Happy New Year

Escrita porNatashia Kitamura
Revisada por Natashia Kitamura

Capítulo 1

Tempo estimado de leitura: 11 minutos

  Ela não gostava de festas, mas trabalhava nelas todo final de semana. Rendia dinheiro por ser uma pessoa que conseguia fazer muitas coisas ao mesmo tempo. Principalmente na época em que ninguém mais queria trabalhar. Como não se relacionava com nenhuma pessoa, não tinha de dar satisfação a ninguém. Aprendera a não querer pessoas ao seu redor. Quanto mais pessoas conhecia, mais se decepcionava. A partir de então decidira se manter sozinha.
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  Colocou suas jeans, sua baby look e o Allstar branco. Ao sair, vestiu seu casaco e enlaçou um cachecol em torno de seu pescoço. O inverno dos Estados Unidos era fria demais. Era por isso que todos os seus colegas viajaram para países tropicais como o Brasil para passarem a virada do ano. Abraçou o próprio corpo e passou a caminhar com calma. Encara o visor do celular e vê que precisava estar no hotel em quarenta minutos. Tempo mais do que suficiente, já que o local era apenas a três quarteirões de seu prédio. Essa era a vantagem de morar no centro de Alburn.
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  - Nossa, por um momento achei que você iria desistir de última hora, Celina fez isso hoje de manhã.
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  “Ah, não.” %Nathalia% pensa.
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  - Atrasou diversas coisas, vou ter que pedir para você agitar um pouco mais.
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  “Sabia. Odeio trabalho acumulado.”
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  - Claro, sem problemas.
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  - Você é demais, %Nathalia%, sério. Cinthya disse que vai te pagar o dobro por hoje, foi a única pessoa que aceitou o trabalho.
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  A garota nada fez a não ser abrir um pequeno sorriso.
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  - Então, por onde devo começar? – ela terminava de colocar seu avental.
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  - Pré-preparo. – ele aponta para a porta da cozinha e para lá ela caminha.
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  Ficara cerca de cinco horas picando legumes e enfileirando pratos para os chefs de cozinha. Assim que o evento começara, ela passara a lavar todos os pratos, copos e talheres que iam sendo repondo de acordo com que iam acabando no salão.
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  Ouvia tanto as pessoas conversarem na cozinha – ou berrarem devido a demora de algo – que se limitava a apenas ouvir. Não conseguia falar. Não havia espaço e nem vontade.
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  - Você não se cansa? – ouve ao seu lado. Olha para o lado e então volta a encarar os pratos. – Essa pilha está mesmo enorme. Ninguém te ajuda?
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  Mais uma vez o homem ficara sem resposta.
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  - Posso te ajudar, se quiser.
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  - Não, obrigada.
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  - Olha só, ela fala.
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  E o silêncio voltara.
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  - Como você enxuga tudo isso? Afinal, eu vejo pratos, talheres e copos entrarem a todo tempo no salão...
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  - O senhor gostaria de alguma coisa? – %Nathalia% o corta impaciente. – Um garçom pode ir até sua mesa...
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  - Alguém está nervosa aqui... – ele cantarola e solta uma risada. – Certo, me desculpe. Eu deveria ao menos me apresentar, certo? Meu nome é César.
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  %Nathalia% olha para os dois lados a procura de alguém que pudesse tirar o tal César de perto de si.
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  - Você não tem permissão de conversar com os convidados?
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  - Não converso com bêbados.
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  - Sorte que não estou alterado, então. – ele sorri. – Sei que estou sendo inconveniente, atrapalhando seu serviço. Mas te vi lá de fora e me perguntei por que uma garota bonita como você trabalharia no ano novo.
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  “E ainda por cima é um tarado”, ela pensa.
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  - Não ache que estou flertando, mas eu tenho essa mania de colocar adjetivos nas pessoas. E como a primeira coisa que pensei é em como é bela, não pude deixar de citá-la.
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  %Nathalia% continuava sem falar nada.
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  - Das duas a uma: ou você não gosta de conversar, ou você não tem permissão para isso. Se for a primeira opção, terá de me falar para que eu possa me tocar e me retirar, se for a segunda, direi para que não se preocupe, já que ambos sabemos que só eu estou falando aqui e você está sendo completamente profissional comigo.
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  Mais uma vez ela nada dissera:
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  - Ok, cheguei a um ponto que me pergunto se você está me ouvindo ou não.
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  - Senhor Cielo, que honra vê-lo aqui! – os dois ouvem uma voz grossa falar na cozinha. %Nathalia% continua lavando as louças e César vira o rosto para encarar o chef Le Pardier que se aproximava sorridente.
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  - Mosieur. – César brinca.
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  - Espero que esteja de seu agrado o cardápio, preparei especialmente para o senhor. Caroline me disse sobre a dieta que deve ter, procurei não sair muito do padrão.
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  - Maravilhoso, melhor impossível. – ele sorri para o chef, que devolve o sorriso orgulhoso.
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  - Há algo que eu possa fazer pelo senhor? A sobremesa sairá em breve.
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  - Não, não, estava só num monólogo muito interessante com... – ele mexe a mão e olha para %Nathalia%, que fingia não ouvir.
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  - Ah sim, sim. Senhorita %Vidal% foi muito gentil em aceitar trabalhar conosco nesta data. Ela sempre está disponível no momento que mais precisamos. – o chef sorri para a assistente de cozinha, que sorri e volta a encarar as louças.
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  - %Vidal%, huh? Então este é seu nome? – César olha para %Nathalia%.
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  - Não, não. Sobrenome. Seu nome é %Nathalia%.
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  “Homem fofoqueiro do caramba, não consegue manter a boca francesa calada?”
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  - %Nathalia%? Belo nome.
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  - Espero que goste de sorvete de lavanda. Uma novidade que aderi este ano, muito sucesso.
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  - Famoso lá na Espanha, chef. Estava esperançoso que fizesse hoje, senão me obrigaria a ir até seu restaurante esta semana.
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  Ouve a risada do homem vestido inteiro de branco e recebe dois tapas gentis nas costas.
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  - Como sempre educado. Bom, vou voltar à minha função, sinto cheiro de cordeiro queimado.
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  César sorri e mais uma vez cumprimenta o homem, que se retira dando berros em direção aos fogões em chamas altas e controladas.
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  - %Nathalia%, então. – ele cruza os braços. – Por que trabalha em datas comemorativas?
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  - Porque estou livre.
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  - E por que não comemora com sua família ou amigos?
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  %Nathalia% não sabia se conseguiria agüentar por muito tempo. Ele estava sendo inconveniente demais para ela e não gostava de pessoas que se intrometiam em sua vida assim.
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  - Imagino que não saiba quem eu sou.
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  - Sei, sim.
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  - Então agora estou surpreso. É a primeira pessoa que ao invés de ficar me encarando, me ignora.
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  - Há uma primeira vez para tudo.
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  - Até que horas tem de trabalhar aqui?
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  Ela balança seus ombros.
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  - Suas mãos não doem?
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  - Já não as sinto mais.
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  - Não as sente? – ele arregala seus olhos e se aproxima para encarar o estado das mãos da garota. – Como consegue fazer as coisas, então?
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  - É automático.
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  - Uau. Guerreira. Você tem algum problema com datas comemorativas?
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  - Não.
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  - E prefere trabalhar a ficar em casa ou sair com os amigos?
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  - Estou aqui, não estou?
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  - Eu entendi porque não é garçonete. Você não tem humor para outras pessoas.
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  - Não, não tenho. – ela confirma na esperança de fazê-lo se tocar de que ele estava a perturbando. Em vão.
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  - A minha dúvida agora é: você está de mau humor porque está passando o feriado longe das pessoas queridas, ou por algum outro motivo?
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  Sem respostas.
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  - Você tem um dom de não responder minhas maiores indagações.
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  - Imagino que seja melhor você voltar à sua mesa comer o sorvete de lavanda.
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  - Eles me chamarão. Estou te atrapalhando?
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  - Desconcentrando.
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  - E se eu me manter calado?
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  - Perturbando.
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  - Como se pode perturbar uma pessoa, sem falar com ela?
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  - Eu quem deveria lhe perguntar, afinal, você é quem está perturbando.
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  César sorri.
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  - Sabe, ultimamente eu tenho pensado o quanto as mulheres estão fáceis sempre mantendo conversas e flertando assim que damos uma chance. Você mudou muito meu conceito.
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  - Não se iluda. Sou a exceção da regra.
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  - Sei...
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  - César, você não vai vir para a sobremesa? Precisamos tirar as fotos, falta meia hora para o show de fogos.
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  - Claro. – ele sorri e então se volta para %Nathalia%. – Acho que vou te deixar sozinha.
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  - Vou sobreviver.
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  César dá uma risada e então se afasta, saindo da cozinha.
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  Pelo resto da festa ele não retornara ao local.
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