Pandemonium

  A situação não era nada agradável, nenhum dos três amigos conseguia tirar da mente a imagem de %Michelle% tentando atingir a Condessa, e muito menos da garota fincando em sua própria garganta um canivete.

  Eles estavam sentados na sala de visitas da casa de Sam, cada qual com seus pensamentos.

  %Mike% estava quieto demais. Como %Michelle% fora capaz de fazer aquilo? Por quê?

  %Candy% estava novamente encolhida num canto do sofá, suas roupas estavam manchadas pelo sangue da amiga e seus pensamentos estavam condenando-a por não ter feito nada para impedi-la de se matar. Seria assim o resto de sua vida? Todos os seus amigos morreriam na sua frente sem que ela pudesse impedir? Uma lágrima escorreu pela bochecha de %Candice%, que fungou.

  %Mark%, ainda mais calado do que sempre, apenas se aproximou da moça abraçando-a num gesto reconfortante. Ele não sabia o que dizer a nenhum dos dois presentes, não sabia o que pensar daquela situação tão horrível em que se encontrava e também não sabia se tentasse consolar os amigos diria as coisas certas.

  A sala ficou mergulhada nesse silêncio absoluto por mais alguns minutos, foi quando %Mike% se levantou firme que %Candice% parou de chorar e o encarou.

  — Precisamos ir — %Michael% murmurou decidido.

  — Acha que ainda temos chances? — %Candy% perguntou desanimada. Ainda faria sentido tentar se salvar?

  — Enquanto estivermos vivos, sempre teremos — %Mike% respondeu já arrumando suas coisas.

  O rapaz pegou os livros de %Michelle%, que estavam em cima da mesa de centro e os enfiou dentro da mochila em que vieram. Pediu para %Candice% ir verificar se havia comida em algum lugar da casa, já que tudo ali havia sido mantido da forma que Sam deixara para auxiliar os investigadores. A moça encontrou algumas bolachas, salgadinhos, sucos de litro e mais algumas coisas aparentemente nada saudáveis.

  Voltou para a sala com várias sacolas cheias de mantimentos e logo subiu para o andar dos quartos para pegar alguma roupa limpa de Sam emprestada. Quando retornou, %Mike% já havia colocado a maior parte das coisas dentro da van que haviam pegado emprestada.

  — %Mark%, vai levar sua mala? — %Michael% perguntou apontando.

  — Eu... — %Mark% murmurou hesitante.

  O ambiente caiu em silêncio novamente, %Mike% e %Mark% trocavam olhares enquanto %Candice% os observava confusa, mas já tendo ideia do que poderia acontecer a seguir.

  — Eu... Não vou — %Mark% murmurou baixando o olhar nervosamente.

  — Quê? — %Michael% sibilou entre dentes com certa ira no olhar.

  — Não vou com vocês. Eu... Eu... — O rapaz não sabia o que dizer.

  — Como é que você... — %Mike% começou a falar, mas foi interrompido por %Candice%, que saltou os últimos degraus da escada indo parar ao seu lado.

  — Deixa ele, %Mike% — murmurou cabisbaixa, mas decidida. — Aqui não é o exército, luta quem quer.

  — Não é o exército, mas é quase uma guerra! — %Michael% encarava %Mark% zangado. Como é que ele, a quem todos chamaram de amigo, os abandona daquela forma?

  — Deixa, %Michael% — %Candy% repetiu segurando sua mão.

  — Mas... — ele tentou replicar.

  — Vamos, estamos perdendo tempo. — A garota sorriu afetada, puxando o amigo para fora da casa.

  %Mark% encarou os dois. Ele não sabia bem por que estava fazendo aquilo. Talvez ele fosse covarde demais para encarar aquele desafio ao lado dos dois. Ou talvez pensasse que sozinho e se mantendo vivo no jogo longe de todos ele teria uma chance maior do que indo servir de isca numa emboscada.

  — Espero que consigam... — murmurou baixinho da porta.

  %Mike% fez menção de voltar os passos e meter um imenso soco na cara de %Mark%, mas %Candice% o impediu fazendo-o entrar na van para aquecer o motor. Ela por si, deu meia volta e se postou a frente do rapaz.

  — Eu não entendo seus motivos, mas respeito você. — %Candy% sorriu fraco. %Mark% apenas a encarou envergonhado de si mesmo. Ele não podia estar fazendo aquilo com aquela garota e nem com %Mike%, mas estava.

  — Erm... Obrigado... Eu acho — o rapaz sussurrou um pouco nervoso e hesitante.

  — Acho que isso é um... Até algum dia, certo? — A moça sorriu novamente, agora parecendo um pouco mais animada. Ela deu um abraço tímido em %Mark%, que ficou confuso, mas retribuiu. — Vou sentir sua falta — murmurou antes de unir seus lábios aos do rapaz, que se surpreendeu. Depois de um curto selinho a garota se afastou. — Ah, e mesmo que você tenha abandonado a gente agora, vou fazer o impossível para nos salvar, até a você. — %Candy% riu enquanto caminhava até a van onde %Mike% a esperava impaciente.

  — Tem certeza que não vai? — o garoto perguntou olhando para %Mark% pela janela do motorista. O rapaz na porta da casa apenas fez que sim com a cabeça. — Ótimo, então boa sorte, %Downs%... Vai precisar.

  %Michael% cuspiu as palavras com raiva e logo deu a partida, deixando um %Mark% confuso e assustado para trás.

  Aquilo não estava certo, mas a decisão já estava tomada e nada poderia mudar aquilo... Poderia?