Capítulo 43
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Me levanto, segurando fortemente a balestra, e corro até à porta da capela.
– Pegue a mamãe e se esconda, Wendy, entendeu? – Falo, sentindo o vento gelado do lado de fora trazer para dentro da capela alguns pingos de chuva.
Wendy assente, e antes que eu pudesse sair, seu corpo molhado me abraça.
– Boa sorte... e tome cuidado. – Ela diz, com os olhos amedrontados.
– Eu vou tomar. – Sorrio para minha irmã, tentando a tranquilizar.
Me afasto de seu corpo, e respiro fundo, caminhando para saída da capela.
– É bom você voltar inteira pra casa, porque mês que vem é meu aniversário, e eu vou querer o meu presente, Elena! – Wendy grita com a voz embargada de choro, quando os meus pés tocam o chão do lado de fora da igreja.
Sorrio com suas palavras, mas não olho para trás, eu não podia fazer isso agora, porque eu não sabia se voltaria para o seu aniversário.
A chuva era forte e as gotas de água eram grossas, atrapalhando a visão, mas não me impedindo de ver aquelas coisas infernais voando para todos os lados, enquanto algumas delas levavam embora no céu da noite, humanos inocentes.
Todos os Filhos Da Sombra corriam de um lado para o outro, tentando impedir o ataque dos Drácus Dementers.
– Elena! – Escuto alguém gritar meu nome em meio aos trovões altos.
Olho para todos os lados até encontrar Meg correndo em minha direção. E devido à chuva intensa, ela escorrega a cai no chão de ladrilhos a tempo de uma das criaturas que voava, se aproveitar de sua queda para tentar atacá-la.
Despertada por uma enorme onda de adrenalina, corro para perto de Meg, e quando vejo a criatura a segurando para tentar voar com ela para longe, levanto minha balestra e miro em uma das suas mãos, a acertando.
Com um grito de dor, a criatura solta Meg, que cai de uma pequena altura, mas isso não a impede de recitar um rápido exorcismo que paralisa o Drácus Dementer, que impossibilitado de voar, também cai.
De forma rápida como um dos relâmpagos dessa tempestade, três tiros são acertados contra a cabeça da criatura, que grita enquanto agoniza.
Lilu surge com seu fuzil de balas de prata, junto de Sally, que carregava uma pequena pistola com capsulas de Erva-Verde líquida. Sally se aproxima da criatura que agonizava no chão, e toca seu peito na altura do coração, com o cano da pistola, mandando para dentro dela, uma capsula de Erva-Verde.
O corpo do Drácus Dementer, aos poucos, começa a se desmanchar, virando pó, exatamente como está escrito nas escrituras sagradas do nosso Senhor.
Ainda no chão, Meg me encara, com seu tronco descendo e subindo rapidamente.
– Que seus ancestrais te carreguem para o inferno. In nomine Patris, et Filii, et Spiritus Sancti. Amen. – Faço um rápido sinal de cruz, e todas as garotas repetem.
– Onde é que você está, Elena, querida?! Eu sei que não foi embora, é estúpida demais pra isso! – Meu corpo inteiro se arrepia ao reconhecer a voz que começa a me chamar em meio a tempestade.
Outra vez, olho em todas as direções, enxergando a leste, uma sombra surgir no meio dos pingos grossos da chuva. E não demora mais que alguns segundos, até que Amia surja, liderando um pequeno grupo de vampiros que estavam logo atrás dela.
Seu longo vestido estava colado ao seu corpo molhado, com a barra suja arrastando no chão. Seus longos cabelos em tom de rosa-claro, grudavam em seu rosto que estampava um largo sorriso de batom escuro.
– Aí está você, querida. Finalmente te achei. – Ela para a alguns metros de distância, colocando suas mãos na cintura, enquanto as outras criaturas paravam atrás dela.
– E por que você estava me procurando, Amia? – Pergunto, erguendo a balestra na frente do meu corpo.
Meg, Sally e Lilu rapidamente se juntam a mim, assumindo posturas de luta, prontas para qualquer coisa.
– Não está óbvio? – Amia inclina seu tronco para frente, fazendo o decote de seu vestido ficar à mostra. – Porque agora eu finalmente posso te tirar do meu caminho.
Com essas palavras, seus olhos se tornam vermelhos como duas luzes brilhantes de natal, e ela abre a boca, deixando à mostra, as presas que se alongam em seus caninos.
Amia abre os braços, e duas grandes asas iguais às asas de um morcego, surgem entre as mangas de seu vestido, quando ela vem tão rapidamente em minha direção, que só tenho tempo de sentir o impacto do meu corpo contra o chão, me fazendo soltar a balestra.
Sobre o meu corpo, Amia chia como um animal que está prestes a atacar.
– Quer implorar por sua vida? – Ela sorri arrogante, me mostrando suas presas.
De rabo de olho, vejo minha equipe tentar me ajudar, mas os vampiros que vieram com Amia, as impedem.
– Vou arrancar seu coração e depois vou beber todo o sangue dele. – A chuva forte que acertava o corpo de Amia, pingava no meu.
Cheia de ansiedade correndo pelas minhas entranhas, consigo tocar meu cinto, puxando a faca para fora dele.
– Antes disso, eu vou te mandar direto pro inferno, criança patética. – Sorrio para ela, antes de acertar a faca em sua barriga, a fazendo abrir a boca em surpresa.
Ainda segurando o cabo da faca, puxo ela para fora de Amia e empurro seu corpo de cima do meu, antes de acertar seu peito com a faca.
Seus olhos se enchem de fúria, enquanto Amia puxa a faca cravada em sua pele.
Sem esperar por sua reação, corro em direção a balestra que deixei cair, mas no momento em que meus dedos roçam a madeira, os braços de Amia me seguram, levantando todo meu corpo no ar.
– Elena! – Alguém grita.
Chiando como um gato selvagem, ela voa rápido entre a tempestade, jogando meu corpo contra a parede da primeira casa que surge na nossa frente.
Fecho os olhos quando sinto o impacto com os tijolos alaranjados. Em seguida, meu corpo cai no chão. Tento me levantar rapidamente, enquanto seguro o braço esquerdo, que foi o mais afetado no impacto.
Céus, isso doía como o inferno.
Que Deus me perdoe por isso, mas doía muito.
Amia pousa no chão, fazendo suas asas sumirem. Ela vem caminhando lentamente em minha direção.
Cambaleio para o lado, sentindo a tira do rifle balançar em minhas costas.
Céus, como eu me esqueci disso?
Ela estava se aproximando cada vez mais.
– Desculpe, Amia querida, mas eu não tenho tempo para perder com você. – Em um movimento rápido, viro a tira do rifle para frente e miro em Amia, atirando tantas vezes que nem consigo contar.
Quando seu corpo cai no chão, fazendo seu sangue se misturar com a chuva, corro para longe dela, em busca da minha equipe.
– Meg! Sally! Lilu! Precisamos ir agora! – Corro para perto da igreja outra vez, vendo as três garotas enfrentando alguns vampiros. – Nós precisamos ir! – Grito, enquanto puxo rifle para cima, o saltando do meu corpo, para acertar uma das criaturas que lutava com Sally.
Acerto três vezes a cabeça da criatura com a soleira do rifle, o fazendo sair de perto de Sally.
– Vamos! – Seguro em sua mão e a puxo em direção às outras duas. – Vamos agora! – Grito de novo, e elas tentam se afastar dos vampiros que as atacavam.
Algumas equipes surgem em meio a tempestade forte, e correm na direção das criaturas, nos dando tempo para fugir.
Nos escondendo por onde quer que passássemos, percebemos que o número de vampiros Drácus Dementers que estavam atacando Upiór era muito grande, por isso, nosso plano não correu totalmente como o planejado, e nós quatro tivemos que entrar pela parte da frente da floresta, passando correndo em frente à loja Van Helsing, da qual trabalhei durante vários dias, sendo um dos meus pontos de encontro com os vampiros da mansão, mas, que agora, marcaria nosso último encontro.
