Just a Summer Love?


Escrita porLia
Revisada por Natashia Kitamura


16 • Claire

Tempo estimado de leitura: 6 minutos

  Katy Perry – Firework

  “You just gotta / Ignite the light / And let it shine / Just own the night”

  Harry POV
  Ver o sorriso dela ontem quando a surpreendi no oceanário para dar de comer às tartarugas fez-me pensar o quão sortudo eu era por nós termos gostos tão parecidos, por nós pensarmos nas mesmas coisas, por sermos praticamente almas gémeas em relação a tantos assuntos, eu sou um sortudo!
  E isso me fez pensar que eu uma vez por mês costumo comprar comida e dedicar um dia da minha vida corrida aos sem abrigos, indo entregar-lhes uma refeição quente às suas “casas” – um papel de cartão no chão – que mesmo sendo verão em Londres esfria muito de noite e mesmo que não esfriasse, eu estou aqui no meu luxuoso apartamento e aquelas pessoas não têm nada, absolutamente nada, muitas vezes nem comida elas têm, por isso porque não ajudar um pouco os outros? Hoje eu iria levá-la comigo.
  - Vai sair? – Louis perguntou entrando no quarto.
  - Vou, você não?
  - Sim, mas aposto que não pro mesmo lugar que você.
  - Ah, eu vou para casa da Rita, realmente, não me parece que você vá comigo.
  - Eu logo vi, você se esqueceu! – ele disse divertido.
  Esqueci? Esqueci do quê? Nós não tínhamos entrevistas hoje, não tínhamos nada, eu estava de folga hoje, eu e todos os rapazes, do que eu me poderia ter esquecido?
  - Tarde de rapazes na casa deles?
  Ah isso!
  - Fica para outro dia, tudo bem? Hoje não vai dar mesmo.
  - Hoje e os outros dias que estiver com ela.
  - Não, hoje é diferente.
  - Por quê?
  - Depois conto, agora preciso ir, manda um abraço aos rapazes.
  - Pera, me dá uma carona.
  - Anda.
  Levei Louis até a casa dos outros e aproveitei para lhe contar o que eu iria fazer, ele me apoiou nisto, diz que faço muito bem porque nós temos demais e há pessoas que têm de menos, e eu concordo plenamente. Deixei-o lá e segui para casa da minha princesa.

  Rita POV
  A campainha toca e eu vou abrir esperando ser Will, mas encontro Harry.
  - Oi? – pergunto confusa.
  - Eu sei que não avisei, mas posso entrar?
  - Claro – eu digo sorrindo dando espaço para ele entrar e fechando a porta.
  - O meu beijo, já não mereço é? – Como o meu namorado é bobo! Aproximei-me devagar e quando estava mesmo perto mordi-lhe o lábio fazendo-o rir e só depois é que o beijei. – Assim está melhor, agora anda, preciso de ti hoje.
  - Precisa, mas eu hoje vou sair!
  - Pois você vai, comigo!
  - Não, eu combinei umas coisas com uns amigos, pode vir conosco.
  - Desmarca, please, please, please, é super importante, please – olhos gatos das botas são o meu fim.
  - Tudo bem.
  - Yeahhh – ele meio que gritou e fui arrastada para fora de casa num ápice.
  Depois de irmos buscar comida para um batalhão – sem exagero – e cobertores para outro tanto batalhão – sem exagero novamente – Harry disse que teríamos de fazer uns quilômetros. E neste momento, quilômetros esses passados eu percebi o porquê de toda esta agitação e de tanta coisa, onde eu estava com a cabeça pensando que tudo isto era para nós, que lerdeza!
  - Espero que tenha uma veia de solidária em você – nem sabe ele que eu já fiz voluntariado, mas tudo bem.
  Saí do carro e fui buscar um cobertor e uma sopa quente embalada no porta-malas já aberto.
  A tarde passou mais rápido do que o que eu esperava, conheci tantas pessoas maravilhosas, com tantas histórias de vida que me emocionaram; é impressionante como nós nos queixamos da vida, mas depois vemos estas pessoas com histórias de vida horríveis a viver na rua que não se queixam de nada e estão sempre com um sorriso na cara.
  Uma velhinha enrolada num pequeno cobertor velho chamou a minha atenção, já tinha anoitecido, quando olhei ao relógio eram quase 21 horas, então o frio começava a fazer-se sentir, e aquela pobre senhora estava só com aquele pequeno cobertor enrolado ao corpo. Peguei dois cobertores e duas sopas e fui em direção à senhora. Quando estava quase a chegar Harry me parou e eu o puxei para vir comigo.
  - Boa noite, senhora – dizemos eu e ele juntos e sorrimos.
  - Boa noite, meninos – a senhora vê-se que não é assim tão idosa como eu pensei, teria os seus 70, não mais que isso.
  - Trouxemos estes cobertores e estas sopas para você, espero que seja do seu agrado.
  - Claro que sim, muito obrigada mesmo – a senhora tinha um olhar encantado no rosto e não sei se por vergonha ou por outro qualquer motivo, mas não começou a comer e a cobrir-se como qualquer outro sem abrigo que eu vi hoje, e isso me tocou.
  - Harry, vai buscar mais um cobertor e duas sopas, por favor – disse-lhe e ele foi.
  - Hoje você terá mais duas pessoas para jantar com você, espero que não se importe.
  - Claro que não, mas eu suponho que você e o seu namorado tenham uma casa de vocês, de certeza bem mais confortável que o chão da rua.
  Salva pelo Harry, não tive de responder à pergunta feita pela senhora, sei que nem era a intenção dela meter-se na minha vida, mas eu não sabia o que responder.
  - Hoje jantaremos aqui – eu disse com o meu melhor sorriso e ele não precisou de muito tempo para perceber a minha intenção.
  Sentamo-nos no chão de frente para a senhora e pusemos o cobertor nas nossas pernas, abri as sopas e tirei as colheres dos invólucros e entreguei cada uma a cada pessoa, fazendo a senhora dar a primeira colherada e o meu coração ficar mais aliviado.
  Eu e Harry começamos a comer também.
  - Muito obrigada pelo que estão a fazer, significa muito para todos nós.
  - Não tem de agradecer minha senhora, nós fazemos com gosto.
  - Não me trate por senhora, meu nome é Claire, trate-me por Claire.
  - Claro, já agora eu sou Rita e ele é Harry.
  - É bonito ver um casal jovem dedicando seu tempo a pessoas como nós, ainda mais quando poderiam estar a aproveitar suas vidas, namorando, andando de mãos dadas como dois jovens apaixonados.
  E agora? Era estupido, mas eu ainda não sabia o que dizer quando as pessoas diziam que nós estávamos apaixonados ou que ficávamos bem juntos, nós não tínhamos nada e tínhamos tudo, exatamente ao mesmo tempo.

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