Drácus Dementer


Escrita porHels
Revisada por Natashia Kitamura


Capítulo 41

Tempo estimado de leitura: 8 minutos

  Mais alguns dias se passaram e, finalmente, esta noite recepcionaria a grande lua de sangue. De hoje não passaria.
  A igreja estava movimentada, todos ajeitavam os últimos preparativos para o que viria quando a noite chegasse. E eu não poderia estar mais nervosa. Até agora, tudo que fiz foi dentro dessas quatro paredes, treinando com as garotas; e nenhuma de nós nunca lutou verdadeiramente contra um vampiro, era a nossa primeira vez e em um evento tão grande como esse.
  Eu não sei o que me aguarda, se sequer terei a oportunidade de vislumbrar os raios do sol de um novo dia, mas eu preciso fazer isso, é o meu dever como uma Van Helsing e como humana. É preciso extinguir da Terra toda essa proliferação infernal, devolver aos humanos sua liberdade, a sua terra.
  Já faz seis meses que não vejo aqueles irmãos, os filhos de Henry e, sinceramente, não consigo imaginar como as coisas serão quando nos encontrarmos de novo, dessa vez, cada um de um lado.
  Jimin e Taehyung não saem da minha cabeça nos últimos dias e nas últimas horas, eu me sinto incrivelmente ansiosa ao pensar em vê-los de novo, tendo em conta que meus últimos encontros com eles foram extremamente ruins. Tive longos seis meses para me desvincular de qualquer tipo de sentimento, e eu estaria mentindo se dissesse que foi fácil, nunca é. Mesmo depois de tudo que passei, e de saber sobre a real natureza deles, os momentos bons, se assim posso dizer, me atingem como lampejos de uma velha lâmpada queimada.
  Que o Senhor me dê forças para encarar aquele que um dia foi amigo e aquele se tornou uma inexplicável paixão de Upiór. Maldito seja o meu coração se não os soltar.
  Estou me libertando desses sentimentos agora, eles nunca foram verdadeiros, pelo menos, não da parte deles. Deveria ser divertido enganar uma Van Helsing boba que não sabia de nada, fingir ser seu amigo, seduzi-la até uma cama de lençóis de seda. Eu irei esquecer tudo isso agora. Eu irei.
  – Oiiii? – Uma mão com unhas pintadas de roxo, passa rente ao meu rosto algumas vezes. – No que está pensando? – Lilu me encara através de seus grandes olhos escuros.
  – Nada importante. – Forço um sorriso fechado.
  Lilu me encara por mais alguns segundos e dá de ombros, voltando a olhar para frente, dentro da pequena capela.
  Todas as equipes foram convocadas a se reunirem na parte superior da capela, para uma última reunião com o Padre Abel e alguns representantes do Vaticano, que chegaram no dia anterior.
  Os largos bancos de madeira da capela não foram capazes de acomodar todas as equipes, por isso, alguns estavam de pé, mas não pareciam se importar, isso era apenas um detalhe nesse momento.
  As portas da capela foram fechadas para que ninguém de fora nos atrapalhasse ou que algum dos poucos moradores que insistiram em permanecer em Upiór, ouvisse o que falaríamos aqui.
  Os cultos na capela haviam sidos suspensos até que a ameaça dos lobos sumisse.
  Padre Abel, que estava perto do altar, para de conversar com um dos homens ao seu lado esquerdo, e olha, de modo geral, para todas as equipes. Ele junta suas mãos na frente da batina preta e dá dois passos para frente, fazendo todos ficarem quietos.
  As garotas que estavam sentadas ao meu lado, minha equipe, ficam mais sérias, e sei que elas também estão nervosas por esse momento, eu não sou a única a passar por isso.
  – Por favor, prestem atenção, essas serão nossas últimas instruções. – Padre Abel diz, e os três representantes do Vaticano que estava mais atrás, assentem em concordância. – Sei que para muitos é a primeira vez, sei também que podem estar com medo de nunca mais verem suas famílias depois de hoje. Mas eu os asseguro, nosso bom Deus está do lado de cada um de vocês, e nos dará essa vitória. O primeiro grande passo dos humanos.
  – Todos vocês vêm se preparando para esse grande momento, por isso, não deixem que o medo e a incerteza os controle, vocês sabem exatamente o que devem fazer, e irão conseguir.
  – Nossas últimas instruções são para que todos descansem muito, se organizem e repassem todas as estratégias, porque não podemos ter erros hoje, a vida de muitos humanos, incluindo os presentes nessa capela, dependem do que vocês, Filhos Da Sombra, farão.
  Meu corpo fica tenso sobre o banco de madeira, enquanto sinto todo esse peso cair em minhas costas.
  – Vamos fazer uma última reza antes da lua de sangue. – Padre Abel diz, e todos se levantam de seus bancos. E os três homens atrás dele se aproximam do Padre, antes que ele comece. – Todos comigo, quero que repitam em voz alta.
  Junto as mãos em frente ao rosto e fechos os olhos, sabendo que os demais dentro da capela também fariam isso.
  – Ave María, grátia plena. Dóminus tecum, benedícta tu in muliéribus, et benedictus fructus ventris tui Jesus. Sancta María, Mater Dei, ora pro nobis peccatóribus, nunc et in hora mortis nostrae. Amen.
  – Amen. – Digo baixo em meu lugar, escutando as meninas repetirem ao meu lado.
  Abro os olhos, vendo o Padre Abel se afastar com os três homens do Vaticano.
  – Acho que seria bom se repassássemos o que planejamos. – Meg sugere entre nós, e assentimentos em concordância.
  Juntas, vamos em direção ao confessionário, esperando algumas equipes que estavam na nossa frente, passarem para o esconderijo da igreja. Depois que conseguimos entrar, nós quatro vamos para o quartinho em que tenho ficado nos últimos seis meses.
  Lilu se deitou na minha cama, mantendo sua cabeça para fora. Eu me sentei no chão com as costas recostadas contra a madeira da cama. Sally e Meg sentam no chão também, uma de cada lado meu.
  – Então... – Lilu deixa sua cabeça perto do meu pescoço, enquanto balança suas pernas dobradas para cima.
  – Iremos nos dividir em duplas, duas entrarão pela frente da floresta e duas por trás, no caso deles estarem espalhados, assim ninguém pode nos pegar desprevenidas, certo? – Falo e depois olho para as três garotas, que assentem.
  – Vamos nos reunir na frente da mansão, e cada uma fica responsável por um lugar. A mansão tem três andares, então Meg vasculha o jardim, Sally o primeiro andar, Lilu o segundo e eu o terceiro. – Tento conter um suspiro quando penso no motivo de ter escolhido o terceiro andar.
  – Você tem certeza que quer ir pra mansão? – Meg pergunta ao meu lado direito. – Outra equipe pode ir no nosso lugar, nós ficamos aqui no vilarejo ajudando caso tenha alguma invasão, o que com certeza vai acontecer. – Seus olhos escuros eram compreensíveis, e sua voz era suave.
  – Nós podemos fazer isso sem nenhum problema. – Sally reforça a sugestão de Meg, ao meu lado esquerdo.
  – Isso mesmo, Eleninha. – Lilu passa seus braços ao redor o meu pescoço, enquanto usa o apelido que aprendeu com Wendy. – Nós sabemos como isso pode ser difícil pra você. Vamos ficar aqui no vilarejo. – Lilu aperta seu rosto contra o meu.
  Solto o suspiro que contive antes, e coloco minhas mãos nos braços de Lilu, segurando-os.
  – Eu preciso fazer isso. Preciso finalizar essa parte da minha vida, se não, nunca vou conseguir seguir em frente. – Confesso, puxando minhas pernas para perto da barriga, assim como Sally e Meg faziam.
  – Bom, tudo bem então, se é isso que quer, estaremos lá com você. – Meg sorri, e a agradeço com a retribuição de um sorriso.
  – Quando sua irmã vai nos trazes os colares de Erva-Marrom? – Sally pergunta.
  – Não sei, mas acho que podemos ir atrás dela. – Respondo, ainda tendo os braços de Lilu ao redor do meu pescoço.
  Wendy ficou encarregada de nos trazer quatro colares de Erva-Marrom, para que pudéssemos camuflar nossa presença ao ir à mansão.
  – Podemos separar nossas roupas e verificar todas as armas e itens místicos que usaremos, talvez Wendy chegue enquanto fazemos isso. – Meg diz, e todos nós nos levantamos, prontas para seguir suas ordens.
  Não sei porque ela não é a líder, leva muito mais jeito do que eu. Cederia meu lugar para ela com muito alívio. Mas acho que deveria pensar nisso em outra ocasião, porque agora tenho algo muito importante para fazer.
  Eu podia sentir minhas entranhas se revirarem a cada segundo, minuto e hora que passava, me deixando mais perto da lua de sangue e dos irmãos daquela mansão.

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