Fools

Escrita porRay Dias
Editada por Lelen

Capítulo único

Tempo estimado de leitura: 26 minutos

“Os mais difíceis de serem amados são os que mais precisam…”

Joseph desceu do carro de Denise, sua mãe, um tanto ansioso. Era o primeiro dia de aula e por mais que seus irmãos Nicholas e Kevin já tivessem dito a ele que “tudo ficaria bem”, para o garoto não era bem assim. Joseph Jonas era autista e por isso, mudanças de rotina deixavam-no aflito, como se um desarranjo interno o acometesse e o mesmo não conseguisse voltar tão rapidamente ao seu ponto de equilíbrio. Ele tinha 14 anos quando a família se mudou de Nova Jersey para Los Angeles. Seus pais garantiram a ele que ali ele completaria o Middle School e o High School, sem mais mudanças de casa, bairro, escola… Ou seja, pessoas.
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  %Emily% passou a sua vida inteira em Los Angeles e jamais se imaginou saindo dali, embora fosse, como diria sua mãe, “uma das pessoas mais adaptáveis que ela conhecia”. A adolescente além de extrovertida, falante e inteligente, era também bastante popular. Andar sozinha era algo difícil para %Mily%, e por isso, ela sequer notou o garoto parado na calçada frontal da escola que segurava sua mochila de forma apertada e ansiosa. Assim como não percebeu quando ela e suas amigas passaram por ele falando alto e dando risadinhas esganiçadas, e o novato apertou as orelhas tampando-as como se quisesse abafar o som.
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  Joe contou até dez, pausadamente, e de longe o sinal da escola soou. Ele precisava se reorganizar e entrar. Começou a caminhar devagar, mas parou de novo logo que o grupo dos garotos esportistas passou barulhento por ele, esbarrando nele e sequer pedindo desculpas.
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  — Ei, olha por onde anda! — gritou Andrew para ele, rindo, mas ao ver o rapaz imobilizado e tampando os ouvidos, apertado, com expressão desesperada, achou-o estranho e não deixou de partilhar aquilo: — Eu hein, cara esquisito!
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  Os meninos viram que logo à frente o grupinho de amigas se apressava para não se atrasar e Andrew gritou:
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  — %Mily%! Espera, aí!
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  Joe se atrasou tal como todos os outros alunos tentaram não fazer. Ele ficou quinze minutos parado na porta da escola respirando fundo e tentando sair de seu estado de crise. A zeladora dos corredores, quando foi trancar a porta da frente do colégio, notou a cena de um adolescente imóvel no meio do caminho e estranhou, chamando a diretora.
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  — Deve ser o novo aluno da 8ª Classe. — A diretora, senhora Spencer, foi até o lado de fora e o abordou: — Bom dia. Como é seu nome, garoto?
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  — Bom dia. Jos-Joseph. Joseph Adam Jonas. É o meu primeiro dia, mas… Eu não estava pronto e a porta fechou.
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  A senhora Spencer lembrou-se de falar com a mãe dele semana passada. O garoto era neuroatípico, possuía espectro nível 02 de autismo e necessitava de auxílio para se readaptar, organizar-se socialmente e apresentava sensibilidade a barulhos, por isso, deveria utilizar abafadores.
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  — Quando a porta fechar e você, por ventura, atrasar-se, Joseph, há tolerância de quinze minutos na escola. Mais do que isso você leva uma advertência ou falta, porém, como é seu primeiro dia, não tem problema. Podemos entrar, está pronto?
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  — Eu não sabia, senhora… — Ele olhou para a diretora e indagou: — Eu me apresentei, mas a senhora não.
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  — Claro. — A diretora sorriu. — Me desculpe pela falta de educação, senhor Jonas, meu nome é Brittany Spencer, mas todos me chamam de Sr.ª Spencer já que sou a diretora da escola.
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  — Muito bem, então devo chamá-la de Sr.ª Spencer?
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  — Pode me chamar como preferir.
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  — Brittany é seu nome. Prefiro que me chame de Joseph.
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  — Certo, Joseph. — A diretora sorriu. Tê-lo na escola seria interessante. — Está pronto para entrar? Precisa de mais alguns minutos para se reorganizar?
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  — Não. Estou absolutamente pronto, Brittany. Podemos ir.
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  E assim ele seguiu ao lado da diretora, que a todo momento indicava a ele o que faria enquanto caminhavam até a porta da sua classe.
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  — Haverá uma aluna que deleguei para acompanhá-lo nesse mês e ajudar você a se adaptar à rotina social da escola, Joseph. Tudo bem por você?
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  — Eu não gosto muito de conversar, ela poderia falar somente o indispensável comigo?
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  — Creio que você e %Emily% poderão se entender, entrar em acordo e aprender muito um com o outro, Joseph.
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  — Você é a diretora, Brittany, como educadora deve saber o que está fazendo.
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  A diretora riu e então parou ao lado da porta da classe e interrompeu a aula, pedindo licença à professora e chamando %Emily% Winter.
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  — Joseph, esta é %Emily% Winter. Sua colega de classe. — Ela os apresentou. %Emily% sorriu para ele chocando-se com o quão bonito era aquele novo aluno e Joseph, por sua vez, não olhou para ela, apenas estendeu a sua mão.
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  — Satisfação em conhecer você, %Emily% Winter, não gosto muito de diálogos, espero que entenda.
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  Anteriormente, a Sr.ª Spencer já havia conversado com a garota sobre aquela missão e sobre a personalidade neuroatípica do rapaz. Então %Mily% não o estranhou como a maioria dos colegas faria.
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  — Prazer em conhecê-lo, Joe! Pode me chamar de %Mily% e tenho certeza que teremos bons e necessários diálogos!
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  — Joseph.
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  — Como? — perguntou ela confusa.
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  — Meu nome é Joseph. Não Joe.
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  — Ah… — A garota olhou para a diretora e as duas sorriram discretas. — Bem, vamos. Já tem um lugar reservado para você ao lado do meu.
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  Assim que os deixou na sala, a diretora espiou o rapaz ser apresentado pela professora à turma e sentar-se ao lado de %Mily%, que não tocou na mão dele e tampouco o encheu de perguntas como geralmente faria.
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  Durante um mês, %Emily% e Joseph foram sombras um do outro, muito pelo rapaz automatizar a presença dela como uma rotina. Na segunda semana de aula, Joseph aceitou que ela poderia chamá-lo pelo apelido, desde que ele a chamasse por um apelido inventado por ele já que a menina nunca o perguntou antes. Ela concordou, então eram um para o outro “Joe e %Mills%”. Na terceira semana ele descobriu que gostava muito do rosto e do sorriso de %Mills%, e começou a criar um cômodo conforto em estar com ela. Na quarta semana, Andrew começou a implicar com a amizade grudenta de Joseph e %Mills% e fez bullying com o garoto. Mas Joseph não era tão frágil, o seu forte era a argumentação e a tudo o que Andrew provocava ele rebatia com sua inteligência acima da média. %Emily% adorou ver a reação de Joe, e logo tratou de o defender diante dos principais grupinhos da escola. Foi assim que souberam que não deveriam mexer com Joseph, porque além de muito sagaz, estranho e bonito, ele até era um cara divertido.
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  Em um mês, %Mills% enturmou Joseph com o Middle School quase todo, isso, claro, na percepção dela. Mas para Joe, ele não era amigo de ninguém ali, a não ser a sua querida %Mills%. Assim que aquela amizade nasceu, consolidou e cresceu até o High School.
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“Nós nos separamos de repente, como dois bons amigos, é assim que acaba… É a vida, vamos correr esse risco? E assim, tudo se resume a isto. Temos nosso alvo, mas podemos perdê-lo. Estamos muito frágeis apenas para tentar…”

  Era o final do segundo ano de High School, e como toda escola, o baile de final de ano era aguardado e preparado pela turma inteira. Joseph sabia desde o início do ano letivo que iria com %Mills% ao baile, mas não se atentou que deveria dizer isso a ela. Apesar de não gostar nem um pouco de ajudar nos preparativos do baile, Joe colocou seus abafadores e seguiu %Mills% para a quadra.
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  — Quero ir com ele! Estou desde o ano passado tentando me aproximar, mas o Joe é tão… Pragmático!
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  — Ele não gosta que ninguém além da %Emily% o chame de Joe, Claire.
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  — Ah, tanto faz, o que tem de mais nisso? — comentou a adolescente olhando para ele sorridente. — Ele é tão gatinho! A %Mily% acha que me engana! É ela que fica prendendo o Joe ao lado dela!
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  — Claire, todo mundo sabe que os dois são assim desde o Middle School, e que tem muito a ver com o fato de que Joseph é um metódico autista de poucas amizades.
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  — Que nada! Ele melhorou muito a sociabilidade dele desde a oitava classe, Tiffany! E este ano ele vai comigo ao baile. Assim, no próximo ano seremos namorados!
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  — Ele é todo charmosinho, não é? — comentou Tiffany e a outra deu uma cotovelada nela.
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  Joseph fazia muito sucesso com as garotas, mas não dava atenção a muitas delas. Ele estava entregando as bolas de plástico para %Mills% pendurar no alto, em uma corda suspensa na quadra que seria levantada ainda mais depois, quando Andrew apareceu ao lado deles.
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  — Hey, Joe!
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  — Oi, Andrew — respondeu ele apesar de não gostar que o colega o chamasse pelo apelido que foi %Mills% quem lhe deu.
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  — %Mily%, tudo certo para eu te pegar mais tarde na sua casa?
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  — Ahn, claro, Andrew… — respondeu ela sem dar muita atenção enquanto terminava de pendurar os enfeites. Quando se virou para Joe esticando a mão para pegar outra bola, o garoto estava imóvel encarando aos dois. — Joe?
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  — Por que Andrew vai pegá-la em casa mais tarde?
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  — Porque vou trazê-la ao baile, oras!
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  — Não vai não — comentou Joseph simples e encarou a amiga. — Você vem comigo, não é?
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  — Ah… — %Emily% mordeu os lábios confusa, descendo das escadas. — Joe, eu…
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  — Você por acaso a convidou, Jonas? — falou Andrew bufando impaciente e entrando na frente de %Mily%.
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  — Eu precisava convidá-la? — Joe franziu o cenho para a amiga, confuso. — %Mills%, eu precisava?
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  — Ah, Joe… Precisava. Achei que você nem queria vir, você não comentou nada o ano todo e mesmo agora, nas últimas semanas, não falou com quem viria.
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  — Mas %Mills%…
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  — Mas nada, Joseph. Você precisa parar de ser grudento com a %Emily%, ela não é sua propriedade e nem sua namorada, sabia? Ela é minha garota e vai vir ao baile comigo!
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  — Andrew! — %Mily% bateu no ombro do outro, o advertindo por falar daquele jeito.
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  — Ele deveria saber, não é?
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  — Sua… Sua garota?
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  — Isso aí, %Emily% e eu estamos saindo há um mês.
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  — Andrew!
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  Joseph sentiu a crise surgindo. Como assim %Emily% não era sua namorada e não iria ao baile com ele, e como assim ela não contou para ele que estava saindo com Andrew? Então o primeiro beijo dela não seria ele?
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  — Joe…
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  — Preciso… Ir — falou ele ignorando a amiga largando as coisas como estavam, e saiu da quadra hiperventilando.
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  — Joe, espera! — %Mills% tentou ir até ele, mas Andrew a segurou.
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  — Deixa ele, %Emily%! É bom para ele entender que as coisas não são como ele cria na cabeça dele, além disso, a Claire quer ir ao baile com ele.
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  Assim que Andrew falou aquilo, %Emily% olhou na direção do amigo e avistou Claire o convidando e ele acenando a cabeça como se aceitasse.
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  Mais tarde, Joseph chegou em casa e comunicou toda a família que precisava de ajuda. Quando aquilo acontecia era porque ele queria compartilhar uma dificuldade, e o que quer que a família estivesse fazendo, aqueles presentes se reuniam diante do irmão e ajudavam. Então, estavam no momento em casa, os irmãos Kevin, Nicholas e Denise, sua mãe. Assim que contou a eles o ocorrido, todos lamentaram, acreditando que aquele momento uma hora chegaria e ele notaria que gostava de %Emily%. A família logo deu razão aos amigos dele que lhe disseram que as coisas precisavam ser ditas e ele deveria ter convidado %Mills%, mas agora teria que aceitar que ela iria com outro par.
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  Então, no dia do baile, Joseph foi apenas pela obrigação assumida com Claire, apesar de seus abafadores, ele não conseguia sentir-se à vontade. Ficou ainda pior quando viu %Emily% chegar com Andrew e olhar para ele com expressão de tristeza. Ciúme foi o que Joseph sentiu, mas não sabia nomear e só piorou quando Andrew puxou o rosto de %Emily% na frente de todo mundo e deixou um selinho nos lábios dela. Claire tentou aproximar-se de Joseph a noite toda, mas ele apenas ficou sentado, chateado e não interagiu com a garota, que lá pelo meio da festa desistiu e largou-o de lado.
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  Joe encarou os amigos felizes se divertindo e se levantou da mesa em que estava e começou a caminhar para fora da quadra. %Emily% procurava-o com o olhar e viu Claire sozinha, em seguida, avistou ele saindo da festa.
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  — Aonde vai? — perguntou Andrew segurando a mão dela ao vê-la sair da pista de dança. A noite toda ela não parecia confortável.
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  — Embora com o Joseph. Não precisa me acompanhar, Andrew. Valeu pelo baile!
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  — Tem certeza? — perguntou Andrew ofendido e enciumado.
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  — Eu nem deveria ter vindo com você, Andrew, me desculpe!
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  — Mas e a gente?
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  — Ah, foi legal, mas… Olha depois a gente se fala!
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  O rapaz não insistiu. Achava que %Emily% havia ficado doida de deixar ele na festa para ir atrás do estranho do Joseph.
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“E eu já vi isso antes bem onde estamos, mas querendo mais. Essa é a natureza humana no seu melhor. E se estragarmos tudo? Nós amamos como tolos, tudo o que temos vamos perder. E eu não quero que você vá, mas eu te quero tanto, então me diga o que vamos escolher…”

  — Joe! — gritou %Mills% vendo-o parado na frente da escola como no primeiro dia que se conheceram. Ele apertava o peito e não sabia o que fazer. — Joe, o que você tem? Por que está indo embora?
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  — Porque eu não gostei do baile — respondeu ele confuso sem olhar para ela, apenas apertando o próprio peito e tentando compreender o que passava. — Isso é só uma reação fisiológica causada pelo estresse. Não é nada.
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  — An? Do que está falando? Está se sentindo mal?
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  — Não é ciúme. Eu não tenho ciúme de você, você não é nada além de uma amiga de infância, %Mills%.
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  — É… — %Emily% entendia que ele estava reorganizando as ideias, e Joe nem mentia, mas por alguma razão, nova para ela, a jovem também não gostou de vê-lo tão pragmático assim com ela. — Somos amigos. Sempre fomos e tudo bem se nós não passamos todos os momentos juntos ou se viemos ao baile com outras pessoas.
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  — Você estava indo embora também?
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  — Ah, é… Eu também não gostei do baile.
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  — Por que, %Mills%? Seu namorado não sabe dançar?
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  — Na-namorado? — Ela engasgou. — Andrew não é meu namorado, Joe!
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  — Ele disse que você é a garota dele, e que estão saindo juntos. Você deu seu primeiro beijo para ele, então se não é a namorada dele é uma garota fácil, %Mills%.
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  Joseph não a queria ofender, sequer sabia por que estava falando aquelas coisas. Seu peito ainda doía e as gotas de chuva caindo o deixaram nervoso, ansioso para sair dali.
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  — Uma garota fácil? — rebateu %Emily% com raiva. — Como você é idiota, Jonas! Se não teve coragem de me convidar antes que outro fizesse, o problema é seu! Eu não acredito que você me ofendeu dessa forma, Joseph! Já está bem maduro para começar a entender as coisas, sabia?
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  — Que coisas?
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  — Eu não tenho que te explicar tudo o tempo todo! Se sabe chamar uma mulher de fácil, então deveria saber um pouco sobre o que é flertar de verdade!
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  — Fler-flertar? — gaguejou ele olhando incomodado para as gotas que molhavam sua roupa lentamente. — E, por que eu deveria saber disso? Não há ninguém que me interesse para isso.
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  — Ah não? Então… Então… — %Mills% sentia raiva e decepção e nem imaginou que sentiria aquilo por ele algum dia. — Por que te incomodou tanto que Andrew foi o meu primeiro beijo?!
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  — Porque era para ser meu! Planejei dar o meu para você e você deveria me dar o seu! É justo! — gritou Joseph de volta para ela, totalmente desarranjado das ideias e sentimentos.
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  %Emily% arregalou os olhos por ouvir aquilo de um jeito tão metódico que nem sabia se poderia deixar seu coração se empolgar com aquilo. Para ela parecia mais que Joseph só colocava as coisas na cabeça e seguia sua própria lógica sem qualquer sentimentalismo.
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  — E quem disse que planejei dar o meu a você, Joseph? Quem disse, para começo de conversa, que eu queria o seu! As coisas não são do seu jeito só porque você quer, Jonas! — despejou %Emily% e virou-se saindo chorosa pela chuva.
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  Só se deu conta de que chorava e havia ficado abalada por tudo naquela noite quando ela chegou em casa. No mesmo instante se apavorou com a descoberta: que droga! Ela gostava de Joe, mas na mente dele, tudo era apenas como 1+1=2. Ele gostava dela também ou era só a lógica prática dele? %Mily% se trancou em seu quarto sem dar qualquer explicação para a sua família. Ao contrário de Joe, que chegou em casa molhado, confuso e tirou os pais e irmãos da cama para debaterem aquele ocorrido.
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  Kevin, Nicholas e o caçula, Frankie, estavam entediados por serem acordados pelo irmão daquele jeito, e reviraram os olhos de braços cruzados e sentados no sofá da sala. Denise secava os cabelos do filho enquanto ele contava a história, e seu pai, Paul, sorria da situação entregando o chá para ele.
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  — Se acalme, filho — disse o pai.
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  — Joe! — falou Kevin impaciente tal como Nicholas.
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  — Você gosta da %Mily% ou não?
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  — É, Joseph! Você ainda não notou o óbvio?! Você queria ser o namorado dela, não é? — declarou Kevin.
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  — Meninos, voltem a dormir. Deixem que seu pai e eu conversamos com seu irmão e o ajudamos a esclarecer as coisas.
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  Os três Jonas subiram deixando Joe, mamãe e papai na sala para terem um diálogo maduro e esclarecedor. Depois da conversa com os pais, Joseph notou que sim, não era só uma reação fisiológica, ele realmente tinha sentimentos, diferentes e nunca experimentados, pela amiga. Claro que não notou aquilo tão rápido, levou duas horas de conversa com os pais e três dias após a discussão com a amiga.
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“Amigos, olha como mudamos. Os sentimentos em minha cabeça em ordem, eu quero você mais do que ninguém. Isso não é perigoso? A expectativa antes do beijo espelhado em meus lábios trêmulos…”

  Joseph pegou seu celular e mandou a mensagem direta para a amiga: “preciso me desculpar com você, posso passar na sua casa às 15:47?”. %Emily% até riu da mensagem, imaginando o amigo olhando para o relógio e programando mentalmente quantos minutos levaria para ela ver a mensagem e ele conseguir marcar um horário para ir até ela. Sem o responder, foi ela quem deu o primeiro passo indo até ele.
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  Joe estava ansioso olhando o telefone. Ela não havia respondido, então ele deveria apagar a mensagem e mandar outra? Nicholas foi quem atendeu a porta e sorriu para %Emily% dizendo:
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  — Resolve isso logo, %Mily%. Ele está enchendo o saco.
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  — Não fale assim, Nick, tenha paciência com o seu irmão, ele não sabe o que está sentindo. — Ela riu devolvendo.
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  — Ah, olá, querida! Bem-vinda! — exclamou Denise e isso chamou a atenção de Joseph.
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  Ele se levantou do sofá ao escutar a voz de %Mills%.
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  — O Joe está no quarto, Dê?
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  — Estou aqui! — falou ele e se levantou indo até ela. — Por que não respondeu à mensagem? Era para eu ter ido até você!
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  — Porque eu quis vir, Joseph. Eu te falei que nem tudo tem que ser como você planeja e quer — explicou ela calma. — Podemos conversar no seu quarto?
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  — Podemos.
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  Ele saiu primeiro subindo as escadas, enquanto Nick e Denise os observavam.
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  — Mãe — falou Nick.
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  — Hm? — Denise encarava ao filho e a amiga subindo, com uma expressão de orgulho no rosto.
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  — Quando eu trouxer uma garota para casa também posso levar ela para o meu quarto, não é?
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  — Não. Você não — falou Denise séria. — Você não é inocente como o seu irmão.
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  — A senhora sabe que o QI do Joe é mais alto que o meu, não é? — advertiu Nicholas rindo malicioso.
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  Denise arregalou os olhos e ergueu a sobrancelha, se apressando para subir alguns degraus e gritar ao filho do meio:
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  — Joseph, é para conversar de porta aberta!
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  Joseph escutou e suspirou, gritando de volta:
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  — Eu não farei nada com a senhora em casa, mãe, não se preocupe!
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  Até mesmo %Emily% se surpreendeu com a resposta séria dele. Joseph estava mesmo falando sério, e pior, considerando as preocupações da mãe. Nicholas gargalhou para Denise, avisando:
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  — Ele é prático e entende tudo muito bem biologicamente, eu avisei para a senhora.
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  — Suba, vá para o seu quarto. Garanta que ele deixará a porta dele aberta!
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  — Mãe, a %Mily% não vai fechar a porta… — zombou Nick.
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  E não ia mesmo, a simples hipótese de Joseph considerar “não fazer nada com a mãe em casa”, significava que ele considerava “fazer alguma coisa”. Até mesmo ela ficou surpresa.
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  — E então, %Mills%. Se você veio aqui é porque também quer dizer alguma coisa, mas te mandei mensagem primeiro e…
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  — Eu te desculpo, Joe — falou a amiga logo cortando a extensa nota de desculpa que ele ofereceria a ela.  — Sei que nada do que disse foi por maldade, você só não soube se expressar e se compreender novamente.
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  — É, que bom que entendeu. Obrigado. E você? — Joe se aproximou dela com a mão atrás de suas costas, encarando o rosto da amiga e tentando saber o que ela fazia ali. — O que veio fazer? Só escutar minhas desculpas?
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  — Gosto de você — soltou ela de uma vez, se aproximando mais dele e o encarando nos olhos, ansiosa. — E não sabia que sentimento era esse até você me dizer que queria ser o meu primeiro beijo. Eu queria que ele fosse seu, sim, Joe. Mas, diferente de você, eu não panejo as coisas, apenas vou vivendo. E se eu soubesse disso antes, já teria lhe contado. E você? O que sente por mim? Já descobriu?
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  Joseph piscou analisando o que ela disse e então entendia. Era a hora do beijo.
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  — Você disse que não queria ser meu primeiro beijo e nem me dar o seu. O que era verdade?
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  — A verdade é que eu queria sim, Joe, só disse aquilo porque estava com raiva. Só isso.
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  — Ah… Bem, então agora eu posso? — perguntou Joe e ela ficou o olhando sem entender.
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  — Te beijar, %Mills%, eu posso?
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  — Antes, me diz o que você sente por mim?
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  — Quero ser o seu namorado — falou ele, prático e simples.
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  %Emily% deixou um sorriso grande estampar seu rosto e então ela avançou para perto dele, achando que talvez ele recuaria, mas ele não recuou. Pelo contrário, Joseph sorriu e soltou as mãos entrelaçadas em suas costas e direcionou uma até a cintura dela e outra até a nuca e tocou de leve os lábios dela. Quando o frenesi de suas bocas encostadas tomou um arrepio do corpo dela, %Emily% deixou o beijo aprofundar ainda mais, descobrindo que Joseph não só guardou o primeiro beijo para ela, como se preparou muito bem para o momento.
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  — Mãe, o Joe está agarrando uma mulher no quarto! — gritou Nick tirando uma foto daquele momento diante da porta aberta do quarto do irmão.
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  Imediatamente, Joseph parou de beijar %Emily% a soltando e gritou de volta ao irmão como se fosse uma correção absolutamente necessária e justificável:
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  — Não é uma mulher qualquer! É a minha namorada!
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Fim.

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Lelen

A sinceridade dos autistas pode ser meio “assustadora” no início, mas é tão mais simples HAAHJAHAHA
Mas adorei a história, achei fofinha. E Andrew, minha cara para você: 😒 🥴 🙄

Ray Dias

Eu li uma fanfic com o Joe como autista lá em 2009 e na época, ainda não tínhamos tanto conhecimento a respeito da personalidade autista como temos hoje, e aquela história já tinha me marcado muito. Nunca mais achei uma igual, e então, veio a oportunidade de falar um pouco das pessoas neuroatípicas com essa fic pequena, mas bastante gostosinha de escrever. Obrigada pela leitura e comentário, Lelen! ♥

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