O Casaco Vermelho


Escrita porBetiza
Editada por Lelen


Parte 2

Tempo estimado de leitura: 12 minutos

  O mesmo supermercado de sempre, ela e a família nunca haviam comprado em outro e isso era desde que ela se entendia por gente. Ela sabia que hoje quem tomava conta eram os filhos do senhor Cho, e claro, os netos deles, que haviam estudado com %Sunhee% na única escola de Yulha os ajudavam a tomar conta.
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  — Ryujin! — %Sunhee% parou na porta do supermercado assim que entrou e viu a morena organizando uma prateleira a alguns metros.
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  Ela virou os olhos na direção do chamado e então arregalou levemente os olhos, depois de um breve instante de surpresa e até espanto, Ryujinsorriu e então caminhou na direção de %Sunhee%. Ainda sorrindo ela abriu os braços, puxando %Sunhee% para um abraço caloroso, pegando a mesma de supetão.
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  %Sunhee% definitivamente não esperava aquela reação e muito menos aquele abraço tão caloroso por parte de Ryujin, afinal de contas apesar de terem estudado juntas desde o ensino fundamental até o médio, as duas nunca foram melhores amigas.
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  — Meu Deus, %Sunhee%! — Ryujin afastou-se só o suficiente para olhar o rosto da outra — Olha só pra você! Quanto tempo!
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  — Pois é… — %Sunhee% sorriu de leve, ainda um pouco surpresa com a recepção — Desde a formatura, eu acho.
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  — Nossa, tudo isso? Nem parece. — Ryujin soltou uma risadinha e ajeitou uma mecha de cabelo atrás da orelha. — Mas o que tá fazendo aqui? Achei que tinha se mudado de vez pra Seul ou alguma cidade grande dessas.
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  —Morei em Busan nos últimos anos… mas voltei pra cuidar da casa da minha avó — respondeu, abaixando um pouco o tom na última parte. — Ela faleceu no fim do ano passado, e agora a casa ficou comigo.
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  — Ah… poxa, eu sinto muito. — Ryujin tocou o braço de %Sunhee% com leveza, em sinal de solidariedade. — Sua avó era uma fofa. Lembro dela levando você de lancheira na mão pra escola.
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  — É… ela era tudo. — %Sunhee% assentiu com um sorriso triste, antes de mudar de assunto. — E você? Tá trabalhando aqui com sua família?
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  — Sim! Depois que meu pai e meu tio assumiram de vez, eu e minha prima começamos a ajudar mais. É puxado, mas é bom estar por perto, sabe? Yulha pode ser parada, mas tem seu charme.
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  — Isso com certeza não mudou — %Sunhee% disse, olhando em volta. — O cheiro da padaria ainda é o mesmo.
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  — O pão de leite continua famoso, se é isso que você quer saber! — Ryujin riu. — Mas vem cá, vai ficar por aqui um tempo ou só tá de passagem?
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  — Acho que vou ficar… pelo menos por enquanto. Ainda tô decidindo o que fazer com tudo.
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  Ryujin assentiu, agora mais suave no olhar.
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  — Bom… se precisar de qualquer coisa, é só aparecer. A gente pode não ter sido super próximas, mas você sabe como Yulha funciona — aqui todo mundo se encontra cedo ou tarde.
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  %Sunhee% sorriu com mais sinceridade dessa vez.
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  — Sei sim. Obrigada, Ryujin.
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  — E aproveita que hoje tem bolinho de arroz recém-feito ali no fundo. Se você não pegar agora, some em dois minutos.
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  — Bolinho de arroz? Aí sim... — ela respondeu, caminhando para os fundos. — Pelo visto algumas coisas realmente nunca mudam.
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  %Sunhee% já havia enchido uma cestinha com o básico: arroz, legumes, chá, um potinho de kimchi e, claro, os bolinhos de arroz que Ryujin havia recomendado. Caminhava devagar pelos corredores do mercado, redescobrindo os produtos, as marcas locais, e até reconhecendo algumas senhoras que ainda faziam compras por ali, como se o tempo tivesse dado apenas um leve salto, e não um pulo de tantos anos.
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  No caixa, uma adolescente de uniforme vermelho e coque malfeito passou os itens com pressa, mal erguendo os olhos. %Sunhee% pagou, agradeceu e saiu com duas sacolas nas mãos, respirando fundo o ar de fim de tarde, que já começava a esfriar um pouco.
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  Foi então que ouviu um miado — curto, insistente — vindo de perto das bicicletas encostadas à parede lateral do supermercado.
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  Ela virou o rosto por instinto, curiosa, e seus olhos se detiveram na silhueta agachada de um homem, vestindo um moletom cinza claro e jeans escuros. Os cabelos castanhos estavam um pouco bagunçados, e ele estendia a mão com calma na direção de um pequeno gato malhado que se escondia sob uma das bicicletas.
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  — Ei, tá tudo bem… — ele dizia num tom baixo e gentil. — Não precisa fugir de novo.
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  O coração de %Sunhee% parou por um segundo. Ela reconheceria aquela voz em qualquer lugar.
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  Era %Eric%.
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  Ele se virou um pouco ao sentir o olhar dela, e os olhos dos dois se encontraram. O tempo pareceu vacilar, tropeçar. O casaco vermelho não estava ali — mas era como se estivesse.
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  Ele franziu os olhos por um instante, como se o cérebro tentasse confirmar o que os olhos já sabiam. E então o sorriso nasceu, leve, pequeno, mas real.
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  — %Sunhee%?
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  Ela ainda segurava as sacolas, os dedos levemente trêmulos.
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  — Oi, %Eric%.
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  Ele se levantou devagar, dando uma última olhada no gatinho, que agora lambia a própria pata, mais calmo. Limpou as mãos na calça e se aproximou com passos tranquilos.
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  — Uau… quanto tempo.
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  — Muito — ela respondeu, ainda um pouco atordoada. — Eu... não esperava te ver aqui.
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  — Eu podia dizer o mesmo — ele sorriu, e o olhar dele era tão gentil quanto ela lembrava. — Mas, pensando bem… acho que era só uma questão de tempo até a gente se esbarrar de novo. Essa cidade tem o péssimo hábito de juntar as pessoas na hora certa.
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  — Eu posso… — %Eric% apontou com o queixo para as sacolas nas mãos dela — Levar isso até o seu carro. Se não for incômodo, claro.
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  %Sunhee% hesitou por um segundo, mas assentiu, entregando uma das sacolas.
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  — Obrigada. Fica no estacionamento de trás.
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  Eles começaram a andar lado a lado, sem muita pressa, os passos sincronizados por um silêncio confortável, embora carregado de pensamentos.
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  — Então… — ele começou, olhando de relance para ela — Tá de volta por um tempo ou…?
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  — Talvez por mais que isso. Minha avó faleceu no fim do ano passado. Eu voltei pra cuidar da casa, organizar as coisas…
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  — Sinto muito. Ela era uma mulher incrível — %Eric% disse com sinceridade, e ela notou a leve mudança no tom de voz. — A última vez que a vi, ela ainda estava distribuindo doces pras crianças na frente da escola, como sempre fazia.
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  %Sunhee% sorriu com os lábios, sem mostrar os dentes, e olhou para o chão por um segundo.
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  — Ela nunca mudou, né?
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  — Nem um pouco. Algumas pessoas parecem não envelhecer de verdade, só se tornam ainda mais elas mesmas.
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  Ela soltou uma risadinha baixa e depois olhou para ele com uma curiosidade inevitável.
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  — E você? Tá morando aqui mesmo?
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  — Desde que terminei a faculdade. Voltei pra trabalhar na clínica veterinária do meu pai. Agora ela é minha, na verdade. — Ele ajeitou a alça da sacola no ombro. — Não é uma vida agitada, mas... gosto da rotina aqui.
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  — Você sempre gostou de cuidar dos bichos — ela comentou, com um brilho leve no olhar — Lembro de você escondendo aquele filhote de cachorro dentro da sua mochila, na sexta série.
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  %Eric% riu, balançando a cabeça.
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  — O Jjangu! Nossa… você lembra disso?
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  — Como esquecer? Você chorou quando a professora descobriu.
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  — Ei! — Ele fingiu indignação. — Eu era sensível, ok?
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  %Sunhee% riu de verdade agora, e por um instante os dois pararam de andar, bem ao lado do carro dela.
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  — Aqui — ela apontou, destrancando o carro com o controle.
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  %Eric% colocou a sacola no banco de trás com cuidado, e então se virou para ela, as mãos nos bolsos agora.
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  — É bom te ver, %Sunhee%. De verdade. Acho que a cidade ficou um pouco mais interessante com você de volta.
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  Ela sentiu o rosto esquentar, não sabia bem se pelo elogio ou pelo jeito casual com que ele disse aquilo — como se fosse a coisa mais natural do mundo.
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  — Obrigada… e foi bom te ver também. De verdade.
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  Por um momento, ficaram apenas ali, parados, como se não soubessem ao certo se deveriam dizer mais alguma coisa ou deixar o tempo falar por eles.
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  — Você ainda gosta de chá de jujuba? — ele perguntou, quebrando o silêncio com um meio sorriso nostálgico.
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  — Gosto… — ela respondeu, surpresa pela lembrança. — Por quê?
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  — A cafeteria da praça ainda serve o mesmo de sempre. Se quiser… posso te pagar uma xícara qualquer dia desses.
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  %Sunhee% olhou para ele por um momento, o coração batendo um pouco mais forte do que deveria.
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  — Eu gostaria disso.
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  — Então é um plano.
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  Ele se afastou com um aceno leve, voltando em direção à lateral do supermercado, onde o gatinho ainda o esperava.
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  Ela ficou observando por alguns segundos, antes de entrar no carro com o coração batendo mais devagar… e mais fundo.
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  Como se uma parte esquecida de si mesma estivesse finalmente encontrando o caminho de volta.
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  Depois de guardar as compras dentro dos armários e da geladeira %Sunhee% resolveu preparar um almoço bem rápido apenas para não cair morta de fome no chão caso sua pressão baixasse ainda mais.
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  O cheiro ramen instantâneo que ela preparou invadiu a casa, fazendo com que seu estômago roncasse em resposta, depois de alguns minutos ela pegou a vasilha de plástico com sua preciosa refeição e se sentou no sofá, afundando o corpo nas almofadas com um suspiro satisfeito. Dobrou uma das pernas sobre o assento e deixou a outra esticada no chão, apoiando o potinho quente no colo. Com os hashis em mãos, ela se curvou levemente para frente, soprando o caldo fumegante antes de levar a primeira garfada à boca. O conforto da comida quente contrastava com o cansaço nos músculos — e por alguns minutos, era como se nada mais importasse além daquele sabor simples e familiar.
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