Parte 2 • Final
Tempo estimado de leitura: 16 minutos
Os dias haviam se passado desde a última conversa de Louis e América, a moça tentava evitá-lo o máximo que podia, sempre dando um jeito de não encontrar com ele dentro da casa ou até mesmo pelas redondezas do casarão.
América entrou na cozinha atenta aos movimentos, para que nenhum barulho chamasse a atenção, ela se virou para trás tomando cuidado para não encontrar Louis, mas quando virou novamente seu coração acelerou.
Ele estava na sua frente de braços cruzados e um sorriso irônico no rosto. Como alguém poderia ter uma beleza tão grande? Ela pensou.
- Bom dia, América – Louis sorriu e se sentou a mesa.
- Bom dia, senhor – ela foi em direção ao bule e serviu uma xícara de café para ele. Louis bufou ao ouvir a palavra “senhor”.
- Sabe, América – ele tomou um gole de café. – Você sumiu durante esses dias. Onde você estava?
- Quer leite, senhor? – a garota ignorou a pergunta do rapaz.
- Ah, sim, eu adoraria – ele sorriu. – Onde você estava?
- Sabe senhor, eu acho que deveria ser criada alguma peça na cidade – América comentou colocando um pouco de leite na xícara de Louis.
- Jura? E você recomenda que tema? – Louis dirigiu o olhar para ela. – Onde você estava?
- Algo do tipo “Pessoas enxeridas” – América sorriu e Louis a olhou indignado.
- Aposto que faria um grande sucesso na alta sociedade – Louis sorriu. – Onde você estava?
- Com toda certeza faria sucesso – América o olhou. – Porque você seria o principal ator.
Louis percebeu que ela queria fugir da conversa, mas ele nunca foi o tipo de pessoa que se esquivava das coisas. Para ele, tudo precisa ser claro.
- Você esta fugindo do assunto – ele cruzou os braços. – Onde você estava?
- Ocupada trabalhando – América bufou. – Nem todo mundo nasceu com a sorte de não precisar fazer nada na vida senhor.
Louis se sentiu mal por isso, ele sabia que não tinha culpa de ter nascido no meio do luxo e ter uma vida confortável, mas é claro que ele não precisava demonstrar isso o tempo todo.
- Eu não queria dizer isso – Louis tentou se desculpar. América se sentiu arrependida por passar essa imagem a ele.
- Tudo bem, senhor – ela deu de ombros sorrindo fraco para passar segurança a ele.
- América... – Louis sussurrou se aproximando dela. À medida que ele ficava mais perto, a garota sentia seu coração acelerar; não era possível que ele iria beijá-la, pensou. Louis encarava firmemente a boca de América, seu olhar mostrava desejo e apenas ele sabia o quando queria aquilo.
Louis levou uma mão até o rosto de América, acariciando o mesmo, intercalando seu olhar entre a boca da morena e os olhos dela. Sem esperar mais tempo, Louis colou seus lábios nos de América, lhe dando um longo selinho. América, por sua vez, o encarava de olhos abertos, ainda com seus lábios grudados nos do rapaz. Ela não sabia o que fazer, então apenas fechou os olhos assim que sentiu a língua de Louis pedindo passagem pela sua boca.
As mãos de Louis agora apertavam a cintura da garota, puxando-a contra o seu corpo. Ele a desejava, e desejava muito. Ele queria explorá-la mais, queria mais contato, queria senti-la. Em um gesto um pouco bruto e rápido, pegou América no colo e a colocou sentada na mesa de jantar, fazendo ela rapidamente se afastar do mesmo e o encarar assustada.
- Acalme-se, América - disse Louis, voltando a se aproximar da mesma, beijando o pescoço dela.
- Senhor, p-por favor, pare. - a voz de América saia quase em sussurro. Ela queria muito que ele parasse e fosse embora, mais algo dentro dela, que surgia aos poucos, mandava ela não o soltar mais.
Louis juntou seus lábios pela segunda vez nos de América, fazendo ela se calar e apenas retribuir; pôs suas mãos nas coxas da morena, apertando forte as mesmas. Ergueu um pouco o vestido de criada de América e fez um carinho entre suas coxas, e voltou a apertá-las. Ele não queria assustá-la, queria apenas lhe mostrar que sente desejos por ela, e a quer a todo o momento.
América levou suas mãos até a nuca de Louis, puxando os ralos fios de cabelo que se encontravam em seu pescoço, e afastou sua boca da dele, descendo beijos por toda a extensão do pescoço do rapaz. Novamente ela se afastou um pouco dele, tomando um susto com seus próprios atos. Louis sorriu, um sorriso que fazia qualquer coração de mulher se derreter. Afastou todos os utensílios que estavam sobre a mesa, jogando-os no chão e logo deitando América sobre a superfície.
Ele se pôs entre as pernas da morena, enquanto suas mãos passavam por todo o corpo da mesma, fazendo rastros quentes de seus dedos por cada local tocado. Desabotoou o vestido da mesma, o tirando, vendo América só de trajes íntimos por debaixo dele. Seus olhos ferveram mais de desejo, assim que bateram nos seis fartos dela. Ele levou uma das mãos até um deles, o apertando. América deixou que um baixo gemido escapasse pelos seus lábios.
- S-senhor… - Louis não deixou ela terminar, pôs um dedo em seus lábios e sorriu.
- América, só relaxe - respondeu carinhosamente dando um selinho nos lábios dela.
Desfez o feixe do sutiã de América, jogando o mesmo para trás, beijou o colo dos seios da mesma, lambendo longo em seguida. América não sabia o que fazer, o seu Senhor estava com a boca em seus seios. Ela só queria mais e mais; era algo novo, porém bom. Seus dedos cravaram de leve no cabelo de Louis, fazendo o mesmo suspirar, tirando sua camiseta social que vestia e desabotoando suas calças. Voltou à posição de antes e levou suas mãos para a parte de baixo da roupa intima de América.
Após ela completamente nua, Louis desceu sua cueca e se colocou entre as pernas dela. Ela só sabia olhar no fundo dos olhos esverdeados de Louis. Ele se pôs em sua entrada, a fazendo dar um pequeno impulso para trás. Ele constatou que ela ainda era pura, e ele não podia machucá-la. Bem devagar ele foi se pondo dentro dela, sentiu as unhas um pouco curtas de América se cravarem em seus ombros. Ele beijou os lábios dela e entrou por completo dentro da garota, fazendo com que ela mordesse seus lábios com força. Ele não se queixou, não doeu muito nele, mais sabia que havia doído nela.
Depois de alguns segundos, Louis começou a se movimentar dentro de América. A moça era tão apertada que Louis tinha dificuldade de se mover sem ter que não machucá-la. Era quase impossível. Ela era diferente.
Mordeu os lábios fortemente enquanto estocava devagar na moça, fazendo a mesma soltar murmúrios de dor misturados ao de prazer que sentia. Ele ia cada vez mais fundo, até que sentiu o hímen da mesma de romper. Nossa, como ela era apertada; pensou ele consigo mesmo. Gemeu rouco próximo de América sentindo que já estava pronto para ser liberado.
Ele viu América se contrair em baixo dele e a intimidade da mesma apertar seu membro, e logo um líquido branco descer pela perna da garota. Se moveu mais uma vez e seu orgasmo foi liberado por dentro da moça e escorrer por entre sua intimidade. Ela estava suada e ele não estava diferente. Ele a encarou e beijou seus lábios, tentando recuperar o ar e fazer com que América sentisse que foi bom para ele. Ela também sentia o mesmo, foi tão bom para ela.
Louis levou às mãos a testa de América, tirando seus cabelos grudados à face, ela fechou os olhos sentindo o toque dele. Foi ali, naquele exato momento de carinho, que Louis percebeu que não gostava somente dela, ele a amava. Ele a amava de todas as maneiras e queria que ela fosse dele para sempre.
- Eu amo você – Louis murmurou com a testa colada ao dela. América sentiu seu coração acelerar e as palavras simplesmente não saiam. Ela queria dizer que sentia o mesmo e que não parava de pensar nele, ela queria demonstrar todo o seu sentimento, ela queria dizer que o amava. Mas isso não poderia acontecer. Ela também sabia que os dois nunca ficariam juntos, ela era uma ninguém, alguém sem valor.
Ela o amava tanto, que sabia que o melhor era deixá-lo livre. Ele não poderia se prender a alguém como ela, alguém tão insignificante de valor nenhum.
Louis percebeu a hesitação dela, e se arrependeu de ter se declarado tão cedo.
- Você não precisa falar nada – ele se explicou.
- Mas eu quero – ela fixou seu olhar no dele. – Sabe, eu nunca soube o que era o amor, pelo menos até você aparecer. Eu sempre achei que minha vida seria sempre medíocre e sem futuro até você aparecer – Louis sentiu seu coração acelerar, à medida que ela falava. – Então quando o senhor apareceu, eu finalmente pude entender que sentimento é esse e nossa, eu nunca imaginei que seria algo tão forte assim – ela sorriu triste. – É estranho como eu me sinto importante toda vez que estou com o senhor.
- É porque você é – ele a interrompeu segurando o rosto dela delicadamente. – Quando você sorri, o mundo é um lugar melhor, acredite.
América encostou a cabeça no peito dele, sentindo seu cheiro, ela estava determinada a acabar com aquilo, por mais que o amasse, ela se amava mais. E sabia das consequências e sabia que sofreria caso continuasse com aquilo. Por céus, ela já não sofreu o bastante? Por que tinha que abrir mão da única pessoa que a amou na vida? Pensou. Isso não era justo, ela não merecia ter algo bom na vida pelo menos uma vez?
Louis queria nunca mais tirar seus braços ao redor dela, ele finalmente encontrou alguém que estava disposto a lutar para ficar para sempre e não perderia essa oportunidade. Ele só precisava dela e nada mais.
- Eu estava pensando, América – Louis a tirou de seus pensamentos. – O que você diria se eu desse um jeito de lhe dar sua liberdade?
- Eu diria que o senhor deve ser a pessoa mais louca do mundo – ela o encarou com a testa franzida.
- Será que da pra parar de me chamar de senhor? – Louis bufou. – Acho que a gente já tem intimidade demais depois de hoje.
Pelo tom de pelo de América, é claro que ninguém perceberia o quanto envergonhada ela estava, sua pelo queimou e ela escondeu a cabeça no peitoral de Louis o fazendo soltar uma risadinha.
- Você não respondeu minha pergunta – ele a lembrou. – Você quer ser livre, América?
- Às vezes ser livre é o meu sonho – América sorriu triste. – Mas eu não teria para onde ir, e muito menos teria alguém. Por mais que a minha vida seja miserável naquela senzala, ela é real. Os escravos são as únicas pessoas que eu conheço, eles são as únicas pessoas que me ajudam. Eu não tenho pai nem mãe, muito menos irmãos. Há, pra onde eu iria? Como eu iria sobreviver?
- Você teria a mim – Louis falou fazendo que América ficasse sem ar. – Eu faria qualquer coisa para mantê-la segura e feliz... qualquer coisa.
América olhou fundo nos olhos dele, ele estava falando a verdade, ela sentia. Mas sabia que ele poderia daqui a algum tempo desistir e quem ficaria sozinha seria ela. Ela não queria um coração partido, mas isso era difícil sempre que imaginava a situação que se encontrava.
- Eu preciso ir – falou fazendo com que Louis se arrependesse das palavras, ele teria se declarado cedo demais? Será que teria sido melhor esperar um tempo?
- Por favor – ele pediu. – Fique mais um pouco.
- Eu adoraria – ela sorriu. – Mas o trabalho me espera.
Ele apenas assentiu e então seguiu seu olhar a garota que saia do grande casarão. Ela seria livre, pensou ele. Ela seria livre e dele.
[...]
- Aperte mais um pouco, América – Senhora Tomlinson pediu enquanto América apertava o espartilho da patroa. – Obrigada, América, sempre tão prestativa.
- Faço tudo para o seu agrado, senhora – América se curvou.
Senhora Tomlinson caminhou em direção a uma estante e pegou um porta-retratos do filho. Ela examinou e passou a mão delicadamente sobre ele.
- É incrível como eles crescem rápido – Senhora Tomlinson sorriu. – Parece que foi ontem que ele corria por meios dos cafezais e hoje, olha só. Está um homem.
O homem que eu amo, América pensou.
- Hoje em dia é assim mesmo, senhora – América tentou passar tranquilidade. – Hoje em dia todos estão crescendo muito rápido.
Senhora Tomlinson concordou.
- Sabe, América, você é a única que me restou – Senhora Tomlinson sorriu. – Meu marido daqui a pouco está morrendo, Louis foi embora...
- Ele foi embora? – América gritou. Senhora Tomlinson a olhou desconfiada. – Quer dizer, como assim, senhora?
- Bom, ele comprou um casarão a uma distância daqui e partiu – ela suspirou. – Ele disse que precisava ter a própria vida.
América sentiu seu coração doer, ele havia partido e a abandonado. Ela sabia que era idiotice acreditar nele, mas ele parecia tão sincero. Ele havia ido embora e levado junto o coração dela.
- Senhora, eu não estou muito bem – América disse. – Se a senhora não precisa mais de mim, eu gostaria de me retirar.
- Claro, querida – Senhora Tomlinson passou os braços pelos ombros de América.
A garota correu o mais rápido que conseguiu para fora daquela casa. As lágrimas escorriam da face dela enquanto ela se afastava da casa.
- Boba, boba, boba... – ela dizia enquanto colocava a mão na testa. Ela soluçava e seu peito doía. – Você achou mesmo que algum dia alguém a amaria – ela dizia para si mesma enquanto batia na testa.
Como pode pensar que um dia ela poderia ser feliz? Talvez a sina dela fosse nunca ter a sorte do amor, talvez ela não merecesse nada de bom da vida. América se sentou no chão, dobrou os joelhos e os abraçou colocando a cabeça entre as pernas, ela chorava tanto que seu corpo doía.
- América? – aquela voz conhecida a chamou. Por céus, já não bastava ele ter mentido, agora veria ela nessa situação.
- O que você está fazendo aqui? – ela berrou limpando as lágrimas.
- Eu vi você sair correndo do casarão quando estava chegando – ele se aproximou. – O que aconteceu, América? Por que está assim?
- Como se você não soubesse, não é? – ela riu sem humor. – Como foi pra você brincar com a escrava burra e iludida? Deve ter sido fácil fingir os seus sentimentos, afinal, eu sou tão burra que acreditei.
- Do que você...
- Não – ela se levantou. – Eu não quero saber de nada. Você já brincou comigo, agora pode sumir da minha vida.
Louis não entendia o motivo da mudança tão de repente, há alguns dias eles estavam bem e agora ela dizia não querer mais vê-lo? O que havia acontecido para ela mudar de idéia?
- Não – o rapaz falou firme. – Eu não vou sair daqui até você me explicar que merda está acontecendo. A gente estava bem lembra, lembra? Por que de repente você me vem com essa?
- Você foi embora – ela gritou. – Aposto que foi pra não precisar me olhar, não é? Você já me teve, então por que ter que me aturar?
- Do que você esta fa... – então ele se deu conta. A mãe deve ter mencionado o fato de ele comprar uma casa em outro lugar. Naquele momento ele se sentiu horrível por não ter explicado tudo a ela. – Não é nada disso que você está pensando, América.
- Ah não? – falou irônica.
- Não! – ele fez negação com a cabeça. – Será que você pode vir comigo?
- O quê? – ela gritou. – Você está surdo? Eu não quero mais você na minha vida.
- Eu entendi – ele murmurou. – Só preciso te mostrar uma coisa e depois você decide.
América hesitou, mas mesmo que estivesse brava e decepcionada com ele, ela não conseguiu dizer não. Depois de algum tempo insistido que o lugar era longe e que precisavam ir de carruagem, América finalmente cedeu. Ela olhava cada canto dela, nunca havia estado em uma carruagem. Ela gostou, pensou.
Depois de alguns minutos, quando finalmente a carruagem parou, Louis estendeu a mão para ajudá-la a sair, ela recusou, o que o fez bufar. Que teimosa, ele pensou. Mas seria a teimosa dele, sorriu.
Parados em frente a um casarão, América abriu a boca várias vezes querendo dizer algo, mas nada saia. A casa era bem maior e bonita do que as dos Tomlinson. O jardim era grande e o lugar era afastado dos outros. Era um belo lugar para viver, a moça pensou.
- Bonita, não? – Louis perguntou se referindo a casa. América apenas assentiu. – Foi exatamente o que eu pensei quando a vi. E sabe no que eu pensei?
Ela fez que não com a cabeça.
- Pensei em você e eu. – ele disse. – Pensei em nós no futuro e cheguei à conclusão que precisávamos de um lugar para morar quando nos casássemos e tivéssemos nossos filhos.
América levou a mão na boca assustada. Não podia ser. Era aquilo mesmo que ele estava dizendo?
- O que você está dizendo? – ela sussurrou.
- Estou dizendo que essa casa é nossa, América – Louis respondeu sorrindo ao ver o espanto dela. – Eu não queria causar a impressão que a tinha abandonado. Eu juro. Eu jamais quero magoar você, América.
- Eu nunca disse isso a você – ela suspirou. – Mas eu te amo, Louis.
Ele sorriu e se permitiu suspirar aliviado. Sabia que agora ela seria dele, assim como ele seria dela. Sabia que enfrentariam obstáculos, mas quem não enfrenta? O amor deles seria maior que tudo e passaria por qualquer barreira. Eles enfrentariam qualquer coisa, juntos.
Louis deu um passo à frente, em direção a casa, América estava atrás dele e quando ele se virou, estendeu a mão. E para a alegria de ambos, ela levou a sua mão até a dele.
FIM