Ends And Begginings

Escrita porNatashia Kitamura
Revisada por Mariana

ONE

Tempo estimado de leitura: 6 minutos

Era quinze de abril. Eu já estava trabalhando naquela empresa fazia pouco mais de um ano. Morar em Los Angeles nem sempre era uma boa quando você não é rica, famosa ou dona de uma beleza exótica, quero dizer, mesmo que você não seja nada conhecida e não tenha feito nada de especial, se você é linda, mas linda de verdade - e não estamos falando de uma beleza, tipo, Gisele Bundchen, mas sim de Adriana Lima - as pessoas param para te olhar e se perguntam se você é mesmo daquela maneira ou se passou em algum salão como todas as celebridades fazem em suas manhãs. E é assim que os olheiros captam a sua mensagem, mesmo você não tendo a mínima intenção de passá-la. Então depois disso, tudo o que você tem de fazer é pegar uma caneta Mont Blanc, assinar um papel politicamente correto e reciclado, criar um rabisco fake para seus fãs e desfilar nos melhores eventos com seus vestidos Chanel e suas jóias Cartier para milhares de fotógrafos que também aparecem em seu dia-a-dia, mas escondidos de você.
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  Obviamente isso não aconteceu comigo porque se tivesse acontecido, eu não estaria aqui escrevendo em uma página do Word, e sim num salão de estética sentindo quatro ou seis mãos massageando meu corpo e me relaxanto com óleo corporal aroma camomila da Lâncome. Aconteceu com minha (ex) melhor amiga Blake, mais conhecida como a atriz Sarah Brookfield, que interpreta a linda personagem principal da série The Charming, Emma Cornor. Blake era a garota fechada com os cabelos longos e escuros, com seus olhos azuis escondidos por detrás dele. Então, quando fizemos dezoito anos, eu achei que ela estava triste por seu ex-namorado (que nunca existiu na vida de Sarah), e resolvi lhe pagar com minhas economias (que seriam usadas para comprar meu primeiro estojo de maquiagem M.A.C) um banho de salão, onde seus cabelos encurtaram e ondularam e seus olhos de repente haviam cílios enormes, suas maçãs avermelhadas e seus enormes lábios em um tom vermelho claro. Fora nós sairmos do salão e automaticamente as pessoas pararam de caminhar e um homem negro, alto e musculoso com seu cabelo black power apareceu magicamente em meu lado, olhando encantado para ela.
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  Depois disso nunca mais nos falamos e ela nunca me agradeceu de verdade. Uma bolsa Louis Vutton - coleção limitada para colecionadores não era exatamente o modo de desculpas que eu esperava dela, mas não tinha com o que reclamar. Vendi a bolsa e ela me ajudou a pagar seis meses de um aluguel de meu apartamento e me comprou um simples carro, que cuido com muito amor, carinho e pontapés nos dias difíceis.
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  Entrei então na empresa que estava trabalhando até o dia fatídico citado no início do capítulo. O dia quinze de abril. Aparentemente, quem não havia um certificado de bacharelado, não merecia o respeito da empresa, por mais que tenha se matado e dado tudo de si durante todo o ano em que esteve empregado. Recebi um 'sinto muito, mas procuramos alguém com formação, você entende, não é?' e eu apenas sorri concordando, mas, como sempre, minha consciência xingava até a quinta geração passada da minha (ex) chefe.
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  Eu não tinha dinheiro para pagar uma faculdade. Claro, o mais barato (Matemática, quem faz isso hoje em dia, sério?) custava 940 dólares o mês no primeiro semestre, que dirá os próximos durante os quatro anos de curso. Como a sorte sempre esteve do meu lado - veja bem minha ironia estampada - não haviam faculdades do governo em minha cidade e a mais próxima era em Vienna, na Virgínia. E nenhum lugar é perto quando não se tem dinheiro. Eu não vinha de uma família pobre, mas minha família fez de mim uma garota pobre. Nós temos uma lei que passa de geração a geração em que consiste em sairmos de casa quando completamos nossos 18 anos. Podemos fazer o que quiser, mas nossos pais não nos ajudariam financeiramente. Na verdade, eles nos dariam um cheque de cinco mil dólares (eu tenho mais um irmão e uma irmã mais velhos que eu) e nós faríamos o que bem entendessemos com ele. Meu irmão se casou com uma garota rica que o colocou para dirigir a empresa de seu pai, o que o fez se tornar rico também. Minha irmã é mochileira com alguns amigos e não gastou nada de seus cinco mil, disse que não precisava dele enquanto vivesse na estrada, por isso me emprestou metade do valor para eu terminar de pagar meu carro - dinheiro que eu ainda não devolvi.
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  No final das contas, com o dinheiro que a empresa (aka supermercado) que eu trabalhava me dera, juntei minhas coisas, vendi meu apartamento e com mais essa grana, peguei meu carro e vim para Vienna estudar Economia. Mas você sabe sobre a Lei de Darwin, não é? Só os mais fortes sobrevivem. E neste mundo capitalista, você sabe qual é a verdadeira lei dos universitários, não é? Trabalhe no primeiro lugar que lhe oferecerem bem, seja ele da sua área ou não.
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  Devido a este mero detalhe, acabei indo para um lugar onde milhares de garotas americanas com seus ídolos americanos gostariam de estar. Na equipe de produção de uma banda. Na verdade, eu não trabalhava beeeeem com a produção, né. Eu era mais a 'quebra-galhos'. Sabe, aquela pessoa que vai buscar a água do bendito que não bebe suco ou a coitada que fica aguardando debaixo de uma tempestade a banda chegar de uma after party, ou a infeliz que recebe bordoadas da banda por acordá-los cedo a mando do chefe. Sim, sou eu. E não, não faço tudo isso. Era apenas para deixar bem claro que minha posição neste trabalho era tão inferior quanto o de uma empregada doméstica. Pois elas eram extremamente necessárias, eu não.
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