Noivado de Conveniência

Escrita porRay Dias
Editada por Natashia Kitamura

Capítulo 3 • Visita ou noivado?

Tempo estimado de leitura: 39 minutos

O sítio dos avós de Miguel despertava numa sexta-feira ensolarada com uma energia quase elétrica. Dona Lúcia, de avental florido, corria de um lado para o outro, ajeitando almofadas, conferindo flores e garantindo que cada cantinho transmitisse acolhimento. Seu Anselmo, charuto discretamente aceso, inspecionava o gramado com uma régua imaginária, ajeitando mesas e cadeiras, murmurando satisfeito: “Tudo tem que estar perfeito, Lúcia, perfeito!”
0
Comente!x

  Na cozinha, Helena e Roberto coordenavam a logística do que se tornaria um “fim de semana de noivado disfarçado”. Helena falava animada sobre bandejas de petiscos e toalhas combinando, enquanto Roberto ajustava detalhes do churrasco, dando ordens precisas e lembrando que Miguel precisaria “trazer a futura nora com toda a pompa que ela merece” como se não conhecessem a Sofia, como “a Sofia de sempre”.
0
Comente!x

  — Queridos, precisamos que o clima seja acolhedor, mas com um toque de romantismo, — disse Helena, conferindo a disposição das flores. — Nada óbvio, mas que eles sintam a pressão positiva do amor familiar!
0
Comente!x

  Do lado de fora, Vera e Antônio chegavam carregando sacolas cheias de mimos e pequenas lembrancinhas, sorrindo cúmplices com Helena e Roberto.
0
Comente!x

  — Prontos para participar da conspiração mais fofa do ano? — Vera perguntou, ajeitando uma almofada que teimava em escapar da cadeira.
0
Comente!x

  — Totalmente, — respondeu Helena com um sorriso travesso. — Nosso trabalho é simples: criar a ilusão de um noivado à beira do fim de semana, sem que eles suspeitem.
0
Comente!x

  Enquanto os pais coordenavam cada detalhe, os avós observavam, entusiasmados com a ideia de receber Miguel e Sofia. Lúcia suspirava de contentamento: “Não consigo nem imaginar a felicidade de finalmente conhecer a futura neta de verdade.” Anselmo assentia, com um brilho nos olhos que denunciava que havia décadas esperado por momentos assim.
0
Comente!x

  O sítio estava impecável: flores coloridas enfeitavam o quintal, toalhas brancas combinavam com a mesa posta para o almoço do dia seguinte, e até mesmo o cheiro de bolo recém-assado se espalhava pelo ar. Cada detalhe parecia sussurrar: “Aqui vai acontecer algo especial.”
0
Comente!x

  Na noite de sexta-feira, Miguel e Sofia finalmente chegaram, carregando bolsas de trabalho e sorrindo nervosos. O carro estacionou na entrada, e imediatamente foram recebidos por um coro de boas-vindas: avós radiantes, pais sorrindo de orelha a orelha, e até algumas almofadas voando de forma brincalhona em suas direções.
0
Comente!x

  — Vocês chegaram! — exclamou Lúcia, puxando Sofia para um abraço caloroso. — Agora sim posso sentir que tudo vai ficar completo!
0
Comente!x

  — Olha só quem chegou! — disse Anselmo, dando tapinhas nas costas de Miguel. — Estava ansioso para conhecer a menina que conquistou meu neto. Mas olha só, se não é a Sofiazinha!
0
Comente!x

  Enquanto todos se cumprimentavam e riam, Miguel apertou discretamente a mão de Sofia, um gesto automático de conforto. Mas, ao mesmo tempo, o dilema surgiu imediatamente: o quarto de hóspedes havia sido preparado para o casal. Eles se olharam, ambos ruborizando, com o pensamento uníssono: “Esquecemos que vamos dormir no mesmo quarto!”.
0
Comente!x

  — Bom, se seguirmos as regras do charme familiar, — murmurou Miguel, puxando Sofia levemente para o lado, — acho que não temos muito escolha…
0
Comente!x

  Sofia soltou uma risadinha nervosa, encostando-se nele enquanto seguiam para o interior da casa. O clima era de expectativa, humor e aquela ponta de nervosismo deliciosa que apenas situações familiares cuidadosamente orquestradas podem proporcionar. O fim de semana prometia ser uma mistura de afeto, estratégias parentais e mais linhas de distância da verdade.
0
Comente!x

  — Bem, devem estar cansados da viagem. Subam para seu quarto, tomem um bom banho que a vovó assou biscoitinhos de queijo! — Lúcia comentou acariciando o rosto do neto e da sua agora, neta.
0
Comente!x

  — Dona Lúcia… — Sofia falou — Sabe, Miguel e eu entenderemos se a senhora e o seu Anselmo quiserem preparar quartos separados para nós e…
0
Comente!x

  — Que bobagem! — Anselmo já foi logo respondendo — Não somos assim tão do arco da velha, querida! Sabemos que hoje em dia… Enfim, vocês já dormem juntos, certo?
0
Comente!x

  Sofia sentiu o rosto enrubescer e Miguel sorriu puxando-a para um abraço às costas dela. Deixou um beijo carinhoso na bochecha quente dela e explicou ao avô:
0
Comente!x

  — A Sofia só não queria ofender vocês vovô! Mas é claro que nós já dividimos um quarto.
0
Comente!x

  — É, eu imaginava. Na minha época, eu só fui dormir com a sua avó no dia da lua de mel, mas hoje em dia é diferente!
0
Comente!x

  — Só não façam bebês ainda! Casar grávida dá muito trabalho, não é Helena? — Lúcia comentou para a nora relembrando aquela situação.
0
Comente!x

  — Muito trabalho! A cada prova de vestido parecia que o Miguel crescia muito rápido! Eu quase cogitei entrar no casamento enrolada em uma cortina.
0
Comente!x

  Sofia ia ficando mais e mais constrangida.
0
Comente!x

  — Prometo me comportar e não fazer nenhum bebê, pessoal. — Miguel comentou rindo e guiando Sofia pelas escadas, ainda com ela em sua frente dentro de um abraço — Vamos, meu amor. Precisamos mesmo descansar, viemos direto do trabalho.
0
Comente!x

  — Tentem não dormir antes de comer alguma coisa. — Vera pediu cuidadosa com os dois.
0
Comente!x

  Enquanto Miguel e Sofia subiam, os pais e avós observavam-os. Até que Roberto soltou:
0
Comente!x

  — Acho que eles não notaram nada não é? Digo, que estamos tentando fazer parecer que um noivado pode acontecer logo.
0
Comente!x

  — Eu acho que os meninos ainda vão demorar pra dar esse passo, se não fizermos nada. Essa geração nem quer se casar, na realidade. — Vera comentou.
0
Comente!x

  — Por Deus, Vera! — Helena entrelaçou as mãos em pose de misericórdia — Eles precisam se casar um com o outro e nos dar netos lindos! Deus me livre esse namoro levar mais catorze anos para um pedido!
0
Comente!x

  — Pensando bem… Acho que eles só precisam sentir segurança em nós. — Antônio comentou com sabedoria — Estão descobrindo o amor um pelo outro apenas há um mês, ou pouco mais que isso. Não acho que um noivado virá tão cedo, mas espero que eles mantenham isso como um futuro possível.
0
Comente!x

  Seu Anselmo e dona Lúcia ouviram os pais, um tanto atentos e surpreenderam ao dizer:
0
Comente!x

  — Bom era quando os pais já noivavam a gente, dava menos tempo de pensar em desistir. Casamento em qualquer geração sempre foi algo assustador. — disse Anselmo.
0
Comente!x

  — Com certeza, mas saber que era inevitável e já ter com quem contar antes mesmo de saber o quê ou como fazer, era o que nos dava a segurança de criar algo verdadeiro e longevo. — dona Lúcia completou com a sua sabedoria de anos de vida.
0
Comente!x

  Assim que Miguel e Sofia subiram para o quarto de hóspedes, preparados para descansar da viagem, foram imediatamente surpreendidos. O quarto estava impecavelmente arrumado: lençóis recém-trocados, travesseiros perfeitamente alinhados, uma cesta de mimos sobre a cama com chocolates, chás e até um bilhete com os dizeres: “Sejam bem-vindos ao fim de semana da felicidade!”
0
Comente!x

  — Quem preparou tudo isso? — Sofia murmurou, segurando a bolsa e olhando ao redor com os olhos arregalados.
0
Comente!x

  — Aposto que foi a Helena… ou a Vera… — respondeu Miguel, já desconfiando da conspiração familiar. — E provavelmente meus avós ajudaram.
0
Comente!x

  Sofia pegou um dos chocolates e fez uma careta divertida.
0
Comente!x

  — Um fim de semana perfeito, com mimo e tudo… mas eu não esperava… — ela olhou para Miguel, mordendo o lábio — que nós iríamos dormir no mesmo quarto.
0
Comente!x

  Miguel engoliu seco, ruborizado, tentando soar natural enquanto procurava algum ponto de fuga no quarto que não existia.
0
Comente!x

  — Bom… não que eu me importe, — começou ele, — mas os avós parecem ter colocado cada detalhe no lugar com a intenção de nos fazer sentir como um casal mesmo.
0
Comente!x

  Enquanto eles falavam, a porta se abriu sem aviso e Dona Lúcia entrou com um sorriso radiante:
0
Comente!x

  — Ah, meus queridos! Eu precisava ver a reação de vocês! Está tudo perfeito, não está? — disse, batendo palmas discretamente. — Espero que se sintam à vontade… e não se preocupem, a cama de casal está pronta para dois, mas podem se ajeitar como quiserem.
0
Comente!x

  Miguel olhou para Sofia, que estava com os olhos arregalados, quase implorando por alguma saída.
0
Comente!x

  — A gente… talvez, em respeito a vocês, prefira dormir separados? — perguntou ele, tentando soar casual, mas falhando completamente.
0
Comente!x

  Lúcia riu com a maior naturalidade do mundo:
0
Comente!x

  — Ah, não precisa ter vergonha, meninos! Eu e Anselmo vivemos mais de cinquenta anos de casamento e posso dizer: dividir o mesmo quarto faz parte da vida a dois!
0
Comente!x

  Anselmo entrou logo depois, com o charuto discretamente apagado na mão, sorrindo:
0
Comente!x

  — É, Miguel… essa é a oportunidade perfeita para você e a Sofia aprenderem a lidar com tudo como um casal diante dos seus pais, nós sabemos que estão sem graça porque é a primeira vez que vão dormir na mesma cama na presença da família. E achamos muito honroso que vocês tenham essa educação.
0
Comente!x

  Sofia engoliu seco, sentindo o calor subir às faces, e Miguel tentou respirar fundo, tentando manter a postura de “homem maduro e responsável”, mas a situação era cômica demais para qualquer tentativa de normalidade.
0
Comente!x

  — Ok, — disse Miguel, pegando a mão de Sofia discretamente, — acho que temos que nos render… mas vamos precisar de estratégias!
0
Comente!x

  — Estratégias? — Sofia arqueou a sobrancelha, sorrindo nervosamente.
0
Comente!x

  — Sim, — respondeu Miguel, quase sussurrando — tipo: decidir quem vai pegar água primeiro, quem vai apagar a luz, quem vai reclamar do travesseiro… — ele fez uma pausa dramática e cômica — E, claro, controlar nossos impulsos porque apesar dos meus avós se mostrarem mente aberta, eu acho que ninguém precisa escutar o que não precisa, certo?
0
Comente!x

  Sofia riu, ainda nervosa, mas não pôde deixar de sentir uma pontinha de excitação ao entrar na brincadeira:
0
Comente!x

  — Miguel, do jeito que fala, o que o vovô e a vovó irão pensar? — disse ela, tentando soar firme, mas falhando miseravelmente ao se aproximar da cama, onde já havia começado a desfazer a bagunça das malas.
0
Comente!x

  Os avós dele que ainda estavam ali, riram e comentaram saindo do quarto:
0
Comente!x

  — Pensaremos que vocês são um casal saudável e feliz, apenas isso. — Dona Lúcia comentou.
0
Comente!x

  — E deixaremos vocês se organizarem agora. — Seu Anselmo saiu dando a mão para a dona Lúcia — Até daqui a pouco, lá embaixo.
0
Comente!x

  Miguel olhou para ela e sorriu, a tensão e a diversão misturadas em um olhar cúmplice. Ambos sabiam que aquele fim de semana seria cheio de situações constrangedoras, mas também não conseguiam negar que algo naquele cenário cuidadosamente armado pelos avós e pais despertava uma expectativa inesperada e, de certo modo, deliciosa.
0
Comente!x

  No fundo, entre risos nervosos e olhares furtivos, Miguel e Sofia começaram a perceber que o “fim de semana de noivado disfarçado” prometia muito mais do que brincadeiras familiares: poderia forçá-los a experimentar melhor os sentimentos que até então eles não queriam admitir.
0
Comente!x

  O jantar de sexta-feira começou no salão principal do sítio, iluminado por velas e luzes penduradas que davam ao ambiente um ar aconchegante e levemente mágico. A mesa estava posta com capricho, e o aroma da comida caseira, feita com amor pelos avós, preenchia o ar. Miguel e Sofia entraram de mãos dadas, tentando ao máximo parecer naturais, embora cada passo fosse acompanhado pelo olhar curioso de Anselmo e Lúcia.
0
Comente!x

  — Ah, que bom que vocês chegaram! — exclamou Dona Lúcia, sorrindo amplamente. — Vamos sentar logo, a comida está fresquinha!
0
Comente!x

  Roberto, sempre empolgado, pegou a mão de Miguel e sussurrou:
0
Comente!x

  — Filho, não esquece de mostrar o quanto você aprecia o esforço da Lúcia e do Anselmo, hein? Como sempre estão bajulando com muito carinho, o neto!
0
Comente!x

  Vera, por outro lado, inclinou-se para Sofia, piscando:
0
Comente!x

  — E você, minha filha, não se acanhe! Mostre que é a futura nora que todo mundo sempre sonhou.
0
Comente!x

  Miguel e Sofia trocaram um olhar de cumplicidade, mordendo o lábio e quase rindo da “pressão familiar” sutil que recebiam de todos os lados. Sentaram-se lado a lado, como se fossem realmente um casal, e começaram a jantar.
0
Comente!x

  — Então, meus queridos, — disse Anselmo, batendo levemente o copo de água para chamar atenção, — me contem… como estão aproveitando o tempo juntos? Vocês parecem muito mais próximos do que sempre foram.
0
Comente!x

  — Ah, nós… — começou Miguel, engolindo seco, — estamos aproveitando bastante.
0
Comente!x

  — É… — Sofia completou com um sorriso contido — cada dia mais.
0
Comente!x

  Os avós trocaram olhares de aprovação, satisfeitos com a “resposta fofa” do casal. Mas cada frase forçada pelos jovens parecia despertar ainda mais a imaginação das duas gerações mais velhas, que começaram a jogar pequenas provocações:
0
Comente!x

  — Miguel, você sempre leva a Sofia em todos os passeios que gosta? — perguntou Helena, enquanto pegava um pedaço de pão.
0
Comente!x

  — Ah, sim! — respondeu Miguel rapidamente, sem notar que falava com entusiasmo demais, o que arrancou um sorriso travesso de Sofia.
0
Comente!x

  — E Sofia, você cozinha para o Miguel ou ele que sempre cuida da comida? — perguntou Vera, piscando para a filha.
0
Comente!x

  — Bom… às vezes eu faço algo simples, mas ele ajuda bastante — disse Sofia, tentando soar natural, mas percebendo que estava praticamente contando detalhes de um namoro que só existia de fachada.
0
Comente!x

  Enquanto o jantar prosseguia, Miguel e Sofia começaram a perceber que cada gesto de aproximação, cada toque casual, cada conversa com os avós ou com os pais estava tornando a “farsa” cada vez mais real. A tensão cresceu ainda mais quando Lúcia, com toda a inocência do mundo, comentou:
0
Comente!x

  — Vocês vão dormir no mesmo quarto, e apesar de eu já ter preparado tudo avisem se estiver do agrado de vocês! Espero que não se importem com o frio da noite, coloquei duas mantas extras!
0
Comente!x

  Miguel engoliu seco, sentindo o rosto esquentar, e Sofia mordeu a ponta do garfo, tentando não rir alto. Roberto e Helena trocaram olhares cúmplices, claramente divertidos com a situação, enquanto Vera e Antônio fingiam naturalidade, embora sorrindo discretamente, cientes da vergonha exposta na feição dos filhos.
0
Comente!x

  — Bom… — começou Miguel, tentando manter a postura — acho que não vamos passar frio, vovó.
0
Comente!x

  — Sim… — Sofia respondeu, olhando para ele com um misto de nervosismo e curiosidade — Duas mantas são suficientes e o Miguel é mais quentinho do que eu... — ela fez uma pausa dramática — digo… É…
0
Comente!x

  Miguel riu, estava claro que Sofia estava atrapalhada em tentar fazer a conversa parecer inocente. Os familiares também sorriram com ternura por verem a mulher agir como uma adolescente constrangida entre as famílias.
0
Comente!x

  O jantar terminou entre risadas contidas e provocações discretas, com os avós encantados, os pais satisfeitos e Miguel e Sofia cada vez mais conscientes de que aquele fim de semana seria um teste para o coração — e para a paciência.
0
Comente!x

  Quando finalmente subiram para o quarto, a tensão do quarto compartilhado voltou com força total. Eles se entreolharam, nervosos, e Miguel respirou fundo:
0
Comente!x

  — Então… vamos encarar?
0
Comente!x

  Sofia assentiu, e ambos sabiam que o que estava prestes a acontecer naquela noite seria só o começo de uma sequência de situações constrangedoras, engraçadas e, quem sabe, inesperadamente emocionantes.
0
Comente!x

N O I V A D O • D E • C O N V E N I Ê N C I A

  O quarto preparado por Dona Lúcia parecia saído de uma revista de decoração campestre: cama de casal impecavelmente arrumada, travesseiros fofos demais para serem reais e uma colcha bordada à mão que cheirava a lavanda. Em cima da mesinha de cabeceira, um bilhetinho singelo escrito pela avó: “Durmam bem, meus pombinhos.”
0
Comente!x

  Sofia entrou primeiro, encarando o cenário com maior atenção e dessa vez, com um misto de nervosismo e vontade de rir. Miguel veio logo atrás, fechando a porta devagar como se estivesse prendendo o ar junto com o gesto.
0
Comente!x

  — Bom… — ele coçou a nuca, hesitante — nunca achei que depois de quatorze anos de amizade, a primeira vez que a gente ia dividir um quarto seria… nesse contexto.
0
Comente!x

  — Nem eu! — Sofia riu baixinho. — É quase ridículo. Olha só, eles realmente acreditam que somos um casal perfeito.
0
Comente!x

  — E nós… estamos quase dando motivo pra isso. — Miguel suspirou, olhando para a cama. — Isso aí parece um campo minado.
0
Comente!x

  — É só uma cama, Miguel. — Sofia cruzou os braços. — O problema é quem vai dormir nela.
0
Comente!x

  Eles se entreolharam em silêncio por alguns segundos, até Miguel erguer uma sobrancelha:
0
Comente!x

  — Pedra, papel, tesoura pra ver quem fica com a cama?
0
Comente!x

  — Nem pensar! — Sofia rebateu, rindo. — Se eu perder, você nunca vai me deixar esquecer.
0
Comente!x

  Acabaram sentando lado a lado na beira da cama, cada um tentando elaborar um “plano estratégico”. Sofia sugeriu colocar travesseiros no meio para criar uma fronteira invisível. Miguel, fingindo seriedade, chamou a ideia de “Muralha da China”.
0
Comente!x

  — Regras da muralha: nada de atravessar sem permissão oficial, — disse ele, ajeitando os travesseiros entre eles.
0
Comente!x

  — E nada de roncar do meu lado, — completou Sofia, erguendo o dedo em alerta.
0
Comente!x

  — Eu não ronco! — Miguel protestou.
0
Comente!x

  — Ah, ronca sim, — Sofia riu. — Já viajei com você e o pessoal da faculdade, lembra? Te apelidaram de “moto velha” naquela época.
0
Comente!x

  — Isso é difamação! — Miguel colocou a mão no peito, fingindo indignação. — Além do mais, você fala dormindo.
0
Comente!x

  — Eu… não falo dormindo! — ela retrucou, mas ficou ruborizada. — Tá inventando.
0
Comente!x

  — Inventando nada! — ele sorriu de canto. — Uma vez, no congresso em São Paulo, você murmurou “chocolate quente com chantilly” às três da manhã.
0
Comente!x

  Sofia tampou o rosto com as mãos, gargalhando, enquanto Miguel ria com a lembrança. O clima leve foi tomando conta do quarto, mas a cada risada o nervosismo inicial parecia dar lugar a uma intimidade diferente, nova, quase desconfortável de tão inesperada.
0
Comente!x

  Já deitados, cada um de um lado da muralha de travesseiros, começaram a comentar baixinho:
0
Comente!x

  — É estranho… — Sofia disse, olhando para o teto — parece que estou descobrindo você de novo.
0
Comente!x

  — Eu também sinto isso. — Miguel respondeu, virando-se de lado. — Catorze anos e, mesmo assim, tem coisa que eu não fazia ideia.
0
Comente!x

  — Tipo o quê? — ela perguntou, curiosa.
0
Comente!x

  — Tipo… que você tem um ritual todo pra ajeitar o cobertor. — Ele apontou discretamente. — Já vi você dobrar e desdobrar umas cinco vezes.
0
Comente!x

  — É mania, ok? — Sofia riu, tentando se justificar. — Me deixa confortável. E você? Que mania estranha tem?
0
Comente!x

  — Eu… conto as ripas do teto até dormir. — Miguel confessou, meio sem graça. — Parece bobo, mas ajuda.
0
Comente!x

  Sofia o olhou com surpresa e um sorriso doce escapou.
0
Comente!x

  O silêncio caiu por alguns instantes, mas não era constrangedor. Era o silêncio cheio de descobertas, de algo que estava crescendo entre eles e que nenhum dos dois ousava nomear. Até que Sofia bocejou, puxando a manta.
0
Comente!x

  — Boa noite, moto velha.
0
Comente!x

  — Boa noite, chocolate quente. — Miguel retrucou, e os dois caíram na risada de novo antes de, finalmente, fecharem os olhos.
0
Comente!x

  Na sala ao lado, os avós de Miguel, que haviam ido “pegar água” de propósito, riram baixinho escutando os murmúrios ininteligíveis e as gargalhadas vindas do quarto.
0
Comente!x

  — Eu sabia, Lúcia. — murmurou Anselmo, cheio de convicção. — Esses dois nasceram um para o outro.
0
Comente!x

  E assim, entre travesseiros, manias e risadas, a primeira noite juntos no sítio começou a selar algo inevitável.
0
Comente!x

  O sol nasceu preguiçoso no sítio, espalhando aquela luz dourada que entrava direto pela janela do quarto. Miguel acordou primeiro, sentindo algo pesado encostado em seu ombro. Quando abriu os olhos, percebeu que Sofia havia atravessado a “Muralha da China” durante a madrugada e agora dormia serenamente, meio enroscada nele, com a mão pousada em seu peito.
0
Comente!x

  Ele ficou imóvel, sem coragem de se mexer. Primeiro porque a cena era… estranhamente confortável. Segundo, porque não queria acordá-la e enfrentar a inevitável confusão. Mas o destino, como sempre, não colaborou. Sofia se mexeu devagar, abriu os olhos ainda sonolentos e, ao perceber a situação, arregalou-os de imediato:
0
Comente!x

  — O que… o que você tá fazendo do meu lado?! — ela sussurrou, levantando-se num salto.
0
Comente!x

  — Eu? — Miguel piscou, ofendido de brincadeira. — Você que invadiu meu território! Olha só, a muralha de travesseiros foi destruída. Isso é crime de guerra!
0
Comente!x

  Sofia olhou para os travesseiros jogados no chão e, sem saber onde enfiar a cara, começou a rir.
0
Comente!x

  — Talvez eu tenha… atacado dormindo.
0
Comente!x

  — Ataque sorrateiro noturno, é isso. — Miguel fingiu anotar. — Vou registrar a queixa.
0
Comente!x

  Antes que continuassem, alguém bateu à porta.
0
Comente!x

  — Bom dia, meus amores! — Dona Lúcia cantou do lado de fora, com a voz doce e empolgada. — Já estão acordados? O café da manhã está servido na varanda!
0
Comente!x

  Os dois se entreolharam em pânico. Miguel apontou para o cabelo de Sofia, completamente desgrenhado. Ela retrucou apontando para a camiseta dele, toda torcida. A cena naturalmente gritava “passamos a noite juntos” mais do que qualquer desculpa que conseguissem inventar. O que era preocupante para eles, mas soaria “absolutamente rotineiro” para seus familiares. Eles apenas, esqueceram-se disso.
0
Comente!x

  — Vamos… precisamos parecer normais. — Sofia sussurrou, correndo até o espelho para ajeitar o cabelo.
0
Comente!x

  — Normais? — Miguel riu nervoso. — Sofia, nós dois somos um desastre de manhã, não existe “normal” nisso.
0
Comente!x

  Mesmo assim, desceram minutos depois. O café da manhã estava digno de novela: pão caseiro, geleias, sucos, bolo, frios, frutas cortadas com perfeição. Na cabeceira, Seu Anselmo e Dona Lúcia os aguardavam com sorrisos tão largos que pareciam prestes a estourar.
0
Comente!x

  — Olha só eles! — exclamou Dona Lúcia, batendo palmas. — Que casal lindo, descendo juntinho do quarto.
0
Comente!x

  — Hum-hum. — Seu Anselmo pigarreou. — Repare, Lúcia, como os dois têm aquela cara boa de quem dormiu bem coladinho.
0
Comente!x

  Sofia engasgou com o próprio ar, tossindo. Miguel rapidamente pegou um copo de suco e ofereceu.
0
Comente!x

  — Isso, Miguelzinho, cuida dela! — o avô comentou, satisfeito. — É assim mesmo que começa um bom casamento.
0
Comente!x

  Miguel e Sofia se entreolharam, cada um segurando o riso nervoso. Resolveram fingir que não ouviram, mas não adiantava: os avós estavam determinados a transformar cada pequeno gesto em uma prova de amor eterno.
0
Comente!x

  Durante o café, Dona Lúcia fez questão de servir bolo para Sofia.
0
Comente!x

  — Você precisa se alimentar bem, querida. Já é da família, e eu quero ver você comendo direitinho.
0
Comente!x

  — Obrigada, dona Lúcia… — Sofia murmurou, corada.
0
Comente!x

  — Dona Lúcia, não. — a avó corrigiu de pronto, piscando. — Pode me chamar de vó.
0
Comente!x

  Miguel quase derrubou a xícara de café. Sofia, por sua vez, ficou sem reação, apenas balançando a cabeça, sem coragem de contrariar.
0
Comente!x

  E foi nesse clima que chegaram Helena, Roberto, Vera e Antônio, já acordados desde cedo. Helena não resistiu ao ver os dois sentados lado a lado, dividindo o pão de queijo que Dona Lúcia tinha acabado de tirar do forno.
0
Comente!x

  — Ah, meu Deus! — exclamou Helena, teatral. — Olhem só esses dois! É ou não é a cara do noivado?
0
Comente!x

  — Mãe… — Miguel tentou protestar.
0
Comente!x

  — Que noivado lindo vai ser aqui no sítio, com direito a arco de flores na varanda. — continuou ela, como se não tivesse ouvido.
0
Comente!x

  — Eu trago o violão! — acrescentou Roberto, animadíssimo. — Já tô vendo a cena: pôr do sol, música romântica, e Miguel ajoelhando.
0
Comente!x

  Sofia arregalou os olhos para Miguel, e ele devolveu um olhar de “não sou eu quem está dizendo isso!”. Antônio e Vera, tentando disfarçar, riam com cumplicidade no canto.
0
Comente!x

  — Eu acho que o sítio vai ser perfeito mesmo — disse Vera, jogando lenha na fogueira. — Tem até aquele caramanchão, não é, dona Lúcia?
0
Comente!x

  — Isso, querida! — respondeu a avó, emocionada. — É lá que eu e Anselmo nos casamos. Seria um círculo perfeito ver vocês dois oficializando a união no mesmo lugar.
0
Comente!x

  Sofia enfiou o rosto no prato de frutas, tentando se esconder. Miguel, desesperado, mordeu um pedaço de bolo como se fosse possível engolir a situação junto.
0
Comente!x

  E, como se não bastasse, Seu Anselmo levantou a xícara de café e brindou:
0
Comente!x

  — A esse casal maravilhoso que vai encher essa casa de bisnetos!
0
Comente!x

  Os pais riram, os avós bateram palmas e, enquanto isso, Miguel e Sofia só conseguiam trocar olhares que diziam: “Isso fugiu ainda mais do controle.”
0
Comente!x

  A mesa estava farta: pão de queijo fumegante, bolo de fubá ainda quente, café passado na hora e aquele cheirinho de roça que só o sítio dos avós de Miguel sabia oferecer. Sofia mexia distraída no café com leite, tentando não reparar no jeito orgulhoso com que Dona Lúcia os observava, como se enxergasse ali um retrato pronto para ser emoldurado.
0
Comente!x

  Helena foi quem deu o pontapé inicial, com a naturalidade de quem comenta sobre o clima:
0
Comente!x

  — Sabe o que eu fiquei pensando ontem? A Sofia ficaria deslumbrante com um vestido de noiva de tecido leve, desses que esvoaçam no campo.
0
Comente!x

  A colher caiu da mão de Sofia, fazendo um tinido contra a xícara. Miguel, por reflexo, tossiu tão forte que quase cuspiu o pão de queijo no avô.
0
Comente!x

  — Mãe… — ele tentou, a voz saindo rouca. — Ninguém falou em vestido de noiva.
0
Comente!x

  — Ainda. — completou Vera, animada, mexendo o açúcar no café como se fosse o detalhe mais importante da manhã.
0
Comente!x

  — Exatamente, ainda. — Helena repetiu, e piscou descaradamente para a nora.
0
Comente!x

  Sofia engoliu em seco e forçou um sorriso educado, mas não teve tempo de protestar porque Seu Anselmo já se empolgava:
0
Comente!x

  — Eu e Lúcia podemos cuidar da recepção do noivado. Aquele caramanchão… ah, vai ficar mais bonito do que foi no nosso casamento, não vai, Lúcia?
0
Comente!x

  — Com certeza! — Dona Lúcia suspirou, apertando as mãos no colo. — Já estou até vendo: flores brancas por todo lado, luzinhas penduradas nas árvores, o casal entrando de mãos dadas…
0
Comente!x

  Miguel fechou os olhos, murmurando um “meu Deus” quase inaudível. Sofia beliscou discretamente o braço dele debaixo da mesa, mas não sabia se ria ou se chorava.
0
Comente!x

  Roberto resolveu colocar mais lenha na fogueira:
0
Comente!x

  — Eu cuido da música! Já sei até quem chamar, aquele grupo de seresta que emocionou a cidade no último São João.
0
Comente!x

  — E não demorem com os bisnetos, não se esqueça dos nossos bisnetos Miguel! — Anselmo ergueu o dedo no ar, solene, como se selasse um contrato diante de todos.
0
Comente!x

  Silêncio. Sofia arregalou os olhos. Miguel arregalou ainda mais. Até o bolo de fubá pareceu murchar por alguns segundos.
0
Comente!x

  — Gente, calma… — Miguel se ajeitou na cadeira, tentando resgatar alguma autoridade. — Não existe noivado, não existe casamento, não existe… nada disso.
0
Comente!x

  Dona Lúcia deu um sorrisinho indulgente, daqueles que desmontam qualquer tentativa de seriedade:
0
Comente!x

  — É claro, meu bem. Vocês querem guardar esse momento só entre vocês. Mas nós já entendemos.
0
Comente!x

  — E aprovamos! — completou Vera, brindando com a xícara de café.
0
Comente!x

  Sofia, vermelha até a ponta das orelhas, afundou o garfo no pedaço de bolo como se fosse o único jeito de não protestar.
0
Comente!x

  — Mas, de onde tiraram essa coisa de noivado agora… Quero dizer, Miguel e eu recém começamos a namorar. — Sofia perguntou ansiosa encarando os próprios pais e “sogros”.
0
Comente!x

  — Filha, vocês se conhecem a catorze anos, e sempre foram perfeitos um para o outro! Além disso… Já estão em uma boa idade de se casar, então… Para quem vocês pretendem ir até o matrimômio se não um com o outro?
0
Comente!x

  — Vocês não acreditam mesmo que tem alguma coisa que possa dar errado entre vocês, não é? — Roberto perguntou à nora, logo que Vera aconselhou aquilo para a filha.
0
Comente!x

  — Além do mais… — Antônio começou — Não adianta negarem que Miguel sempre foi apaixonado por você, e você por ele. O que eram aqueles seus surtos de ciúmes das garotas que ele saía?
0
Comente!x

  Sofia ficou vermelha e desesperada com o pai trazendo à tona aquela memória. Miguel no entanto, encarou a amiga ao seu lado com divertimento e surpresa.
0
Comente!x

  — Ciúmes, amor? — Ele sorriu cafajeste e curioso perguntou ao “sogro”: — Essa aí ela nunca me contou, Antônio!
0
Comente!x

  — Pai! Não tem nada disso!
0
Comente!x

  — Ah Sofia! Aqui está Vera que não me deixa mentir, não é, querida? A primeira vez que nós te vimos chegando em casa completamente transtornada!
0
Comente!x

  — É… Difícil apagar a cena… — Vera comentou com a boca encrispada de reprovação e contou ao Miguel: — Ela saiu com a Camila e com você, e chegou bêbada igual a um gambá, carregada pela Camila e xingando até a décima geração da garota que você apresentou como namorada para elas. A Camila disse que nem mesmo ela esperava um surto daqueles, justificou que foi a primeira vez que Sofia achou que você ficaria mais de seis meses com alguém, Miguel.
0
Comente!x

  — Chorou até desmaiar de sono, completamente alcoolizada e no dia sequinte não lembrava de nada. Se fosse mais nova, juro que tinha lhe dado umas palmadas! Onde já se viu uma moça chegar naquele estado na casa dos pais? — Antônio comentou.
0
Comente!x

  Sofia estava com o rosto escondido entre as mãos, mais constrangida do que nunca esteve. Ela acabou se lembrando de pedaços daquela noite, que unidos às narrações de Camila e seus pais, eram suficientes para ela desejar enterrar a tragédia.
0
Comente!x

  — Uau… — Miguel sorria satisfeito e admirado, com uma certa felicidade que não sabia explicar de onde vinha e encarando a amiga com brilho nos olhos, ele perguntou: — Quem era a minha namorada da vez? Aposto que foi a Luísa, a modelo.
0
Comente!x

  Sofia suspirou derrotada e só de ouvir o nome da outra, rolou os olhos desgostosa respondendo baixinho:
0
Comente!x

  — Essazinha mesmo.
0
Comente!x

  — Vê, Miguel? — Antônio sorriu ao comentar — Ela ainda não suporta ouvir o nome da mulher.
0
Comente!x

  — Não era nem pra você lembrar o nome dela! — Sofia apontou para Miguel sem perceber que dava mais munição aos pais e companhia — Ela foi uma babaca com você! Não lembra o nome das coitadas que iludiu, mas justo essa aí, você lembra!
0
Comente!x

  — É que a Luísa marcou, Sofi. Foi mal. — Miguel respondeu rindo e de repente, os familiares todos fizeram silêncio na mesa alarmados encarando Sofia. A melhor amiga encarava Miguel de canto de olho e só então o rapaz notou o clima pesado e tentou encenar: — Ah, mas não é como você! Você é única, insubstituível, tanto que está aqui comigo! Sempre foi você, querida!
0
Comente!x

  Helena deu um gritinho animado com Vera. Miguel então arregalou os olhos para Sofia percebendo que agora, ele é quem deu uma enorme bala de prata para alvejá-lo.
0
Comente!x

  — Ah Sofia! Viu só? “Sempre foi você!” — Vera comentou — Então! Se sabem disso não precisam ficar esperando um tempo bobo pra noivar! Já não basta todo o tempo que perderam?
0
Comente!x

  Sofia não sabia mais se bebia o suco ou se entalava com o bolo. Começou a morder os lábios desajeitada, e sua sogra achando que era efeito do assunto anterior: a ex do filho; comentou para animar a futura nora dos sonhos.
0
Comente!x

  — Sabe! Você não precisa se sentir irritada com essa história passada do Miguel, Sofi! Porque ele também arrastou um caminhão de inveja do Leonardo por todo o tempo que estiveram juntos!
0
Comente!x

  — Mãe! — Miguel começou a sentir que infartaria — Chega de falar de ex-namorados, né?
0
Comente!x

  — Ora, ela precisa saber também! — Helena falou como se desse bronca e pediu ao marido: — Conte Roberto!
0
Comente!x

  — Bem, durante todo o seu namoro com Leonardo, o Miguel só sabia ver defeitos no rapaz. Fingia que se dava bem com ele pra não te chatear, mas chegava em casa para nos visitar às vezes só pra despejar o quanto o Leonardo era insuportável. E toda vez que nós dizíamos que era inveja por ser o seu namorado, Miguel respondia: “Inveja? Ele vai passar e eu vou sempre estar com ela!”
0
Comente!x

  Helena começou a rir junto com Roberto. Sofia estava pasmada, com a expressão de quem viu um mamute extinto ao vivo e à cores. Os sogros sorriam e Miguel não conseguia encará-la. Ele havia mentido o tempo inteiro sobre o que achava do namoro da amiga e foi descoberto, então tentou justificar-se com:
0
Comente!x

  — A verdade é que eu enxergava que ele não era bom pra você! Só isso!
0
Comente!x

  — Ah é? — Sofia semicerrou os olhos — E que tipo de amigo era você que me viu entrando naquela furada e não fez nada se sabia que ele não prestava?
0
Comente!x

  — Fazer o quê se você estava apaixonada e quase se distanciando de mim?!
0
Comente!x

  — De onde tirou isso, Miguel? — Sofia perguntou e a conversa entre eles ficou um pouco mais acalorada pegando todos de surpresa.
0
Comente!x

  — Então se esqueceu que Leonardo fez o que pôde pra tentar tirar você de mim? Esqueceu que eu precisei me aproximar amigavelmente dele para ficar perto de você, já que todos os seus outros amigos e amigas estavam sendo afastados aos poucos por aquele idiota? Fingir que apoiava seu namoro foi o meu ato de resistência pra te proteger de perto, Sofia!
0
Comente!x

  Sofia deixou a boca cair em choque e Miguel ofegava, ansioso por ter falado demais.
0
Comente!x

  — Desculpa. — Sofia sibilou baixinho — Eu esqueci que você foi o único que conseguiu mesmo, se manter perto… Mas, eu achava que você tinha se enganado como eu. Deveria ter me dito que enxergava as falhas do Léo.
0
Comente!x

  — Se eu dissesse, alucinada por ele como estava, iria me ouvir? — Miguel perguntou sério e manso, a encarando com dor pelas lembranças.
0
Comente!x

  — Ei crianças… — Roberto se intrometeu — Vamos deixar isso para lá. Já está no passado, e a boa notícia é que agora vocês entendem que sempre tiveram muitos sentimentos além da amizade um pelo outro. Sempre se amaram e estão juntos.
0
Comente!x

  — É, isso que importa! — Antônio suspirou pesado ao se lembrar do quanto o ex da filha era um assunto que o incomodava — E eu repito, Miguel — o rapaz olhou para o pai da amiga que falava o encarando com uma admiração que Miguel nunca havia notado —, eu não a entregaria com tanta felicidade e aprovação a mais ninguém como é com você. Espero mesmo que vocês se casem em breve e sejam felizes juntos.
0
Comente!x

  Pronto. Caía a bigorna de duas toneladas na cabeça de Miguel e Sofia. Miguel, já derrotado, encostou as costas na cadeira e murmurou, baixo o suficiente só para ela ouvir:
0
Comente!x

  — A gente precisa de um plano de fuga. Urgente.
0
Comente!x

  Ela mordeu o lábio, segurando o riso nervoso, e sussurrou de volta:
0
Comente!x

  — Agora já era. Eles acabaram de decidir casar a gente no café da manhã.
0
Comente!x
Capítulo 3
0 0 votos
Classificação do artigo
Inscrever-se
Notificar de
guest
0 Comentários
mais antigos
mais recentes Mais votado
Feedbacks embutidos
Ver todos os comentários
Todos os comentários (0)
×

Comentários

Você não pode copiar o conteúdo desta página

0
Adoraria saber sua opinião, comente.x