Vigésimo Nono Capítulo • Lights
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Fechou a porta atrás de si e então se dirigiu à sua secretária. A questionou quantos pacientes ele ainda tinha e ela respondeu que apenas mais dois: um agora às quatorze e outro às quinze. Suga agradeceu e voltou para seu consultório, estava decidido, seria hoje! Aproveitaria que a agenda não estava apertada, pegou o papel guardado dentro de sua agenda e então discou os números dela, colocando o telefone celular no ouvido logo em seguida. Roeu a unha do dedão enquanto o telefone dela chamava.
- Alô? - o coração dele gelou quando ouviu a voz dela - - %Paloma%? - ele tirou o dedo da boca - - Isso! - ela respondeu - Quem é? Foi a vez do coração de %Paloma% gelar. Ela se sentou no sofá enquanto trocava o celular de ouvido.
- Oi Suga! - ela mordeu o lábio, com medo - - A gente pode se encontrar ainda hoje? - ele deu um clique na caneta para tentar afastar o nervosismo - - Pode ser no meu apartamento mesmo? - ele deu outro clique na caneta - - Sem problemas! - %Paloma% apertou um lábio no outro, nervosa - - Você ainda sabe o endereço? E ela desligou. Suga ainda ficou olhando a tela do celular por alguns segundos sentindo o coração voltar a bater normalmente dentro do peito, e então sua secretária perguntou se o paciente já podia entrar e ele disse que sim. Pediu ao Universo que as horas passassem logo, para que ele pudesse resolver logo esse assunto.
%Paloma% engoliu seco e então atravessou a rua e mais uma vez adentrou a guarita.
- Boa tarde! - ela cumprimentou o porteiro que a cumprimentou de volta - Eu preciso falar com o Suga! Não sei muito bem qual o apartamento dele!
%Paloma% coçou a cabeça e o porteiro franziu a testa.
- Como é o nome? - ela repetiu devagar - Moça, não tem ninguém morando aqui com esse nome não! Tem certeza?
%Paloma% fechou os olhos suspirando pesadamente, só faltava o filho da puta ter mentido o nome! %Paloma% pediu um momento e então ligou para Suga que a atendeu quase imediatamente, como se já esperasse por alguma ligação dela.
- Suga? - ela mordeu o lábio - Eu to aqui na sua portaria e o porteiro disse que não mora ninguém chamado Suga no prédio!
Ela ouviu a risada seca dele do outro lado.
- To descendo para te liberar! - e desligou -
%Paloma% sorriu para o porteiro, um tanto quanto sem graça enquanto aguardava por Suga. Alguns minutinhos depois ele apareceu.
- Seu Lourenço! - ele cumprimentou o porteiro - O Suga sou eu! Pode liberar ela para mim?
Os dois riram e %Paloma% quis revirar os olhos.
- Ô, meu filho me desculpa, viu? - Suga disse que não tinha problemas e então %Paloma% foi liberada -
Os dois acenaram um para o outro com a cabeça e então %Paloma% começou a segui-lo. Durante o caminho:
silêncio. No elevador:
silêncio. Chegaram ao andar dele:
silêncio. Suga abriu a porta do apartamento e deixou que %Paloma% entrasse primeiro ao recinto. Assim que adentrou o lugar %Paloma% o observou detalhadamente: a decoração era bem clean, as paredes brancas, um balcão dividia a sala da cozinha, e por ali havia um piano. Ele sempre estivera ali? Ela bateu o olho no sofá e então foi invadida por uma súbita lembrança:
Suga por cima dela ali naquele mesmo sofá bege, enquanto os dois se beijavam e ela tentava arrancar a camiseta dele. - Senta! Fica à vontade! Você aceita uma água, ou um café? Tem chá também!
%Paloma% tentou disfarçar as bochechas vermelhas pela lembrança fora de hora.
- Água, por favor! - ela retirou a bolsa do ombro e a depositou sobre o sofá, sentando-se -
Suga a deixou sozinha por alguns minutos enquanto ia para a cozinha e então a mão dela passou delicadamente pelo sofá. Lembrou-se dele mordiscando sua orelha enquanto falava coisas desconexas. Arrepiou e balançou a cabeça afastando os pensamentos.
- Aqui! - ela pegou o copo da mão dele bebendo o líquido - Os seus exames %Paloma%!
Suga depositou os envelopes ao lado da bolsa dela no sofá e então se sentou ao lado dela no mesmo. Silêncio outra vez. Até que Suga o quebrou:
- Tem certeza que não transou com mais ninguém naquele período? - ele mordeu o lábio inferior -
%Paloma% respirou fundo, alinhando os chakras. Que pergunta estúpida, ela pensou!
- Tenho Suga! Minha vida sexual não é muito movimentada! Só transei com você! Mas faço questão que você faça o DNA! Não quero que haja dúvidas!
Suga balançou a mão no ar, um pouco indignado com a reação dela.
- Não! Não quero DNA! Eu acredito em você! E também acredito que o bebê é meu!
- Onde está a sua namorada? - %Paloma% coçou a nuca, exposta por causa do coque que ela usava -
Suga fez uma careta com os lábios e então soltou um suspiro, passando as mãos pelo rosto.
- Bom, agora ex namorada! Quer dizer, novamente minha ex namorada.
%Paloma% abriu um pouco a boca, surpresa.
- Me desculpe! Eu não fazia ideia que vocês tinham se entendido e voltado! Eu não quis causar isso.
- Imagina! Você não tem culpa de nada!
%Paloma% estava um tanto quanto surpresa com a educação em que ele a estava tratando, nem parecia o mesmo homem que mal havia olhado em sua cara no dia seguinte de uma noite de sexo.
- Olha, - ele pausou - Eu quero estar presente na vida do bebê! Quero ser um pai de verdade!
Suga suspirou, lembrando-se da própria vida familiar e do quanto ele queria que para o filho ou filha, tudo fosse diferente. %Paloma% sentiu o coração ficar quente dentro do peito. Ela não criaria a criança sozinha! Que alívio ela estava sentindo.
- Eu sei o quanto é importante a presença do pai na vida de uma criança! Você pode contar comigo, durante todo o processo da gravidez e depois também! Tanto emocionalmente quanto financeiramente.
%Paloma% assentiu sentindo os olhos marejados de felicidade pela notícia.
- Obrigada por não ser um babaca nesse momento Suga! - ela limpou duas lágrimas -
- Não precisa me agradecer, é o mínimo que eu posso fazer! Escuta, - ele coçou a parte de trás da cabeça - Você tem convênio médico?
%Paloma% fez que não com a cabeça, afinal de contas era demais uma garçonete ter convênio médico.
- Então eu já vou providenciar isso! - ele balançava a cabeça positivamente, como se a afirmação fosse mais para ele mesmo do que para ela - E eu perdi alguma consulta ou algum exame nesse período?
- Não! Esse ultrassom aqui, - ela tocou o envelope sobre o sofá - Eu só fiz para dar mais credibilidade à notícia! Não comecei nada ainda, porque eu estava esperando a sua reação.
Suga assentiu com a cabeça, cruzando as pernas.
- Então marque o mais rápido o possível! Enquanto você tá sem convênio, eu pago! Marca em algum médico da sua confiança! E me avisa, porque eu quero acompanhar todas essas coisas! Ok?
%Paloma% balançava a cabeça, ainda meio incrédula. Ele estava sendo incrível!
- Pode deixar! Eu vou te manter informado dessas coisas, e bom, de todas as outras também!
Os dois se olharam, ficando em silêncio outra vez. Suga reparou que os olhos dela eram de um mel tão intenso, ele jamais havia visto olhos iguais aos dela, e como ela era bonita! %Paloma% também observou o quanto ele continuava bonito, na verdade ainda mais, agora que ela estava sóbria. Os dois continuaram se encarando por um tempo, em completo silêncio, até que %Paloma% se levantou do sofá, pegando a bolsa e os exames.
- Tá bom então! Vou marcar a consulta e te aviso! Vou indo, porque eu preciso ir pro trabalho agora.
- Você faz o quê mesmo? - ele voltou a coçar a parte de trás da cabeça - Me desculpe não me lembrar!
- Imagina! Também, minha profissão não é tão memorável assim! Sou garçonete!
Suga umedeceu os lábios com a língua e deixou a mesma lá por alguns segundos.
- Não é meio, pesado? Para uma mulher grávida?
- Eu fico no bar! Só preparo os drinks! Por enquanto não deu nada! - %Paloma% soltou um riso nasalado, voltando a coçar a nuca -
- Vou levar você! - o semblante dela ficou confuso - No seu trabalho!
- Não precisa! - ela ajeitou a bolsa no ombro -
- Precisa sim! Faço questão de te levar!
Suga se levantou do sofá e pegou a chave do carro que estava sobre o balcão junto à sua carteira e então ele e %Paloma% trocaram mais um olhar e então ela concordou. Já no elevador %Paloma% arriscou:
- E você faz o que? Eu nem sei…
- Sou fisioterapeuta! - ele sorriu, pela primeira vez abertamente, mostrando os dentes -
%Paloma% sorriu de volta e ficou um tanto quanto impressionada com a profissão de Suga, ele não tinha cara de fisioterapeuta e então ela riu baixinho com o próprio pensamento.
- Eu me lembro vagamente de você comentar sobre ser formada em algo, ou estou enganado? - ele girou a chave do carro nas mãos -
- Sim! Eu sou formada em pedagogia! - ela sorriu sem mostrar os dentes -
Os dois saíram do elevador e %Paloma% seguiu Suga até chegar ao seu carro. A mesma adentrou o veículo e ouviu ele perguntar enquanto arrumava o cinto de segurança:
- Ah, fica na Barra! Na Lúcio Costa, sabe? Chama Shiso!
- Sim, a Lúcio Costa é até perto daqui! Vai me ajudando a chegar!
- Nunca! - ele ligou o carro se preparando para sair - Sou um cara caseiro!
%Paloma% assentiu e então pôs-se a olhar para frente, observando o caminho. Após alguns minutos %Paloma% olhou para Suga sério, enquanto ele dirigia.
- Seu nome não é Suga? Eu me lembro de achar estranho mesmo no dia.
Suga gargalhou jogando a cabeça para trás e %Paloma% reparou no belo pescoço dele ali, à mostra. Porque ele tinha que ser tão bonito?
- Suga é um apelido! - ele olhou rapidamente para ela e depois voltou a prestar atenção no trânsito - Meu nome é Yoongi!
%Paloma% também voltou a olhar para o trânsito e comentou.
- Bonito! - ao que ele agradeceu -
- %Paloma%, você de fato não pega nenhum peso lá né? E nem fica se esforçando muito e tal, né?
%Paloma% voltou a rir com a preocupação boba dele.
- Eu fico em pé! Talvez esse seja o único esforço maior que eu faça Suga! O restaurante é de um dos melhores amigos do meu pai, e ele me trata como se eu fosse uma filha! Especialmente agora com a gravidez!
Ao olhar Suga quando eles pararam no sinal, ele tinha os olhos semicerrados, meio desconfiado ainda, e %Paloma% voltou a gargalhar. O restante do caminho foi em silêncio e em quinze minutos eles já estavam lá. Antes de %Paloma% descer, Suga a questionou se poderia aproveitar e ficar para o jantar, já que faltavam apenas vinte minutos para o restaurante abrir e %Paloma% disse que claro! Então ela o agradeceu pela carona e disse um
“até já” descendo do carro. Suga aproveitou para estacionar o carro numa vaga melhor e então foi mexer no celular para que o tempo passasse até o restaurante abrir. Ele queria se certificar com os próprios olhos de que o trabalho de %Paloma% de fato era tranquilo, e a melhor maneira que encontrou foi ficando para um jantar.
Procurou por ela assim que entrou no restaurante e então quando a encontrou, caminhou em sua direção. Ela conversava com um senhor e ele gargalhava de algo. Suga escorou no balcão, sem jeito e %Paloma% sorriu tímida para ele.
- Senhor Yang, esse é o Yoongi! Pai do meu bebê- %Paloma% sentiu o estômago vibrar, era estranho dizer aquilo em voz alta - Ele vai jantar aqui hoje!
O senhor Yang então, abriu um sorriso enorme e deu algumas batidinhas nas costas de Yoongi que sorriu sem graça, sem mostrar os dentes e depois ergueu a mão para cumprimentar o senhor.
- Vamos escolher uma mesa? Tenho certeza que você vai gostar daqui meu querido!
E então Suga lançou um último olhar para %Paloma% antes de acompanhar Yang.
Os dois conversaram um pouco sobre as especialidades da casa até chegarem numa mesa, não muito longe de onde %Paloma% estava.
- Sei que você vai querer ficar olhando-a! Eu faria a mesma coisa! - Suga sentiu que havia corado - Escuta meu jovem! Tenho muito carinho por essa menina! Ela é quase como uma filha para mim! Eu a vi crescer!
Suga assentiu, prestando atenção no senhor.
- Estou muito feliz que você resolveu ficar ao lado dela! Ela estava com medo de ter que criar o bebê sozinha!
Suga engoliu seco. De fato, a relação dos dois deveria ser de muita confiança, afinal de contas parecia que %Paloma% havia desabafado sobre Suga com o chefe.
- A relação dela com os pais, é um pouco complicada! Então ela se sente muito sozinha! Então poder contar com você, faz muita diferença.
Suga sentiu as palavras do chefe de %Paloma% lhe atingirem, como se fosse um tapa. Ele não fazia ideia de nada daquilo. E era bizarro pensar que ele teria um filho com alguém que ele sabia tão pouco. Sentiu um certo afeto por %Paloma% ao saber que ela tinha problemas com os pais e então ele sentiu orgulho de si mesmo, e pensou que, sim, havia tomado a melhor decisão.
- Pode ficar tranquilo senhor Yang! Eu não vou sair do lado dela!
E então o senhor Yang, parecendo um tanto quanto emocionado, voltou a dar algumas batidinhas nas costas de Suga.
Ele aproveitou o jantar, que por sinal era uma delícia, e enquanto jantava, observou o movimento da casa e claro, observou também %Paloma% trabalhando. Continuava achando que o melhor seria ela se afastar do trabalho… Assim que ele pagou a conta e se despediu do senhor Yang, que ainda parecia emocionado com tudo, ele foi até %Paloma%. A língua pousada no lábio inferior enquanto ela terminava de atender um cliente.
- Gostou do seu jantar? - ela apoiou o queixo na mão enquanto escorava o braço no balcão - E do ambiente? Não faz muito nosso tipo né?
- Não! Digo, é bem familiar né? Bastante crianças- ele olhou ao redor - Bom que a gente já vai se acostumando!
O comentário havia pegado %Paloma% de surpresa. Os dois se encararam como se se dessem conta do que havia sido dito. Suga coçou a cabeça e ela a nuca.
- A comida é perfeita! Eu falei disso com o senhor Yang enquanto pagava minha conta! Acredita que ele não queria me cobrar?
%Paloma% gargalhou, fechando os olhos. Ele a observou outra vez…
- Acredito! É bem a cara dele! Que bom que você gostou!
- Você tem intervalos? - ele pausou e colocou a língua no lábio inferior outra vez - Você se alimenta direitinho aqui?
%Paloma% deu um sorrisinho de canto, achando fofo ele voltar a ficar preocupado.
- Sim! Inclusive já já é a minha primeira pausa! Depois, um pouco antes de ir embora é o horário do meu jantar!
- Você traz comida? Ou come daqui?
- Costumo comer daqui! Não precisa ficar preocupado Suga, eu venho me cuidando!
Ele balançou a cabeça que sim enquanto batia a mão no balcão levemente.
- Que horas você acaba aqui?
Suga ergueu uma sobrancelha. Achou tarde.
- E como você vai embora?
%Paloma% soltou um riso nasalado, lá estava ele de novo!
- De ônibus! O ponto fica a uns dois quarteirões daqui!
- E você vai sozinha? - ele voltou a bater a mão no balcão, preocupado -
- Não! Mais funcionários pegam, então vamos juntos! Calma Yoongi!
%Paloma% ousou colocar a mão sobre a dele, fazendo ele parar de batê-la no balcão.
- Tá bom! Você me manda mensagem quando chegar em casa?
Os dois se olharam e %Paloma% assentiu com a cabeça sendo interrompida por um cliente. Os dois se despediram com um gesto de cabeça e então já dentro do carro Suga ficou pensando em %Paloma%…
Virava-se de um lado para o outro na cama e então resolveu se levantar e acender um cigarro. Enquanto fumava observava que já eram vinte e duas e vinte da noite. %Paloma% sairia dali a quarenta minutos. Fumou seu cigarro com tranquilidade e olhou novamente as horas: vinte e duas e quarenta. Ele a buscaria! Pronto, sem choro, nem vela! Ele não conseguiria acalmar a mente sabendo que ela iria para casa de ônibus aquela hora da noite. Provavelmente ela estaria cansada e sonolenta (devido a gravidez), era perigoso. Vestiu uma calça de moletom preta e uma blusa de manga comprida da mesma cor, jogou um moletom cinza por cima e então pegou outra blusa de moletom, azul. Levaria para ela, porque ela vestia apenas uma jaqueta jeans e ele sabia muito bem que aquelas jaquetas não esquentavam nada.
Escorou-se no capô do carro enquanto observava alguns funcionários saírem do restaurante, e então ela saiu. %Paloma% ria de algo que algum colega falava lá dentro do restaurante e então seu olhar bateu em Suga. Ela parecia estar surpresa e então Suga sorriu, sem mostrar os dentes e acenou. %Paloma% caminhou até ele.
- O que você está fazendo aqui Suga? - ela cruzou os braços para tentar se esquentar do frio - Tá frio para cacete!
- Vim buscar você! Vou te levar em casa! - ele bagunçou os cabelos com a mão livre -
%Paloma% sentiu o coração começar a acelerar dentro do peito. Porque ele estava agindo daquela maneira tão amável? Ela engoliu seco.
- Não precisava! É seguro! Eu juro!
Ouviu os colegas que a esperavam, apressando-a e questionando se ela ia ou não, e Suga sem paciência para os mesmos, respondeu:
- Podem ir! Hoje eu vou levá-la! - %Paloma% tapou a boca com a mão segurando a risada pela cara de Suga para os colegas - Toma! Veste essa blusa! Como você mesmo disse, tá frio para cacete!
Já dentro do carro e com a blusa dele, Suga ligou o carro e %Paloma% escorou a cabeça no encosto do carro, cansada.
- Você já contou para os seus pais? - %Paloma% abriu os olhos instantaneamente sendo pega de surpresa pela pergunta -
%Paloma% imaginou que o senhor Yang havia comentado alguma coisa com ele.
- Não! Ainda não tive coragem!
- Porquê? - ele olhou para ela -
- Eles são complicados Suga! - ela passou as mãos pelo rosto - Especialmente meu pai! Ele é conservador ao extremo, foi um custo para ele me deixar morar com a %Jaqueline%! Para ele, mulher só sai da casa dos pais para morar na casa do marido! Como eu conto á ele que engravidei numa noite de bebedeira de um cara desconhecido? Eles iam surtar Suga! Não me sinto preparada para isso ainda!
Suga balançava a cabeça, assentindo.
- E você acha que vai conseguir esconder uma gravidez deles por quanto tempo?
%Paloma% engoliu seco. Suga entregou o celular a ela e pediu que ela colocasse o endereço de sua casa.
Ao colocar o celular no suporte que havia no carro foi a vez de %Paloma% perguntar:
- E você? Vai contar para os seus pais quando?
A pergunta havia sido um soco no estômago dele, que baixou a cabeça.
- Eles não estão mais vivos! - se limitou a responder -
- Eu sinto muito! - %Paloma% se sentiu meio idiota -
- Minha mãe adoraria saber que eu vou ser pai! Você não sabe o dia de amanhã %Paloma%! Precisa contar pros seus pais! Nós vamos juntos, que tal?
%Paloma% soltou uma risada nasalada.
- Meu pai vai fazer mil questionamentos e bom, mesmo você indo junto, ele não vai perder a oportunidade de me humilhar por ter engravidado sem estar num compromisso!
- A gente finge ter um! - ele propôs olhando da tela do celular para ela -
- Ai ele vai exigir que você se case comigo! - ela revirou os olhos -
- A gente dá um jeito nisso depois! Mas nós precisamos contar a eles!
- Ok! Depois não fala que eu não te avisei!
Os dois se olharam e ela voltou a escorar a cabeça no encosto do carro.
- É aqui! - ela apontou e Suga parou o carro na porta do pequeno prédio - Obrigada Suga!
Os dois se olharam e ele sorriu sem mostrar os dentes. %Paloma%, nervosa, resolveu segurar o rosto dele com uma das mãos e então ela depositou um beijo rápido na bochecha dele. E então ela desceu.
Suga ainda atônito pelo contato da pele dos dois, abaixou o vidro e gritou por ela.
- Me manda mensagem amanhã? - ele umedeceu os lábios -
%Paloma% sorriu enquanto assentiu e então adentrou o prédio com o coração na boca.