Genie

  Nós fomos acordados em meios aos pulos de comemoração de Jullie e Mike na cama. Eu não estava entendendo mais nada e nem queria, meu olhar se voltava sempre intencionalmente para o sorriso de %Jenie% que nunca se desfazia da face. Aquele olhar que brilhava ao ver meus filhos, me deixava ainda mais encantado por ela, que agia como se verdadeiramente fosse a mãe deles.

  — Agora que já se acalmaram… — %Jenie% puxou Mike para se sentar entre suas pernas — Podemos saber o que está acontecendo?

  — Estamos comemorando mamãe. — respondeu Mike, ele sempre a chamava assim agora.

  — Comemorando o que? — olhei para Jullie que se sentou ao meu lado.

  — O que mais seria?! — Jullie me lançou um olhar de desaprovação, como se eu tivesse cometendo algum crime grave — Hoje é o aniversário de dois anos de casados de vocês.

  — Oh, é mesmo. — concordou %Jenn% — Aish, passo tanto tempo com meus pacientes que não me lembrei de conferir a data de hoje.

  — Mamãe, você a gente perdoa. — disse Mike com um jeitinho sapeca — Mas o papai não, ele sempre esquece das datas.

  — O que? — o olhei embasbacado — Por que a %Jenn% tem mais direitos que eu?

  — Por que as mães sempre tem mais direito. — explicou Jullie tentando encontrar um argumento válido — E também, porque ela está esperando nosso irmãozinho.

  — Hum… — %Jenn% a olhou segurando o riso — Então só por causo do nosso bebê eu tenho esse privilégio? Pensei que fosse pela nossa amizade Ju.

  — Também mamãe. — Jullie riu de leve e tocou na barriga de %Jenie% com carinho — E como ele está hoje?

  — Está muito bem, esse garotinho vai nascer com muita saúde. — respondeu %Jenie%.

  — E eu vou ensiná-lo a jogar muito quando ele nascer. — comentou Mike.

  — Tenho certeza que vocês dois serão os melhores irmãos mais velhos. — assegurei me espreguiçando — Mas, antes devemos alimentá-lo.

  — Sim. — Jullie deu um pulo da cama — Mas vocês dois precisam trocar de roupa primeiro e descer só daqui a pouco.

  — O que estão tramando? — a olhei desconfiado.

  — Papai, por que sempre pensa isso de nós? — ela lançou aquele famoso ar de ofendida que sempre fazia quando estava aprontando.

  — Vamos relevar isso. — %Jenie% abriu um leve sorriso — Tenho certeza que eles prepararam algo especial para nós lá em baixo.

  — Como sabe mamãe? — Mike a olhou assustado.

  — As mães sempre sabem das coisas. — ela piscou de leve para mim — Além do mais, hoje é um dia especial não é?!

  — Sim. — assentiu Mike.

  — Vamos Mike, temos que terminar o que começamos. — disse Jullie se aproximando da porta.

  — Sim. — Mike se levantou e correu até a irmã — Fiquem aqui…

  — E só desçam daqui dez minutos. — completou Jullie.

  — Sim senhora. — %Jenie% bateu continência brincando e eu a imitei.

  — Ah, antes que me esqueça. — Jullie pegou uma pequena caixa retangular e me entregou — Uma pessoa deixou isso agora pela manhã, disse que era presente pelo aniversário de casamento.

  — Obrigado querida. — disse ao pegar.

  Assim que meus filhos saíram do quarto, fechando a porta %Jenie% me olhou curiosa.

  — Abra, vamos ver o que é!

  — Claro. — eu retirei a fita verde que estava envolvendo a caixa e a abri, dentro havia uma garrafa diferente e muito bonita.

  — Quem nos mandaria uma garrafa? — questionou %Jenie%.

  — Será que não foi do hospital? — perguntei ao pegar a garrafa e balançar — Que estranho, aparentemente parece estar vazia.

  — Tem um bilhete nela. — %Jenn% esticou a mão e pegou o pequeno papel que estava no fundo da caixa e leu — Boas pessoas merecem uma segunda chance.

  — Boa pessoas merecem uma segunda chance. — repeti sussurrando.

  Por alguns instantes o silêncio pairou sobre o quarto, meu coração acelerou de uma forma inexplicável me deixando quase sem fôlego para acompanhar seu ritmo. Então em minha mente uma chuva de lembranças que nem imaginava que teria veio sobre mim, me deixando louco e ao meus tempo sentindo paz. Se era uma mera loucura, imaginação ou simplesmente ilusão por causa do meu acidente não sabia, mas de alguma forma minha mente queria acreditar que um dia, minha linda esposa havia sido um gênio.

  — Você… — ela não conseguiu nem mesmo terminar, seu olhar para mim estava na mesma intensidade do meu olhar para ela.

  Não era nem mesmo preciso uma só palavra para confirmar que assim como eu, ela também havia se lembrado de algo além da nossa compreensão, mas que explicava parte do sentimento de amor profundo que tínhamos um pelo outro.