Epílogo • Dois meses depois
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O vento ainda soprava com força em Tongyeong naquela tarde de domingo, mas agora %Harumi% estava acostumada. Aprendera a lidar com ele como quem aprende a viver com o inesperado — com certa graça, com menos pressa, com mais presença.
Ela ajeitava a toalha de piquenique no gramado da colina que dava vista para o mar, onde algumas crianças corriam entre os pinheiros baixos e casais andavam de bicicleta pela ciclovia.
— Você trouxe o chá? — ela perguntou, sem olhar, já sabendo a resposta.
— Trouxe. E trouxe também aquele bolinho que sua mãe disse que você gostava quando era pequena.
%Jeno% apareceu atrás dela, segurando uma sacola de papel kraft e duas garrafinhas térmicas.
Sentou-se ao lado dela com a naturalidade de quem
já fazia parte da rotina — não como alguém que invadiu o presente, mas como alguém que se encaixou nele, peça por peça.
%Harumi% olhou para ele e sorriu. Um sorriso sem defesas. Sem dúvidas.
— Minha mãe te entregou uma receita antiga assim, de graça?
— Precisei lavar a louça da casa de vocês três vezes essa semana. Acho que ganhei a confiança.
Ela riu e se encostou no ombro dele, deixando que o silêncio preenchesse o espaço entre os dois com conforto.
Ao longe, a roda-gigante girava lentamente —
reformada, como eles. Mas ainda no mesmo lugar de antes.
— Você acha que a gente vai dar certo? — ela perguntou, quase num sussurro.
%Jeno% não respondeu de imediato. Apenas olhou o mar por um instante antes de virar o rosto para ela.
Não havia grandes declarações, nem promessas impossíveis.
Só um carinho que crescia dia após dia, no passo deles, na medida deles. E, pela primeira vez em muito tempo, %Harumi% não sentia medo.
Fim