Capítulo 5
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"Oh, can't you see I'm not fooling nobody? Don't you see the tears are falling down my face? Since you went away, break my heart, you slipped away. Didn't know I was wrong. Never meant to hurt you, now you're gone."
%Johnny%’s POV:
Desci do carro e dei rapidamente a volta para alcançar %Hyeri% no banco de trás, a tirando de lá com toda a delicadeza que eu podia, e então eu vi os olhos dela brilharem de medo, e aquilo me destruiu um pouco.
— Onde a gente tá %Johnny%? O que você vai fazer comigo?
— Só trouxe você para um lugar mais reservado, precisamos conversar. Eu não vou machucar você, por Deus, %Hyeri%! Você acha que eu seria capaz de encostar um dedo em você? Ou sei lá, machucar você de alguma forma? Quem você acha que eu sou?
— Eu não sei %Johnny%! Aí é que está! Eu não sei quem é você, porra! — As mãos dela espalmaram meu peito com força me empurrando relativamente para longe.
Eu fechei os olhos com força, sentindo uma pressão no peito que parecia apertar cada pedaço de mim. Era uma dor imensa, como se cada palavra dela fosse uma lâmina afiada, me cortando de dentro para fora. Eu nunca quis ser esse homem para ela. Nunca imaginei que ela pudesse me ver assim, como um monstro capaz de machucar a pessoa que eu mais amava. Isso doía mais do que qualquer coisa que já vivi.
Senti o impulso de querer chorar, mas forcei os olhos a permanecerem abertos, a manter a compostura. Eu não queria que ela visse minha fraqueza. Mas ao mesmo tempo, algo dentro de mim gritava por ela, pedia que ela acreditasse em mim, que me desse uma chance de mostrar quem eu realmente era. Eu não sabia como explicar, mas sabia que não podia deixá-la assim, longe de mim.
— %Hyeri%... — eu disse, minha voz trêmula, mas ainda cheia de um desejo de fazer as coisas darem certo, de não ser mais aquele homem perdido.
Sem pensar, segurei seus pulsos com firmeza, mas sem forçar, tentando trazê-la de volta para mim. Olhei diretamente nos olhos dela, esperando que ela visse o quanto eu estava desesperado por ela, o quanto eu sentia sua falta.
— Eu não sou esse monstro, eu nunca fui. Eu só... eu só não sei o que fazer para você ver isso. Você me faz sentir como se tudo fosse desmoronar quando você me olha assim, com raiva... — minha voz falhou por um segundo, e eu senti o coração acelerar ainda mais. — Eu te amo, %Hyeri%. Eu... eu não sei mais como viver sem você.
Ela tentou puxar os braços para longe, mas eu mantive a firmeza de minha pegada, sem machucá-la, apenas segurando-a com a necessidade de evitar que ela escapasse, de impedir que ela se perdesse de mim novamente.
— Eu só quero você de volta. Eu só quero te mostrar que eu posso ser o homem que você precisa, se você me deixar. Por favor, não me abandona, %Hyeri%…
— Você está mentindo e me manipulando de novo, não é? É só isso que você sabe fazer. — %Hyeri% cravou as unhas e as mãos em minha jaqueta e seus olhos marejaram, terminando de me destruir.
Encostei minha testa na dela, olhando-a profundamente nos olhos. Precisava desesperadamente que ela acreditasse em mim.
— %Hyeri%, eu tentei, eu juro que tentei deixar você seguir sua vida sem mim por achar que talvez de fato, você estivesse melhor sem mim… mas eu não consigo. Os meus dias viraram um verdadeiro inferno.
Eu fechei os olhos por um momento, tentando organizar as palavras que estavam prestes a sair da minha boca, mas era difícil. Minha cabeça estava uma bagunça, como se os pensamentos estivessem em um turbilhão, se atropelando. Cada palavra dela, cada olhar desconfiado, me cortava como facas. Eu sentia a dor física no peito, como se algo estivesse me rasgando de dentro para fora, e eu não sabia o que fazer para dissipar aquilo.
Eu não sabia mais o que era certo ou errado, só sabia que minha vida sem ela era insuportável. Não era mais sobre escolhas ou pensamentos racionais, era sobre a dor de viver em um mundo onde ela não estava mais ao meu lado. Eu me sentia completamente perdido, vazio, como se uma parte de mim tivesse sido arrancada e deixada para trás, perdida em algum lugar onde eu não podia alcançar.
Cada minuto sem ela era uma eternidade, e quando ela olhava para mim daquele jeito, como se tudo o que eu fizesse fosse uma mentira, aquilo me destruía. Eu queria desesperadamente que ela visse a verdade em meus olhos, que ela sentisse o peso da minha dor, que entendesse que eu estava tentando ser alguém melhor, alguém que ela pudesse confiar novamente.
— Você não tem ideia de como tem sido difícil... — minha voz falhou por um instante, e eu forcei para que ela saísse, porque eu precisava que ela ouvisse. — Quando você foi embora, foi como se o chão sumisse debaixo de mim, como se eu estivesse afundando e não conseguisse parar. Cada dia sem você é um peso, cada respiração é difícil. Eu tento seguir em frente, tento me convencer de que posso viver sem você, mas não dá. Não dá, %Hyeri%.
Eu toquei o rosto dela com a ponta dos meus dedos, um gesto suave, quase como uma súplica silenciosa. Eu queria que ela sentisse o quanto eu estava sendo honesto, o quanto eu precisava dela, o quanto ela significava para mim.
— Eu não estou mentindo, não estou manipulando... — continuei, minha voz mais firme agora, com a sinceridade transbordando. — Só estou dizendo a verdade. Eu preciso de você, eu... não sei mais como viver sem você.
— É mentira %Johnny%! — ela fechou os olhos com força, e ao mesmo tempo grudou ainda mais o corpo no meu, como se deixasse bem claro que estava em conflito consigo mesma — Eu preciso te esquecer, me deixa te esquecer %Johnny%, você não me quer de verdade…
Eu senti a tensão no corpo dela, e aquilo me quebrou. Cada palavra dela era um golpe, mas o que mais me destruía era ver a dor nos olhos dela, o quanto ela estava dividida, a angústia de saber que ela ainda sentia algo por mim, mas que esse sentimento estava misturado com a dúvida e a raiva que eu mesmo tinha alimentado.
Quando ela fechou os olhos com força, como se estivesse tentando afastar tudo aquilo, eu não consegui mais me segurar. Uma onda de emoções tomou conta de mim, e as palavras que eu estava tentando engolir se soltaram com força.
Eu deixei as lágrimas descerem sem resistir. Não tentei controlar, não tentei manter a aparência de durão, de quem tem tudo sob controle. Eu estava em pedaços, e isso era evidente, precisava ser evidente.
— %Hyeri%... — minha voz saiu quebrada, embargada, e eu só consegui segurar o rosto dela com as duas mãos, como se isso fosse me ajudar a manter algum tipo de controle sobre a dor. — Eu não estou mentindo. Eu não sei mais o que fazer para você acreditar em mim, mas... eu não estou mentindo. Eu não quero que você me esqueça, não quero que você se afaste de mim, não posso... eu não consigo, você é tudo pra mim, tudo.
As palavras saíram em meio a soluços, a dor transbordando, e eu me vi em uma vulnerabilidade que nunca pensei que fosse mostrar para ninguém. Era como se minha alma estivesse nua diante dela, e eu não me importava mais com nada além da verdade. Eu queria que ela soubesse o quanto eu a amava, o quanto eu estava disposto a lutar, mesmo que ela não acreditasse.
— Por favor... por favor, não me peça para te esquecer, porque eu não consigo. Eu não sou capaz disso. Eu não sou nada sem você, não sou nada sem o seu amor. Eu sei que te magoei, eu sei que errei, mas... me deixa tentar, me deixa provar que eu posso ser o homem que você merece.
Eu deixei o peso das palavras caírem entre nós, os olhos úmidos fixos nos dela. Eu não sabia mais o que ela estava pensando, mas sentia que, naquele momento, tudo o que eu precisava era ser honesto, ser vulnerável diante dela, sem mais barreiras.
🍀🍀🍀
%Hyeri%’s POV:
Eu sempre soube que %Johnny% tinha seus defeitos, seus momentos difíceis, mas nunca,
nunca o vi assim. Ele estava completamente exposto, suas palavras saindo sem filtro, carregadas de dor, e o que mais me chocava era a vulnerabilidade no olhar dele. Eu nunca imaginei que ele fosse capaz de mostrar essa fragilidade, não com a mesma intensidade, não da maneira como ele estava fazendo agora.
Suas lágrimas me atingiram de uma forma que eu não esperava. Eu sabia que ele estava quebrado por dentro, mas nunca imaginei que ele seria capaz de se entregar dessa forma. Ele, que sempre foi tão confiante, tão seguro, agora estava ali, com a dor estampada no rosto e nas palavras, e tudo que eu sentia era um turbilhão de emoções contraditórias.
Minhas mãos estavam imóveis em meu colo, o peito apertado, e uma parte de mim queria afastá-lo, seguir com o que eu acreditava ser o certo: me distanciar, cortar todo esse laço que ainda me prendia a ele. Mas outra parte de mim, uma parte que eu mal reconhecia, estava tão em conflito. Eu queria acreditar nele, eu queria acreditar nas palavras dele, mas tudo que me restava era a dúvida, o medo de cair novamente naquela armadilha.
Mas agora, olhando para ele, algo havia mudado. Ver %Johnny% ali, tão despido de orgulho, me fez questionar se eu realmente estava sendo justa com ele, se não estava ignorando a dor dele da mesma forma que ele ignorou a minha. Eu nunca imaginei que ele fosse capaz de chorar, de se entregar dessa maneira. Ele sempre foi o tipo de pessoa que mascarava suas emoções, que se escondia atrás de uma fachada de força, mas ali, diante de mim, ele estava quebrado, vulnerável,
humano.
Eu vi o quanto ele estava sofrendo e a forma como ele se entregava para mim, e foi impossível não sentir o peso daquela verdade. Eu sabia que eu ainda o amava, mas eu não sabia se isso era o suficiente para apagar tudo que aconteceu entre nós, para me convencer a voltar atrás. Cada palavra dele, cada lágrima que caía do rosto dele, era um golpe direto no meu coração, mas ao mesmo tempo, eu me via tentando encontrar uma maneira de protegê-lo de mim mesma.
Eu queria gritar, queria entender tudo, queria saber o que ele estava realmente sentindo, mas tudo o que eu conseguia fazer era olhar para ele, esperando que ele pudesse me dar mais alguma coisa que me convencesse de que nós ainda tínhamos chance.
No fundo, eu sabia que o que ele estava dizendo era a verdade, mas também sabia que a verdade, por mais dolorosa que fosse, não era suficiente para apagar as cicatrizes do passado. Eu estava completamente dividida entre o que meu coração ainda sentia por ele e o que minha mente dizia que eu precisava fazer para seguir em frente.
Eu não sabia o que fazer. Não sabia se deveria confiar nele novamente ou se seria mais sensato me afastar antes que a dor fizesse tudo piorar ainda mais. O medo de me perder de novo era grande, mas, ao olhar para ele ali, tão vulnerável, minha própria dor parecia diminuir um pouco, substituída por uma dúvida que eu não conseguia mais ignorar.
E então, a pergunta que ficou no fundo da minha mente era:
E se ele estiver dizendo a verdade? — %Johnny%, não… — eu balbuciei enquanto me afastava dele, minhas costas encontrando a parede fria do prédio velho em que estávamos na porta.
— Não %Hyeri%! — ele repetiu enquanto bagunçava os cabelos e tentava limpar as lágrimas — Era isso que você queria, não era? A verdade, uma verdade que nem eu sei mais qual é! Mas esse sou eu, aqui, na sua frente, suplicando que você acredite em mim…
As palavras dele ecoaram em minha mente, mas algo dentro de mim se fechou. Eu queria ser forte, eu queria acreditar nele, mas a dor era maior. O medo de voltar para um ciclo de destruição me consumia mais do que qualquer outra coisa. %Johnny% estava ali, diante de mim, tão vulnerável, tão sem as defesas que sempre usou para se esconder, e aquilo me fez questionar tudo o que eu pensava saber sobre ele.
Eu o vi se esforçando tanto, tão desesperado por minha aceitação, mas eu não sabia como reagir a isso. Como eu poderia confiar em alguém que tinha sido a razão de tanto sofrimento na minha vida? Como eu poderia simplesmente esquecer as mentiras, os momentos em que ele me fez duvidar de tudo? Mas ali, olhando para ele, eu também via a dor que ele estava carregando, e isso me confundia mais ainda.
— Não… não é isso — eu tentei dizer, mas minha voz falhou. Eu queria encontrar uma maneira de explicar para ele o que eu estava sentindo, mas as palavras pareciam fugir de mim.
Minha mente estava uma bagunça, as lembranças de tudo o que passamos juntos invadindo meus pensamentos, e, no fundo, eu ainda me via desejando estar com ele. Mas, ao mesmo tempo, tinha medo de perder mais uma vez minha própria essência, de me deixar consumir pela paixão que sempre nos envolveu.
O som da sua respiração ofegante, o jeito como ele bagunçava os próprios cabelos, era como se ele estivesse se entregando por completo, e isso me fez sentir algo que eu não sabia explicar. O orgulho dele estava completamente destruído ali, e isso me feriu de uma maneira que eu não esperava.
— %Johnny%… — eu sussurrei, a voz ainda trêmula, e minha cabeça começou a se inclinar para o lado, como se eu estivesse tentando processar tudo o que ele me dizia.
O conflito estava me matando por dentro, e eu não sabia o que fazer com isso. A dor de vê-lo assim, desabando na minha frente, me fazia querer correr para os braços dele, mas a razão, a parte de mim que ainda tentava se proteger, dizia para eu manter distância.
Meus olhos encontraram os dele, e vi a sinceridade, a dor, e, ainda assim, eu me senti perdida. Eu não sabia se conseguiria resistir a ele, mas, mais importante, eu não sabia se deveria resistir.
— Eu não sei mais o que fazer… — murmurei, a minha voz quase desaparecendo no silêncio ao nosso redor — Eu quero acreditar em você, %Johnny%, mas é difícil… muito difícil.
O silêncio se estendeu entre nós, pesado, mas ao mesmo tempo, havia algo ali, algo que eu não conseguia ignorar. Talvez ainda houvesse uma chance para nós, mas a verdade era que eu ainda não sabia se conseguiria arriscar tudo de novo.
🍀🍀🍀