Capítulo 15
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Assim como no dia anterior, a chuva se perpetuou, mas era mais suave e o céu não era nebuloso, haviam alguns tímidos raios de sol que atravessavam as gotas finas da chuva, criando um belo arco-íris. O tempo era agradável, não estava mais frio, por isso, pude colocar um vestido confortável com um casaquinho e sapatilhas.
Wendy e eu tomaríamos conta da loja sozinhas. Como havia prometido, vovó foi ajudar Sebastian em seu jardim hoje, eles faziam questão de levar algumas ervas para o padre da capela.
Debaixo de guarda-chuvas, eu e minha irmã fomos até a loja de vovó e abrimos para mais um dia de trabalho. Ajeitamos tudo que precisava ser bem apresentável, e atendemos alguns poucos clientes na parte da manhã. Provavelmente a maioria viria quando a chuva diminuísse.
Com algumas flores espalhadas pelo balcão amarelo da loja, eu cortava com o auxílio de um pequeno alicate, alguns espinhos das flores. Depois, juntei as flores prontas em volta do papel de seda branco, tentando deixar tudo organizado. Para finalizar, amarrei um laço para prender tudo, e pronto, mais um buquê estava pronto.
Sorrio satisfeita com o meu trabalho e esforço, e coloco o buquê em uma parte mais afastada do balcão onde não haviam sujeiras e, consequentemente, olha para baixo, na mesma reta onde deixei o buquê, e onde, também, eu havia deixado uma pequena sacola de pano, que escondia o pote pequeno com bolinhos de Erva-Verde.
Suspiro, enquanto encaro a sacola, pensando se eu deveria mesmo fazer isso. Hoje acordei destinada a ir na mansão e entregar isso para Jimin, alegando ser bolinhos de limão. Eu passei por tanto, tentei a todo custo me convencer que era tudo um mal-entendido, e agora não posso mais correr, preciso descobrir se tudo isso realmente é o que penso.
– Eleninha, estou com fome, e você? – Wendy surge da porta do jardim, carregando algumas flores que acabaram de ser colhidas.
Wendy coloca as flores sobre o balcão.
– Um pouco. – Confesso, voltando para o lugar que eu estava antes.
– Acho que vou sair e comprar alguma coisa pra gente comer. Tudo bem se você ficar sozinha por uns minutinhos? – Wendy pergunta, enquanto tira suas luvas amarelas de malha e seu avental.
– Tudo bem, pode ir. – Sorrio para minha irmã, antes de apanhar as flores que ela trouxe, para recomeçar todo o meu trabalho.
Wendy sorri de volta e procura por sua bolsa de ombro, acenando antes de sair da loja.
Pego um dos girassóis que Wendy trouxe e começo a podá-lo, antes de pegar o próximo e fazer a mesma coisa, consecutivamente até que eu terminasse todos. Junto as flores amarelas, e dessa vez opto por um papel de seda amarelo também, enrolando-o delicadamente em torno dos caules. Dou um laço apertado, mas necessário, em volta de tudo, me sentindo satisfeita com mais um trabalho. Eu acho que peguei o jeito da coisa.
Me preparo para o próximo buquê, esse com flores variadas e coloridas, quando noto alguém passando pela porta de entrada da loja.
– Bem-vinda. – Tiro minha atenção das flores para poder recepcionar a garota de cabelos longos e rosa-claro.
Seus olhos escuros e puxados analisam cada detalhe da loja, enquanto ela dá passos graciosos para dentro. Assim como eu, ela também usava um vestido, mas o dela ia rente aos seus pés, escondendo seus sapatos.
– Obrigada. – Ela me olha pela primeira vez, sorrindo em seu batom vinho.
Seu corpo magro e de pele pálida se aproxima do balcão.
– Me desculpe pela bagunça, é que estou arrumando alguns buquês. – Sorrio educadamente para ela.
– Não tem problema, querida. – Ela sorri, de novo.
Em silêncio, ela me encara, e era um olhar tão fixo que até me sinto desconcertada por um momento.
– Então... em que posso ajudá-la?
– Hm, que cheiro ótimo. – Ela diz, abrindo seu sorriso.
– Deve ser das flores. – Sorrio amigavelmente.
Ela aperta seus olhos, os deixando mais puxados.
– Acho que não. – A garota de cabelos rosa-claro, apoia suas mãos com unhas pintadas de preto sobre o balcão e, sutilmente, se inclina para frente. – Parece que vem de você.
Seus olhos encontram os meus, fixamente. Sem jeito, sorrio um pouco nervosa.
– Obrigada.
Ela me encara por mais alguns segundos, antes de se afastar.
– Eu gostei desse aqui, já estão encomendados? – Ela olha em direção ao buquê de girassóis, o pegando em seguida.
– Não. Eu acabei de fazê-los. – Respondo.
– Isso é ótimo. Vou levá-los. – Ela coloca o buquê sobre o balcão e depois retira de dentro do decote de seu vestido, algumas notas dobradas. – Quando eu te devo?
– Setenta. – Sorrio.
– Um bom preço, por um bom tralhado. – Ela me entrega algumas das notas dobradas.
– Aqui está, é todo seu. – Pego o buquê para entregá-la, que aceita de bom grado. – Muito obrigada por comprar aqui. Espero que volte mais vezes.
– Eu voltarei. – Ela segura o buquê. – Qual o seu nome, querida? – Ela se afasta um pouco do balcão.
– Elena. – Sorrio amigavelmente de novo.
– Certo, Elena, foi um prazer te conhecer. A propósito, me chamo Amia. – Seus lábios pintados no vinho escur, sorriem uma última vez, antes de a garota de cabelo rosa-claro se virar e sair da loja, me deixando completamente atônita para trás.
– Amia? – Sussurro para mim mesma, com os olhos arregalados.
Saio apressada de trás do balcão e corro até a porta, a tempo de ver Amia pegar o caminho da floresta. Permaneço parada, encarando-a até ver seu corpo sumir por entre as árvores.
Um único pingo acerta meu ombro coberto pelo casaquinho, e saio de meu estado de espanto, encarando o céu e percebendo que já não chovia mais, apenas os pingos que escorriam do letreiro da loja e caíam no chão. O arco-íris se manteve intacto no céu, e me pergunto se algo de bom irá acontecer. É o que dizem, arco-íris são bons presságios, não são?
Olho outra vez para entrada vazia da floresta e me viro, voltando para o interior da loja, sentindo meu corpo se tornar ansioso, mesmo que eu não soubesse o motivo. E permaneço assim, até que Wendy retorne com a nossa comida. E depois de limpar o balcão e colocar em jarros, todas as flores que não tive tempo de organizar em um buquê, nós duas comemos os pequenos bolinhos de arroz que Wendy trouxe.
– Você vai na mansão mesmo? – Wendy pergunta, enquanto junta nossa pequena bagunça, jogando as embalagens plásticas dos bolinhos no cesto de lixo atrás do balcão.
– Eu não sei. – Suspiro, apoiando o cotovelo sobre o balcão e o rosto sobre a palma da mão.
– Eu pensei que quisesse agradecer. – Wendy passa um pano sobre o balcão, e me olha de rabo de olho.
– É.
– Elena, o que foi? Você tem agido estranho desde que voltou daquela mansão. Aconteceu alguma coisa lá que você quer me contar? – Wendy para de limpar o balcão e apoia uma das mãos na cintura.
Suspiro outra vez.
– Você não vai acreditar se eu contar.
Wendy arqueia as sobrancelhas.
– De novo aquela coisa de vampiros?
Encolho os ombros, sorrindo sem graça.
– E o que te faz acreditar que vampiros existem? – Ela pergunta.
– Deixa pra lá, Wendy. – Retiro o rosto apoiado da minha mão e espreguiço meu corpo.
– Eu não sei, não, mas estou sentindo que mais coisas aconteceram lá e você não quer me contar. – Ela joga o pano que segurava sobre o balcão e se apoia nele, me encarando com desconfiança.
Desvio o olhar.
– Tá vendo, eu sabia! Agora pode ir me contando tudo. – Wendy se afasta do balcão e cruza os braços.
Fecho os olhos e respiro fundo.
Eu sempre conversei sobre tudo com a minha irmã, então é bobeira que eu guarde isso para mim, não é?
– Eu meio que beijei um dos irmãos do Jimin... – Confesso, encolhendo os ombros, e Wendy arregala os olhos. – talvez dois deles.
– Você beijou dois daqueles garotos maravilhosos?! – Wendy praticamente grita, demonstrando toda sua animação e surpresa.
– Bem, o Jungkook que me beijou, mas eu não correspondi. E tem o Taehyung, e o beijo dele... eu...
Wendy corre para perto de mim, e me segura pelos ombros.
– Você beijou o Taehyung?! Aquele Taehyung?! – Ela aproxima tanto o seu rosto do meu, que preciso me inclinar para trás.
– S-Sim. – Respondo, e empurro Wendy para longe.
– Eu pensei que você, tipo, odiasse ele. – Ela me olha incrédula.
– Não é como se eu gostasse dele, Wendy. Eu só... só não sei porquê correspondi ao beijo dele. – Encolho os ombros, de novo.
– Nossa, ele deve ser mesmo muito bonito pra você ter beijado ele. – Wendy ri. – Mas sabem o que dizem né, o amor e o ódio andam juntos.
– Wendy, eu nem conheço ele. Só sei o nome. – A encaro incrédula.
– E qual o problema? Se ele é bonito, isso é tudo que importa. – Ela arqueia as sobrancelhas.
– Não é assim que as coisas funcionam. Ele me machucou, já esqueceu?
– Mas você beijou ele do mesmo jeito, não beijou? Então vocês devem estar se dando bem agora. – Ela sorri, animada.
Desvio o olhar.
– Eu perguntei pra ele se poderíamos nos dar bem, pelo Jimin. Eu estava disposta a esquecer o que ele fez quando nos conhecemos. Mas eu não imaginava que ele ia tentar me beijar.
– Então por que você está assim? Vocês dois estão se dando bem, como você queria.
– As coisas pra você sempre parecem mais fácies. – Confesso e suspiro.
– É porque são, Eleninha. Você que gosta de complicar tudo. O garoto não colocou um anel no seu dedo e te pediu em casamento, isso foi só um beijo. Um beijo que você devia aproveitar. – Ela aponta na minha direção, sorrindo esperta.
Reviro os olhos e rio da imaturidade da minha irmã. Não adianta contestar, ela sempre vai ser assim.
***
– Então, você vai ou não? – Wendy pergunta, depois de trancar a loja.
Seguro com força na alça da sacola de pano e olho em direção à entrada da floresta.
– Eu vou. – Respondo, mesmo que me sinta incerta.
– Tudo bem. Vou ficar te esperando na loja de bolinhos de arroz, é aqui perto. Qualquer coisa, é só me ligar. – Wendy avisa, começando a se afastar de mim.
– Não vou demorar, já está escurecendo. – Aponto para cima, em direção ao céu que perdia sua luz aos poucos, anunciando o começo da noite.
Wendy assente e se vira, indo na direção contrária.
Respiro fundo e começo a caminhar até a entrada da floresta, tomando cuidado para não escorregar na terra úmida e nas folhas molhadas. Alguns passarinhos voavam logo à frente, e alguns insetos rastejavam pelo solo marrom e verde.
Engulo em seco, respirando o ar pelo nariz e soltando pela boca, tentando me manter calma sobre o que eu planejei.
Passo pelo espaço aberto, em frente à grande macieira que, como sempre, deixava muito de seus frutos espalhados pelo chão de terra. Depois, sigo reto, entrando no caminho fechado por arbustos. Olho pra cima, vendo o alaranjado da luz do sol se despedir, assim como o belo arco-íris.
Ando por mais alguns minutos acompanhada de meu nervosismo, até dar de frente com os grandes portões da mansão. Paro rente a eles e o vento passa por mim, balançando a barra de meu vestido branco e roxo-claro, assim como os meus cabelos.
Encaro o largo jardim e a grande mansão de fundo, me perguntando se eu deveria continuar com isso. Respiro o ar pelo nariz e solto pela boca, de novo, tomando alguma coragem para dar meu primeiro passo para dentro do jardim. E, da forma mais lenta e hesitante que posso, caminho até estar parada em frente a porta de madeira.
Agarro a alça da sacola de pano, com as duas mãos, me sentindo muito mais nervosa que antes.
– É melhor eu ir embora. – Tomada pelo nervosismo, me viro apressada, parando no lugar ao encontrar Skull a poucos passos de distância.
Em silêncio, o vento passa por mim outra vez, e em segredo, peço que ele me leve embora.
– Boa tarde, senhorita. – Skull se curva cordialmente. – Irei levá-la até o senhor Jimin.
Skull passa ao meu lado e abre a porta, esperando educadamente que eu entre antes dele.
– N-Não, eu já estou indo embora. Você pode dizer pra ele que eu volto outro dia. – Forço um sorriso.
– Não seja modesta, senhorita. O senhor Jimin ficará muito feliz em ver uma amiga. – Skull acena com a cabeça e eu forço outro sorriso, antes de assentir e entrar na mansão.
Paro dentro do hall e sobressalto quando Skull fecha a porta e, em seguida, para ao meu lado e estende uma mão para que eu ande em sua frente. E assim, ele me conduz até a sala de estar, onde todos os irmãos, sem exceção, estavam todos sentados nos enormes sofás e poltronas. Mas meus olhos vão automaticamente em direção à garota de cabelo rosa-claro que estava sentada entre Taehyung e Blarie.
– Elena. – Jimin é o primeiro a me saudar, levantando do sofá em que estava para vir em minha direção me receber com um abraço gentil.
– Me desculpe por aparecer assim... mas você não foi me ver hoje, por isso, vim atrás de você. – Sorrio sem jeito, enquanto encolho os ombros e repito a mesma coisa que um dia ele falou para mim.
Jimin sorri, e segura minhas mãos.
– Já disse, você pode vir aqui sempre que quiser.
– Elena! – Hoseok grita, acenando freneticamente de seu lugar ao lado de Jungkook, que me olhava desinteressado.
– Seja bem-vinda. – Jin, que estava com Hyun no colo, diz. E eu aceno com a cabeça.
Preguiçosamente, Yoongi ergue sua mão, me cumprimentando com um gesto silencioso, e Namjoon, ao seu lado, sorri.
Hoseok se levanta do sofá e vem para perto, me olhando curioso.
– O que é isso? – Ele tenta espiar dentro da minha sacola de pano.
– São coisas da loja, alicates, luvas. – Sorrio para tentar disfarçar.
– Oi, eu estou aqui também. – Blarie diz, me fazendo olhá-la, acenando em sua direção.
– Ah, acho que você ainda não conhece, mas essa é Amia. – Jimin coloca uma de suas mãos sobre as minhas costas e me obrigando a caminhar com ele para perto do sofá de três lugares, onde, involuntariamente, olho para Taehyung, que tinha um olhar atento sobre mim.
Torço para que meu rosto não fique vermelho agora, enquanto todo o meu interior fica completamente imerso em ansiedade, apenas por estar a poucos passos dele.
– Nós já nos conhecemos, não é mesmo, querida? – Amia cruza suas pernas, sorrindo para mim.
– Se conhecem de onde? – Hoseok surge ao meu lado, passando um de seus braços ao redor dos meus ombros, enquanto me olha curioso.
– Ela foi na loja hoje de tarde. – Respondo baixo, sentindo o olhar do Taehyung. E mesmo que eu já não o encarasse mais, era impossível não sentir isso sobre mim.
– Sim, eu passei lá para comprar algumas flores pro Taehyung. – Amia segura o braço de Taehyung, inclinando sua cabeça em direção ao ombro dele.
Nesse momento, me sinto muito mais nervosa, pois me lembro sobre Blarie dizer que Amia era a namorada de Taehyung. Então era isso, eu havia beijado alguém que namora. Eu fiz a coisa errada em todos os sentidos.
Amia sorri para mim e depois encara Taehyung, que desvia seu olhar do meu para encará-la, sem dizer nada.
Blarie me olha e arqueia uma das sobrancelhas, como se percebesse o que estava acontecendo.
– Eu deveria te levar na loja da Elena qualquer dia, Taehyung. Você iria adorar. – Jimin diz, sorrindo para seu irmão, que assente, me deixando completamente nervosa com a hipótese de tê-lo algum dia na loja.
– E-Eu preciso ir. – Me viro para Jimin.
– Mas você acabou de chegar. – Jimin levanta as sobrancelhas e Hoseok contesta ao meu lado.
– Minha irmã está me esperando, só passei para dar um "oi". – Respiro fundo, de forma discreta.
– Tudo bem. – Jimin assente, visivelmente desapontado.
– Elena.
Pronta para ir embora, me viro quando escuto Amia me chamar.
– Nós deveríamos sair qualquer dia desses. Eu, você e a Blarie. – Ela sorri.
– Você pode chamar a sua irmã também. – Blarie completa.
Eu apenas assinto, sem saber o que responder. E depois de me despedir brevemente, Jimin me leva até a porta da mansão, pedindo que eu voltasse o mais rápido possível.
Expiro alto quando Jimin fecha a porta, e vou em direção aos degraus de entrada, descendo cada um deles. Depois, atravesso o jardim com o vento ao meu lado e meu nervosismo vai indo embora aos poucos.
Eu estava destinada a dar esses bolinhos de Erva-Verde para Jimin e seus irmãos, pois queria comprovar o que Caleb me disse sobre elas. Mas, ao pensar em como Jimin passou mal, sinto toda a minha coragem ir embora. No fundo, eu sei que não quero fazer mal a ninguém, especialmente a eles, que foram sempre tão gentis comigo, pelo menos, quase todos eles.
Alcanço os portões da mansão quando escuto alguém me chamando, e todo meu nervosismo volta à tona. Me viro encontrando Amia parada bem perto de mim, alguém que chegou tão silenciosamente quanto a brisa.
– Eu nem pude te agradecer direito. – Ela permanece parada em seu lugar. – Taehyung adorou as flores. – Amia sorri, enquanto o vento suave, balança seus cabelos e seu longo vestido.
– Fico feliz que ele tenha gostado. – Sorrio fechado.
Me viro com o intuito de ir embora, mas meus pés param depois de dois passos. Olho sobre os ombros, percebendo que Amia ainda estava no mesmo lugar, então me viro de volta para ela.
– Pra você, em agradecimento por ter comprado na loja. – Estendo a sacola de pano em sua direção e ela me olha confusa.
– Isso não são suas coisas de jardinagem? – Ela arqueia as sobrancelhas, e sorri.
Nego com a cabeça.
– Não. Na verdade, são bolinhos que fiz e vim trazer para o Jimin. Quando eu cheguei, conversei com o Skull e ele acabou me falando que o Jimin não gosta muito desses, por isso, eu menti aquela hora. Mas pode ficar com eles, eu insisto. – Forço um sorriso.
– Você é adorável. – Amia estende sua mão para pegar a sacola, sem desviar seu olhar do meu.
– Aproveite bem. – Digo, acenando para ela.
Sinto nossos dedos se tocaram por um instante, quando ela pega a sacola.
– Eu vou. – Seu tom de voz soa mais baixo e intenso, antes que eu me vire e entre no caminho de arbustos.
***
Quando saí da floresta, fui direito encontrar Wendy. Demorei um pouco para achar a tal loja de bolinhos de arroz. Depois disso, perguntei se minha irmã poderia dar uma rápida passada comigo na loja de Caleb, porque eu gostaria de falar com ele, principalmente depois do dia de hoje. Se não fui capaz de dar os bolinhos de Erva-Verde para Jimin, eu deveria encontrar uma outra resposta que confirmasse minhas suspeitas.
E assim, Wendy e eu andamos debaixo do céu que se tornou escuro, até a loja de Caleb, o encontrando organizando algumas coisas, provavelmente se preparando para fechar a loja.
– Você... – Ele se levanta detrás de um dos balcões de vidro, dando a volta e se aproximando.
Wendy se afasta para poder olhar os objetos da loja.
– Vim ver se encontrou mais alguma coisa. – Falo, ansiando por sua resposta.
– Eu sinto muito. Como eu disse, tudo que tenho aqui são coisas generalizadas sobre vampiros. Eu até que gostaria de te ajudar e saber se essas pessoas que você conhece são vampiros mesmo. – Ele fala sincero e eu suspiro.
– Esse livro é tão estranho. – Wendy diz, e quando a olho, vejo minha irmã folheando o livro de capa vermelha.
– Por favor, deixei ele onde estava. – Caleb sai de perto de mim, querendo se aproximar de minha irmã para pegar o livro de suas mãos.
E antes que Caleb chegue perto de Wendy, o semblante de minha irmã se franze e ela me olha surpresa.
– Erva-Amarela? Elena, esse não é o mesmo nome que estava escrito naquele caixote que a vovó trouxe?
