Drácus Dementer


Escrita porHels
Revisada por Natashia Kitamura


Capítulo 29

Tempo estimado de leitura: 10 minutos

  Tudo nesse dia foi resumido a preocupação e ansiedade.
  Vovó viajou cedo com Sebastian, deixando para trás um clima coberto de tensão, não dando mais do que dois dias - contando com hoje - para que eu descubra alguma coisa, já que ela pretende nos mandar para casa quando voltar.
  Passei todo tempo tentando acalmar os meus nervos, ansiosa pela noite que já havia chego e, por mais que eu tenha consciência do motivo que está me fazendo ir até à mansão, não posso imaginar o que me espera essa noite.
  Não contei para Wendy sobre os meus planos, não queria que ela se afligisse, já passou por muito, e também penso que não é muito seguro deixar ela a par do que pretendo fazer, considerando que minha irmã realmente foi hipnotizada.
  Desde que descobri o que aconteceu com Wendy, não tem um minuto dos meus dias que eu não me preocupe com a sua segurança. Já fiz ela beber tanto chá de Erva-Amarela, que até mesmo eu já não suporto mais o cheiro.
  Por todos esses motivos, quando saí esta tarde, foi por poucos minutos. Fui até a feira procurar por algo que pudesse me ajudar a lidar com Wendy e, por sorte, acabei encontrando algo que seria muito útil, um sonífero natural, feito através de algumas plantas. O vendedor me afirmou que o sonífero não era do tipo pesado, apenas ajudando a dormir mais rápido e melhor, mas que a pessoa que o ingerisse, podia acordar facilmente com barulhos altos.
  Há mais ou menos uns quarenta minutos, preparei mais um chá de Erva-Amarela para Wendy, e coloquei uma dose do sonífero, e bastaram poucos minutos, talvez, dez, para que ela tivesse caído em um sono, aparentemente tranquilo, já que sua feição sobre a cama era relaxada.
  Assim seria melhor.
  De frente para a cama e sentada sobre o colchão, passo levemente a mão pelos cabelos bagunçados de minha irmã, me sentindo um pouco mais leve por saber que ela ficará segura essa noite.
  Respiro fundo e me viro, ainda sentada sobre o colchão, e inclino meu corpo para baixo, pegando as sandálias de salto que comprei mais cedo, na mesma loja que fui com Wendy, o lugar que trazia roupas, artigos e qualquer coisa que viesse da cidade grande. Eu não tinha nada apropriado para usar com este vestido tão elegante, então tive que comprar essas sandálias em um tom de preto discreto.
  Ergo a barra do vestido que eu já havia colocado, e afivelo as sandálias. Em seguida, me levanto e mexo os pés, verificando o quão desconfortável seria usar isso, mas, talvez, não seja tão ruim assim, pelo menos o estofado interno da sandália era macio.
  Caminho até o banheiro, que estava com a porta aberta e a luz de dentro acessa. Paro em frente ao espelho e encaro o meu reflexo, vendo quão diferente eu estava. Já que era uma noite especial, me arrumei mais do que de costume, peguei algumas das maquiagens mais escuras de Wendy e tentei fazer o melhor que pude, e penso que não me sai tão mal, tendo em vista que costumo usar tons mais claros e sutis.
  Acho que gostei de como meu cabelo ficou. Eu não tinha muito por aqui, então me virei com grampos e alguns bóbis de cabelo da vovó, para tentar mudar um pouco o aspecto dos meus fios loiros, que sempre estavam retos, mas que hoje, ganharam algumas ondulações.
  Coloco minha mão sobre o pescoço, sentindo as pequenas bolinhas brancas do colar que eu usava. As encaro, tentando ver se dava para notar as folhas de Erva-Marrom e, por sorte, acho que passarei despercebida.
  Meu olhar desvia do espelho para a pia abaixo de mim, onde, de um lado estava a máscara preta que eu usaria, e do outro, estava uma pequena seringa que encontrei nas coisas de vovó.
  Chá de Erva-Amarela não foi a única coisa que fiz naquela cozinha hoje. Eu sabia que precisava estar preparada para tudo, então depois de encontrar nas coisas de vovó uma seringa dentro de um kit de primeiros socorros, amacei algumas folhas da Erva-Verde e despejei o líquido esverdeado dentro da pequena seringa.
  – Acho que já é hora de ir. – Falo para mim mesma.
  Com cuidado, pego a pequena seringa e guardo dentro do decote de meu vestido, de modo que ninguém consiga ver. Depois, pego a máscara preta e coloco-a em meu rosto, amarrando a fina fita debaixo do meu cabelo, prendendo assim, a máscara.
  Respiro fundo de novo e me olho uma última vez no espelho, antes de apagar a luz e sair do banheiro. No quarto, checo Wendy rapidamente e depois saio, indo para o andar debaixo.
  Ando até à cozinha, atrás da chave de casa, e aproveito para ver o horário no meu celular que estava no mesmo balcão que a chave.
  Onze e dez.
  Depois de conferir as horas, coloco o celular de volta no balcão, decidida a deixá-lo em casa. Passo ao lado da mesa de madeira e apanho sobre ela, a delicada rosa-vermelha que tinha um laço - de mesma cor - amarrado em seu caule. E com a rosa em mãos, caminho até à porta de entrada da casa, deixando Wendy trancada para dentro, como venho fazendo nas últimas vezes em que saio.
  Escondo a chave da casa de vovó dentro dos pequenos vasinhos de flores que ela deixava na entrada e, depois, enfim, sigo meu caminho pelas ruas desertas e com pouca luminosidade.
  Sei que as pessoas desse vilarejo levam uma vida diferente, e seus costumes são mais simplistas, como dormir mais cedo ou, pelo menos, não ficar perambulando pelas ruas até muito tarde. E foi por isso que resolvi sair de casa um pouquinho fora de hora, já que não gostaria de chamar a atenção andando com essa roupa e essa máscara.
  Definitivamente não foi fácil caminhar sobre os ladrilhos usando essas sandálias, e quando entrei na floresta, parecia impossível. Enquanto carregava a rosa-vermelha, tive que usar as duas mãos para erguer a barra de meu vestido, não querendo que ele sujasse, mas não pude fazer muito nas vezes em que senti os saltos das sandálias pratas afundarem na terra.
  Manter o equilíbrio nunca foi tão difícil, e torci muito para não acabar de cara na terra e folha secas; além disso, ter o caminho iluminado apenas pela luz da lua não facilitava em nada a minha situação. Eu já estava a ponto de desistir e voltar para casa, porque me sentia extremamente idiota tentando atravessar uma floresta com essas sandálias.
  Então, quando finalmente avistei os grandes portões da mansão, suspirei de alívio porque saí da terra e entrei no caminho cimentado do jardim, observando a grande luminosidade que emanava das janelas da mansão.
  Meu corpo fica um pouco mais ansioso do que antes e, por isso, preciso de alguns segundos, parada em frente aos largos degraus, antes de tomar coragem para subi-los e ficar de frente para a porta de entrada.
  Engulo em seco, tento fazer meu nervosismo descer junto com a saliva, na esperança de que ele vá embora, mas não acho que seria tão fácil assim.
  Atrás da máscara preta, fecho os olhos e respiro fundo.
  Abro os olhos, e levanto minha não livre para bater na porta de madeira, mas ela abre sozinha, como já aconteceu antes.
  Permaneço mais alguns segundos parada e depois empurro a porta, entrando na mansão para encontrar Skull parado a poucos centímetros de distância.
  – Boa noite, senhorita Elena. Por um momento, não a reconheci, seu cheiro está diferente. – Em seu uniforme, ele se curva educadamente.
  Um pouco sem jeito, assinto.
  – O Taehyung...?
  – A última vez que vi o Senhor Taehyung, ele estava na sala de música. – Skull responde, com a postura impecável.
  A sala de música, é claro.
  – Hm... obrigada. – Aceno com a cabeça, e Skull permanece parado em seu lugar.
  Ainda sem jeito, passo por Skull e atravesso todo o hall. E quando me viro, como de costume, o mordomo não estava mais lá.
  Parada na saída do hall, consigo escutar o barulho que vinha do meu lado direito, a sala. Música e vozes altas preenchiam a mansão. A porta entre as escadas, parecia estar um pouco entreaberta, mas ninguém por perto. E o lado esquerdo, o que levava para a cozinha, também parecia estar vazio.
  Olho para o baixo e ergo a barra me vestido, já sabendo antes mesmo de ver, que haveria terra sujando minhas sandálias.
  Eu preciso limpar isso.
  Me apresso para ir em direção as escadas do lado esquerdo, antes que alguém me visse, por isso, subo os degraus com pressa. Já no andar de cima, vou até o quarto de Jimin, com o intuito de usar o banheiro.
  Verifico o corredor, vendo que estava sozinha, então passo em frente as portas dos quartos, onde algumas estavam um pouco abertas, mas não presto tanta atenção assim nelas.
  Abro a porta do quarto de Jimin e acendo a luz, encontrando tudo impecável como sempre. Caminho até o banheiro e fecho a porta. Pego um grande pedaço de papel higiênico e depois me apoio contra a parada mais próxima, dobrando minha perna esquerda, enquanto tento me equilibrar para limpar o salto de minhas sandálias.
  Quando começo a limpar a sandália do par direito, escuto alguém bater na porta. Tento dizer que o banheiro estava ocupado, mas as batidas ficam mais fortes e altas.
  – Deve ser o Jimin. – Falo baixo para mim mesma, jogando o papel higiênico sujo de terra, na lixeira.
  Vou até à porta e a abro, me surpreendendo ao encontrar Jungkook parado do outro lado
  O seu olhar corre rapidamente por meu corpo, antes que ele entre no banheiro, para que, segundos depois, eu me veja presa entre ele e uma das paredes brancas.
  – Por que você está usando esse vestido? – Suas palavras saem entre os dentes. Era como se ele rosnasse.
  Seus braços cobertos por um terno preto com detalhes brancos, estavam no alto, um de cada lado da minha cabeça, criando uma pequena prisão. E seus cabelos, antes alinhados, estavam com os fios bagunçados sobre sua testa, devido aos seus movimentos rápidos.
  Fico em silêncio, observando seu olhar irritado.
  – Estou falando com você, Elena! – Suas mãos batem contra a parede.
  Engulo em seco, encolhendo meu corpo, e no mesmo instante, a feição de Jungkook muda. Ele parecia... triste? Não sei, eu nunca o vi dessa maneira antes, nunca.
  Jungkook abaixa sua cabeça, fazendo seus cabelos taparem os olhos, ao mesmo tempo em que suas mãos deslizam pela parede.
  O corpo dele se inclina lentamente para frente e sua testa encosta na minha, enquanto sua mão direita segura o meu queixo.
  – Você está linda. – As palavras saem tão baixas que só escuto porque estou perto.
  Ele estava tão transtornado e confuso agora, percebo isso só pela maneira com que ele me encara.
  Jungkook desencosta sua testa e aproxima sua boca da minha, tocando os meus lábios com um beijo brando.
  Seus grandes e redondos olhos se fecham, mas mantenho os meus abertos, completamente surpresa. Não que ele me beijar seja uma grande novidade, mas no meio dessa situação toda... era tão estranha.
  O toque dos seus lábios contra os meus não durou mais do que poucos segundos, assim como sua saída, que foi tão rápida que mal consegui acompanhar. Em um segundo, ele estava me beijando, e no outro, desapareceu completamente do banheiro, me deixando para trás totalmente atônita.

Capítulo 29
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