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História NÃO RECOMENDADA PARA MENORES ou PESSOAS SENSÍVEIS.

Esta história pode conter descrições (explícitas) de sexo, violência; palavras de baixo calão, linguagem imprópria. PODE CONTER GATILHOS

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Para me refazer

Escrita porKelsea
Revisada por Lelen

Capítulo 2

Tempo estimado de leitura: 14 minutos

Zélia sentiu a raiva queimar sua garganta enquanto encarava as letras dos contratos virando borrões diante de seus olhos.
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  — Me desculpa, eu não vi que você estava aqui, sinto muito! — começou Clarice usando o tom mais delicado possível.
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  A assistente de Juliano, por sua vez, ao invés do maravilhoso sorriso exibido apenas alguns minutos antes, dessa vez apresentava uma feição diferente.
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  — Todo meu trabalho, passei a manhã inteira preenchendo esses papéis, eram urgentes. — Ela cerrou os punhos em exaltação.
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  — Consigo imaginar.
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  — Não, não consegue, porque é uma desastrada! — acusou, fazendo Clarice saltar para trás. Onde estava aquela mulher gentil, e de certa forma atraente, que a havia encorajado? Porém, mesmo perplexa, a mulher sabia se defender.
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  — Desastrada? Preste atenção, você está falando com uma dama.
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  As pupilas de Zélia, como um ímã, foram atraídas imediatamente pelos “atributos” que o casaco de seda tentava esconder.
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  — Bom, acho que uma dama não se vestiria assim… — Com os olhos ela apontou para a roupa íntima que cobria o corpo da suposta “lady”.
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  Ao captar a direção do olhar sedutor da secretária, a aspirante a artista percebeu que, na pressa, havia se esquecido dos malditos botões. Suas bochechas ficaram mais vermelhas que um pimentão, era hora de sair dali o mais rápido possível.
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  Zélia a observou pela última vez antes de cruzar os braços e sussurrar para si mesma:
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  — Uma dama pode até não usar, mas meu tipo predileto de pecado, sim…
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  Clarice saiu do prédio cabisbaixa, nunca, nem mesmo quando era lavadeira, havia sido tão humilhada em toda sua vida. Ainda mais de uma forma tão vergonhosa. Apesar de que a ideia daquela secretária ter visto sua lingerie a excitava de certa forma. Mas no que estava pensando, ela não poderia ter se sentido atraída… muito menos por alguém que se mostrou tão grosseira no fim. De todo jeito, aquilo não importava, pois assim que Juliano soubesse do ocorrido, a demitiria. Quanto ao plano, pelo visto ela teria que aceitar: Estava condenada a passar o resto da vida se sentindo moldada, artificial, porém pelo menos tinha tido alguns momentos de diversão, cortesia de uma certa pessoa em quem havia derramado champanhe por acidente…
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  Zélia girou maçaneta com as mãos trêmulas enquanto já escutava em sua mente a bronca que estava por vir.
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  — Senhor Juliano!
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  — Ah, Zélia, pode entrar.
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  — Obrigada. — Ela se sentou cabisbaixa. Ela geralmente sempre evitava olhar o chefe nos olhos, porém naquele possuía uma razão ainda mais plausível para tal atitude.
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  — Então, Zélia, você trouxe os contratos que eu te pedi?
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  Ela respirou fundo antes de começar.
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  — Eu consegui terminar tudo hoje de manhã, mas aquela artista desastrada os arruinou quando esbarrou em mim. Eu não tive culpa nenhuma, foi aquela insolente e desfrutável ainda por cima… — ela sussurrou a última parte para si mesma, porém alto o suficiente para ser escutada pelo patrão.
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  — Aquela “desfrutável” é minha esposa…
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  A secretária por pouco não caiu para trás.
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  — Como é? Ela não se identificou, como eu poderia saber? — Sua voz saiu trêmula.
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  — Pelo jeito você é a única mulher no Rio de Janeiro que não se interessa pelos tabloides.
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  Zélia cerrou os punhos de forma discreta, não era a primeira vez que Juliano fazia um comentário tão insolente na sua presença, ela tentava ignorar, já que precisava do emprego, porém estava cada vez mais difícil.
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  — Me desculpe. — Seus dentes se tensionaram entre o sorriso falso. — Na próxima vez eu vou considerar que ler tabloides pode ser útil para meu trabalho.
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  O comentário sarcástico não passou despercebido pelo magnata insolente que a encarou como um predador a sua carniça.
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  — Sua permanência na empresa está por um triz, não pense que esqueci todos os erros cometidos anteriormente. Os deixei passar porque sou um homem muito caridoso, mas insultar minha esposa foi inadmissível.
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  Apesar do sermão, Zélia não pôde evitar pensar em como era um desperdício alguém com tantos quanto aquela aspirante a artista ser esposa de um homem tão bruto e rude quanto seu chefe. Seu peito doía ao imaginar que Juliano seria responsável por explorar o que estaria por baixo da peça íntima tão atraente, a inveja a dominou de forma involuntária, pois mesmo depois do chilique e de ter sido ensopada, a ideia de realizar tal “missão” no lugar do machista à sua frente soava extremamente excitante ao seu imaginário…
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  Clarice caminhou para o quarto e encarou mais uma vez o seu rascunho. Ali naqueles traços ainda iniciantes estavam escritas tantas memórias, o primeiro pincel que havia ganhado de sua mãe, a primeira vez que havia segurado uma tela… O momento em que decidiu que queria se dedicar a arte… Tudo parte da sua história, história essa que agora se encontrava apagada por um sobrenome de valor e um marido que pelo visto só a enxergava como boneca de luxo, criada apenas para satisfazê-lo e se comportar. Ela se jogou na cama gritando em frustração… porém uma voz parecia sussurrar para que continuasse tentando. Assim, de repente a mulher abriu um sorriso ao se lembrar de que Juliano podia impedi-la de desenhar as embalagens da empresa dele, mas não podia impedi-la de pintar na própria casa.
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  Apressada, pegou uma tela e pincel. Sua primeira ideia, como de costume, foi esboçar uma flor, entretanto sua mente foi tomada pelas imagens de mais cedo, o momento em que entrou na sala do marido com empolgação, apoiada pela bela secretária do sorriso brilhante, mesmo não sendo muito atenta a pessoas, Clarice decorou aquele rosto em apenas um segundo, aqueles olhos cheios de empolgação e de carência, os lábios rosados dos quais ela tinha curiosidade de sentir o gosto… Quando deu por si, aquele mesmo rosto, que povoava sua mente desde aquele instante, estava ali, perfeitamente traduzido na tela.
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  Ela encarou o próprio trabalho, chocada pela facilidade com que aqueles traços haviam saído. Seus dedos pareciam ter sido guiados pela alegria que povoava seu coração ao se recordar daquele rosto angelical. Aquela obra prima, no entanto, precisava ser escondida a sete chaves, pois ela nem queria pensar se algum empregado encontrasse e mostrasse a Juliano… O desastre seria completo. Por isso ela decidiu guardá-la para si mesma, como um suspiro e uma lembrança de sua liberdade.
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  Enquanto sentia a respiração de Juliano mais perto do que gostaria, Zélia teve sua mente inundada pelas lembranças de como havia chegado até ali. Sonhadora e otimista, há não muito tempo, deixou Minas Gerais em direção a capital, a fim de perseguir seu sonho de se tornar uma perfumista renomada, mas, principalmente, dar uma vida melhor a sua família. Seu primeiro passo na capital não poderia ser outro a não ser procurar a maior empresa no ramo. A perfumaria Carioca. Com seu projeto na mão e um sorriso esperançoso no rosto, ela caminhou até o mesmo escritório onde atualmente passava seus dias e pediu para ver o dono. Na primeira vez, foi esnobada, porém não iria desistir, até que certo dia, o magnata finalmente decidiu recebê-la. Seus olhos amedrontados e fios pretos cobertos de gel fizeram suas mãos tremerem à primeira vista. Contudo era seu sonho.
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  — Muito bem, senhorita… — indagou sem tirar os olhos dos papéis em suas mãos.
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  — Zélia — ela afirmou mais alto do que gostaria na tentativa de lembrá-lo de sua presença.
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  — Certo, me diga, Zélia, o que te traz aqui na minha sala e por que tanta insistência?
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  A jovem respirou fundo:
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  — Bom, senhor Juliano, estou aqui com um produto capaz de agregar bastante à sua empresa.
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  O empresário ainda sem lhe dar a devida atenção indagou:
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  — Certo e quem é o perfumista responsável?
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  — Sou eu mesma!
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  Juliano finalmente se deu ao trabalho de largar os papéis e encarar como se estivesse diante de um extraterrestre.
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  — Como é? Uma mulher perfumista?
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  A jovem engoliu seco e tentou manter o sorriso no rosto, afinal sempre soube que não seria fácil entrar em um ramo dominado por homens.
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  — Eu sei que por enquanto não é muito comum, mas eu tenho as melhores recomendações, sou formada e meus professores…
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  — É, Zélia, não é? Olha eu até acho legal que você tenha se aventurado dessa forma, provavelmente para fazer alguns perfumes para o seu marido… — Ela teve que conter a risada, se ele soubesse do que ela realmente gostava…
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  — E por que não? — Quis indagar, porém seu bom senso a impediu, afinal, aquela era sua melhor chance. — Eu não me aventurei, eu me especializei, fiz inúmeros testes, vendi para meus vizinhos e todos… — tentou argumentar, mas foi novamente interrompida como se naquele momento já fosse uma empregada.
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  — Vendeu para seus vizinhos? — zombou. — Olha só, se quiser mesmo trabalhar aqui na perfumaria Carioca, eu posso te oferecer um cargo mais adequado…
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  — Como eu estava dizendo, ofender a minha esposa, foi inadmissível. — A voz do empresário a arrancou de seus pensamentos.
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  — Eu sei… Já pedi desculpas — afirmou controlando a vontade de acertar aquele rosto.
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  O magnata segurou um de seus fios de cabelos em um gesto autoritário que fez o corpo de Zélia se enrijecer por inteiro em alerta.
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  — O que eu faço com você? Apesar dos erros, tem sido uma ótima secretária, pontual, obediente e bela…
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  O coração da aspirante a perfumista saltou diante do último “elogio”.
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  — Uma pena eu ter que te demitir.
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  A mulher de franja castanha não era do tipo que costumava se importar, contudo além do seu sonho, precisava daquele cargo para sobreviver, se não como conseguiria se manter no Rio de Janeiro?
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  — Por favor, senhor Juliano, eu prometo que isso nunca mais irá acontecer.
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  O dono da empresa deu um sorriso malicioso diante da vulnerabilidade da mulher à sua frente.
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  — Bom, tem um outro jeito de você continuar aqui, na verdade eu consideraria até mesmo uma promoção.
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  Zélia cruzou os braços já desconfiada.
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  — Promoção? — Sua voz saiu trêmula.
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  — É, seriam dois cargos, você continuaria como minha secretária, mas teria também que cumprir outro tipo de funções.
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  Ele cortou os centímetros que ainda os separam e segurou sua face na tentativa de forçar um beijo. Zélia todavia tinha total conhecimento de como se defender e de forma automática, realizou seu desejo de deixar uma marca naquele rosto esnobe.
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  O impacto fez Juliano se afastar enquanto gemia e a amaldiçoava através de murmúrios.
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  — Covarde.
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  Atordoada, a mulher correu para fora o mais depressa que suas pernas ainda trêmulas conseguiam. Não dava para acreditar em um absurdo daqueles. Quer dizer, desde o primeiro instante, sempre soube que o patrão não era flor que se cheirasse, porém, o assédio passava de todos os limites. Nem mesmo seu sonho valia tamanha humilhação. A repulsa corria por todo o seu corpo diante da ideia de quase ser tocada pelo nojento. O que mais a revoltava, não era ter perdido o emprego, mas sim o fato de que Juliano sairia impune e ainda teria uma beldade o esperando em casa com uma lingerie vermelha…
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  Zélia se indagou como uma mulher tão encantadora era capaz de aturar um homem como Juliano? Teria sido uma união por interesse? Bom, se fosse o caso ela não teria se dado ao trabalho de ir até o escritório do marido daquela forma… Ela havia dito algo sobre se tornar uma pintora, talvez o dono da perfumaria também tivesse arruinado seus sonhos a julgar pela forma atordoada como saiu daquela sala… Quem sabe até teria desistido da ideia de seduzi-lo! A hipótese a fez abrir um sorriso sincero e uma ideia brotar em sua mente. Se Clarice estivesse mesmo com raiva do marido, provavelmente a escutaria. Essa era a solução, talvez seu sonho não estivesse perdido afinal e ainda de quebra arruinaria ainda a reputação de Juliano para sua “bela esposa”.
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  Animada pela ideia, Zélia foi até uma floricultura, afinal não havia forma melhor de fazer as pazes, caso a senhora Alencar ainda estivesse ressentida.
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  — E então, o que vai ser? — O homem simpático de bigode indagou exibindo a diversidade de seu negócio.
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  O primeiro instinto de Zélia foi pensar em uma rosa, vermelha, afinal a madame parecia gostar da cor… porém, por algum motivo, seus olhos foram atraídos por um conjunto de pétalas roxas.
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  — Como elas se chamam? — Ela apontou com a cabeça.
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  — Ah, são flores da imperatriz, são um presente perfeito se estiver pensando em presentear alguém especial…
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  A ideia não era de todo ruim.
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  — Vou querer uma! — Não havia qualquer sinal de dúvida em seu semblante.
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Lelen

Eita, Zélia. Mudou a história, mas ainda tem o ar meio vilanesco, né? NHAHAHAHAH
E Juliano continua desprezível, alguém joga ele na frente do bonde porque não faz falta nenhuma, por favor?
Quero ver essas duas se unindo contra o homem <3

Kelsea

siiiim kkkkkk TUDO que eu queria ver na novela era alguém ter jogado o Juliano em umbonde. Siiim,essas duas unidas jamais serão vencidas!!!! <3

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