivaninha: %Annelise% %Mills% dando gargalhadas ao lado de um %Isaac% com o sorriso maior que se imaginaria possível, dezessete anos antes, quando tudo parecia dar certo, quando ainda haviam sonhos para ambos.
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  %Annelise% acompanhou o olhar do padre e caminhou em direção à escrivaninha pegando a foto.
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  — Bons tempos... — murmurou parecendo indiferente. — Tempos em que eu achava que tinha amigos. — Voltou seu olhar novamente para o homem.
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  Ele engoliu em seco.
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  — Eu sinto muito, %Annelise%, não tem ideia do quanto pedi pela oportunidade de lhe pedir perdão... — %Isaac% murmurou sentindo a garganta apertar.
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  — Por isso virou padre, %Zac%? Pelo perdão? — perguntou %Annelise% largando a foto onde estava antes.
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  %Isaac% concordou.
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  A mulher riu irônica.
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  — Me perdoe, %Ann%... — o padre quase choramingou.
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  — Hum, para o seu Deus pedir perdão pode ter sido suficiente — %Ann% murmurou colocando um objeto em cima da escrivaninha. — Mas não é o bastante pra mim — soltou entre dentes.
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  %Isaac% encarou o objeto em cima da mesa, uma arma.
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  — O que vai fazer? — questionou olhando a mulher com medo.
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  — Quem, eu? — %Annelise% perguntou apontando a si mesma. — Eu não farei nada, você fará — disse pegando a arma e estendendo-a em direção ao padre.
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  — O quê? — o homem deixou escapar incrédulo.
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  A mulher sorriu marota se aproximando, pegou a mão do padre que deixou que ela o fizesse, já que ainda estava entorpecido pelos acontecimentos da noite.
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  — Você fará isso — disse ela dando tapinhas na arma na mão do homem. — Você morre, enquanto eu assisto e não faço nada, como você fez comigo, lembra?
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  O homem engoliu em seco enquanto encarava o objeto em suas mãos. Era uma arma fria e pesada, assim como deveriam ser todas as armas.
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  Como um bom católico, ele sabia que um suicida teria a pena de ir para o inferno, mas o que importava para ele agora? Ele já estava no próprio inferno com aquela culpa lhe pesando na consciência, com a dor da perda que %Annelise% %Mills% deixara para trás com ele; com o fato de ele não ter feito nada por %Ann% ter contribuído para que ela se tornasse aquela mulher de aparência muito mais jovem do que a idade que tinha, com o olhar frio e com os sentimentos mais frios ainda.
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  %Isaac% pegou a arma determinado.
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  — Eu sempre te amei — murmurou antes de dar o disparo em sua cabeça.
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  O sangue se espalhou nas paredes ao lado do padre. Seu corpo quase que em câmera lenta começou a cair no chão, e quando o fez, o baque do pesado corpo contra o chão fez com que mais sangue se espalhasse.
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  %Annelise% caminhou cuidadosamente até o padre e deixou o porta-retratos com a foto que ele guardara por tanto tempo ao seu lado.
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  Ela se levantou e, tomando cuidado para não pisar na poça de sangue, caminhou até a porta.
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  — Eu também sempre te amei — disse antes de fechar a porta para nunca mais ver %Isaac% %Johnston% novamente.
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