Drácus Dementer


Escrita porHels
Revisada por Natashia Kitamura


Capítulo 28

Tempo estimado de leitura: 8 minutos

  Desço apressadamente os degraus de madeira, indo para sala, onde vovó e Sebastian se preparavam para sua viagem.
  – Crianças, estou indo! – Vovó grita, enquanto ajeita sua bolsa de pano sobre os ombros.
  – Vovó, achei essa chave na loja ontem. Acabei esquecendo de mostrar pra senhora. – Apareço na entrada da sala, balançando a chave no ar.
  Vovó a encara por alguns segundos, e depois suspira.
  – Essa chave é da loja do Caleb. – Exatamente como imaginei.
  Vovó coloca as mãos na cintura, enquanto Sebastian acena para mim, antes de sair da sala.
  – Aconteceram tantas coisas nos últimos dias, que acabei me esquecendo de devolver para mãe do garoto. – Vovó explica.
  – Eu posso devolver, se a senhora não se importar. Eu já estava querendo conhecer a mãe do Caleb mesmo. Nós nos tornamos amigos antes dele desaparecer. – Digo, e vovó assente.
  – Tudo bem, pode levar se quiser. Eu agradeço, é menos um trabalho para mim.
  Sorrio para vovó, que depois de escrever em um papel o endereço da casa da mãe de Caleb, se despede de mim e de Wendy, partindo com Sebastian em mais uma viagem.
  Depois de explicar para Wendy que preciso devolver a chave da loja de Caleb, peço que ela fique em casa, não aparecendo nem mesmo na janela. E antes de ir, faço um chá de Erva-Amarela para ela, pois, de agora em diante, serei mais cuidadosa.
  Após me arrumar e pegar todas as chaves da casa, deixo Wendy trancada, guardo no bolso traseiro de minhas calças o papel com o endereço que preciso.
  Do lado de fora, o dia ainda era cinzento, apesar de não garoar como ontem, mas a quantidade de pessoas nas ruas era maior que no dia anterior.
  Penso que essa foi minha segunda noite sem dormir, já que também fiquei acordada pela madrugada, pensando sobre o sábado, a festa de aniversário do Taehyung que, com certeza, me levaria até a verdade.
  Festas costumam ter um número significativo de pessoas presentes e, se tratando daqueles irmãos, preciso estar preparada para encontrar mais que alguns poucos vampiros. Por isso, planejei tudo que devo fazer antes dessa festa.
  Enquanto arrumava a loja de vovó, tive a sorte de encontrar a chave da loja de Caleb, que surgiu em ótimo momento, sendo a responsável por me fazer planejar minha ida até a mansão.
  Se não fosse a brisa gelada tocando meu rosto como um aviso, eu mal perceberia que já havia chegado na loja. Fiquei tão presa dentro dos meus pensamentos, que minhas pernas me guiaram de forma automática.
  Encaro a fachada escura da loja, e depois olho para os lados, checando a movimentação em volta, que era fraca nesta região do vilarejo. Em seguida, caminho até à porta, colocando a chave na fechadura, girando-a logo depois. Empurro a maçaneta para baixo e abro a porta, entrando na loja escura. Procuro pelo interruptor de luz, que ao iluminar o ambiente, me faz perceber que tudo estava exatamente igual à última vez em que estive aqui.
  Encosto a porta para que ninguém entre, e logo vou atrás do grande livro de capa vermelha com escrita dourada, o Drácus Dementer. Tive a oportunidade de lê-lo algumas vezes, e tudo ainda é vivido em minha mente e, mesmo que muitas páginas estejam faltando, lembro de ter visto algo muito interessante nas velhas folhas amareladas restantes.
  Folheio com cuidado cada uma das páginas, lendo informação por informação, até encontrar o desenho marrom que procurava. Era disso que eu precisava, exatamente isso. E me recordo muito bem de ter lido ao similar, nas descrições de alguns dos colares que Caleb vendia aqui.
  Coloco o livro de volta ao balcão de vidro, e vou em direção aos colares da loja, onde, alguns deles tinham pequenas etiquetas feitas com folhas rasgadas de papel de caderno, com a mesma caligrafia da carta que Caleb deixou para trás antes de sumir.
  – É esse. – Pego com cuidado o colar com adornos de bolinhas brancas similares a pérolas. E quando o ergo contra a luz, posso ver algo marrom moído em pequenos pedaços, dentro de cada uma das bolinhas. – Me desculpe, Caleb, mas vou precisar disso. – Falo sozinha, guardando o colar dentro do bolso de minha blusa de frio.
  Confiro se tudo estava igual, antes de sair da loja de Caleb, tendo a casa de sua mãe como próxima parada.

***

  A casa simples pintada de azul não era longe da loja, só duas ruas de distância, então foi fácil de encontrar.
  Paro em frente à porta que descascava o branco da pintura, e bato suavemente três vezes. Conto vinte e sete segundos até que a porta seja aberta por uma mulher de cabelos presos em um coque.
  – Boa tarde. – Ela sorri, fechado, enquanto segura na maçaneta de dentro e no batente da porta, relevando pouco sobre o interior da casa.
  – Boa tarde. – Me curvo sutilmente. – Sou neta da Morgana. Ela me pediu pra entregar isso. – Retiro a chave de dentro do meu bolso, tomando cuidado para não puxar o colar junto.
  A postura da mulher de cabelos presos, relaxa um pouco, quando ela vê a chave.
  – Pensei que sua avó ainda estava procurando alguma coisa na loja, por isso, não pedi a chave de volta. – Gentilmente, ela pega a chave da minha mão.
  – Ela tinha esquecido. – Encolho os ombros e sorrio.
  – Tudo bem. – Ela sorri de volta, me fazendo perceber como era diferente de Caleb. – Você quer entrar? – Ela retira sua mão do batente da porta, me dando espaço e relevando um pedaço do corredor de dentro.
  – Me desculpe, não posso demorar. – Não quero deixar Wendy sozinha por tanto tempo.
  – Certo. Obrigada por trazer de voltar. Aquela loja é a maior lembrança que tenho do meu filho agora. E de meu marido também, foi ele quem abriu aquela loja e encheu a cabeça de Caleb sobre toda aquela baboseira de objetos místicos. – A mulher ri sozinha, enquanto encara a chave que segurava.
  Assinto, sem saber direito o que falar em relação a isso.
  – Se me permite perguntar, pra onde o Caleb viajou? – Minha pergunta faz a mulher me olhar de imediato.
  – Ele foi para cidade grande. Logo irei visitá-lo. – Seu sorriso se torna algo forçado, não escondendo o desconforto.
  Sua postura fica tensa e, mesmo que tente disfarçar, percebo que ela começa a olhar para os lados de maneira nervosa.
  – Estou com uma panela no fogo, preciso entrar. Obrigada por trazer a chave. – O que acontece em seguida é tão rápido que, só quando a porta é fechada com força, consigo entender.
  Algo dentro de mim sempre soube que Caleb não havia viajado e que, na verdade, toda essa história que a mãe dele contou para vovó, era uma grande desculpa. E depois de presenciar sua reação, minhas suspeitas foram reforçadas.

***

  Assim que saí da casa da mãe de Caleb, fui até à loja de vovó pegar a caixa com o vestido, e de lá, voltei para casa.
  Quando cheguei, subi direto para o quarto, encontrando as roupas de Wendy jogadas sobre o chão.
  Caminho até à cama e me sento sobre o colchão macio, repousando a caixa grande e quadrada na minha frente. Olho para porta do banheiro, escutando o barulho do chuveiro. Com isso, abro a caixa e, com cuidado, retiro o longo vestido vinho-escuro com preto, admirando cada detalhe do tecido muito bem costurado.
  Desvio meu olhar para o fundo da caixa, vendo que o vestido guardava e escondia uma delicada máscara preta. Toco com a ponta dos dedos a máscara, e escuto o chuveiro ser desligado. Rapidamente coloco o vestido de volta na caixa e retiro o colar do meu bolso, juntando-o ao vestido e a máscara. Com tudo dentro da caixa, a escondo debaixo da cama.
  Continuo sentada, esperando Wendy sair do banheiro. E, depois de, aparentemente, derrubar algumas coisas lá dentro, ela sai enrolada em uma toalha, deixando todo o vapor quente de seu banho, entrar no quarto.
  – Finalmente voltou. Eu estava ficando entediada, você me trancou aqui. – Wendy resmunga, enquanto anda até sua parte do guarda-roupas.
  – Eu não demorei, Wendy. – Nego com a cabeça, encarando seu corpo de costas para mim.
  Franzo o cenho, ao notar algo estranho em sua pele.
  – Mas pareceu uma eternidade. – Wendy continua resmungando, enquanto vasculha por entre suas roupas.
  Me levanto da cama e me aproximo dela, tocando suas costas.
  – O que foi? – Ela se vira, segurando um sutiã.
  Espantada, olho minha irmã, que arqueia as sobrancelhas.
  Viro Wendy de costas para de novo.
  – O que é isso, Wendy? Que marcas são essas nas suas costas?
  – Que marcas? – Ela me olha sobre os ombros, confusa.
  Seguro no braço esquerdo de minha irmã, e começo a puxá-la para o banheiro, fazendo-a soltar o sutiã no chão.
  Paro seu corpo de frente para o espelho.
  – Wendy, isso são mordidas. – Aponto para as marcas arroxeadas em sua pele. – Como eu nunca vi isso em você antes? – Levo uma das mãos até a testa, completamente aterrorizada com o que vi.
  – Mordidas? Por que tem mordidas nas minhas costas? – Wendy se desespera, tentando enxergar as marcas.
  Encaro minha irmã.
  – Porque é um lugar que dá pra esconder. – Falo séria, e Wendy me encara de volta, assustada.

Capítulo 28
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