19 • Eu te am...
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Christina Perri – Arms
“You put your arms around me and I'm home”
Rita POV
A primeira reação que eu tive assim que ele me abriu a porta foi abraçá-lo o mais forte que consegui; neste momento, não importava se ele me tinha magoado ou não, só importava que ele estava ali me abraçando tão forte como eu o estava a abraçar a ele.
Desabraçamo-nos e pude distinguir vozes na sala, ah não, Harry não tinha chamado toda a gente para se despedir, não é? Tinha.
Conforme me aproximei da sala pude ver o rosto de todos e mais alguém desconhecido.
- Ai de vocês que se comessem a despedir já, eu só me vou embora amanhã pessoal – disse tentando soar divertida.
- Só você, criança. – Els disse sendo a primeira a dar-me um abraço.
- Sou a maior eu sei – fiz-me de convencida.
- Olhem lá ela se achando.
- Calado Zayn, me deixa ser feliz – disse abraçando-o e depois todos os outros.
- Esta é Kate, uma amiga – Niall apresentou a tal desconhecida e olhei-o como quem diz “amiga, chama-lhe amiga que eu chamo outra coisa”, mas fiquei calada.
Tive o almoço mais estúpido da minha vida porque acho que Louis deve ter tomado um energético. O rapaz estava mais acelerado que o costume e ele já é bastante, então nem queiram imaginar, ficou assim durante boa parte da tarde e do jantar e só depois é que acalmou.
- Perdeu a pilha, Tomlinson? – perguntei quando estávamos todos nos levantando a mesa – as meninas estavam, os rapazes estavam a ver-nos e a gozarem conosco por tudo e por nada.
- Preciso de recarga, red bull talvez?
- Nem sonhes Louis! Já vimos que tu ficas elétrico com esse líquido maligno!
- Liquido maligno Els? – perguntei rindo.
- Sim, ele está impossível Rita.
- Coitado, ele precisa de libertar energia.
- Coitada é de mim que o tenho de aturar – ela disse fazendo-se de coitadinha e eu saltei-lhe em cima a dar-lhe beijinhos e a dizer repetidas vezes “coitadinha da Els, tadinha dela, ownn Els, não fiques assim, tadinha de ti” e coisas chatas do género.
- Ah mulher vai ter com o teu homem e deixa-me em paz.
- Só por causa dessa eu vou e ficas aqui a lavar a loiça sozinha.
- Obrigada pela parte que me toca – Kate, Pierre e Danielle disseram.
- Estraga prazeres, podiam ter ficado caladas – disse dando língua e indo ter com o Harry puxando-o para o sofá da sala.
Um ambiente tenso começou a surgir e eu não queria nada que isso acontecesse.
- A que horas é o teu voo?
- De manhã, às 10:45h.
- Mas fica aqui hoje, né?
- Se isso é um convite.
- Claro que é.
- Então eu fico e amanhã de manhã vou para lá cedo arrumar as últimas coisas e vou de táxi pro aeroporto.
- Ok, depois eu e eles aparecemos lá para nos despedirmos, tudo bem?
- Não é preciso, vai fazê-los acordar cedo só para se despedirem de mim?
- Ele não vai nos fazer ir até lá, nós vamos porque queremos – Pierre.
- Own, obrigada Pierre, e estão aqui as tuas roupas, obrigada – disse esticando-lhe o saco.
- De nada, eu e Zayn vamos indo, até amanhã.
- Até amanhã.
Depois deles, Liam e Daniele, Niall e Kate também se foram dizendo que apareciam no outro dia lá em casa. Eu acho que isso ainda vai fazer com que tudo fique pior, com que custe mais a despedida, mas eu não podia simplesmente dizer “não vão porque eu não quero” não é? Afinal de contas eles eram uma parte importante da vida de Harry e faziam parte da minha também.
Louis e Els subiram dando um tchau rápido e ficamos só eu e Harry no sofá da sala, ele puxou-me e ficamos deitados nos braços um do outro. É o que eu digo, este tipo de coisas só faz com que seja pior a despedida, nós estamos sempre juntos, foi tudo tão rápido, tão intenso, tão tudo junto, passamos do ódio ao amor em questão de dias, e quando digo amor é amor mesmo. A nossa relação podia ser vista como o chamado amor de verão, as pessoas conhecem-se, apaixonam-se e no final do verão têm de se separar porque é mesmo assim, são apenas amores de verão, passageiros. Mas no nosso caso pareceu tudo ainda mais rápido, mais fugaz, e consequentemente mais intenso, foi tudo vivido ao segundo ao milésimo de segundo diria mesmo, vivemos, sentimos, fizemos mais coisas nestes dias que se calhar alguns casais vivem em semanas ou meses.
- Vou sentir a tua falta – ele disse baixinho no meu ouvido.
- E eu a tua, mais do que o que tu possas imaginar.
Ele levantou a cabeça um pouco e olhou-me nos olhos.
- Tu sabes que… - passou os dedos pela minha bochecha – que eu te am – calei-o o mais rápido que pude pondo a minha mão sobre a sua boca.
Ele olhou-me sem entender e eu respondi á sua pergunta não feita.
- Se o disseres amanha vai ser pior, vai custar mais, não o digas – disse já com a garganta apertada, as lágrimas ameaçavam sair a qualquer momento.
Ele assentiu com a cabeça e pousou-a sobre o meu ombro novamente.
Eu sabia o que ele iria dizer, também não sou burra, mas iria doer tanto, mas tanto amanhã, que eu prefiro que ele não o diga, não hoje, não agora, a horas de eu apanhar o meu avião de volta para Portugal, ditando o fim de tudo o que aconteceu aqui em Londres. Eu nunca mais o iria ver, mas também nunca o iria esquecer.
Senti o meu ombro molhado e olhei para ele. COMO ASSIM ELE ESTAVA CHORANDO? Tentei me afastar, mas ele só me abraçou mais forte.
- Harry… - chamei baixinho.
- Shh… Só... Fica assim comigo… Por favor – ele disse com voz de choro que me cortou o coração em mil pedaços.