Capitulo 4 • O Acidente
Tempo estimado de leitura: 7 minutos
Penachos e Minnie correram até o hospital preocupados com a filha. Será que Marly estava bem? Christian também estava ali, preocupado com a amiga.
— A culpa é sua, Penachos! — disse Minnie brava. — Se não fosse tão ocupado com tudo, esse não seria o estado dela.
— Você realmente está tentando me culpar, Minnie? — perguntou Penachos.
— Eu... — Ela tentou argumentar, mas parou.
O médico começou a chegar.
— Então, doutor? — perguntou Penachos.
— Ela precisa de cuidados, cuidados que ela só pode ter em um hospital.
— Eu não posso ficar, tenho trabalho — diz Penachos.
— E eu tenho uma casa e outras filhas para cuidar — disse Minnie.
— Eu fico — diz Christian.
— Mas você não tem escola, garoto? — perguntou Minnie a Christian.
— Tenho, mas me atualizo depois, o que importa é a Marly estar bem — diz para todos do hospital.
— Tudo bem — concordou Penachos. — Você fica cuidando da minha filha, mas, por favor, cuide bem dela. Ela está sob seus cuidados agora.
Xxxxxxxxx
O clima na casa de Niça e Francisca estava insustentável. Penachos e Minnie sequer conversavam, pareciam um querer culpar o outro.
— Não foi culpa de nenhum de vocês — começou Francisca.
— Foi um acidente — disse Niça. — Acontece! Podemos tentar reconstruir nossa família — sugeriu.
— Como? — perguntou Francisca.
— Que tal contarmos histórias bíblicas que conhecemos ou até conhecer mais da história de vocês? — diz Niça.
— Qual mulher bíblica? — pergunta Minnie.
— Eu pensei na mulher samaritana — disse Niça.
— Eu tenho a história perfeita para essa — disse Minnie.
Xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
ÉPOCA DE JESUS CRISTO
— Lana, acorda! — disse uma mulher. — Está na hora de você fazer os seus afazeres domésticos — disse.
— Mãe — disse a jovem —, você sabe que eu tenho aulas egípcias para ir hoje — disse a jovem.
— As aulas egípcias esperam — diz a mulher.
Xxxxxxxxxx
— Mulher — disse um homem que parecia muito um homem do futuro —, você não vê que não te amo mais? Por que insiste nesse casamento?
— Nem eu sei — respondeu a mulher. — Vou tirar água do rio.
A mulher foi tirar água do rio.
— Mulher, pode dar-me de beber? — perguntou Jesus à moça.
— Quem és tu que ofereces de beber a uma mulher samaritana, os samaritanos não são bem vistos pelos judeus — respondeu a mulher.
— Se me pedisse eu lhe daria água de uma fonte inesgotável que saciaria toda a sua sede — respondeu o homem.
— És tu profeta ou algo semelhante ao messias que os judeus dizem que virá? — perguntou a mulher.
— Eu sou o próprio — respondeu o homem.
— Se o fosse, deveria saber que não tenho honra, eu não sou um exemplo de boa mulher e não tenho marido.
— Disseste bem, mulher, teve cinco maridos e este último não pode ser considerado um — disse o homem, deixando-a admirada.
Xxxxxxxxxxxxxxx
— Essa é a história da mulher samaritana, mãe? — perguntou Francisca.
— Sim — respondeu a mãe. — Uma das histórias mais interessantes da Bíblia.
— Parece realmente interessante — concordou Niça. — Eu não sabia que conhecia a Bíblia, mãe.
— Eu sei um pouco — disse a mãe.
— E a sua história com meu pai? — perguntou Francisca. — Como foi?
— Essa é uma história complicada — disse Penachos.
— Tem certeza que desejam saber? — perguntou Minnie.
— Sim! — responderam as duas filhas em uníssono.
Xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
DÉCADA DE 80
“E Deus disse: Sede fecundos, multipliquem-se e encham a terra, que será dada aos humildes”
— Oh, criador dos céus e da terra, se podes ouve-me. Eu farei um jejum mas salve meu pai da morte — disse uma garota de cabelos negros.
A garota fez seu jejum, mas de nada adiantou, o pai morreu. A morte do pai foi como um dilúvio na vida da jovem garota. Ela viu que agora tinha a mãe, mas a mesma não fazia os gostos dela. Tinha dois amigos, mas eles pareciam distantes. A jovem Minnie viu sua irmã, Renah, orando e prestando culto a Deus, mas não entendia o Deus dela. Como poderia a irmã orar tanto para um Deus que causara a morte do pai delas? Foi então que recebeu uma ligação da melhor amiga, Luciana:
— Tudo bem por ai? — perguntou ela. — Soube da morte do seu pai. Eu sinto muito.
— Eu não fui uma boa filha, nem mesmo uma boa amiga — disse Minnie. — Mas eu estava tentando ser uma boa filha, só não sei como as coisas chegaram a esse ponto.
— Eu também não entendo — diz Luciana. — Também tenho passado com problemas com meu noivo.
— Joaquim, certo? — perguntou Minnie.
— Acho que se vocês querem mesmo dar certo, deveriam se dar uma chance de serem felizes juntos — disse Minnie.
— É que é meu primeiro namorado — disse Luciana.
— Por isso mesmo, esse namoro deve ser certo e bem entendido, uma boa relação de duas partes — disse para a amiga.
— E você, tem namorado? — perguntou Luciana.
— Não — respondeu Minnie. — Você sabe... meu pai morreu e meus melhores amigos... bem, eles me prometeram ser os melhores amigos do mundo e não foram.
— Eu entendo — disse Luciana. — Pelo menos temos uma a outra.