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ATENÇÃO!

História NÃO RECOMENDADA PARA MENORES ou PESSOAS SENSÍVEIS.

Esta história pode conter descrições (explícitas) de sexo, violência; palavras de baixo calão, linguagem imprópria. PODE CONTER GATILHOS

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Peccavi

Escrita porLelen
Revisada por Lelen

Quarto • Andrea Cardghan

Tempo estimado de leitura: 10 minutos

  A mulher se olhava no grande espelho grudado na parede do quarto de luxo do último andar do hotel em que se hospedara. Pediu o melhor quarto e que isolassem o andar apenas para ela e alguns companheiros do desfile. Sim, desfile. Andrea Cardghan era produtora de eventos de moda, famosa por suas extravagâncias quando se tratava de seus desfiles e também por sua beleza incontestável. Era impossível negar sua beleza, a pele clara; cabelos negros, ondulados e luminosos; grandes olhos num tom diferente de cinza; o formato do rosto era delicado, sua silhueta com curvas em evidência... Ela tinha tudo o que grande parte da população feminina do mundo queria.
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  Andrea adorava a companhia dos espelhos e tudo que pudesse refletir seu rosto. Sorriu largamente para o enorme espelho a sua frente e viu seu reflexo retribuir; ela poderia ficar se encarando por uma vida se fosse possível, e também se alguém não batesse à porta.
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  — Entra! — retrucou sem tirar os olhos do espelho. — Ah, finalmente trouxeram o meu jantar, eu pago essa merda três vezes mais caro pra quê, pra ter tratamento ralé igual a todos? — ela exclamou sem nem ao menos se dar ao trabalho de olhar para quem adentrara o quarto.
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  — Desculpe-me, senhorita. — Ouviu uma voz e passos se aproximando.
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  — Ao menos espero que a droga do jantar ainda esteja quente — resmungou Andrea.
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  — Com toda a certeza, madame. — A intrusa no quarto parou atrás de Andrea e sorriu maliciosamente. — O seu jantar ainda vai esquentar muito — a mulher invasora disse e tapou a boca de Andrea com um pano embebido de clorofórmio. Andrea caiu desacordada em instantes.
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  Quando Andrea acordou, sentiu os braços dormentes, a boca seca e sentindo-se sufocada. Demorou um pouco para entender o que estava acontecendo. Ela estava amarrada desconfortavelmente em uma cadeira com os braços presos com cordas que apertavam seus pulsos com força, havia um embolado de panos em sua boca para que evitasse uma possível gritaria, e aquilo explicava por que ela tinha a boca seca e sufocando. Andrea vagou com os olhos em seu quarto de hotel e então percebeu a presença de uma mulher alta, magra de cabelos vermelhos como o fogo. Ela era jovem, talvez uns vinte e sete anos, não mais que isso com toda a certeza.
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  — Olá, senhora Cardghan! — A jovem sorriu percebendo que havia chamado a atenção. — Desculpe-me os modos, mas você falando é irritante, e aposto que não vai querer me irritar. — Ela se aproximou da cadeira em que Andrea estava amarrada para poder encará-la melhor. — Ah querida, o que o tempo fez com você? Da última vez que a vi você não tinha rugas — a intrusa murmurou e a feição da mulher amarrada se transformou em uma de horror. A estranha riu. — Deus, só estou brincando, sabe que não tem nenhuma ruga aí, você vive se analisando no espelho!
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  Andrea soltou um barulhinho que deveria ser seu suspiro sufocado pelo pano em sua boca.
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  — Então, Andrea, feliz com sua vida? — a estranha perguntou começando a andar de um lado para o outro. — Hum, claro que sim, olhe para você, de vadia a estrela da moda. — Ao dizer essa frase a mulher parou para encarar Andrea. — Acha que as pessoas gostariam tanto de você se soubessem do seu passado sombrio? Ou de %Annelise% %Mills%? — Ao ouvir o nome a mulher amarrada fez careta. — Eu acho que não... Mas talvez sim, afinal, no seu mundinho fútil tudo o que importa é a aparência; quanto mais bonita, quanto mais peito e bunda, menor a chance de te culparem por alguma coisa, não? — A intrusa pegou uma luva de sua pequena bolsa pendurada em sua cintura e logo depois de colocar a luva nas mãos, pegou um pequeno pote transparente com algo branco em seu interior. — É melhor você começar a se preocupar com acusações e interrogatórios, Andrea, porque a beleza não caberá mais a você — a mais jovem disse se aproximando com o pote aberto, pegou uma pequena quantidade do que parecia ser creme com a mão enluvada e com cuidado passou no rosto de Andrea que queria gritar.
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  Depois de passar o tal creme em todo o rosto de Andrea, a estranha se afastou um pouco para contemplar sua arte.
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  — Essa é uma das minhas obras primas de química — a jovem murmurou parecendo admirada consigo mesma. — É um creme que desenvolvi para um trabalho do colégio, é um esfoliante — ela continuou sua explicação e sorriu quando percebeu que a mulher sentada a sua frente fazia careta. — Está formigando, querida? Ótimo, então está fazendo efeito.
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  Andrea não conseguia entender, o que aquela louca intrusa estava fazendo, passando esfoliante caseiro em seu rosto? O que ela queria? E se era apenas um esfoliante, para que tanto alarde? Foi então que ela começou a sentir.
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  A pele que fora coberta pelo tal creme começou a arder consideravelmente, como se estivesse queimada de sol. Aos poucos essa ardência foi se transformando, até tornar-se uma queimação insuportável, Andrea sentia como se a pele inteira de seu rosto estivesse em chamas, como se tivesse enfiado a cabeça numa fogueira. Ela tentou gritar, mas quanto mais o fazia, mais se sentia sufocada, e então as lágrimas chegaram e a dificuldade em respirar só aumentou. Ela queria gritar, espernear, tirar aquele maldito creme do rosto.
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  — A partir de hoje, Andrea, todas as pessoas te verão da forma que eu vejo, por dentro, o monstro horrível que você é. — A estranha sorriu maldosa. — Hum... — a mulher murmurou pensativa olhando seu relógio te pulso. — Acho que você deve estar querendo refrescar as coisas por aí, certo? — perguntou. Ela segurou os braços de Andrea numa posição desconfortável para que esta não tentasse se mover e atacar, obrigou-a a levantar e a empurrões a agressora levou a vítima para o banheiro onde encontraram a banheira cheia d’água; a intrusa arrancou o pano da boca de Cardghan violentamente, o que causou ânsia na mulher.
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  Andrea esperneou, tentou se desvencilhar, mas a mulher que a segurava era firme, e com força a obrigou a se ajoelhar em frente a banheira. A estranha agarrou Andrea pelos cabelos e forçou sua cabeça para frente, em direção à água. Cardghan tentou resistir ao máximo, mas não fora o suficiente.
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  Sentiu a água tocar seu rosto quente e queimado, deveria aliviar a agonia, mas só o que aliviara era o fogo invisível, a dor só aumentou com a ardência que a água causava em contato com sua pele ferida. A agressora retirou sua cabeça da banheira bruscamente.
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  — Não se sente melhor, vadiazinha? — a mulher mais jovem perguntou em tom seco, irado. — Hum? Que tal mais um mergulho? — E dizendo isso voltou a enfiar a cabeça de Andrea na água. — Acho que está bem melhor agora, Vadia Cardghan.
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  Andrea estava atordoada pelos últimos acontecimentos, mas percebeu muito bem o maldito apelido que recebera de alguns rapazes da faculdade: Vadia Cardghan. Ela se sentia enfurecida, mas não era o bastante para se ver livre das mãos daquela mulher.
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  Sabendo que Andrea não teria chances de fugir, a intrusa largou-a rapidamente para pegar uma toalha no balcão da pia. Ao voltar, esfregou a toalha no rosto molhado da mulher que gritou de dor com o gesto. Quando viu que o rosto maltratado estava seco o bastante, a invasora sorriu, pegou Andrea pelos braços e a levou de volta para o quarto com o rosto coberto, sentou-a de frente para o espelho.
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  — Ninguém mais te verá como antes, Andrea Cardghan... — a estranha murmurou.
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  Andrea sentiu a toalha em seu rosto sendo puxada e quando viu o reflexo que lhe encarava de volta no espelho, não o reconheceu. Quem era aquele ser horrendo?
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  — Apresento-lhe a nova Andrea Cardghan, que reflete o que é por dentro pelo lado de fora. — A agressora sorriu olhando para o espelho.
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  O reflexo que olhava de volta para Andrea tinha a pele do rosto completamente avermelhada, carne viva ela pôde constatar. Algumas partes mostravam finas linhas vermelhas, como pequenos vasos sanguíneos. Não se distinguia mais os lábios da imagem, apenas vermelhidão, sangue e carne, nada mais. Os olhos que a encaravam estavam envoltos na mesma pele viva que o restante do rosto, mas eles eram a única coisa que podia lembrar a velha Andrea Cardghan, a maravilhosa, a linda.
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  Percebendo o estado em que Andrea se encontrava, a agressora deu-se por satisfeita, sorriu deliciada, piscou para o reflexo no espelho e foi embora pela mesma porta que havia entrado.
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  Andrea continuou encarando aquele reflexo horrendo sem conseguir saber de quem era. Estava quase em choque, quando finalmente entendeu que aquela refletida era ela, completamente desfigurada.
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  A verdade chegou-lhe como um soco no estômago, deixando-a sem ar. Se olhou mais uma vez no espelho e ficou em silêncio e completamente imóvel por alguns instantes. Então levantou-se de onde estava, caminhou até a porta vacilante, e caminhou em direção às escadas que levavam à cobertura, subiu até lá e, como se estivesse sob efeito de hipnose, caminhou em direção à beirada do prédio; olhou para baixo com um sorriso insano ameaçando aparecer em seus lábios distorcidos e então pulou.
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  Pulou renunciando sua vida, pois, sem a beleza que lhe fora dada, ela não era nada; ninguém era alguma coisa sem beleza e ela acreditava piamente nisso.
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  Alguns segundos de queda livre, o coração palpitando mais acelerado que o normal, e então o baque, uma súbita dor e a escuridão definitiva.
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  Andrea Cardghan de 36 anos estava morta, e todos lhe olharam com horror quando perceberam a horrível face que lhe pertencia naquele instante.
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