Parte 8
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O gatinho se aproximou do pote assim que %Sunhee% começou a despejar a ração por lá, e então ainda agachada por lá, ela o acariciou assim que ele começou a comer.
O som inesperado de batidas à sua porta fez com que ela levantasse os olhos para lá, sem parar de acariciar o bichano, que não pareceu nenhum pouco incomodado com as batidas.
— Quase às sete da noite? Quem pode ser? — Se levantou ouvindo os joelhos estalarem levemente e riu de como estava se sentindo sedentária e até um pouco velha.
Abriu a porta com um pouco de receio, só um pedaço, e colocou metade do rosto para fora, dando de cara com um buquê de rosas vermelhas tampando o rosto da pessoa do outro lado.
O cheiro das rosas foi a primeira coisa que chegou até ela — doce, intenso, inconfundível.
Por um segundo, %Sunhee% congelou, encarando o buquê que tapava completamente o rosto da pessoa do outro lado. O coração deu um pulo sem aviso, e ela precisou de um instante para processar o que estava acontecendo.
—
Hã… oi? — disse, confusa, com a testa franzida e meio sorriso no canto da boca.
Foi então que o buquê abaixou lentamente, revelando %Eric%, com aquele meio sorriso torto e olhos brilhando sob a luz da varanda.
— Desculpa aparecer assim, mas… achei que você merecia um buquê no seu primeiro dia oficialmente contratada.
%Sunhee% piscou algumas vezes, surpresa demais para falar de imediato.
— Uau… isso é… — ela olhou para as flores, depois para ele. — Um exagero fofo.
— E tem mais — %Eric% ergueu a outra mão, olhando o relógio. — Jantar.
Ela arqueou uma sobrancelha, ainda segurando a porta entreaberta.
— Você tá me convidando pra um jantar na minha própria casa?
— Na verdade… — ele riu, ajeitando o buquê — Eu pensei em te levar pra jantar fora. Como uma comemoração pelo emprego novo. E, claro… — o sorriso dele cresceu um pouco mais — …porque hoje é Dia dos Namorados.
%Sunhee% sentiu o estômago revirar — mas de um jeito bom, elétrico. O friozinho subiu pelas costas e fez seu coração acelerar como se tivesse voltado à adolescência.
— Então não é só pelo emprego?
— Não. — Ele respondeu, firme, sem hesitação. — É por você. Porque você voltou. E porque... eu queria te ver hoje de novo
Ela ficou em silêncio por um segundo. Só um segundo. Porque logo depois disso, abriu a porta por completo e estendeu a mão para pegar o buquê.
— Me dá cinco minutos pra me arrumar e passar pelo menos um batom.
Ele riu enquanto ela desaparecia pela casa com o buquê apertado contra o peito — e um sorriso que ela já não conseguia esconder nem que quisesse.
🫰🫰🫰
Começou a procurar por algum vestido que fosse apresentável para um jantar com %Eric%, seu amigo de infância — barra, primeiro amor, e bom, agora chefe.
Jogou algumas peças de roupa pela cama, e então encontrou um vestido em uma das gavetas — e soube na hora que seria ele.
Era um vestido branco, justo ao corpo, de tecido macio e leve que se moldava com naturalidade às curvas. O modelo era reto, com comprimento curto, logo acima dos joelhos, e alças finas que deixavam os ombros à mostra. Minimalista, mas com um charme discreto que fazia ele se destacar mesmo sem esforço.
Ao vesti-lo, %Sunhee% se olhou no espelho e sentiu algo diferente.
Voltando a se sentir… bonita. Desejável. Viva.
Passou os dedos pelos cabelos, soltou um suspiro nervoso e pegou um colar delicado para completar. Era um jantar com %Eric%, ela repetia para si mesma. Seu amigo de infância, o garoto das frutas roubadas e do casaco vermelho.
Mas lá no fundo, sabia que aquela noite podia ser muito mais do que isso.
🫰🫰🫰
%Sunhee% ajeitou a alça fina do vestido no ombro, passou a mão pelos cabelos uma última vez e respirou fundo antes de sair do quarto. Estava nervosa, mas decidida. Quando atravessou o corredor e surgiu na sala, os saltos baixos ecoando no piso de madeira, viu %Eric% se virar em sua direção.
O buquê agora repousava sobre a mesinha da entrada, e ele estava observando o ambiente distraidamente… até que a viu.
Os olhos dele passearam pelo corpo dela devagar, como se cada centímetro fosse um choque suave de surpresa e admiração. Começaram pelos pés, subiram pelas pernas à mostra, pararam no vestido branco justo — simples, mas de efeito devastador — e se perderam brevemente nos ombros dela, descobertos sob a luz amarelada da luminária.
Por um instante, %Eric% esqueceu completamente como se respirava.
— Uau… — foi tudo o que conseguiu dizer, num tom quase reverente.
%Sunhee% sentiu as bochechas esquentarem, mas manteve o sorriso leve, fingindo não notar o olhar dele.
— É só um vestido, %Eric%. Não precisa olhar como se eu tivesse saído de um filme.
— É que… você parece que saiu direto da memória — ele disse, ainda olhando pra ela. — Mas, de alguma forma, melhor.
Foi então que os olhos dela se desviaram para a jaqueta que ele usava. Um casaco vermelho escuro, de tecido mais moderno, corte mais ajustado… mas inconfundível.
Ela parou por um segundo, o sorriso vacilando, e o peito apertando com a lembrança.
— Esse casaco… — ela murmurou. — Você ainda tem um igual.
%Eric% abaixou os olhos para o próprio peito e sorriu de lado.
— Esse aqui é novo. O outro não caberia mais em mim nem com mil promessas. Mas… — ele ergueu o olhar para ela outra vez. — Era o meu preferido. Achei que fazia sentido usar hoje.
Ela mordeu o lábio, tentando conter o turbilhão de sensações.
— É quase injusto você usar isso. Me faz lembrar demais.
Ela ergueu uma sobrancelha.
— Vamos descobrir no jantar?
%Eric% sorriu, estendendo o braço.
Ela aceitou, entrelaçando o braço no dele, e os dois saíram pela porta como se o tempo estivesse se reorganizando para deixá-los exatamente onde deveriam estar.
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