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ATENÇÃO!

História NÃO RECOMENDADA PARA MENORES ou PESSOAS SENSÍVEIS.

Esta história pode conter descrições (explícitas) de sexo, violência; palavras de baixo calão, linguagem imprópria. PODE CONTER GATILHOS

O Espaço Criativo não se responsabiliza pelo conteúdo das histórias hospedadas na sessão restrita ou apontadas pelo(a) autor(a) como não próprias para pessoas sensíveis.

Garota S

Escrita porNatashia Kitamura
Revisada por Natashia Kitamura

Há características sobre Harvard que são verdadeiras e outras que são fictícias para melhor adaptação da história.
História inteiramente escrita por Natashia Kitamura.


Capítulo 10

Tempo estimado de leitura: 41 minutos

Pisquei uma vez. Duas vezes. Três.
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  Achei que era uma ilusão, que pudesse estar doente, qualquer hipótese menos a verdade de que Gabriel estava logo à frente com um sorriso no rosto e a roupa de verão que costuma usar quando vai à praia com os amigos. Abri a boca, chocada com sua repentina aparição. Que tipo de surpresa é essa? Como ele conseguiu comprar as passagens? Da onde surgiu a ideia de deixar o TCC de lado para vir em época de aula vir me visitar?
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  — %Emma%, qual é... Ah. — senti o toque de Kendra em meu braço, mas logo sumir. Olhei para o lado com minha boca ainda aberta e ela olhava com a mesma expressão na direção de Gabriel. — Por acaso... Ele... — apontou para ele e ao perceber que não responderia, virou seu rosto para mim. Concordei com a cabeça. — Porra.
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  — O que eu faço? — olho para %Ansel%, que ainda tirava as malas de Kendra, exagerada, com a ajuda de Hans.
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  — Vou distraí-los, você pega ele e vai descobrir o que diabos ele veio fazer nos Estados Unidos, se não tem nem aonde cair morto. — sussurrou. Como não tinha plano melhor, concordei rapidamente, sentindo-a se afastar de mim com rapidez.
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  Sem pensar mais uma vez, saí em disparada em direção a Gabriel, que usava os óculos de sol que lhe dei no aniversário antepassado. Tentou me abraçar, mas fui mais rápida, puxando-o e arrastando-o atrás de mim até a área dos dormitórios. Caminhamos por alguns minutos calados; minha atenção estava dirigida ao caminho até meu quarto e de Kendra, enquanto ele provavelmente gostaria de receber uma explicação, já que há alguns meses eu estaria chorando de felicidade por tê-lo aqui do meu lado.
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  Entramos no dormitório e fechei a porta, me lembrando de não aderir à minha impulsão e trancar para Kendra não entrar, mas como o quarto também é dela, logo tirei essa ideia da cabeça. Olhei para Gabriel, que encarava curioso a diferença do meu lado de nossa escrivaninha e o lado de Kendra.
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  — É maior do que eu imaginava. — falou, virando seu corpo em minha direção enquanto colocava as mãos dentro da bermuda.
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  — Você não parece feliz.
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  — Hum? — virei meu rosto para ele. — Ah, claro que estou feliz, você está aqui. — sorri, sem graça, esperando que ele considerasse como minha costumeira timidez. — Aliás, como conseguiu vir para cá? Achei que estivesse tendo dificuldades em juntar o extra para a poupança.
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  Seus ombros se levantaram, fazendo-o parecer mais alto do que já era. Observei Gabriel em pé à minha frente, tentando descobrir o que havia de errado comigo. Pela primeira vez, não gostei do quão bem ele me conhece, a ponto de saber quando estou perturbada ou quando simplesmente não quero falar. Seus olhos percorreram toda minha extensão enquanto procurava uma desculpa para lhe dar; penso em %Ansel% olhando para trás e não me encontrando para nos despedirmos. No lugar dele, Gabriel surge, sentando à minha frente, na minha cadeira da escrivaninha.
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  — Você quer falar sobre isso?
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  — Isso o quê?
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  — %Emma%... — ele soltou uma pequena risada, descrente por estar me fazendo de tão tola, quando sabe que sou mais que isso. — Se você não quiser falar, tudo bem.
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  — Não é... — iniciei e não finalizei. Gabriel levantou uma sobrancelha; eu dificilmente interrompo uma frase quando começo a argumentar. Só acontece quando estou receosa sobre o assunto. — Eu fiz uma amiga. Quero dizer, duas. — faço o número com o dedo, vendo-o se calar para me ouvir pacientemente. — Uma delas é da minha sala e em uma conversa privativa, me disse que ainda gosta do ex, a quem conheço por trabalhar no mesmo local que eu; coincidentemente, ele também gosta dessa minha amiga, mas os dois são, hum, inibidos demais para falar com o outro, devido aos conflitos que tiveram no passado. Só estou avoada, porque ambos me pediram para ajuda-los, mas não sou boa, quero dizer, não tenho experiência em conciliar pessoas. Sou ensinada a fechar negócio para a separação.
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  Assim que terminei de falar, encarei seu rosto, de modo que me causou grande alívio, já que ele pareceu engolir minha desculpa. Falou o que sempre disse quando algo tão trivial me perturbava, que não deveria me preocupar, já que não é um problema meu; se eles precisam de ajuda, eventualmente o tempo fará com que se encontrem novamente. Se fosse há três meses, quando vivia sozinha, dependendo de seu contato pelo Skype para ter qualquer tipo de diálogo que não fosse sobre as aulas, aceitaria sua sugestão; entretanto, agora, com dezenas de pessoas com quem conversar, vejo que ele apenas está arranjando uma desculpa para não ter que aprofundar mais nossa conversa. Mesmo demonstrando interesse durante meu monólogo, ao chegar sua vez de opinar e tentar me ajudar como um bom namorado, apenas pediu para que eu não me intrometesse, mas de um modo polido e carinhoso.
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  Fiquei encarando Gabriel enquanto ele voltava a observar meu quarto. Durante todo o tempo da entrada até aqui, a traição começava a piorar minha gastrite, causando mal estar em meu estômago. Agora, vendo-o apenas querer conhecer este novo espaço e falar sobre si, apenas consigo visualizar eu e %Ansel% mais cedo acordando em Ibiza sem qualquer peça para cobrir nossos corpos e o aroma da maresia tomando conta do quarto enquanto a brisa toma conta das cortinas, esvoaçando-as.
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  — Você não vai me abraçar? Ou perguntar como estou? — perguntei, chamando sua atenção de volta.
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  — E tive tempo? Tão logo quanto cheguei, você me puxou para vir até aqui. Afinal, qual a pressa?
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  — Como está o seu TCC?
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  — Por que desviou de assunto?
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  Nos calamos. Gabriel colocou as mãos nos bolsos de sua bermuda enquanto eu estava em pé à sua frente, observando sua expressão séria ao perceber que mais uma vez estava agindo de maneira suspeita.
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  Fui salva por Kendra adentrando no quarto com Hans ao alcance e nossas malas. Os dois nos encararam, pedindo por uma explicação, principalmente Hans, que não sabe que aquele era Gabriel.
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  — Amiga? — Gabriel apontou para Kendra, que levantou uma sobrancelha, provavelmente ofendida por não ter sido devidamente cumprimentada.
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  — Sim.
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  — Amante? — Hans apontou para Gabriel, me fazendo arregalar os olhos e Kendra, rir.
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  — O nome dele é Gabriel. — falei. — Meu, hum, namorado.
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  — Ah. — Hans balançou a cabeça, compreendendo. — O namorado.
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  — Pelo jeito, já me conhecem. — Gabriel abriu um pequeno sorriso. — E pelo jeito, ela não é a amiga da sua sala. — apontou para Kendra.
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  — Escuta aqui...
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  — Vocês são namorados. — ele apontou para ela e Hans. Kendra olhou para mim, descrente de que Gabriel seja tão insensível. Para mim ele nunca foi, seu comportamento estava me surpreendendo. — %Emma% disse que a amiga da sala dela está em um conflito com o ex-namorado e quer voltar para ele, por isso, se vocês são um casal, logo, não é a amiga da sala.
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  Kendra fechou a boca. O raciocínio fazia sentido. Ao contrário do que achou ser, Gabriel não estava tentando ofendê-la, mas sim teve um fluxo de interpretação diferente da de nós três.
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  — Você tem razão, não sou da sala de %Emma%, ela é um nível especial.
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  — Claro. — Gabriel concordou, olhando para mim, orgulhoso. Mal percebeu Hans dando um passo à frente, como se quisesse bater nele. Limpo minha garganta antes que um desastre pudesse acontecer.
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  — Bem, vou leva-lo para conhecer o campus. Já que está aqui, irei, hum, passar um tempo com ele.
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  — Antes, vamos ali no banheiro rapidinho, coisas de garotas. — Kendra me puxou antes que qualquer um pudesse reclamar. Caminhamos apressadamente até o vestiário, onde nos colocamos no último box do chuveiro. — O que diabos está acontecendo? O que ele faz aqui?
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  — Eu não sei! Estou tão surpresa quanto você! — olho para ela, desesperada. Talvez muito desesperada, levando em conta que a posição de ataque dela mudou para uma mais compreensiva. — Acabei de voltar de uma viagem com %Ansel%, no qual eu traí Gabriel, e então ele está aqui e me parece tão estúpido que mal consigo me arrepender! Não sei o que pode estar acontecendo, o certo seria me arrepender, contar-lhe a verdade e sofrer as consequências!
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  — Não é por nada, %Em%, mas, honestamente, quem é que se arrependeria de trair aquele cavalo? Principalmente quando a pessoa com quem se traiu foi o %Ansel%. Você sabe minha opinião sobre esse assunto de “traição”; tendo em vista esse diálogo com seu “namorado”, pode ter certeza de que a farei traí-lo muito mais.
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  — Kendra, você não está ajudand—
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  Toc toc.
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  — Está ocupado, não está vendo? — Kendra falou alto, mas mais uma vez tocaram na porta, de modo que tivemos de abrir uma fresta e ver Gillian com os cabelos molhados e a roupa de final de semana.
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  — Porque seu namorado não se aproxima de um cavalheiro não significa que pode livremente trair sua confiança em um relacionamento.
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  — Isso é porque você ainda não o conheceu. — Kendra resmungou, encostando na parede do box e permitindo que Gillian entrasse e fechasse a porta atrás de si.
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  — Conhecê-lo não mudaria o fato de que infidelidade é errado.
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  — O cara é um mala, não sabe controlar a boca e olha que passei somente cinco minutos na companhia dele!
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  Enquanto as duas discutiam sobre Gabriel, comecei a pensar sobre nós dois. Gabriel sempre me pareceu a pessoa perfeita, que me compreendia e se preocupava comigo; pensando agora, tudo o que eu conhecia sobre um romance, era porque Gabriel me apresentou. Com a experiência com %Ansel%, ser tratada com mais carinho, seus olhares me fazendo perder o raciocínio e seus toques como se eu fosse um vaso de cristal faz com que Gabriel pareça um, como Kendra disse, cavalo. O fato de ter tido bons momentos com ele me faz querer ser honesta e falar sobre a traição; contudo, não quero que ele dirija as palavras que chamava sua mãe. Seria o fim para mim. Não compreendo a razão de não me sentir mal; uma pessoa que trai deveria até adoecer com a culpa, não é? Por que não me sinto mal por Gabriel? Por que continuo pensando em %Ansel%, como se Gabriel não tivesse significado algum?
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  — %Emma%, estamos falando com você!
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  Pisquei os olhos e Gillian e Kendra me encaravam, aguardando uma reação. Por um momento, ficamos as três caladas dentro daquele box.
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  — Você não ouviu nada sobre nossa conclusão, não é? — Kendra perguntou. Não pude fazer nada senão concordar com um aceno de cabeça. Enquanto Kendra bufava, Gillian desviou o olhar, uma atitude que reconheci de nossas aulas práticas ser de desapontamento. — Nós concluímos que você está perdendo tempo com Gabriel.
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  — Huh? — foi o que consegui dizer. Estou surpresa, há pouco Gillian discordava de Kendra falando sobre o erro de minha traição e agora ambas concordam contra Gabriel. Inclino a cabeça levemente para a direita, deixando claro que não compreendi nada sobre suas conclusões.
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  — Você gosta de %Ansel%, %Emma%. — Kendra começou a dizer. Antes que pudesse resmungar, ela rapidamente começou a falar: — Vamos por fatos, já que você entende melhor quando falamos assim: Gabriel está com você há três anos, já %Ansel%, três meses. Entretanto, %Ansel% te proporciona muito mais prazer, seja para seu espírito, modo de vida ou, hum, sexualmente falando. Gabriel não te dá a mínima, enquanto %Ansel% faz de tudo para te ajudar.
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  — Gabriel veio do Brasil para me ver. — falei.
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  — De fato. — Kendra concordou. — Mas %Ansel% programou e pagou uma viagem de uma semana inteira para Ibiza só para se reconciliar com você. — não pude dizer nada. Achei que aquele era um fato que somente eu e %Ansel% sabíamos, já que ele me contou em um momento de nervosismo. — %Emma%, mesmo que Gabriel esteja com você há tempos, nunca me pareceu que vocês fossem um casal de verdade; você não tem lembranças com ele como qualquer casal! Quem nunca beijou dentro do cinema? Quem, no início do namoro, nunca ficou tão grudado que parecia chiclete mascado debaixo da carteira? Quem passa semanas sem ter notícias do outro, não se preocupa em mandar ao menos um e-mail?
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  — A nossa conclusão é que o fato de você estar em uma zona de conforto com Gabriel, que demonstra garantir através de seu esforço com os estudos e o trabalho, um futuro certo e feliz, já não é uma alternativa tão boa quanto viver uma vida com alguém que demonstra estar interessado em você. — Gillian falou e não pude deixar de abrir a boca. Fazia sentido. Estou em uma zona de conforto, foi nisso que acreditei quando fiz o teste de aceitação da universidade, era essa a razão de me esforçar em tirar as melhores notas, para que pudesse voltar para o Brasil com méritos e orgulhar Gabriel para que ele não tivesse a sensação de que estava se casando com alguém inferior a ele.
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  Suspiro e olho para o ralo logo abaixo do chuveiro. Levemente, bato minha testa na parede, tendo as mãos de Kendra e Gillian em meus braços, como se quisessem evitar que a próxima pancada não existisse; de certo, nunca existiu. Virei meus olhos para as duas, que me pareciam mostrar que a questão era bastante simples. Meu namoro não é nada mais que dois bonecos de jogos RPG sendo controlados pela força de vontade ou a falta de alternativas.
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  — Não posso terminar com ele assim. — falei, vendo Kendra revirar os olhos e Gillian deixar seus ombros caírem. — É só que... Me parece desrespeitoso.
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  — %Emma%, não quero trazer isso à tona dessa maneira, mas caramba, você já foi desrespeitosa o suficiente trepando com %Ansel% e gostando. Qual é! Não foi uma ou duas vezes, eu sei! Se ele chegar aqui agora, você não irá dizer “olha, espera, preciso falar com Gabriel”, não! Você irá trepar e então falar que deve falar com aquele cavalo!
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  — Eu não estou dizendo que vocês estão erradas! Eu só acho que preciso pensar em uma maneira de lidar com ele, já que veio todo o caminho até aqui me ver!
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  — Bem, pense o quanto quiser, mas você continua trabalhando para o %Ansel% e ele ainda não sabe que seu namorado está aqui, então é melhor você aproveitar e pensar também no que dizer a ele quando o Gabriel decidir conhecer o seu ambiente de trabalho.
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  E sem um segundo para eu poder retruca-la, Kendra e Gillian me deixaram sozinha dentro do box, perturbada com meus pensamentos e mais encrencada do que nunca.
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  Como sempre desde quando saí pela última vez com Gabriel, nossas saídas eram repletas de sons. Dos carros, dos pássaros, dos ventos e até de outras pessoas que passavam por nós; contudo, nós dois nos mantínhamos em completo silêncio. Era como se três anos, ou quase, não tivesse nos separado. Como se tivéssemos nos visto ontem e hoje fosse apenas mais um dia ordinário de nossas vidas rotineiras.
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  — Como está o seu TCC? — perguntei, as mãos cruzadas atrás de meu corpo, depois que saímos do campus para ir em direção ao MIT, local que ele adoraria estudar. — Está com problema porque decidiu vir para cá?
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  — Está tudo bem, obrigado por perguntar.
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  “Obrigado por perguntar?” Me perguntei, certa de que essa expressão é cafona demais para nós.
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  Aguardei mais alguns minutos um complemento para sua resposta curta, mas nada veio. Ele estava bastante interessado em olhar para a paisagem; não o culpo, estar em um lugar novo traz esse tipo de comportamento. Só acredito estar um pouco decepcionada, porque se ele veio para me ver, o normal seria que me desse pelo menos um pouco mais de atenção para mim. Olhei para seu pulso, ligado à mão que estava escondida dentro de sua bermuda; ele não a tirou dali desde quando começamos nossa caminhada, me pergunto quando irá tomar a iniciativa de unir nossas mãos para parecermos um casal.
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  — Irá ficar quanto tempo? — perguntei.
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  — Quatro dias apenas. Me desculpe por não poder ficar muito mais, mas os outros dias da semana estavam absurdamente caros.
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  — Não, não! Não quero que se prejudique vindo me visitar. Estou surpresa.
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  — Está feliz? — olhou para mim, curioso.
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  — Que você veio? É claro. — menti. Ou talvez não.
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  Na verdade, sei que gostaria de estar com %Ansel% agora. Olho para Gabriel e penso como poderia iniciar minha conversa para dizer-lhe a verdade.
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  — Que bom que está acabando o curso. Você falou com seus pais?
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  — Tive uma breve discussão com meu pai; ele começou a falar sobre minha mãe estar certa em me dizer para começar a trabalhar, já que os dois não têm como pagar a faculdade depois do mês que vem. Não sei o que irei fazer, achei que eles tivessem uma poupança; seria o mais sensato.
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  — Geralmente os pais possuem uma poupança no nome dos filhos, é verdade. Acredito que seus pais sempre foram egocêntricos o suficiente por achar que nada de mau lhes aconteceria. Nunca imaginaria que pudesse afetar você ou teria planejado algo para que pudesse lhe sustentar nesse momento.
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  Abro um pequeno sorriso. Seu primeiro comentário para o meu bem. Mesmo com todo o relacionamento que tive com %Ansel%, não consigo evitar sentir meu coração saltitar ao ouvir doces palavras de Gabriel. Sempre esperei muito por elas, por isso, toda vez que as ouço, sinto como se fosse a primeira vez.
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  Sem querer, olho para o relógio e vejo que duas horas se passaram. Fazem três horas desde quando encontrei Gabriel e somente agora ele me demonstrou afeto. Tão rápido quanto a alegria veio, se foi.
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  — O que você quer fazer?
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  — O que você quiser. Vim te ver, podemos fazer o que você quiser que eu faça.
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  — Bem, que tal, hum, irmos ao cinema? — abri um pequeno sorriso. Poderia ir com ele como se fosse um encontro e beijá-lo. Assim poderei mostrar para Kendra que somos um casal, sim.
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  Vejo seus olhos percorrerem toda a paisagem; por causa disso, não me respondeu. Não prestou atenção em qualquer coisa que disse. Queria conhecer o local, claro. Não faria mal leva-lo para conhecer os arredores e então jantarmos juntos.
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  Se ele me desse atenção, seria bastante agradável. Desde quando decidi leva-lo a um tour, ele tem se afastado de mim para ler algo ou ir ao banheiro. Vi que seu inglês estava muito bom, como sempre. Ele sempre foi bom em aprender e decorar, por isso, não me surpreendi ao vê-lo ter facilidade com os estudos. Assim como eu e minha memória fotográfica, Gabriel tem um dom de decorar com rapidez; mesmo assim, nunca imaginei que o fato dele saber bastante o faria manter-se longe de mim durante nosso passeio.
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  Enquanto ele ia comprar algo para bebermos, tirei meu celular do bolso e vi que haviam duas mensagens não lidas de %Ansel%:
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  "Kendra me disse que estava com cólica. Espero que esteja melhor, amanhã você trabalha e como deve saber, sou um chefe muito exigente e não quero desculpas da viagem para não vir ou se atrasar. — %Ansel%."
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  Abri um pequeno sorriso, agradecida à Kendra por ter quebrado meu galho durante minha fuga depois que saí do carro e avistei Gabriel. Abri a segunda mensagem e rapidamente arregalei os olhos.
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  "É claro que minha mensagem anterior foi uma desculpa. Quero que você venha sem atrasos para eu poder te ver. Pela primeira vez estou disposto a almoçar no bairro para chegar antes que você. — %Ansel%."
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  Olhei para os lados e não avistei Gabriel. Apertei o aparelho em mãos, a sensação de que precisava ser honesta com meu namorado voltando a me massacrar. Olhei novamente para as mensagens e as apaguei assim que Gabriel se sentou ao meu lado.
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  — Suas amigas?
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  — Sim, queriam saber se você iria jantar conosco hoje. — abri um pequeno sorriso. Segunda mentira do dia, talvez eu devesse tentar me conter antes que vire um vício.
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  — Posso ser honesto? Acho que elas não gostaram muito de mim. A nerd da sua sala não me pareceu muito, hum, confortável em me conhecer.
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  — Ela não parece confortável na presença de ninguém, mas aos poucos acaba se acostumando e não é tão mal quanto você imagina.
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  — Seus outros amigos também não pareceram gostar de mim.
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  — Não diga besteira, por que eles não gostariam de você? Além do mais, nunca expus muito nossa relação, por isso, não há razão para eles desgostarem de você.
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  Por um breve momento, achei que nossa conversa havia acabado aí. Foi aí que percebi que Gabriel já não caminhava mais ao meu lado. Ficou parado alguns passos de distância de mim, boquiaberto, como se estivesse chocado com algo que falei. Parei para pensar e não consegui identificar o problema em minha vontade de fazê-lo se sentir mais confortável perto das minhas amigas.
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  — Acho que precisamos conversar. — ele falou.
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  “Precisamos conversar” nunca me pareceu um bom assunto para iniciar um diálogo com a namorada que não vê há anos — literalmente. Durante a caminhada até uma lanchonete para bebermos algo enquanto “conversamos”, dezenas de perguntas martelavam em minha cabeça: “Será que ele desconfia?”; “Ele está nervoso comigo?”; “Está desconfiado que Kendra ou Gillian não sejam boas pessoas?”; “Irá terminar nossa relação?” A última sentença me pos a pensar. Meu coração encolheu por alguns minutos, mas tão breve quanto a pergunta surgiu em minha mente, a sensação ruim foi embora. Eu e Gabriel estamos afastados há anos. Não nos tocamos, não fazemos nada senão dialogar, sendo que várias das vezes sequer vemos um ao outro porque estamos focados demais em nossas próprias vidas. Gabriel não me ligou durante meses e não pareceu se importar em me enviar mensagens como fazia no início de minha vida acadêmica nos Estados Unidos. O fato de estar do outro lado do continente não era o suficiente para fazê-lo se dedicar mais à mim. Helena disse que isso significa que ele se desapegou de mim, ou havia outra garota em sua vida. Não posso dar muitos créditos à ela, porque qualquer razão é razão de traição. Talvez seja um trauma dela o algo, o que sei, é que desde quando pude conhecer um novo lado do “romance”, consegui enxergar que o que eu e Gabriel temos não passa de uma conveniência. Contudo, vê-lo aqui nos Estados Unidos e saber que sou a razão de sua visita me faz ter a esperança de que ele está se dedicando tudo o que não se dedicou nos dois últimos três anos.
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  — O que você quer? — ele perguntou assim que sentamos. Levantei os ombros e, como sempre, acabou fazendo o pedido por mim. No Brasil, sempre achei essa ação um cavalheirismo; agora apenas acho que deveria ter mais voz em nossa relação.
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  — Achei que não soubesse falar bem em inglês. — comentei, vendo-o se comunicar tão bem com a garçonete. Não é todo mundo que sai pela primeira vez do Brasil sem saber falar inglês direito e aparenta ser um cidadão americano quando chega nos Estados Unidos.
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  — Tive de treinar para fazer conferências do trabalho. Eles estão expandindo e, pelo que vi, inglês é a nova língua natal deles. Ouço mais do que o próprio português no meu dia a dia. — ele arruma o cabelo. — Mas foi bom. Consegui passar na imigração, pegar um táxi, fazer o check in no hotel e chegar até você. — abriu um pequeno sorriso. Deixei minha mão apoiada em cima da mesa, pela minha experiência, este era o momento certo para ele segurá-la e passar um pouco de conforto. — Achei que vi seu pai antes de vir para cá no aeroporto. — ele mencionou.
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  Soltei uma risada nasal. Meu pai.
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  — Impossível, ele está mais pobre que eu agora. E olha que tenho somente alguns milhares de dólares, porque juntei e estou trabalhando. Não sei como eles não conseguiram juntar nem o mínimo para pagar metade da minha mensalidade. — encosto na cadeira vendo sua expressão séria. — Estou muito aborrecida, mal consigo pensar em encará-los.
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  — E precisa? Achei que as pessoas erradas fossem eles, não você. Em uma regra geral, a pessoa que erra quem deve entrar em contato primeiro se desculpando.
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  — Acontece que eu não quero falar com eles, Gabriel. Meu pai já me ligou dezenas de vezes e me sinto tão brava que tenho vontade de mudar meu número.
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  — Você precisa ser mais paciente com eles.
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  Parei para encará-lo. Esta afirmação me pareceu muito esquisita. Gabriel nunca disse nada que parecesse estar ao lado de meus pais, quando estava claro que eles estavam errados. Pelo contrário, ele era sempre a pessoa que me fazia sentir melhor, como se simbolizasse a sociedade e todos concordassem que eu estava certa. E agora, de repente, ele está me pedindo para ser mais paciente?
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  — Não compreendo. — falei. — Você está me pedindo para ser mais paciente?
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  — Às vezes eles têm algo de importante para dizer.
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  — É mesmo? E o que seria? Ganharam na mega-sena e estão dispostos a pagar todas as mensalidades de uma vez antes que percam tudo novamente? Gabriel, você os conhece tão bem quanto eu que mesmo que isso acontecesse, pagar o resto de meu curso definitivamente não estaria em suas listas de prioridade.
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  — Não estou dizendo que eles estão certos, apenas que eles não tem o que fazer. Veja só, eles perderam tudo, perder você não estava nos planos também. Claro que eles estão errados, mas isso não faz da situação menos grave.
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  — Por que está do lado deles?
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  — Eu não estou do lado deles, %Emma%, estou do seu lado.
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  — Então por que está pedindo que me reconcilie, quando é claro que eu não quero?
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  Nos calamos assim que a garçonete chegou com nossas bebidas. Olhei para o chá de capim cidreira à minha frente, a fumaça saindo, provando que a bebida estava pelando.
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  — Estamos a quase trinta graus lá fora e me pede uma bebida quente... — resmungo, baixo o suficiente para ele não ouvir.
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  Gabriel permaneceu me encarando por um longo tempo. Enquanto esperava que ele dissesse algo, olhei para a rua pela parede de vidro que separava o lado interno da lanchonete, do lado externo. Por ser domingo, a rua estava vazia, a maioria das portas fechadas e pessoas caminhando calmamente, como se não tivessem pressa de chegar aonde devem chegar.
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  — Você mudou. — ele falou.
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  Virei meu rosto para ele ao ouvir seu comentário. Estamos longe a dois anos, ele esperava que eu permanecesse igual?
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  — Bem, várias coisas aconteceram na minha vida.
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  — Não quis dizer neste sentido. — mexeu sua mão, como sempre fazia quando estava sem paciência em me explicar algo. Sempre não me importei, porque eram vezes que eu me exigia demonstrar interesse em seus estudos ou trabalhos enquanto estávamos em sua moradia. Não era como se eu quisesse ter sua atenção. Mas agora era diferente. Estávamos em uma situação diferente e ele agia como se eu fosse tão desinteressante quanto suas pesquisas. — Você está mais... Argumentadora.
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  — É o que se ensina em um curso de Direito. A saber argumentar.
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  — Com ironia?
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  Aquilo obviamente me calou. Sempre acusei as pessoas de falarem ironicamente quando comecei a frequentar o estúdio de dança e agora Gabriel está praticamente me dizendo que estou igual a eles. Olho para o lado e vejo o grande lago que há perto do campus. Muitas pessoas passavam ao lado sem dar atenção à beleza exposta, mesmo que estivéssemos em pleno outono e a cor da água e das plantas não fossem a mesma que vimos nas duas estações passadas.
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  — Para onde você foi na última semana? Tentei falar com você, mas nunca estava online.
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  Era agora. Senti, aos poucos, minha barriga começar a tremer com o nervosismo de lhe contar sobre eu e %Ansel%. Eu quero contar, mas não sei como o fazer. Como casais normalmente falam ou admitem? Geralmente quando são pegos, não? Talvez eu devesse esperar Gabriel nos pegar no flagra. Ou quem sabe chamar %Ansel% para que seja mais fácil de ser pega e iniciar um assunto? Não é idiota de minha parte, é?
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  — Viagem de trabalho. — menti. — A área administrativa do estúdio teve de ir à Europa realizar alguns trabalhos em campo sobre apresentações e tive de acompanhá-los para garantir que nenhuma apresentação importante fosse perdida. Nunca imaginei o número de espetáculos que havia em um único lugar.
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  — Nunca imaginei que fosse vê-la deixar seus estudos de lado para viajar, mesmo que fosse trabalho de campo. Quem pagou suas passagens?
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  — Por que está falando comigo nesse tom?
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  — Seus pais pagaram, não é?
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  — Por que está trazendo eles de volta à conversa? Gabriel, qual é o problema? Você os viu no Brasil, não foi? Você encontrou com eles esbanjando em riqueza enquanto estou aqui comendo o pão que o diabo amassou? Gostaria que me falasse de uma vez.
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  Não entendi a razão dele hesitar ou não querer me dizer. Logo que voltou a falar, foi sobre um assunto completamente diferente. Durante todo o dia que passamos juntos, ele sempre dava um jeito de colocar meus pais em nossa conversa, como se quisesse dizer algo para mim ou seguir um fluxo de conversa que o levasse a dizer o que queria. O deixei em seu hotel depois de lancharmos em um local que ele definitivamente não gostou. Nunca o vi reclamar tanto.
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  Quando cheguei em meu quarto, Kendra não estava. Achei bom, porque poderia pensar mais em mim e no relacionamento inexistente que estou vivendo com Gabriel. Vi que ao invés de ter um bom momento com ele como tinha quando estávamos no Brasil, eu estava exausta. Cansada de ter de lidar com suas perguntas sobre minhas mudanças e reclamações sobre como a vida ali era pior que em São Paulo. É claro que a vida aqui é melhor que São Paulo, primeiro que as pessoas são mais civilizadas. Bem, não todas, mas em um geral. A verdade é que depois de um tempo me vi discordando de tudo o que ele dizia, mesmo que estivesse correto. Será que ele sempre foi assim, reclamão?
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  O dia seguinte parecia atípico. Estudar era como se não fizesse mais parte do dia-a-dia. Nunca imaginei que parar era tão fácil e me adaptar a uma vida sem estudos integrais fosse tão tranquilo. A consequência também não era boa. Ficar sem estudar me fez perder as matérias extras que os professores passaram durante o tempo que estive na Espanha e deixasse os professores aborrecidos por haver uma aluna que não sabia sobre o que eles estavam comentando. Gillian me emprestou as matérias do segundo tempo para eu ler durante o intervalo; ajudou um pouco, mas não foi o suficiente, pois qualquer matéria extra necessitava de uma breve pesquisa e interpretação qualificada para o debate ter qualidade. Assim, quando o sinal do fim das aulas soaram, me senti pela primeira vez, aliviada.
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  — Hey, S! — ouvi atrás de mim. Antes que pudesse me virar para ver quem era, Ace apareceu ao meu lado, colocando um braço ao redor de meus ombros. Seu sorriso branco, como sempre me fazia sorrir em retorno. — Estou indo para o estúdio logo mais e o chefe mandou trazer você comigo.
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  — Eu sei pegar transporte público agora.
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  — É, mas se eu não chegar com você a tiracolo, é bem capaz dele me mandar de volta. Aproveite as regalias, só quem namora o chefe consegue. — me deu uma piscadela e antes de sair, disse: — Vinte minutos no portão C.
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  Vinte minutos era o suficiente. Assim que cheguei no quarto, peguei todo o material extra que perdi para poder estudar melhor as lições e não ser deixada para trás. Mesmo me adaptando à vida de um estudante E, não tenho os mesmos privilégios deles em poder me manter aqui sem um desconto. Arrumei minha bolsa e quando saí do quarto, Gillian estava parada à frente. Nos encaramos por um pequeno tempo, o suficiente para saber que ela gostaria de ir até o estúdio. Um pequeno sorriso surgiu em meus lábios e passei a caminhar com ela ao meu lado.
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  — Vejam só! Até uma S consegue arrastar outro S para o estúdio! — S apontou para Gillian e eu enquanto nos aproximávamos do grupo que estava pronto para partir. — Podemos usar vocês duas para a propaganda dentro da universidade? Sabe o quanto lucraríamos? Quem são o segundo e terceiro lugares?
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  — Ace. Essa é Gillian. — olhei para ele, que parou as risadas com os amigos para encará-la.
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  — Gillian, Gillian? — apontou para trás. Encarei de soslaio e observei Bob com duas ou três garotas encostados no lado oposto do carro. Fechei os olhos em pesar; olhei de lado para Gillian, que se manteve calada e séria. Ace limpou a garganta. — Erm. Seja, hum, bem-vinda. Você dança?
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  — Não.
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  Abri um pequeno sorriso, me divertindo com a situação de Ace. Ele me encarou desesperado por alguns segundos e ao ver que não lhe ajudaria, suspirou:
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  — Não perca as esperanças. Nós achávamos que ela também era um caso sem saída. — apontou para mim, fazendo Gillian abrir um pequeno sorriso enquanto o encarava séria. — Vamos! Quem vai comigo, ingressar já!
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  Obedientes, todos os alunos entraram nos carros que iriam para o estúdio. Ace deu a volta no carro e deu um tapa na cabeça de Bob, afastando as garotas de perto dele. Eu e Gillian observamos ele sussurrar algo em seu ouvido, o fazendo se virar para trás tão rápido quanto o Flash, o herói que corre muito rápido. Assim que seus olhos encontraram Gillian, não pode mais desgrudá-los dela. Eu e Ace trocamos olhares cúmplices que dizia somente uma coisa: Ele era outro Bob. A tarde seria divertida.
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  — Então, Gillian, como consegue manter o primeiro lugar? — Ace perguntou assim que deu partida no carro. Ela e Bob dividiam o banco traseiro do carro, já que Ace deu um jeito de mandar as duas outras pessoas que viriam conosco para outros carros. Não conseguia prestar atenção na paisagem, porque estava compenetrada demais em dar atenção à conversa. Sempre me perguntei como seria quando os dois se reencontrassem. Gillian me parece tranquila, mas Bob...
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  — Eu mantenho minha mente limpa e estudo boa parte do meu tempo. Alimentação também é uma boa fonte de energia.
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  — Deus é pai, a menina me fala igual você, S. — Ace olhou para mim quando parou no primeiro farol vermelho. O olhei, séria. — Não é por nada, mas vocês tem uma maneira de falar, que parece até uma nova língua. Veja só, baixinha dois — olhou para Gillian. -, qualquer um que seja amiga dessa baixinha aqui — apontou para mim. -, é minha amiga. Como amigo, devo ensiná-la que não é qualquer um que gosta de ser taxado de burro perto de uma S, então você deve se adaptar à maneira como nós falamos.
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  — Por que deveria?
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  — Bem... Hum, boa pergunta. Explica para ela, baixinha.
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  — Se você fala muito inteligentemente, as pessoas podem achar que está tirando proveito da falta de raciocínio e se ofenderem. Existem pessoas que fingem serem inteligentes para poderem minimizar outras.
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  — Não é irrelevante? As pessoas deveriam dar atenção às expressões e tonalidades com que falamos para compreenderem nossa real intenção, não se atentar somente às palavras.
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  — As outras pessoas podem não compreender. Estão acostumadas a se agarrar à primeira ideia que captam.
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  — Chega, é sério. — Ace levantou uma mão. — Vocês conversam assim toda hora? Como conseguem sobreviver? São tão infelizes?
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  Gillian ficou observando Ace confusa. Não conseguia entender por que alguém poderia ser infeliz em ser culta. Olhei para ela e disse:
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  — Ele está dando atenção às palavras.
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  — Ah, sim. Desculpe. — disse a Ace, que resmungou algo que não pude entender.
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  Antes de voltar a me virar para frente, olhei para Bob que nunca esteve tão calado. Por segundo, quis saber o que se passava em sua mente e quando tomaria a iniciativa de falar com Gillian; logo desisti, quando pensei que fiz minha parte de nosso trato, trazendo-a para perto dele. Daqui para frente, ele deveria caminhar sozinho.
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  — Mas voltando ao assunto inteligência, e deixe que somente eu fale, já que se deixar vocês abrirem a boca, será como Matrix e todas aquelas codificações malucas que ninguém que não seja S nunca entenderá. — Ace não desviou os olhos da direção e manteve-se bem-humorado, uma característica que admiro. — O coordenador Willis foi desligado do cargo hoje pela manhã.
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  — Por quê? — perguntei, assustada. O senhor Willis sempre foi uma peça importante para o curso de Direito em Harvard. Um dos melhores mestres que já vi, suas aulas eram espetaculares e seguia uma linha de debate incrível.
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  — Aparentemente, até os deuses cedem ao pudor. — Ace riu sozinho, já que eu e Gillian não compreendemos seu comentário e Bob deveria estar concentrado demais em sua companhia no banco de trás para dar atenção à nossa conversa. — Ele foi descoberto ter relações sexuais com alunas no campus.
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  — Não! — coloquei as mãos na boca, vendo-o sorrir.
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  — E sabe com quem? Una.
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  — Una? — minhas mãos caíram em meu colo tão cedo quanto ele mencionou o nome da garota com quem tinha uma briga de presença com relação a %Ansel%. — Mas...
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  — Ela foi deportada, você deve ter sabido por %Ansel%. Por isso, tentou contato com a universidade, que investigou a razão dela ter sido deportada com tanta facilidade e acabaram, de alguma maneira, chegando à conclusão que ela havia se remetido à prostituição para conseguir subir até a sala S.
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  — Prostituição? — Gillian perguntou.
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  — Ela dormia com Willians e ele garantia que ela estivesse na S em décimo lugar. A câmera dos corredores da ala D flagraram os dois em um dos poucos dias que estavam ligados. Foi muito azar.
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  — Uau. — murmurei. Então uma pessoa chega a esse ponto para conseguir o que quer. Vende seu corpo. Nunca desconfiei da existência, apenas não cheguei a imaginar que encontraria um caso tão próximo a mim. — E agora?
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  — Agora ela passará por um longo processo contra deus e o mundo e não poderá retornar futuramente para cá. Nem ela, nem seus ancestrais.
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  — Foi uma punição justa. — Gillian concordou. Assim que mencionou sua satisfação, passei a pensar como uma advogada. O caso era simples, principalmente com todas as evidências, os advogados de Una terão muito trabalho em entrar em um acordo razoável para ela.
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  — Está feliz, baixinha? Sem mais concorrência para você? — Ace me deu um cutucão com um sorriso branco. Encarei-o, séria. Não queria dizer para ele que estava aliviada, sim, mas havia outro problema tão grande quanto Una, e ele se chamava Gabriel.
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Capítulo 10
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Ray Dias

Outra fanfic sua que eu adoro Nat ♥

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