Noivado de Conveniência

Escrita porRay Dias
Editada por Natashia Kitamura

Capítulo 4

Tempo estimado de leitura: 32 minutos

Para os avós de Miguel, aquele não era um simples churrasco de família. Era quase uma celebração, um ensaio geral para um futuro que eles já tinham decidido no coração: Miguel e Sofia, juntos, como um casal de verdade.
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  Na cozinha, Helena e Vera orquestravam o cardápio como se estivessem montando um banquete de casamento. Vera cortava legumes com uma precisão quase cerimonial, enquanto Helena ajeitava as travessas e já imaginava como ficariam na mesa posta ao ar livre.
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  — A gente precisa de uma sobremesa que simbolize a união — murmurou Helena, colocando morangos no chantilly.
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  — União? — Vera arqueou a sobrancelha. — Helena, isso aqui é só um churrasco…
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  — Só um churrasco? — Helena deu um risinho. — Minha filha, esse churrasco pode mudar o rumo da vida deles. Você não conhece meus sogros, Vera!
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  No quintal, Roberto e Antônio discutiam sobre a melhor forma de acender a churrasqueira, como se aquilo fosse uma ciência exata. Anselmo, o avô, afiava uma faca com tanto zelo que parecia se preparar para um grande ritual de iniciação.
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  — Você exagera, pai — disse Roberto, observando o brilho da lâmina.
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  — Exagero nada! — respondeu Anselmo com orgulho. — Hoje é um dia importante. Um homem precisa saber cortar bem a carne para impressionar a futura esposa.
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  Antônio, rindo, completou:
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  — No caso, o Miguel não vai precisar impressionar tanto. Porque se depender da Sofia, a menina já está conquistada.
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  Dona Lúcia entrou no quintal com uma cesta de flores colhidas no jardim. Depositou-as na mesa ao lado das travessas e, com ar sonhador, anunciou:
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  — Quero ver essa mesa florida. É dia de festa. Quem sabe não termina em brinde de noivado?
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  Os quatro adultos se entreolharam, cúmplices, e riram em tom conspiratório. A palavra “noivado” não precisava ser dita em voz alta, mas já ecoava no ar como uma possibilidade doce e inevitável. O sítio inteiro parecia vibrar em expectativa. As galinhas ciscavam agitadas, os cachorros corriam pelo quintal, e até o vento parecia soprar mais festivo.
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  Helena suspirou, encostando na janela e olhando o campo verde que se estendia até perder de vista.
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  Miguel que havia atendido ao pedido do avô de buscar o carvão se aproximou com o pacote, observando o ir e vir das famílias como se estivesse prestes a ser degolado.
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  Anselmo, por sua vez, não parava de ajeitar a churrasqueira, repetindo cada gesto com a concentração de um maestro.
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  — Se eu colocar o carvão assim… não, não, espera — disse ele, franzindo a testa. — O fogo precisa ter intensidade, gente. É assim que um homem mostra serviço. Está observando bem, Miguel?
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  — Tô sim, vô… — Miguel suspirou.
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  Roberto, apoiado na grade do quintal, ria, enquanto ajustava o chapéu para não suar.
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  — Pai, você sabe que ninguém irá notar o padrão do carvão, né?
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  — Não importa! — respondeu Anselmo, firme. — Um bom churrasco é sinal de caráter. Se Miguel não dominar isso, como vai impressionar a Sofia e todos que eles receberem na casa deles?
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  Antônio e Roberto também discutiam estratégias complementares. Roberto queria trazer um violão para tocar ao pôr do sol, imaginando um clima digno de filme, enquanto Antônio insistia em preparar uma “prova de casal” improvisada: ensinar Miguel e Sofia a plantar mudas na horta juntos.
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  — Olha, se eles conseguirem coordenar a enxada sem brigar, tá mais do que aprovado — disse Antônio, piscando.
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  — Ou se ficarem rindo até cair na terra, também serve — acrescentou Roberto, sem conseguir segurar a risada.
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  Dona Lúcia, vendo a cena, bateu palmas:
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  — Pronto! Vejo que o plano está se desenhando sozinho. Até a natureza está colaborando. Vocês viram como as galinhas estão agitadas? Já devem sentir que hoje é um dia especial!
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  Helena pegou um bloco de papel e começou a rabiscar um “cronograma de atividades”: cavalgada, horta, pescaria e, é claro, o churrasco no fim da tarde. Em cada item, anotava pequenas oportunidades para “testar a compatibilidade do casal”. Vera olhou desconfiada:
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  — Você realmente vai colocar isso no papel? Eles vão achar que somos loucas.
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  — Loucas ou visionárias? — retrucou Helena, com sorriso de vitória.
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  No quintal, Roberto observava o céu azul e murmurava para Anselmo:
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  — E se eu inventar um desafio de pescaria? Quem pegar mais peixe, ganha… uma recompensa simbólica de casal.
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  — Excelente! — concordou o avô. — E eu complemento com uma degustação de sobremesa caseira. Nada como doces para ver como o coração deles reage.
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  E assim, o sítio inteiro já se preparava para fazer de Miguel e Sofia, oficialmente noivos. A tensão cômica estava no ar, mas também um toque de expectativa.
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  Sofia surgiu no quintal e começou a rir ao notar que Anselmo estava dando um curso de churrasco para o neto, mas o sorriso murchou ao perceber também que Antônio e Roberto estavam em cochichos bastante suspeitos, em tom conspiratório, tal como suas mães na cozinha.
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  — Miguel! — Ela chamou e os quatro homens a encararam.
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  — Vá ver o que sua noiva quer, o vovô ajeita aqui! — Anselmo comentou tocando o ombro do neto.
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  — Vô, ela não é minha noiva!
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  — Tá, tá… Anda menino, ela parece aflita.
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  Quando Miguel se aproximou de Sofia, ela imediatamente o puxou pela mão para irem caminhar longe de todos aqueles prepartivos. Distantes e a sós, ela explodiu:
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  — Miguel! O que faremos? Isso está se tornando um noivado contra nossa vontade! E não podemos sequer nos rebelar, já que… Aparentemente somos o casal mais “lovebug” do ano!
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  — Lovebug? Que porra é essa? — Miguel perguntou distraído.
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  — É tipo… Amor inesperado e contagiante! Não interessa! Foca em mim, por favor? — Sofia pediu jogando os cabelos, de um modo ansioso.
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  — Sofi… Eu não sei o que fazer! Tudo me remete a nós contarmos a verdade!
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  — Ai meu Deus, porque a gente entrou nessa? — Sofia se abaixou agachada abraçando os joelhos e Miguel suspirou mordendo os lábios.
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  Ele se agachou na frente dela e tocou seu queixo para encará-lo.
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  — Olha só… O que me deixou mais preocupado não é a loucura dos nossos pais.
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  — Como não?
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  — É a verdade que mora nisso tudo, Sofi. Como… A certeza com que eles falam de sentimentos que nós sequer conhecíamos e… As provas de que lá atrás, em algum momento, realmente tivemos algum interesse diferente um no outro.
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  — Não tivemos não! — Sofia insistia em negar.
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  — Ah então não teve mesmo ciúme da Luísa? Seus pais inventaram aquilo?
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  — Foi ciúme de amiga! Igual você com o Leonardo.
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  — Então você tem um problema ou eu tenho um problema. Meu ciúme do Leonardo não era mesmo como amigo.
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  Miguel confessou e Sofia o encarou assustada.
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  — Qual é, Sofi… Já deu pra perceber que eu estou balançado com essa história não é? Mas, isso não aconteceria se eu já não tivesse cogitado você de outra maneira, antes. E sim, quando o Leonardo surgiu começou com um ciúme por vê-lo tentar nos afastar, mas cada vez que ele desocnfiava mais dos meus sentimentos eu notava que sim, eu estava atraído por você. Só que éramos amigos, e eu não ia ficar alimentando isso. Não fazia sentido sozinho… Até agora.
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  — Agora faz sentido? Por que?
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  — Porque você também já esteve ou está atraída pela ideia de sermos um casal.
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  Sofia enrubesceu e fechou os olhos mordendo os lábios. Olhou para Miguel que parecia maduro ao relatar e enfrentar o que sentia. Ela se levantou de supetão, com as mãos na cintura:
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  — Puta que pariu, Miguel! E então? O que a gente faz com isso?
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  — Não sei, vamos deixar pra pensar quando voltarmos pra casa. O sítio não está com atmosfera pra gente inventar qualquer coisa e acabar com a felicidade deles. Se querem nos noivar, deixem nos noivar. Você não falou ue depois a gente sai dessa com um término repentino tal como foi o namoro?
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  — É só que antes a desculpa pra terminar por “incompatibilidade, somos melhor como amigos” casava né! — Ela disse com atenção a algo que ele não tivera.
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  — Tá… — Miguel ponderou e declarou com a solução: — Então eu vou te trair com a Luísa. É isso, não me importo de sair como o vilão, mas no final, seremos maduros o suficiente pra notar que nossa conexão como amigos supera qualquer coisa.
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  — Nem a pau! Eu não vou sair dessa história corna, muito menos de um chifre colocado por aquela lambisgóia!
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  Sofia declarou e deu as costas pisando fundo e irritada pela sugestão. Miguel observou a reação dela e olhou para as galinhas ao seu redor e riu. Estava muito satisfeito com aquilo e agora havia decidido: foda-se o medo, queria namorar oficialmente com Sofia.
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N O I V A D O • D E • C O N V E N I Ê N C I A

  Retornando para onde os preparativos do churrasco da tarde estava sendo feito, Miguel e Sofia foram surpreendidos por Dona Lúcia os dispensando de qualquer tarefa.
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  — Helena e Vera tiveram excelente ideia: vocês precisam curtir esse sítio como casal, já que sempre vieram como amigos! Então, aproveitem a manhã para cavalgar, pescar e mexer com a terra! — a avó falou risonha.
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  Miguel e Sofia, ainda com o humor oscilando entre a surpresa e o constrangimento do “ensaio de noivado” matinal, foram gentilmente arrastados para a primeira atividade do dia: a cavalgada.
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  — Hoje vocês vão dividir o mesmo cavalo — anunciou Anselmo, sério como se fosse um general em campanha. — Para se acostumarem com parceria e intimidade de uma vida a dois.
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  Miguel e Sofia se entreolharam, tentando disfarçar a incredulidade.
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  — Dividir? Mas… — Miguel começou, hesitante.
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  — Não tem mas, Miguelzinho! — completou Anselmo, já colocando o animal à disposição. — É prática! Parceria! Amor verdadeiro!
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  — Somos parceiros há catorze anos, vô Anselmo. Se o senhor soubesse as poucas e boas que Miguel já passamos… — Sofia comentou sorrindo.
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  — É diferente minha querida… Antes, vocês eram como Batman e Robin. E agora a coisa mudou, não é? Tem uma cumplicidade que vocês nunca experimentaram, mas precisam conhecer! — O senhor sorria nostálgico olhando de longe para Lúcia.
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  O cavalo, um animal imponente e claramente paciente, deu um passo lento enquanto Miguel e Sofia tentavam ajustar-se lado a lado no mesmo lombo. Sofia, sentada atrás, segurava Miguel com firmeza, mas não deixou de fazer comentários irônicos:
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  — Uau… nada como se enroscar num cavalo gigante para reforçar a intimidade, hein?
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  Miguel sorriu forçado, tentando manter a postura de herói experiente:
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  — Calma, Sofi. Eu controlo. Tudo sob controle.
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  O problema é que o “sob controle” durou pouco. O cavalo deu um passo mais largo, Miguel perdeu o equilíbrio, Sofia quase caiu, e os dois terminaram rindo desesperadamente, agarrados um ao outro, no lombo do animal como se estivessem em uma montanha-russa improvisada. Anselmo aplaudiu satisfeito:
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  — Isso! Viram como uma tarefa simples pode parecer um desafio! O cavalo é como algumas das lombadas que a vida tem!
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  Depois da cavalgada, Dona Lúcia os convocou para a horta.
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  — Sofia, vem me ajudar aqui — chamou, com um sorriso conspiratório. — Vou te mostrar como plantar mudas de tomate.
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  Sofia se aproximou, satisfeita por escapar do cavalo, mas Miguel logo apareceu, com aquela cara de “deixa eu dar uma força”:
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  — Posso ajudar também? — perguntou, e antes que alguém pudesse intervir, estava com a camisa já manchada de terra, tentando arrancar uma muda de forma desastrada. Sofia olhou para ele e começou a rir, tão alto que as galinhas se dispersaram. Miguel, furioso e sujo, tentou “vingar-se” jogando um punhado de terra nela. Resultado: os dois terminaram cobertos de barro, abraçados por acidente, enquanto os adultos observavam com olhares cúmplices e gargalhadas contidas.
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  — Ah, esses dois… — suspirou Helena, admirada e divertida ao mesmo tempo.
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  — Amor e barro andam de mãos dadas — comentou Vera, piscando para Dona Lúcia. — Desde “Ghost”, não é?
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  Mais tarde, veio a pescaria, planejada por Antônio como a prova final de coordenação do casal. Sofia, que nunca escondeu sua aversão a minhocas, encarou o balde com expressão de horror. Miguel tentou contornar:
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  — Não se preocupa, Sofi, eu pego o peixe, você só observa.
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  Mas, claro, nada saiu como planejado. Miguel exagerou ao tentar ensinar a Sofia a lançar a linha, tropeçou em uma pedra, e foi parar dentro do lago. Sofia caiu na gargalhada, segurando o caniço de pesca enquanto Miguel se debatida, encharcado, tentando manter dignidade e ao mesmo tempo se livrar do lamaçal.
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  — Eu não acredito! — gritou ela entre risadas — Você quase se afogou por minha causa!
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  — Quase? — Miguel respondeu, fazendo careta — Acho que engoli a porra da minhoca!
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  Eles estavam em um barranquinho alto, e Sofia aproximou da encosta abaixando e estendeu a mão para o ajudar, mas ao tentar pegá-la, Miguel escorregou no lamaçal e Sofia caiu na água também. Quando finalmente saíram do lago, encharcados, enlameados e exaustos, cada um carregando marcas visíveis da “prova de casal”, os avós e pais comemoraram como se tivessem acabado de presenciar a lua de mel perfeita:
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  — Viram? — exclamou Anselmo, batendo palmas. — Coordenação, risadas, parceria! É o casal perfeito!
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  — Acho que eles só precisam de mais prática na cama… de barro — murmurou Roberto, piscando para Helena.
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  Sofia olhou para Miguel, suja de terra, cabelo desgrenhado, e não conseguiu segurar um sorriso cúmplice. Miguel, por sua vez, olhou para ela com expressão de derrota e diversão ao mesmo tempo. Nenhum dos dois dizia nada, mas o olhar carregado de algo entre irritação e encanto dizia tudo: eles estavam quase afundados na possibilidade de não precisar mais fingir.
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  E assim, entre cavalgadas desastradas, horta enlameada e quase-afogamentos, o dia avançou, deixando Miguel e Sofia mais próximos do que jamais tinham imaginado, e a cada passo torto, cada risada e cada gesto automático de cuidado estavam transformando a mentira em algo perigoso e delicioso.
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  Miguel e Sofia, ainda com a roupa manchada de barro e cabelo desgrenhado, voltavam da pescaria entrando em casa. Eles riam e tentavam se recompor, quando ouviram o barulho de carros chegando na entrada do sítio. Olhares de curiosidade se cruzaram, e antes que pudessem reagir, portas se abriram e, de maneira triunfal, apareceram Camila e Caio.
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  — Surpresa! — exclamou Camila, com um sorriso largo e uma malícia óbvia nos olhos. — Alguém pediu por nós?
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  Sofia arregalou os olhos, quase deixando o balde de peixe escapar das mãos. Miguel, por sua vez, paralisou, a expressão congelada entre horror e incredulidade.
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  — Como assim… vocês estão aqui?! — balbuciou Sofia, olhando de um para o outro, depois para Miguel, num silencioso pedido de explicação.
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  Camila não perdeu tempo:
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  — Ah, pelo que ouvi, a festa de noivado está acontecendo aqui, no sítio dos avós do Miguel! Não podíamos perder, né? — piscou, deliberadamente, para Sofia.
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  Caio, encostando casualmente na lateral do carro, acrescentou seu sarcasmo típico:
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  — Imagina só, Miguelzinho, você todo enlameado, tentando impressionar a futura esposa… e nós chegando para conferir. Que cena, hein?
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  Os pais e avós explodiram em aplausos, gargalhadas e exclamações, como se aquela chegada tivesse sido planejada como o clímax de um grande espetáculo:
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  — Que alegria! — disse Dona Lúcia, batendo palmas. — A família toda reunida!
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  — Nunca tivemos um churrasco tão especial — completou Anselmo, sorrindo de canto de olho para Miguel.
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  Sofia, ainda ruborizada, encarava Camila com uma mistura de constrangimento e raiva contida:
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  — Vocês sabiam que iam vir…
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  — Claro que sim! — respondeu Camila, divertida — Seus pais nos chamaram para dar um tempero extra na festa. E cá estamos!
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  Miguel tentou intervir, mas Caio, aproveitando o momento, completou:
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  — E eu trouxe o ar-condicionado emocional para esfriar a tensão. Vai ser hilário ver vocês tentando fingir que não têm sentimentos.
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  Enquanto todos comemoravam, Miguel e Sofia se entreolharam, com sorrisos nervosos e olhos que diziam “o que vamos fazer agora?”. Cada gesto de Camila e cada comentário sarcástico de Caio parecia aumentar a pressão cômica: Sofia segurava o riso tentando não parecer descontrolada, e Miguel apertava o punho de leve, tentando manter a compostura, mas falhando miseravelmente.
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  — Vamos servir as bebidas? — sugeriu Vera, tentando acalmar o clima.
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  — Sim, e vocês dois — completou Helena, com olhos brilhando de diversão para Miguel e Sofia — vão se limpar e se arrumar, o churrasco já vai começar.
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  Camila aproveitou para soltar outra frase comprometedoramente óbvia:
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  — Ah, Miguelzinho, olha como a Sofia está radiante com você! Parece até que…
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  — Camila! — Sofia interrompeu, vermelha, quase engasgando com a risada que tentava conter.
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  Caio, do lado, jogou mais lenha no fogo:
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  — E essas mãos sujas de barro? Já tão mostrando o jeito que vocês combinam. Que casal romântico!
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  Enquanto isso, os adultos observavam e comemoravam como se aquele fosse o churrasco mais memorável de todos os tempos. Cada tropeço, cada comentário, cada risada de Miguel e Sofia se transformava em prova de compatibilidade, e a tensão entre o casal, embora evidente, era observada com alegria e humor pelos familiares e amigos.
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  Miguel suspirou, puxando Sofia levemente de lado:
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  — Sofi… Esquece a preocupação com esse noivado maluco, a gente precisa conter a boca de caçapa da Camila.
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  — Eu sei… — ela respondeu, mordendo o lábio. — Mas quer saber? Pior que tá, não fica.
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  E assim, com Camila e Caio acrescentando caos e comédia, o churrasco seguiria em clima de teste de casal improvisado, risadas constantes e olhares cúmplices que não só Miguel e Sofia percebiam, enquanto todos ao redor comemoravam cada instante como se fossem testemunhas de um romance em construção.
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N O I V A D O • D E • C O N V E N I Ê N C I A

  Miguel estava no quintal, encostado na parede, tirando a camisa ainda manchada de barro, tentando respirar fundo. Caio se aproximou devagar, com aquele sorriso irônico que nunca presagiava nada bom.
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  — Então, Miguelzinho — começou ele, cruzando os braços — me conta… o que passa na sua cabeça agora que o churrasco virou praticamente um teste de compatibilidade com público familiar?
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  Miguel arqueou a sobrancelha, tentando parecer firme, mas a verdade é que estava quase sem reação diante do amigo:
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  — Caio… você realmente quer ouvir a verdade?
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  — Claro! — Caio sorriu maliciosamente. — Eu sei que tem história aí. E não tente disfarçar, te conheço melhor que ninguém.
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  Miguel suspirou, passando a mão pelo cabelo ainda úmido de suor.
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  — Olha… é complicado. A gente começou com uma farsa, e agora tudo está sendo amplificado pelas famílias. Os avós estão empolgadíssimos, os pais estão conspirando, e vocês… — Miguel olhou para Caio com um sorriso de resignação — vocês aparecem para confirmar cada suspeita deles.
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  Caio gargalhou, aproximando-se:
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  — Ah, mas isso é ótimo! Quero dizer… é divertido. Só queria ouvir de você mesmo, se tem algum resquício de… eu sei lá… sentimentos de verdade nesse teatro.
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  — Caio… — Miguel murmurou, fazendo careta — é sério. Cada olhar que trocamos, cada risada, cada gesto… foge do controle. Eu e a Sofia estamos rindo de nós mesmos, mas também… é estranho. Sinto que a coisa está mudando, mesmo que a gente não admita.
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  Caio bateu no ombro de Miguel, rindo:
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  — Então é isso. O caos tá armado, e vocês nem perceberam que já estão dentro do coração um do outro. Adoro ver os amigos passando por isso. É hilário, mas também fascinante.
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  Miguel olhou para o quintal, vendo o sol batendo nas árvores e a família movimentada, e murmurou quase para si mesmo:
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  — É… fascinante e aterrorizante ao mesmo tempo.
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  — E a Sofi? Ela te disse como está lidando com isso?
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  — Apavorada. — Miguel suspirou e contou ao amigo sorrindo — Mas, eu descobri que ela já se sentiu atraída por mim.
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  — Como assim?
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  — Luísa. Ela morria de ciúme, pelo que eu soube, na época ela estava se sentindo diferente quanto a nós.
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  — Ah! Assim como você com o Leonardo.
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  — É! — Miguel bufou — Nem fale desse idiota! A gente quase discutiu hoje por que ela descobriu meus sentimentos reais sobre esse namoro dela.
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  — Hm… Revelações… Mas, e aí? Isso tudo vai acabar como?
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  — Não sei. Falei para ela que devíamos focar nesse circo de churrasco, e depois a gente senta e conversa direito, só que…
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  O silêncio de Miguel encarando o horizonte com os braços cruzados e escorado no tanque, fizera Caio notar que ele diria algo importante em seguida.
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  — Miguel? — Caio incentivou.
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  — Não tenho absoluta certeza, mas… Acho que eu quero conquistar de verdade a Sofia.
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  Caio sorriu largo batendo as mãos na coxa e fez sinal de “joinha” para o amigo:
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  — Tô contigo! Camila vai pirar!
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  — Nem ouse contar para a surtada da sua namorada! — Miguel apontou um dedo e sacudiu a cabeça em negação entrando para o casarão do sítio.
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  Enquanto isso, Sofia estava em seu quarto, prestes a entrar na suíte para tomar banho e se aprontar. Camila bateu na porta e entrou sem cerimônia, com aquele jeito de “já sei tudo”.
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  — E então, Sofia — começou, inclinando-se contra a porta — como está o coração nesse turbilhão de churrasco e testes de casal?
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  — Camila! — Sofia gemeu, vermelha — eu… não sei. É muito estranho.
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  — Estranho ou excitante? — Camila provocou, cruzando os braços e sorrindo. — Olha, não precisa mentir. Eu sei que você se diverte com a confusão toda, mesmo que finja indignação.
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  Sofia respirou fundo, tentando organizar os pensamentos.
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  — Eu não sei se devo rir ou chorar — respondeu ela, olhando para a própria imagem refletida no espelho. — Eles remexeram o passado, colocaram provas, e vocês apareceram do nada!
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  — Exatamente! — Camila riu. — E eu precisava ver de perto como meu amigo Miguel se comporta sob pressão. Ele tá perdido, né? Mas acho que você também tá se divertindo mais do que admite.
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  Sofia bufou, tentando esconder o sorriso, mas falhando.
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  — Tá… talvez seja engraçado. Mas vocês atrapalharam todos os meus planos de manter o controle da situação!
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  — E é isso que torna tudo melhor! — Camila completou, piscando. — Agora me conta: você vai se divertir vendo o Miguel tentando ser o seu namorado de mentira? Ou vai tentar manter o controle da situação, admitindo que talvez ele devesse ser seu namorado de verdade?
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  Sofia suspirou, olhando para o teto:
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  — Acho que… vou me permitir um pouco. Só não quero viajar demais nessa maionese.
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  — Ótimo — Camila sorriu, saindo do quarto — porque, acredite, essa festa está só começando. E nós vamos adorar assistir cada passo atrapalhado que vocês dois derem.
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  Sofia fechou a porta, colocando as mãos no rosto, rindo sozinha e murmurando:
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  — O que eu estou tentando fazer, afinal?
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  O churrasco estava oficialmente em andamento, e o quintal do sítio parecia um cenário de comédia romântica montado por especialistas em cupido amador. As travessas fumegantes eram apenas um detalhe diante da observação constante dos familiares, que não perdiam uma oportunidade de transformar cada gesto em um “sinal de amor verdadeiro”.
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  — Olha só como eles combinam! — exclamou Dona Lúcia, empoleirada numa cadeira, observando Miguel e Sofia enquanto dividiam a grelha. — Dá até gosto de ver!
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  — Hum… — concordou Seu Anselmo, balançando a cabeça, como se tivesse acabado de descobrir a fórmula da felicidade. — Serão um perfeito casal que se entende.
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  Enquanto isso, Helena e Vera se movimentavam entre a mesa de frios e a churrasqueira, sussurrando comentários conspiratórios:
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  — Repare como eles parecem estar mais tranquilos, estão menos nervosos com nossa pressão, até mais risonhos! — disse Helena, sorrindo vitoriosa.
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  — É verdade — completou Vera — e olha como Miguel pega na mão dela de vez em quando… sem perceber. Ele está tão apaixonado!
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  Do outro lado do quintal, Camila e Caio estavam trabalhando como uma dupla dinâmica de cupidos caóticos. Camila não perdia uma chance de provocar Sofia:
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  — Ah, Sofia… olha como ele fica tentando te impressionar com aquele corte de carne. É adorável! — comentava zombando também, porque ouvira a história do avô Anselmo dar muita importância para aquilo.
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  — E você acha que ele vai conseguir? — respondeu Caio, apontando para Miguel, que tentava manusear a grelha sem deixar que a carne queimasse. — Aposto que ele vai se sujar todo antes de conseguir uma única estrela Michelin.
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  — Se Miguel não for bem nesse comando da churrasqueira, acho que o avô dele tem um infarto. — Sofia comentou rindo, finalmente se deixando levar com menos peso àquela situação toda.
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  Miguel, ao ouvir o comentário, olhou para eles e fez uma careta, mas Sofia apenas riu baixinho, cobrindo a boca com a mão. Ela sabia que, no fundo, aquela invasão de comentários era tão constrangedora quanto divertida.
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  A cada tentativa de parecer natural, Miguel e Sofia se traíam nos olhares. Um toque acidental enquanto passavam a saladeira, risadas compartilhadas, pequenas provocações: tudo era amplificado pelos familiares, que estavam determinados a transformar aquele churrasco em um “noivado de conveniência”.
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  — E eles competindo na pescaria? — comentou Roberto, sobre Miguel e Sofia dividindo o mesmo balde de minhocas. — Se isso não prova compatibilidade, nada mais prova.
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  — E até para cair no lago, foram juntinhos! — gritou Antônio. — Isso sim é trabalho de equipe!
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  Dona Lúcia não resistiu:
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  — Vocês percebem? Não tem motivos para ficarem namorando muito tempo, ouviram? — Ela apontou para o casal, que ouviu aquilo dessa vez, sem manterem sorrisos forçados.
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  Camila, percebendo a oportunidade perfeita, se aproximou de Sofia:
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  — Isso é amor verdadeiro, pode acreditar.
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  Sofia tentou protestar, mas a risada escapou antes que pudesse argumentar.
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  O churrasco prosseguia com um ritmo cômico: cada comentário dos avós e dos pais, cada provocação de Camila e Caio, fazia com que Miguel e Sofia, mesmo tentando manter o teatro, se aproximassem de forma gostosa. Um toque de mão aqui, uma risada compartilhada ali, olhares que duravam um pouco mais do que deveriam… tudo já não era apenas uma encenação, eles estavam mesmo se permitindo.
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  — Lúcia! — exclamou Helena, segurando um prato de salada. — Acho que não precisamos organizar casamento algum. Eles já estão no caminho certo!
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  — Quem diria que um churrasco poderia ser tão educativo para os corações dos jovens? — completou Vera, rindo.
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  Miguel e Sofia finalmente se sentaram lado a lado, menos preocupados e mais felizes. Tentaram manter a postura de “namorados de fachada”, mas era impossível negar a química que crescia a cada risada, a cada comentário cúmplice. A fachada já havia caído escancarado o interior dos dois.
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  — Sofi… — murmurou Miguel, baixinho, inclinando-se — amanhã, quando a gente voltar… Sabe que…
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  Sofia corou, desviando o olhar, mas não conseguiu esconder o sorriso:
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  — Sei… — respondeu, sussurrando de volta — talvez a farsa tenha saído do controle, e a gente precisa ser sincero com esse monte de borboletas no estômago né?
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  — Vou te chamar para sair. — Miguel soltou, tranquilo como sempre, dando de ombros.
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  — Não devia ter contado isso agora, ainda vamos dividir o quarto essa noite!
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  Miguel soltou um sorrisinho malicioso enquanto Sofia beliscava o braço dele.
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  Os familiares brindavam com copos de suco e cerveja, comemorando cada pequeno gesto, cada tropeço, cada olhar que Miguel e Sofia trocavam. Ninguém queria que aquele momento acabasse: o churrasco não era apenas comida e risadas, era a celebração de um casal que nem sabia que já começava a se descobrir de verdade.
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Capítulo 4
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