Namorado de Emergência

Escrita porRay Dias
Editada por Natashia Kitamura

Capítulo 2 • Ensaios Desastrosos

Tempo estimado de leitura: 22 minutos

O apartamento de Sofia parecia ter sido transformado em um estúdio improvisado, mas a decoração mantinha-se fiel à sua bagunça costumeira. Cada canto refletia a personalidade caótica e acolhedora da moradora: plantas pendiam do teto em suportes de corda, livros se empilhavam em pontos estratégicos, e almofadas coloridas formavam pequenas fortalezas sobre o sofá, quase como se tivessem sido organizadas por algum tipo de arquiteto imaginário de bagunça. A luz do fim de tarde entrava pelas janelas, dourando o ambiente e fazendo com que os reflexos nas folhas das plantas parecessem brilhos de cena de cinema.
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  Miguel se recostou no encosto do sofá com um sorriso que mesclava arrogância e diversão, cruzando os braços como se estivesse pronto para julgar o espaço de Sofia com olhos críticos — mas, na verdade, cada detalhe do apartamento lhe era familiar, quase como se ele já fosse parte daquele cenário. Ele observava Sofia com aquele misto de admiração e provocação silenciosa que só os amigos de longa data conseguem nutrir.
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  Sofia, por sua vez, sentou-se na poltrona mais próxima da janela, braços cruzados e testa franzida, fingindo impaciência, enquanto tentava ignorar o nervosismo que apertava seu peito. Cada detalhe do plano que ela e Miguel estavam prestes a executar parecia maior do que sua coragem. E, no fundo, ela sabia que, mesmo com Camila presente, essa sessão de treinamento poderia ser mais constrangedora do que qualquer aula de teatro que já tivesse assistido.
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  E então entrou Camila. A amiga tinha uma energia que preenchia instantaneamente o ambiente. Seus cabelos estavam presos em um coque desleixado, e ela carregava um bloco de notas que parecia mais um tablet de diretor de cinema. Ao entrar, erguia o queixo com a determinação de quem comandaria cada gesto, cada olhar, cada respiração daquelas duas almas prestes a se enganar emocionalmente por uma noite inteira.
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  — Muito bem, senhor e senhora, — disse Camila, batendo as mãos sobre a mesa como se convocasse o início de uma produção de alto orçamento, — estamos aqui para garantir que nosso casal de fachada não apenas sobreviva à festa da Letícia, mas que faça isso com estilo, graça e, acima de tudo, coerência dramática.
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  Sofia soltou uma risada nervosa, escondendo o rosto entre as mãos, enquanto Miguel arqueava uma sobrancelha, divertido, mas claramente intrigado com a postura teatral da amiga.
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  — Coerência dramática? — Miguel repetiu, com aquele tom irônico que só ele sabia usar. — Você está falando como se a gente fosse atores de novela global.
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  — Exatamente! — Camila bateu mais uma vez no bloco de notas. — Porque é disso que se trata. Ensaios. Direção. Cenografia. Psicologia de personagens. E, sim, eu serei a diretora. Então aceitem isso agora e vamos evitar desastres mais tarde.
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  Sofia respirou fundo, tentando internalizar a ideia. Ela olhou para Miguel, que sorria com aquela mistura de desafio e divertimento no olhar. Era impossível não sentir que ele estava pronto para transformar aquela sessão em um show e ela teria que segui-lo, quer gostasse ou não.
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  — Primeiro ponto: olhares — continuou Camila, ajustando uma mecha de cabelo que caíra sobre o rosto. — Um casal de verdade olha um para o outro, mas não como se fosse atacar ou engolir a alma do parceiro. Miguel, você tende a exagerar. Sofia, você tende a fugir do contato visual quando está nervosa. Vamos corrigir isso.
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  Miguel soltou uma gargalhada curta, cruzando os braços, enquanto Sofia revira os olhos, tentando conter o sorriso. Mas Camila não deu trégua.
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  — Segundo ponto: sorrisos — enumerou com dedos estalando. — Não é um sorriso de “acabei de ouvir uma piada idiota”, nem um sorriso de “socorro, me tirem daqui”. É o sorriso de casal que transmite naturalidade e confiança. Vamos praticar.
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  E ali estavam eles, no meio do apartamento transformado em palco improvisado, sob a luz dourada do entardecer, com Camila assumindo cada gesto como uma coreografia, enquanto Miguel e Sofia começavam a perceber que aquela brincadeira seria muito mais complicada — e divertida — do que qualquer expectativa que pudessem ter. Cada gesto, cada expressão, cada toque imaginário começava a revelar pequenas faíscas de algo que ia além da encenação, mas eles ainda não ousavam nomear.
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  O ambiente sutilmente caótico da desorganização da casa de Sofia, parecia conspirar a favor daquele trio: uma diretora obsessiva por detalhes, uma amiga constrangida e nervosa, e um vizinho provocador e encantador, prestes a transformar um plano de conveniência em um experimento que misturava comédia, romance e um toque de caos absoluto.
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  E, assim, a sessão de briefing começava, com risos contidos, olhares que duravam um segundo demais, gestos exagerados e a promessa de que aquela tarde seria o primeiro passo para um desastre hilário, mas inesquecível, que ninguém, nem mesmo eles, poderia prever completamente.
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  — Agora, vamos parar de enrolar e começar a prática! — Camila ordenou.
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  O sofá do apartamento de Sofia parecia pequeno demais para a tarefa que Camila lhes impusera. Mesmo sendo grande, macio e convidativo, naquele instante ele parecia um palco de teste de resistência, capaz de amplificar cada gesto constrangedor e cada olhar nervoso. Sofia sentou-se no canto mais distante, cruzando as pernas e ajustando a almofada atrás das costas como se ela pudesse servir de escudo contra a proximidade de Miguel. Ele, por sua vez, ocupou o espaço central, relaxado e confiante, apoiando um braço no encosto, como se já estivesse no controle da cena. Camila se posicionou à frente deles, bloco de notas na mão, o queixo erguido, respirando a autoridade de uma diretora que não tolerava distrações.
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  — Ok, vamos começar com algo simples: sentar juntos. Sim, apenas sentar. Mas não de qualquer jeito! — ela enfatizou com gestos exagerados — Tem que parecer natural, confortável, com química visível, mas não exagerada. Entenderam?
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  Miguel olhou para Sofia e ergueu uma sobrancelha, piscando de forma provocativa.
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  — Natural, hein? Tipo, sem parecer que estamos prestes a explodir de constrangimento?
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  — Exato! — respondeu Camila, firme. — Sem explosões, sem escândalos, sem risadas que derrubem as plantas.
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  Sofia suspirou e ajustou-se no sofá, tentando se aproximar do vizinho sem que o gesto parecesse ensaiado. Miguel, obviamente, percebeu o esforço exagerado e não perdeu a oportunidade de provocar:
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  — Cuidado, você tá se aproximando demais, não quero ser esmagado pelo seu charme.
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  — Tá engraçadinho — murmurou Sofia, dando um empurrão leve no ombro dele. Mas era impossível conter o sorriso.
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  Camila, impaciente, começou a apontar os “erros” com precisão cirúrgica.
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  — Miguel, não cruze os braços! Sofia, não afaste tanto as pernas! Ocasionalmente encostem-se, mas não como se estivessem se grudando por desespero. Respirem, gesticulem, mas não exagerem.
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  Eles tentaram novamente. Miguel estendeu a mão, e Sofia, hesitante, deixou que ela repousasse sobre a dele, apenas tocando os dedos. Foi um gesto minúsculo, quase simbólico, mas suficiente para que a tensão no ar aumentasse e para que os corações de ambos acelerassem discretamente.
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  — Mais natural! — gritou Camila, batendo palmas. — Mas sem olhares assassinos ou sorrisos sarcásticos. Quero amor, gente, não guerra fria!
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  Miguel se inclinou levemente, encostando o ombro no dela como se a proximidade fosse acidental. Sofia piscou, desconfortável e curiosamente consciente de cada centímetro entre eles. O que era para ser um simples teste se transformava em um tabuleiro delicado de provocações e timidez.
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  — Isso é completamente bizarro — Sofia murmurou, quase para si mesma, enquanto Camila anotava algo freneticamente em seu bloco.
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  — Bizarro e divertido — rebateu Miguel, olhando para ela com aquele sorriso impossível de ignorar. — Quer dizer, olha só para nós! É como ensaiar um teatro de comédia romântica, mas somos os protagonistas de verdade.
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  Camila não se conteve e lançou uma risada alta, apontando para ambos.
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  — Exatamente! E agora vamos caminhar pelo apartamento. De mãos dadas. Como casal. Sem tropeços. Sem cair. E, por favor, tentem não rir de si mesmos, embora eu saiba que será inevitável.
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  Eles levantaram-se, desajeitados, e tentaram manter a postura. Miguel estendeu a mão e Sofia hesitou, antes de aceitar. O toque foi leve, quase um acidente de casualidade, mas ao mesmo tempo, carregado de eletricidade. Caminhar lado a lado nunca pareceria tão complicado: cada passo tinha que ser calculado, cada gesto coreografado, enquanto a sala pequena transformava cada movimento em potencial desastre.
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  — Muito próximo! — gritou Camila, segurando o riso. — Agora muito longe! Não é um concurso de distância, é intimidade controlada!
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  Miguel olhou para Sofia, tentando segurar o riso, e ela devolveu um olhar igualmente contido, ambos conscientes da tensão que se formava entre eles. Cada passo errado, cada tropeço de pés ou dedos, provocava pequenas gargalhadas contidas, transformando o que era um simples ensaio em um verdadeiro balé de constrangimento e charme.
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  Quando finalmente chegaram ao sofá novamente, exaustos dos variados ajustes de postura que Camila ficava pedindo, Sofia afundou-se nas almofadas rindo sem conseguir se controlar, enquanto Miguel a acompanhava com uma risada baixa e satisfatória. Camila, triunfante, anotava freneticamente: “Progresso! Química evidente! Trabalho quase perfeito! Ajustes mínimos necessários!”
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  Aos poucos, Sofia começou a perceber que o plano de Camila não era propor apenas uma farsa, era uma oportunidade de conhecer Miguel de um jeito novo. Um jeito mais próximo, mais íntimo, mais inesperadamente… romântico.
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  Sofia e Miguel permaneciam sentados lado a lado, embora a distância entre eles parecesse maior do que era na realidade. Cada um ajustava a postura, mexendo nas almofadas ou cruzando levemente as pernas, como se cada movimento fosse uma estratégia para manter a compostura diante da supervisão rigorosa de Camila. A luz dourada do fim de tarde filtrava-se pelas cortinas, lançando sombras suaves que dançavam sobre as plantas e quadros pendurados nas paredes, criando uma atmosfera quase cinematográfica, perfeita para ensaiar algo que deveria parecer natural, mas que todos sabiam que seria desajeitado e constrangedor.
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  — Agora — começou Camila, batendo o bloco de notas na palma da mão, fazendo ecoar um som seco e autoritário — vamos para a parte crucial: o beijo.
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  Miguel se empertigou no sofá, arqueando uma sobrancelha, e lançou para Sofia um olhar misto de desafio e incredulidade.
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  — Sério isso? A gente precisa mesmo ensaiar o beijo?
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  Sofia soltou um riso nervoso, cobrindo a boca com a mão.
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  — Você está me dizendo que vamos sentar aqui e… simular um beijo de mentira? — perguntou, franzindo a testa e já sentindo o calor subir pelo pescoço.
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  — Exatamente! — respondeu Camila, sem deixar transparecer qualquer dúvida. — Vocês não podem ir para a festa surpresos ou desajeitados. Esse ensaio é fundamental. É apenas uma prática para que vocês saibam como reagir, como se mover, como fazer parecer natural. Além disso, qualquer tipo de hesitação na frente do Leonardo poderia denunciar tudo.
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  Miguel rolou os olhos, mas não retirou a mão da amiga que estava, acidentalmente no sofá, sobre a mão dele, mantendo um toque casual que aumentava a tensão entre eles.
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  — Tá, mas só para esclarecer: naturalidade e química simulada… não vamos acabar rindo de nervoso, né?
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  — Rir é permitido — respondeu Camila com um sorriso triunfante — mas não o suficiente para destruir a encenação. Respirem fundo, mantenham os ombros relaxados, olhem nos olhos um do outro, e lembrem-se: cada gesto deve parecer espontâneo.
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  Sofia engoliu em seco, os dedos ligeiramente trêmulos repousando sobre as mãos de Miguel, tentando esconder o quanto o toque a desconcertava. Ele, por sua vez, mantinha uma expressão calma, mas o leve arqueamento de sobrancelha e o sorriso contido denunciavam que estava se divertindo secretamente com a situação.
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  — Ok — murmurou Miguel, inclinando-se levemente para frente — mas só para deixar claro, Sofia, se eu cair de cara no seu ombro ou você gritar, não me julgue.
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  — Pode deixar — respondeu Sofia, com um riso contido, mas tentando não demonstrar o nervosismo crescente.
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  Camila, sentada em uma cadeira improvisada à frente deles, fez um gesto teatral, quase como se estivesse conduzindo uma orquestra.
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  — Primeiro passo: aproximem-se gradualmente. Não um avanço súbito, mas lento, deliberado. Conversem com os olhos antes de qualquer contato labial. Sincronizem a respiração, observem o ritmo do outro.
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  Eles se inclinaram, um centímetro de cada vez. Cada aproximação carregava um peso inesperado: o coração de Sofia disparava com cada centímetro, e Miguel sentia a tensão elétrica que se formava entre os dois, mesmo sabendo que tudo aquilo era “farsa”. Os olhares se encontravam, e um sorriso pequeno, involuntário, surgiu em seus rostos.
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  — Mais próximo — instruiu Camila, batendo novamente o bloco de notas — mas lembrem-se: não exagerem na força do abraço, não cerquem o outro, e, por favor, tentem não tragar o fôlego do parceiro.
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  Sofia respirou fundo e, por instinto, tocou levemente o braço dele, quase como um apoio casual, mas que enviou uma corrente de calor pelo antebraço. Miguel sentiu o toque, sorrindo com o gesto, mantendo a postura de quem nada sentia, embora cada músculo do corpo dele estivesse alerta, consciente da proximidade dela.
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  — Agora, o passo final — disse Camila, inclinando-se para frente como se estivesse prestes a entregar o clímax da sessão — encostem os lábios. Apenas um toque inicial, leve. Sem pressa. Sem pressão. Apenas sintam o momento e ajustem a postura.
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  Eles trocaram um olhar rápido, silencioso, quase cúmplice, como se dissessem: “Estamos prestes a fazer algo totalmente ridículo, mas vamos tentar”. Miguel inclinou o rosto lentamente, Sofia acompanhou o movimento sem retirar a mão dele, sentindo cada fio de tensão entre os dois.
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  Quando finalmente os lábios se tocaram, foi um toque suave, quase tímido. Um leve arrepio percorreu ambos os corpos, a sensação inesperada de proximidade física misturada com a consciência de que Camila estava ali, observando cada segundo, cada reação. Não havia pressa, não havia drama, apenas a tentativa de reproduzir algo natural — e, paradoxalmente, parecia mais real do que qualquer ensaio anterior.
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  O toque breve permaneceu alguns segundos, longo o suficiente para que eles percebessem a estranha conexão que ia além da farsa, mas não o suficiente para quebrar a compostura que precisavam manter diante da “diretora”. Camila, satisfeita, fez uma anotação rápida no bloco, enquanto os dois recuavam, com respiração presa e corados, tentando disfarçar o quanto aquele simples ensaio havia alterado a tensão elétrica entre eles.
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  Miguel desviou o olhar primeiro, tentando controlar o sorriso que ameaçava escapar, e Sofia, com a mão ainda pousada sobre a dele, sentiu o coração acelerar mais uma vez. O toque, por mais breve que fosse, havia plantado uma semente — a semente de algo inesperado, divertido e perigosamente atrativo — que nenhum dos dois conseguiria ignorar, mesmo sabendo que tudo aquilo era apenas um ensaio para uma farsa que, naquela tarde, tinha se tornado infinitamente mais real do que poderiam admitir.
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  Sofia recuou levemente, corando de forma quase perceptível, e levou a mão ao rosto, tentando disfarçar o calor que subira ao pescoço e às bochechas. Miguel, por outro lado, manteve-se imóvel no sofá, como se hesitasse em se afastar completamente, absorvendo cada segundo daquele instante.
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  — Bem… — murmurou Sofia, mais para si mesma do que para qualquer outra pessoa. — Não achei que seria tão… intenso.
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  Miguel mais uma vez desviou o olhar, mantendo o semblante tranquilo, mas agora, revelando um um sorriso discreto que não achou que precisaria esconder, já que Sofia admitiu que aquilo foi… Intenso:
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  — Eu também não — disse, em voz baixa, tentando soar indiferente, mas falhando miseravelmente. — É… diferente do que imaginei.
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  Camila, que observava de sua cadeira à frente, bloqueando qualquer distração, sorriu com satisfação. Seus olhos brilhavam com a mistura de autoridade e diversão que sempre assumia quando comandava um ensaio. Ela se inclinou para frente, batendo levemente o bloco de notas na palma da mão.
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  — Achei que vocês iam cair na gargalhada, bater os dentes um no outro ou gritar “socorro”! — começou, a voz firme, mas divertida — Mas vejam só… vocês conseguiram se manter compostos. Interessante. Muito interessante, devo dizer.
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  Sofia engoliu em seco, tentando ignorar o fato de que a análise da amiga parecia atravessar cada camada de sua consciência. Miguel riu baixinho, enquanto desviava o olhar de Camila, sentindo-se estranhamente vulnerável, mas também… conectado.
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  — Vejam — continuou Camila, folheando as anotações no bloco — o selinho foi rápido, sim, mas vocês conseguiram sincronizar o movimento dos lábios, a postura do corpo e até a respiração. Sofia, você recuou no momento certo; Miguel, você manteve firmeza sem exagerar. Uma performance quase perfeita, considerando a situação.
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  Miguel levantou uma sobrancelha, ainda sorrindo.
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  — Performance quase perfeita? — repetiu, lançando um olhar desconfiado para Sofia, como se quisesse ver se ela havia notado a mesma “coisa” que ele.
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  — Sim! — disse Camila, sem se deixar distrair. — Vocês estão começando a perceber a química que já existe entre vocês, mesmo que não tenham consciência plena disso. Mas calma! Nada de pressa, nada de confusões fora do plano. Esse foi apenas o selinho de aquecimento.
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  Sofia sentiu uma pontada de nervosismo misturada com uma estranha excitação.
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  — Selinho de aquecimento… — repetiu, quase sussurrando, olhando para Miguel, que devolveu o olhar com aquele sorriso travesso que sempre a desarmava.
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  Camila voltou a folhear o bloco, fazendo anotações rápidas e discretas, a expressão concentrada, mas com um brilho de divertimento.
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  — Agora — disse, erguendo o olhar — a próxima atividade será mais… dinâmica, mas não hoje. Hoje encerramos com a análise do selinho e dos gestos, e reforço: cada detalhe do contato físico, cada inclinação da cabeça, cada respiração sincronizada será registrado. Vocês vão precisar disso para quando ensaiarmos frente a outras pessoas.
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  Miguel se recostou, suspirando, com um sorriso quase inevitável.
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  — Certo… então só foi o selinho, nada mais. Por enquanto.
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  Sofia assentiu, ainda ajustando a postura, tentando organizar os pensamentos e o coração que, sem perceber, ainda pulsava acelerado.
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  — Por enquanto — repetiu, a voz baixa, carregada de um misto de constrangimento e curiosidade.
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  Camila fechou o bloco com um estalo seco e triunfante, como se tivesse completado uma etapa decisiva de uma produção cinematográfica.
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  — Ótimo! — exclamou — Hoje, apenas entendam o que funcionou, anotem mentalmente cada reação, cada detalhe. Amanhã, ou na próxima sessão, vamos colocar isso em prática em outro cenário, com mais interação e talvez uma ou duas surpresas controladas.
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  O apartamento parecia agora mais silencioso, como se cada objeto — plantas, livros, almofadas, paredes — tivesse absorvido a eletricidade que o selinho gerara. Sofia e Miguel permaneceram sentados, respirando fundo, processando o que acabara de acontecer. A tensão leve, quase imperceptível, permanecia no ar, agora misturada com a antecipação de um próximo exercício que prometia mais risadas, constrangimentos e, possivelmente, pequenas faíscas românticas.
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  Miguel soltou uma risada baixa, quase sem som, e olhou para Sofia.
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  — Você percebeu, né? Que mesmo ensaiando, alguma coisa… mudou.
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  Sofia não respondeu de imediato, desviando o olhar e sentindo um calor subir ainda mais. Mas antes que pudesse reagir, Camila levantou-se e caminhou em direção à porta, blocos de notas ainda nas mãos, como uma capitã que deixa o time absorver os resultados antes do próximo desafio.
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  — Não mudou nada, Miguel! Estava tudo aí, só o que te acendeu foi um pouco de fogo no cu! — Camila zombou ao amigo gargalhando de um jeito que segurava a barriga, enquanto ele protestava:
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  — Fogo no cu é teu de ficar inventando ensaio para tudo! Como se eu ou a Sofia não soubéssemos namorar!
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  — Não um com o outro. — Sofia respondeu simples, dando de ombros e Camila sorriu piscando e apontando para a amiga como se ela tivesse entendido tudo.
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  — Então, por hoje é isso — disse, sorrindo — Mas não se enganem. O próximo ensaio vai exigir coordenação, confiança e, principalmente, atenção ao detalhe. Não se esqueçam: isso é uma encenação, mas toda encenação revela verdades que vocês ainda não perceberam.
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  Sofia e Miguel permaneceram por um instante em silêncio, apenas observando Camila se afastar, a mente repleta de pensamentos e sensações conflitantes, sabendo que aquele simples selinho tinha sido muito mais do que um gesto de ensaio. Era um aviso de que o que eles estavam fingindo começar a se infiltrar de verdade.
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  E assim, enquanto o sol desaparecia lentamente no horizonte, tingindo o apartamento com tons crepusculares, o trio encerrava a sessão de hoje rindo, constrangido e de maneira sutil, aprendendo que a farsa estava começando a revelar algo muito mais complexo e realmente divertido.
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