Hidamari

  Como previsto por ela mesma, %Li% não dormiu durante à noite de tão ansiosa que está. Ela leva uma garrafa térmica com café para o aeroporto, onde está agora, para tomar durante a manhã; se manter acordada é importante na frente dos caras da %Flow%. O voo da banda está previsto para chegar às 5AM em ponto, vindo de São Paulo, onde fará escala. Pela hora, eles já estão a caminho de Salvador e esse fato só faz a ansiedade da moça crescer; ela aguarda, sentada nas cadeiras do saguão de desembarque nacional no aeroporto quase vazio, à essa hora há poucas pessoas viajando ou desembarcando. Lipe ainda não chegou e é para ele que a moça envia uma mensagem. Minutos haviam se passado.

  %Li% ri sozinha e observa a movimentação do aeroporto crescer um pouco. Ela levanta-se e vai para frente do desembarque nacional aguardar por Lipe que logo aparece com uma cara de sono surreal.

  — Meu Deus, que sono é esse?! — espanta-se %Li%, rindo do amigo ao se aproximar dela.

  — O sono de quem acordou após duas horas dormindo — diz ele após terminar de bocejar longamente.

  — Por isso que eu não dormi — ela ri novamente e estende a garrafa térmica para ele. — Quer café?

  — Ah, quero sim, por favor.

  — À vontade, meu amigo.

  Lipe pega um copinho descartável e serve-se do café de %Li% que ele julga ser um dos melhores da Bahia.

  — Hm... — resmunga ele, chamando a atenção de %Li% que mexe no celular e toma mais um gole de café — Esqueci de te contar, foi mal! Nós temos reservas no mesmo hotel da %Flow% — Lipe esquece do fator surpresa de %Li% estar tomando café na hora em que ele revela esse detalhe, a moça engasga-se com o líquido quente. — Ai, meu Deus, desculpa, %Li%! — ele ri rapidamente e dá tapinhas nas costas dela.

  Após se recuperar do engasgo, a moça o encara espantada.

  — Como assim?

  — É, foi exigência da produção da %Flow%. Querem que estejamos sempre por perto, já que vamos fornecer as imagens para o documentário deles, né? Compreensível — explica ele e completa: — E nós estamos “de folga” do Correio. Entre aspas porque estaremos teoricamente trabalhando, né?

  — Ai, meu Deus...

  %Li% sente a respiração acelerar junto com as batidas de seu coração, o fato de estar no mesmo ambiente que a %Flow% já a deixa nervosa, imagina dormir próxima a eles. Mil pensamentos passam ao mesmo tempo na mente dela nesse momento: em que andar será o quarto dela? E o andar deles, qual será? Será que eles são mesmo pessoas respeitadoras? Será que ela conseguirá resistir ao charme deles? Sim, porque eles são ídolos dela há anos e ela teve – ou tem – uma paixonite pelos dois vocalistas da banda: %Kohshi% e %Keigo%.

  — 5 da manhã. Puta que partiu, o avião pousou — avisa Lipe e %Li% dá um salto no corpo e sente a pressão cair levemente.

  É chegada a hora, finalmente o avião da %Flow% pousa, ela confere isso ao olhar no painel de voos que mostra que o avião deles está na pista. Imediatamente, os olhares de Lipe e %Li% recaem sobre o local de desembarque e aguardam pela chegada dos rapazes que não tarda a acontecer.

  Minutos depois, as figuras medianas dos integrantes da %Flow% caminham pelo grande salão na direção da saída, onde %Li% e Lipe estão parados à espera deles. De longe, %Li% vê %Kohshi% caminhar com um travesseiro de pescoço pendurado na nuca, óculos escuros e fones de ouvido, ele mexe no celular enquanto anda lentamente, sua mochila pendurada em um de seus ombros. Já %Keigo% vem caminhando logo atrás dele e também possui fones de ouvido e a mochila nas costas, seu andar lento e os cabelos caídos nos olhos balançando pelo movimento de seu corpo. Ambos fazem %Li% se perder um pouco no que está pensando.

  Como podem ser tão fofinhos assim?

  A moça só volta à realidade quando recebe um cutucão de Lipe, ao notar o porquê, percebe que os rapazes estão cada vez mais próximos deles. Ela engole em seco.

  — Sejam bem-vindos à Salvador, %Flow%! — diz Lipe e se curva levemente para cumprimentar os rapazes que retribuem o cumprimento. %Li%, segundos depois que todos já se levantaram, se curva em respeito. %Take% solta uma risadinha por causa disso.

  — Bem-vindos — ela diz, sem jeito, sentindo-se uma garota de 13 anos envergonhada na frente dos ídolos. De onde veio esse nervosismo todo? Essa vergonha toda?

  — Eu sou o Lipe — diz o rapaz apresentando-se —, sou o repórter do Correio e essa é a %Li% — ele aponta para a amiga que sente o rosto esquentar ainda mais ao receber os olhares de todos —, ela é a fotógrafa e será nossa cinegrafista — explica ele e os rapazes a cumprimentam com gestos de cabeça.

  — Obrigada por seu trabalho, %Li%-chan — eles dizem meio descoordenados, mas soam compreensíveis.

  — Fizeram boa viagem? — indaga Lipe enquanto começam a caminhar até a saída do aeroporto.

  — Sim, fizemos, obrigado — responde %Keigo%, solícito. — Ah, creio que já saibam nossos nomes, né? — ele diz com um sorriso meigo no rosto.

  — Sim, sabemos sim, %Keigo%-san — responde Lipe.

  — Oh, apenas %Keigo%, por favor, né? — pede ele.

  — Ok, ok, %Keigo% — fala Lipe e ele engata uma conversa com o rapaz.

  Após embarcarem na van que a produção do Bon Anipólitan contratou para levar todos para o hotel, todos começam a conversar bastante uns com os outros. No trajeto, %Li% consegue falar mais com %Keigo% que se senta ao lado dela e de Lipe nos bancos atrás do motorista. Já %Kohshi% está conversando com o irmão e o produtor da banda. %Li% nota que ele é mais sério pessoalmente do que aparenta ser pelos vídeos que já viu da banda em entrevistas. Já %Keigo% é o cara fofo e receptivo que sempre se mostrou ser.

  Os rapazes da %Flow% já estão em seus quartos individuais, Lipe também já se acomodou em seu quarto no hotel. %Li% é a única que ainda não está acomodada, apesar de ter feito o check-in, a moça logo pega um Uber e vai para seu apartamento fazer uma mala para ficar no hotel. Ela deixa seu gatinho, Kurama, sobre os cuidados de sua amiga e vizinha e logo volta ao hotel para se instalar com mais conforto lá. O hotel está localizado no bairro da Barra, que fica na orla de Salvador, aliás, é o bairro favorito de %Li%, pois é onde tem o Farol da Barra, local favorito da moça e de onde é possível ver um dos pôr-do-sóis mais lindos já registrados. É uma vista de tirar o fôlego, realmente.

  Antes de conhecerem o bairro onde estão hospedados, os rapazes da %Flow% são levados por Lipe e %Li% até o Pelourinho, é por volta das 14h e eles estão andando pelas ruas de pedra do lugar que tem muitas vielas que dão em outras vielas, um verdadeiro labirinto. Mesmo conhecendo bem o lugar, às vezes, %Li% se perde andando por ali.

  — Vai fitinha, pai, vai fitinha! — diz a voz de um vendedor de fitinhas do Senhor do Bonfim, um dos santos cultuados na cidade, e estende algumas peças na direção de %Kohshi% que se assusta com a abordagem.

  — Oh, desculpe, eu não... — ele diz, em inglês, tentando se comunicar com o vendedor, que parece ignorar a expressão de quem não está entendendo nada que %Kohshi% faz agora.

  — Fitinha, fitinha Bonfim, leva, fitinha! — insiste o vendedor.

  Ao ver o ídolo passar apuros, %Li% se aproxima à passos largos para ajudá-lo.

  — Oh, meu filho, qual foi?! — ela diz para o vendedor que logo nota o sotaque baiano da moça e desarma sua postura de vendedor.

  — Ih, filha, não venha me atrapalhar não, viu?! — reclama ele e %Kohshi% encara os dois. %Li% se põe na frente dele.

  — Olhe só, deixe ele em paz. Ele não quer nada não — determina ela e põe as mãos na cintura, %Kohshi% tem uma visão traseira da moça, visão essa que lhe agrada bastante, mas ele não se deixa demonstrar.

  — Virou mãe dele agora, é? — rebate o vendedor.

  — Não, mas sou amiga dele e, portanto, sei o que ele quer ou não. E ele não quer nada de você, sai daqui e deixa o cara — brada ela, irritada.

  — Tá tudo bem por aqui, %Li%? — diz Lipe, se aproximando da confusão.

  — Esse cara quer empurrar fitinhas para o %Kohshi% e eu estou ajudando-o. O cara nem está entendendo nada, tadinho, ele está assustado — ela se vira para %Kohshi% que rapidamente levanta seu olhar para os olhos de %Li%.

  — Está tudo bem, %Li%, eu compro — diz %Kohshi%.

  — Você quer comprar?

  — Se for para fazer você ficar mais calma, eu compro — ele diz num tom preocupado.

  — Eu não estou nervosa, %Kohshi% — defende-se ela.

  — Me parece estar, não quero que se preocupe comigo, então irei comprar o que ele tem para vender, está bem? — diz ele e tateia os bolsos da calça atrás de sua carteira.

  — Não, %Kohshi% — %Li% segura o punho dele e os olhos de %Kohshi% voltam a encará-la, um arrepio gostoso lhe percorre. — Desculpe — ela percebe que se excede e solta o braço dele, pigarreando em seguida.

  — Tudo bem, %Li%, eu... — inicia ele, mas são interrompidos pela voz de Lipe.

  — ... sai daqui seu doido, vai roubar a puta que pariu! — xinga o rapaz, %Kohshi% e %Li% olham para a cena e veem o vendedor correr assustado.

  — Lipe, o que houve? — pergunta %Li%.

  — Aquele filho da puta tentou roubar meu celular, é mole?! — diz ele, indignado.

  — Mentira?

  — Pois eu estou dizendo que é, mulher — repete ele. — Que desgraçado, rapaz, eu vou chamar a polícia — determina ele e sai andando a procura de um policial.

  — Poderia ter sido eu, né? — a voz de %Kohshi% sai sem jeito e %Li% sorri com a expressão fofa que ele faz agora.

  — Fofo — diz ela no idioma dele. — Mas que bom que não foi, né?

  — Obrigado por me ajudar, %Li%-chan — agradece ele.

  — Disponha, %Kohshi% — %Li% sorri e %Kohshi% sente-se um pouco menos culpado pela confusão que arranjou involuntariamente.

  Após o episódio com o vendedor de fitinhas, eles continuam o passeio e tiram bastante fotos. %Li% já está mais à vontade perto dos ídolos e até consegue fazer algumas brincadeiras com eles, que aceitam numa boa. Ela tira muitas fotos de todos eles, mas, principalmente de %Keigo% e %Kohshi% que não desgrudam dela. Há uma explicação lógica para isso: eles são os vocalistas da banda. É natural que os vocalistas apareçam mais nas fotos e filmagens para o documentário, nas entrevistas também é normal que eles falem mais e, portanto, é natural eles conversarem mais com o repórter e, principalmente, com a fotógrafa do documentário.

  Nova parada: Farol da Barra.

  Ah, o Farol da Barra, que lugarzinho mágico para %Li%. Ela não sabe explicar, só sabe que a energia que sente toda vez que vai ao Farol, a qualquer hora do dia ou noite, é incrivelmente grande e especial. São 17h35 e em breve o Sol irá se pôr, estão todos sentados na grama que rodeia o Farol que fica dentro de um forte usado antigamente para guiar as embarcações que se aproximavam na costa baiana. %Li% está sentada ao lado de %Take% e Lipe, %Kohshi% e %Keigo% estão logo depois à esquerda.

  — E você fotografa desde quando? — pergunta %Take%, curioso.

  — Olha, desde novinha. Acho que por volta dos 9 anos foi quando ganhei uma câmera de minha mãe e comecei a fotografar tudo por aí — diz ela e completa: — Nas festas do colégio era sempre eu quem tirava as fotos — lembra ela.

  — Oh, que talentosa — elogia %Take% sorridente.

  — Obrigada, %Take%, você é muito gentil — ela fica envergonhada e sorri. — Soube que vocês começaram muito cedo a tocar, né?

  — Sim, há quase 20 anos. Nos conhecemos desde adolescentes — diz ele. — Bom, eu conheço o %Kohshi% desde que nasci — brinca ele arrancando uma risada genuína de %Li%.

  — Oh, verdade! — diz ela rindo.

  — Nossa, que visão linda... — comenta %Take% olhando para o Sol que começa a se pôr.

  — Né? Eu amo esse lugar — comenta %Li%, contemplando a beleza da vista.

  Assistir ao pôr-do-sol na Barra é especial para %Li% realmente. Ela sente-se emocionada por estar ali compartilhando esse momento com os ídolos ao seu lado. Não sabe mensurar a sensação que tem agora, uma vontade de gritar misturada com uma vontade de abraçá-los fortemente, coisa que ela não fez ainda, apesar de querer muito.

  A noite cai e todos vão passear pelo calçadão da orla da Barra aproveitando a fresca que faz por estarem à beira-mar. Toda a parte por onde andam é cercada por um muro que foi construído há muitos anos, logo quando a parte da orla foi construída. É nesse muro que eles estão encostados agora, já na parte da praia do Porto da Barra, que fica ao lado do Farol.

  — Sério? — indaga %Kohshi% espantando após ouvir o que %Li% acaba de dizer.

  — Sim — responde ela, rindo.

  — Como que a praia dali — %Keigo% aponta para a praia do Farol — tem a água mais agitada do que a daqui? — ele aponta para a praia do Porto logo à frente deles. Ele também fica espantando com a revelação.

  — Loucuras de Salvador, meus queridos — ela diz, simplesmente e ri. — Dizem que tem a ver com a maré daqui, além da água ser bem transparente e calma. Ideal para quem não sabe nadar direito, pois dá para ficar tranquilamente sem medo de ondas.

  — Oh, incrível, né? — dizem %Kohshi% e %Keigo% ao mesmo tempo.

  — É praticamente uma piscina grande, adoro esse lugar — diz Lipe com um sorriso orgulhoso no rosto.

  — E de noite a água é morna, é por isso que tem gente lá embaixo — explica %Li% e os rapazes olham todos ao mesmo tempo para a curta faixa de areia do Porto da Barra que ainda tem alguns banhistas.

  — Nossa, que legal — diz %Keigo%.

  — Vamos dar um mergulho? — chama %Take%.

  — Vai lá, %Take%, é bom que fica gripado de uma vez — diz %Kohshi% retorcendo a boca.

  — Que maldade, %Kohshi% — pronuncia-se %Li%, em tom indignado, mas acaba rindo com a reação de %Take% que dá uma tapa na nuca do irmão.

  Eles riem da troca de tapas entre os irmãos e se distraem um pouco do vento gelado que bate em seus corpos. %Li% já está acostumada, mesmo assim não deixa de sentir frio nessa parte da cidade e acaba se encolhendo um pouco ficando mais próxima a %Take%, que está ao seu lado. Involuntariamente, o rapaz põe seu braço envolto no ombro dela que se permite o contato. %Take% está tão quentinho e cheiroso que ela não liga em estar abraçada a ele mesmo estando muito envergonhada.

  De repente, ela sente um puxão que a faz ir para trás e cair de costas no chão.

  — Mas que porra é essa, %Silveira%!!! — berra Léo, possesso de raiva.

  — O que está havendo?! — diz %Take% virando-se para ver se %Li% está bem, antes dele se aproximar, é barrado por Léo que lhe dá um empurrão.

  — %Li%! — espanta-se Lipe e se põe próximo à amiga, mas também é empurrado por Léo.

  — Sai, Morais! Não se mete! — brada Léo, visivelmente bêbado e descontrolado.

  — O que faz aqui, Léo? — questiona %Li% ao se levantar, bastante irritada.

  — Eu quero saber o que você está fazendo aqui com esses caras?! — rebate ele e segura um dos punhos dela.

  — Eu não te devo satisfação — sibila a moça. — E me solta, está me machucando — manda ela, irritada.

  — Você vem comigo — ordena ele e a puxa tentando beijá-la a força.

  %Kohshi% resolve se meter.

  — Solta ela! — ele puxa o braço de Léo que o encara com muita raiva. — Não é assim que se trata uma mulher.

  — O que ele disse? — questiona Léo, sem entender o que %Kohshi% acaba de dizer. — Não gostei do tom dele.

  — Me solta, seu bruto — %Li% puxa seu braço de volta e se afasta dele, puxando %Kohshi% consigo. — Fica longe!

  — %Silveira%, não me provoque — sibila Léo e tenta puxar a moça novamente, mas %Kohshi% não deixa puxando a moça para trás dele.

  %Keigo% vai ajudar e se põe à frente de todos.

  — Deixa a %Li%-chan em paz — diz ele, vendo que %Li% não quer ficar perto de Léo, num tom de muita coragem, pois ele odeia brigar.

  — Não gostei de você também — ele dá um soco no queixo de %Keigo% que cambaleia para trás.

  — %Keigo%! — grita %Li% e sai em defesa do ídolo. Léo segura o soco que ela ia dar nele, agarrando seu pulso com força. — Está machucando... — resmunga ela tentando se livrar.

  — %Li%-chan! — %Kohshi% tenta ajudar, mas também leva um soco no queixo.

  — %Kohshi%! Para de bater neles, Leonardo! — brada %Li% se retorcendo nos braços de Léo que agora abraça a moça prendendo seus braços com muito mais força que antes. — Para!!!

  — Eu vou chamar a polícia se você não for embora, cara — ameaça Lipe.

  — Já disse para não se meter, Morais — brada Léo.

  — Me solta!!! — %Li% berra muito alto e chama mais atenção das pessoas que passam pelo local — Socorro, chamem a polícia, ele está me agredindo!!! — ela continua berrando.

  — Para de berrar, %Silveira%! — possesso de raiva, Léo começa a sacudir %Li% e a segura pelos pulsos, apertando-os. — Ficou louca?! Para de gritar!

  — Socorro!!! — grita ela e tenta acertar uma joelhada nas partes íntimas de Léo, mas ele se esquiva a tempo.

  Usando muita força, %Li% consegue se livrar dos punhos fortes de Léo, mas acaba perdendo o equilíbrio e caindo de mal jeito no chão, sente o tornozelo reclamar imediatamente. No mesmo instante, alguns policiais chegam e abordam Léo que está muito irritado e tenta atingir %Li% com um chute na frente da polícia, que logo algema ele e o leva preso por agressão à mulher e desacato, pois ele tenta bater em um dos policiais enquanto eles tentam colocá-lo na viatura.

  — %Li%-chan, %Li%-chan, você está bem? — indaga %Keigo% agachando-se ao lado dela. Os outros fazem o mesmo.

  — Estou... ai, meu tornozelo — reclama ela.

  — Precisa de atendimento médico, %Li%-chan — %Kohshi% diz em tom preocupado.

  — Eu, eu estou bem — repete ela.

  — E por que está gemendo de dor? — rebate %Keigo%.

  — Não foi nada de mais, gente, sério. Eu vou continuar sendo fotógrafa de vocês mesmo com o pulso doendo e o pé torcido. Não desistam de mim — pede ela, chorosa.

  — Jamais desistiríamos!

  %Kohshi% e %Keigo% dizem ao mesmo tempo e se encaram brevemente com estranheza. Ignorando a coincidência, %Kohshi% se aproxima mais de %Li%.

  — Eu posso te carregar? Você não pode pôr o pé no chão — diz ele.

  — Po-Pode, %Kohshi% — gagueja %Li%, sentindo o corpo ficar estranho com a aproximação de %Kohshi%.

  Ele faz o movimento para carregar ela, mas, ao tentar levantar sustentando o peso dela, sente as costas doerem muito e ele para o movimento.

  — Desculpe, fiz suas costas doerem, %Kohshi%, me perdoe — ela diz, sem jeito.

  — Tudo bem, elas já estavam doendo, não é culpa sua — mente ele.

  — Deixa que eu te ajudo, %Li%-chan.

  %Keigo% se voluntaria e tenta carregar a moça, mas sente o joelho doer e também interrompe o movimento.

  — Me perdoe... meu joelho... — lamenta-se ele.

  — Nossa, vocês dois estão podres, credo! — diz %Take% em tom divertido e todos riem um pouco, quebrando a tensão. — Posso, %Li%-chan? — pede ele.

  — Pode sim, %Take% — ela sorri e sente os braços dele envolverem suas pernas e sua cintura. Logo ela estava sendo erguida por %Take%.

  — Vamos voltar para o hotel — diz Lipe e todos concordam.

  O hotel não é tão longe dali, então é fácil para %Take% sustentar o peso de %Li% até lá. Mesmo ele sendo seu ídolo e ela estar nervosa pela situação em que se encontra, não é estranho para a moça estar nos braços do rapaz. Ele se mostra ser uma pessoa muito gentil e visivelmente forte e parece não se importar de ter esse tipo de contato físico com outras pessoas, ainda mais se tratando de uma fã assumida da banda. Fato que ela nota que não acontece nem com %Keigo% nem com %Kohshi% que mal encostam nela ou em quem quer que seja. E, se encostam, são cheios de cuidados.

  Após chegarem ao hotel, %Take% leva %Li% até o quarto dela e Lipe ajuda a amiga a colocar gelo no pé dela. Agradecida, %Li% se despede temporariamente dos rapazes da banda e de Lipe e fica sozinha no quarto pensando nos acontecimentos das últimas 24h. Muita coisa aconteceu e ela ainda está um pouco tonta com a aproximação que teve com os ídolos. Nossa, é incrível ter essa relação íntima com eles de maneira tão natural. Até mesmo %Kohshi%, que à princípio estava um pouco afastado dela, agora está mais receptivo e até brincalhão com a moça.

  Hoje ainda é quarta-feira e ainda há muita coisa para acontecer. %Li% mal vê a hora de chegar amanhã para poder conversar com eles novamente.