Drácus Dementer


Escrita porHels
Revisada por Natashia Kitamura


Capítulo 11

Tempo estimado de leitura: 22 minutos

  Sweets, como sempre, na mídia tem um vídeo de trilha sonora pro capítulo, e só dá pra por um por capítulo. E, nesse capítulo aqui, é mencionado outras músicas, então vou deixar o link delas, caso queiram escutar de curiosidade, ou pra acompanharem e deixarem o trecho da história mais real.
  Piano: https://www.youtube.com/watch?v=tdRzphj_-cE
  Chopstick Waltz: https://www.youtube.com/watch?v=eJZnDn-M8JM


  Nesta manhã de céu cinza e vento, como no dia anterior, acordei com dois grandes e puxados olhos castanhos me encarando. Hyun esperou com paciência até que eu acordasse. E mesmo que fosse um pouco estranho, não tive problemas com ele, o garotinho era quieto e calmo durante a noite. Dormiu abraçado a um travesseiro do seu tamanho, que parecia o deixar mais pequeno do que ele já era.
  Conversamos um pouco sobre o que ele pretendia fazer hoje, e tudo se resumia a brincar ou qualquer coisa que pudesse chatear Taehyung. Talvez ele sinta essa necessidade de estar com seu irmão, já que Taehyung parece viver trancado naquele quarto. E mesmo que não admita isso em voz alta, eu torcia para que ele permanecesse trancado no seu quarto escuro, durante todos os dias em que estivesse aqui.
  Também pensei comigo mesma sobre o motivo de Wendy não ter vindo ontem, pois ela mesma disse que viria me visitar todas as noites. Há muito o que conversar com minha irmã depois, ainda me sinto aborrecida por ela ter tomado uma decisão contra minha vontade. Uma hora Wendy diz que devo me afastar desse lugar, e na outra, ela simplesmente me empurra direto para as portas da mansão. Eu não posso entender isso mas, com certeza, ela terá muito o que explicar acerca de tudo.
  Seguindo a pequena rotina que criei na mansão, depois de me despedir de Hyun, que foi para o seu quarto, segui para o banheiro com o intuito de me arrumar para mais um dia. Ainda estou guardando cada uma das minhas desconfianças sobre esse lugar, e não desisti de descobrir o que pode ser tudo isso. Manterei meu colar de aíma escondido, para que tudo seja discreto, já que ele parece ser uma parte importante.
  Com tudo pronto, deixo meu quarto provisório, indo em direção à escada do lado esquerdo, e, antes de pisar sobre o primeiro degrau do topo, olho para o corredor do lado esquerdo, vendo tudo calmo e vazio. Logo, me lembro de Taehyung na noite passada e um arrepio gelado corre meu corpo. Esse tipo de sensação ruim que tenho apenas por lembrar dele, eu não gosto disso.
  Com um longo suspiro, desço a escada, para depois ir até à cozinha, onde encontro Jimin, Namjoon e Blarie conversando animadamente. E até mesmo Skull está aqui hoje, andando de um lado para o outro com um espanador nas mãos, limpando qualquer coisa que ele julgasse sujo. Esse estranho e esguio homem era como o vento, quase não o víamos, e quando ele surgia, era silencioso e discreto, como uma alma penada.
  – Bom dia. Dormiu bem? – Jimin, que estava debruçado sobre o balcão escuro, é o primeiro a me saudar. Claro, sempre com um sorriso gentil.
  – Sim. – Assinto, enquanto me aproximo deles.
  – A senhorita gostaria de alguma coisa? – Sem que eu percebesse, Skull surge atrás de mim, se inclinando para frente de modo qu, me olhasse de lado.
  Meu corpo tem um pequeno sobressalto de susto, e me afasto, minimamente.
  – Não, obrigada. Estou bem. – Forço um sorriso e ele acena com a cabeça, antes de sair de perto de mim, voltando aos seus afazeres.
  – Nós estávamos falando justamente de você. – Blarie, que tinha um dos cotovelos apoiados contra o balcão, aponta para mim.
  – Falando o quê? – Pergunto, curiosa, me colocando ao lado de Jimin, que me olha animado.
  – Falávamos em como é legal ter alguém de fora por aqui. É bom ver um rosto diferente às vezes. – Namjoon sorri, deixando em evidência duas pequenas covinhas que ele tinha em suas bochechas, algo que não reparei antes.
  Assinto outra vez.
  – E o que faremos hoje? – Olho para Jimin, esperando que ele me dê alguma pista. Tenho certeza que qualquer coisa com eles será diferente, o que pode me ajudar a descobrir alguma coisa.
  Jimin parece pensar, e resposta surge segundos depois em forma de um sorriso nos seus lábios cheios e avermelhados.
  – E se você fizesse aquela sua torta de maçã? Claro, se você quiser. – Ele sugere, me fazendo sentir surpresa, pois todos nós sabemos em como aquilo terminou.
  – Você tem certeza que quer que eu faça isso? – Pergunto, e ele assente.
  – Pelo que me lembro, ela estava deliciosa. É só manter as Ervas-Verdes longe, que tudo vai ficar bem. – Ele ri, como se o que passou não fosse nada demais.
  Apesar de tudo, eu gosto desse jeito leve que Jimin tem. E mesmo que eu me sinta desconfiada agora, com toda essa situação que vem me acontecendo, ele é alguém agradável de se estar perto, sem cobranças ou culpas.
  – Certo. Eu posso fazer, se você quiser.
  Talvez, me distrair um pouco na cozinha, deixe minha cabeça menos cheia. Assim, eu posso organizar tudo que farei, já que tudo que tive é o mesmo de quando conheci eles, nada novo, a não ser meu sonho.
  – Estou ansioso pra experimentar isso. – Namjoon olha animado e com expectativa.
  – Você quer ajuda? – Blarie pergunta, enquanto mexe em seu cabelo de cor púrpura.
  – Tudo bem. Eu consigo fazer sozinha. – Sorrio para ela.
  – Isso é um alívio, porque eu não me dou bem na cozinha. – Ela se afasta do balcão, fazendo um de seus elegantes vestidos acompanharem seus movimentos.
  – Então não vamos atrapalhá-la. – Jimin também se afasta do balcão. – Sinta-se à vontade, e se não conseguir encontrar o que precisa, é só chamar o Skull que ele vai te ajudar.
  Aceno positivamente para Jimin, que vai em direção à saída da cozinha, junto de Namjoon e Blarie.
  – Aqui, senhorita. – Sobressalto pela segunda vez, ao escutar a voz de Skull atrás de mim.
  Me viro, o encontrando parado segurando um avental branco.
  – Obrigada. – Pego o avental de suas mãos.
  – Eu já separei tudo que a senhorita vai precisar. Mas, se precisar de algo a mais, pode procurar nos armários ou me chamar.
  Em seguida, ele se curva respeitosamente e sai da cozinha, me deixando completamente surpresa ao ver os utensílios e ingredientes separados, todos sobre a grande pia da cozinha. Eu nem mesmo escutei ou vi quando ele fez isso.
  Olho para onde Skull saiu, e fico encarado o vazio com espanto, antes de chacoalhar a cabeça e vestir o avental, amarrando-o em torno da minha cintura. Depois, caminho até a pia, verificando tudo que Skull deixou para mim, vendo que não precisaria procurar por mais nada, tudo que precisava, já estava aqui.

***

  Passei o resto da manhã e início da tarde dentro da enorme cozinha da mansão, preparando duas tortas de maçãs, dais quais acabei de colocar no forno.
  Espreguiço meus braços e bato a farinha de minhas mãos, retirando o avental para colocá-lo dobrado sobre o balcão que eu mesma limpei. Arrumei toda a bagunça que fiz e agora só precisava esperar quarenta minutos até que as duas tortas estivessem prontas.
  Ninguém veio até a cozinha depois que comecei o preparo das tortas e, decerto, conhecendo Jimin, ele deve ter sido o responsável por isso. Mas, agora, olhando para o relógio no alto da parede esquerda da cozinha, sei que tenho bastante tempo até que tudo esteja pronto, e sei exatamente o que fazer. Assim que comecei a lavar a louça e limpar o balcão, escutei uma suave melodia que parecia vir de um piano em algum lugar da mansão, e, desde então, me senti curiosa para saber quem poderia ser. E agora que terminei tudo por aqui, acho que posso tentar descobrir isso.
  Escutando a bela melodia que se repetia por minutos, saio da cozinha, percebendo que o som vinha do andar de cima. E, subindo a escada da esquerda, escuto o piano ficar mais alto, parecendo vir do final do corredor dos quartos onde eu estava. Sobre o tapete vermelho e ambiente pouco iluminado, caminho até o final do corredor de portas, me surpreendendo ao ver que existia uma outra escada, esta, que levaria para um terceiro andar. Eu nunca reparei nisso, sempre pensei que fosse um corredor fechado.
  Coloco o pé sobre o primeiro degrau, me sentindo receosa se deveria ou não subir, mas a melodia era tão bonita que acho que não posso me conter. Por isso, tentando ser silenciosa, começo a subir a escada, que era mais longa do que as que levavam para o segundo andar. E, depois de passar pela escada fechada, sou recebida pela grande claridade que vinha do terceiro andar, com apenas um longo e extenso corredor. Mais um tapete vermelho cobria o chão, enquanto as laterais eram repletas de portas abertas, que iluminavam cada parte das paredes enfeitadas com papéis de paredes delicados e bem desenhados.
  Neste novo andar, a melodia se fazia mais limpa e audível, e como um canto de sereia, sigo cada nota dela, passando em frente às portas abertas, que se revelavam ser mais quartos. E em passos silenciosos, paro em frente a última porta, esta, sendo uma porta branca e dupla, com maçanetas douradas.
  Meus olhos brilham ao ver a espaçosa sala clara, com alguns instrumentos organizados por todos os lados. Um armário grande e de madeira, estava ao canto, sendo o único móvel da sala. Alguns bancos estavam distribuídos pelos cantos, e uma porta, também dupla, de vidro, que provavelmente daria para uma sacada, estava aberta, deixando que o vento entrasse e balançasse as longas cortinas brancas presas nas portas de vidro. O vento entrava agitado para dentro da sala, indo diretamente em direção ao grande piano de cauda muito bem posicionado ao centro da sala.
  Os cabelos alvos que esvoaçam pelo vento, o corpo relaxado sentado sobre o pequeno banco preto, enquanto seus dedos pálidos dedilhavam cada nota do piano. Eu realmente não esperava por isso.
  Fico parada, apenas escutando-o tocar as últimas notas estendidas de sua melodia.
  – Você gostou? – Yoongi vira parcialmente seu corpo, me olhando sobre seus ombros, me pegando de surpresa por ele ter notado minha presença, mesmo que eu tivesse sido tão silenciosa.
  – É uma música bonita... mas parece um pouco triste. – Encolho os ombros, me sentindo sem jeito.
  Yoongi ri nasalado. E faz um gesto de mão para que eu me aproxime, e assim, me sento em um banco perto do piano escuro.
  Ele suspira fundo e alto.
  – Acho que esse tipo de música combina com esse lugar. – Ele estreita os ombros, enquanto o vento gelado continua bagunçando seus cabelos brancos, que mesmo não sendo de idade, combinavam perfeitamente com ele. – Mas eu posso tocar Chopstick Waltz, se você quiser. – Suas palavras são mais como uma provação por minha observação, mas, mesmo assim, não posso conter a confusão em meu rosto ao escutar o nome que ele mencionou.
  Percebendo que eu não sabia do que ele falava, Yoongi simplesmente volta a se virar de frente para o piano, e começa a tocar a melodia que logo me atinge de forma nostálgica, me arrastando de volta a infância.
  Ele não se estende nesta melodia, apenas toca o básico para que eu entenda sobre o que ele falava.
  – Todo mundo já escutou essa música alguma vez na vida, mas poucos a conhecem pelo seu nome. – Ele sorri fechado, antes de se virar para mim outra vez.
  – Eu não imaginava que você pudesse tocar piano. – Confesso, encolhendo os ombros.
  – O que foi? Eu sou tão ranzinza assim, que não posso tocar? – E, de novo, ele estreita seus olhos em minha direção.
  Ergo as mãos no ar e chacoalho elas em frente ao corpo.
  – N-Não, não foi isso que eu quis dizer. Eu só...
  – Não leve isso a sério. Relaxa. – Ele ri, deixando sua expressão mais suave.
  Olho para os lados, sem jeito.
  – Nossa mãe... – Yoongi diz com a voz mais arrastada e um pouco grave. – Ela gostava de música clássica, por isso, todos nós tocamos algum instrumento. Costumávamos nos apresentar pra ela. Hyun, provavelmente, será o único que não fará parte disso. De qualquer jeito, como ele não teve tempo com a nossa mãe, não há motivos pra seguir com isso. – Yoongi dá de ombros. – Depois que ela morreu, ninguém tocou tanto quanto antes, a não ser pelo Taehyung, que sempre está aqui. E às vezes o Jimin, que gosta de acompanhar ele.
  – E por que você estava tocando agora? – Pergunto, tentando ser cuidadosa, já que era um assunto difícil, ao que parece.
  – Eu tive vontade de tocar um pouco, só isso. – Sua voz não carregava emoção, ela transmitia apenas essa vontade, nada que remetesse a fazer isso por um sentimento ou significado.
  – Você por aqui? Essa é nova. – Uma terceira voz soa por entre as paredes da sala de música, e quando olho para a porta dupla de entrada, vejo Jungkook escorado contra o batente, de braços cruzados, enquanto nos encara.
  – Eu já estou de saída. – Yoongi diz e se levanta do banco do piano. – Jungkook te fará companhia agora. – Quando o garoto de cabelos brancos diz isso, tenho vontade de segurar em uma das suas pernas e pedir para ele não me deixar sozinha com Jungkook, não depois do que aconteceu.
  Yoongi enfia as mãos nos bolsos e caminha calmamente até a porta dupla, passando por Jungkook e deixando a sala de música.
  Já Jungkook fica com seus olhos grandes e redondos, iguais aos de Hyun, me encarando, o que vai me deixando desconfortável e, por isso, desvio o olhar, apenas para segundos depois, escutar seus passos dentro da sala de música, se aproximando de mim.
  Jungkook se senta ao meu lado, deixando um pequeno espaço de um palmo entre nós.
  – O que está fazendo aqui? – Ele pergunta, e tomo coragem para olhá-lo assim tão de perto.
  Como uma vez vi em Taehyung, estando tão próxima de Jungkook, eu podia notar uma pequena pinta que ele tinha perto de sua boca. Ela era bem pequena, tanto que, apenas estando perto o suficiente de seu rosto, era capaz de se notar, como as que Taehyung também tinha.
  – Escutei Yoongi tocando e fiquei curiosa pra saber quem era. – Confesso, com a voz baixa.
  Ele sorri fechado, com o sutil movimento, o que faz com que alguns fios de seus cabelos caiam sobre seus olhos.
  – Eu não sabia que vocês tocavam. – Continuo, quando me sinto intimidade com a maneira atenta que ele me olhava.
  – Você não sabe muitas coisas sobre nós. – Jungkook diz, afastando com o auxílio dos dedos, as mechas de cabelo que beiram seus olhos.
  E acompanhando seus dedos, que correm até a parte detrás de sua orelha, posso notar quatro furos apenas de uma de suas orelhas, odoradas por brincos.
  – Você tem razão. – Respiro fundo, assentindo para o que ele disse, não podendo deixar que todas as estranhezas das últimas horas me cobrissem agora.
  Depois disso, um silêncio se perpetua por nós, por pelo menos, uns dois minutos.
  – Eu toco violino. – Jungkook é o primeiro a acabar com o silêncio, e acho que posso ficar mais surpresa com ele e um violino, do que com Yoongi e um piano.
  – Violino não parece o seu tipo de coisa. – Confesso, com o cenho franzido.
  – E o que seria o meu tipo de coisa? – Ele usa seu tom provocativo, enquanto seus olhos correm por cada parte de meu rosto.
  – Eu não sei.
  Jungkook se inclina para frente, deixando seu rosto bem próximo ao meu, fazendo meu corpo congelar sobre o banco, incapaz de se mover.
  – Exatamente, você não sabe. – Jungkook torna sua voz baixa, com seus olhos centrados nos meus de forma hipnótica.
  – P-Por que você fez aquilo? – Engulo em seco, tomando coragem para perguntar.
  – Você diz sobre o nosso primeiro beijo? – Ele sorri com escárnio, tendo seu rosto tão perto que posso sentir sua respiração calma, contra o meu rosto.
  Assinto, sem voz para sua pergunta.
  – Eu te beijei porque tive vontade, não há uma grande explicação pra isso.
  Sinto meu corpo se revirar por dentro, enquanto o encaro.
  – Você não deveria ter feito... isso não depende só de uma pessoa. – Tento manter meu tom de voz normal, o que é quase impossível, já que estou completamente nervosa diante da sua presença.
  Jungkook sorri fechado outra vez e deixa seus olhos vagarem até minha boca.
  – Então... Elena – Ele sorri. –, você quer me beijar agora? – Seus olhos voltam a encarar os meus olhos, de uma forma tão intensa, que sinto que posso desmaiar apenas com isso.
  Os meus olhos se arregalam e meu corpo inteiro é como uma onda de nervosismo. Abro a minha boca para respondê-lo, mas, simplesmente, não consigo.
  Jungkook ri nasalado e se afasta.
  – Não fique assim, foi apenas uma brincadeira. – Ele apoia as mãos no banco que estávamos sentados e move seu corpo para frente, me encarando com divertimento. – Nós não precisamos fazer isso agora. Mas admito que o seu rosto fica ainda mais bonito quando você está com vergonha.
  Com estas palavras, Jungkook se levanta e sorri uma última vez, antes de se virar e sair da sala de música, me deixando completamente atônita para trás.

***

  Depois de me recompor e esperar todo o meu nervosismo ir embora, saio da sala de música e volto para a cozinha, onde permaneci segura e longe de Jungkook, esperando as tortas ficarem prontas.
  Jimin finalmente apareceu, junto de Hoseok e Blarie, que ficaram comigo até que as tortas esfriassem e pudéssemos comer. Eles me ajudaram, organizando pratos e talheres sobre a bancada.
  Posso dizer que de todos nessa mansão, eu me tornei mais próxima destes três, que podiam me fazer esquecer qualquer coisa quando estávamos juntos. Eles sempre eram divertidos e descontraídos, barulhentos que riam muito. E, de certa forma, me sinto um pouco mal por saber que algo de estranho rondam eles. Eu vim para passar minhas férias em Úpior, e pude conhecer pessoas como eles, e quando isso acontece, descubro que há algo estranho acerca disso. Eu realmente não sou uma pessoa de boa sorte.
  Quando tudo já está pronto, Blarie se voluntaria para chamar todos, que logo se juntam na cozinha, a não ser por Taehyung e Jin.
  Me sentindo ainda um pouco nervosa com a presença de Jungkook – que nem sequer me olhou – tento aproveitar com todos nosso pequeno lanche da tarde, onde recebi alguns elogios pelas tortas.
  Assim que se sentiu satisfeito, Jimin pegou um pedaço de torta e colocou em um prato limpo, dizendo que levaria para Taehyung, e que ele deveria provar.
  Fiquei mais um pouco na cozinha conversando, até que perguntei sobre Jin, e Hoseok me respondeu dizendo que ele estava em seu escritório resolvendo algumas coisas sobre os negócios da família. E mesmo que eu ache os negócios da família deles estranho, acabo fazendo o mesmo que Jimin e me voluntario para levar um pedaço de torta para Jin.
  Talvez essa fossa a minha chance de descobrir alguma coisa.
  Segurando o prato com a torta e um pequeno prato, sigo as instruções de Hoseok e vou em direção à porta dupla de madeira, que ficava no meio das duas escadas para o segundo andar. E passando por ela, olho para os dois corredores, um de cada lado, optando pelo lado esquerda, já que era o único iluminado por uma porta que estava entreaberta.
  Caminho pelo corredor e paro na segunda porta. A luz emanava de dentro, assim como o silêncio, e temendo que possa atrapalhar, bato algumas vezes na porta trançada, escutando um "pode entrar". E, assim, empurro a porta para dentro, encontrando um ambiente muito bem organizado, com estantes e prateleiras por todos os lados, com uma grande mesa no canto, onde Jin estava sentado atrás, perdido nas numerosas folhas espalhadas pela superfície da mesa.
  – Hm... eu trouxe torta. – Anuncio, estendendo o prato no ar.
  Jin desvia seus olhos das folhas de papéis e me olha.
  – Obrigado, Elena. Eu até senti o cheiro, mas estou um pouco ocupado. – Ele levanta algumas folhas, me mostrando.
  Aceno e me aproximo dele, sentando em uma das poltronas de frente para sua mesa, depois, colocando o prato de torta sobre a mesa. Jin puxa o prato para perto e segura o pequeno garfo que eu trouxe junto, cortando um pedaço da torta antes de comer.
  Fico em silêncio, analisando cada detalhe de seu escritório particular. E percebo um pequeno porta-retratos sobre a mesa. Tenho vontade de pegá-lo e ver qual poderia ser a foto, mas me contenho, seria falta de educação, afinal, essa sala é de Jin.
  Jin percebe meu olhar curioso e pega o porta-retratos, dando uma rápida olhada na foto, antes de me entregar.
  – É um pouco antiga, Hyun nem existia ainda. – Jin explica assim que pego o porta-retratos, vendo sete, dos oito irmãos, todos crianças ainda. Eles estavam em volta de uma mulher de cabelos curtos, rente ao queixo.
  A mulher sorria parecendo feliz. E não preciso me esforçar muito para saber o motivo de sua felicidade que, com certeza, eram os seus filhos. Os seus olhos lembravam os de Jimin toda vez que ele sorria, e seu sorriso era igual ao do garoto abraçado ao seu pescoço, que também sorria... era o Taehyung.
  Isso é estranho, a primeira vez que vejo Taehyung sorrindo genuinamente, é através de uma foto velha e sem cor, que parecia tão antiga quando uma pintura de quadro.
  – Ela era animada como o Hoseok, mas, com certeza, ficava mal-humorada como o Yoongi, às vezes. – Jin ri de forma engraça, enquanto coloca o prato vazio sobre sua mesa.
  – Ela era muito bonita. – Sorrio e entrego o porta-retratos para ele.
  – Sim, ela era. – Jin ajeita o objeto de volta a sua mesa.
  – E o seu pai? – Pergunto, e ele me olha com as sobrancelhas arqueadas.
  – Ele e a nossa mãe se separaram quando nós éramos pequenos, e só voltaram pouco tempo antes de Hyun nascer, e o resto você já sabe. Nosso pai era um homem de negócios, muito ocupado, quase não o víamos ou passávamos algum tempo com ele, a não ser quando ele ficou com a nossa mãe.
  Aceno, mostrando que entendi.
  – Por isso, vocês assumiram os negócios dele?
  Jin suspira e se recosta, relaxadamente, contra sua cadeira.
  – Essa família precisa sobreviver de alguma coisa, não é? – Ele ri. – Como sou o irmão mais velho, cuido da maior parte das coisas, mas todos participam, mesmo que não gostem de toda essa parte chata.
  Me sentindo um pouco ansiosa agora, sei que esse é o momento perfeito para tentar descobrir alguma coisa.
  – Jimin me levou no Festival-De-Sangue ontem, eu não entendi muito bem o que vocês fazem, só vi muitas jaulas e caixotes.
  Jin passa uma mão por seus cabelos bagunçados, deixando os fios mais desalinhados ainda. E o longo brinco em sua orelha direita, balança com seus movimentos.
  – Venda de pele e sangue de animais, nós trabalhos com isso. Esse é o motivo dos nossos funcionários ficarem nas florestas de diferentes lugares pelo mundo. Muitas pessoas pagam caro por peles de animais, ou pelo seu sangue, seja lá o que elas fazem com isso. – Jin explica, me deixando completamente chocada com sua revelação.
  Eu realmente não esperava por isso, mas entendo o motivo deles parecem tão elegantes. Se têm negócios por todo o mundo, então são muito importantes. Mas, então, para que se manterem em Úpior? Um lugar tão afastado e nada moderno. Decerto, não estão aqui apenas pela memória de seu pai, com certeza não.
  – Um pouco cruel, não é? – Jin sorri, cansado. – Mas negócios são negócios.

***

  Depois de minha breve conversa com Jin sobre os negócios da família, voltei para a cozinha, onde apenas Hoseok e Hyun ainda estavam por lá. Fiquei algum tempo com eles, e depois subi para o meu quarto, pronta para tomar um longo banho que relaxasse meu corpo.
  No começo da noite, escutei o som do piano de novo, mas ao descer para jantar, encontrei Yoongi sentado ao redor da enorme mesa de jantar, assim como todos os outros, menos Taehyung, então, soube que era ele quem tocava. Da sala de jantar mal dava para escutar sua melodia, e assim que o jantar acabou, ele já não tocava mais.
  Com o final de nossa refeição, fui para sala de estar com Jimin, Hoseok, Blarie e Namjoon, onde nós conversamos por algumas horas sobre coisas que gostávamos de fazer ou qualquer assunto fútil. E quando me senti cansada, me despedi de todos eles e fui para meu quarto, completamente atordoada com a energia noturna das pessoas dessa mansão.
  Uma vez de volta ao quarto, troquei minhas roupas por um pijama longo e fui dar uma última espiada na noite, antes de dormir. Acabei encontrando Taehyung parado no jardim dos fundos, como na primeira noite em que passei aqui. Eu nem mesmo sei dizer quanto tempo eu o observei de costas para a minha janela, parado, sem fazer absolutamente nada. Talvez eu tenha feito isso tempo o bastante para me perturbar e me fazer dormir.

Capítulo 11
0 0 votos
Classificação do artigo
Inscrever-se
Notificar de
guest
0 Comentários
mais antigos
mais recentes Mais votado
Feedbacks embutidos
Ver todos os comentários
Todos os comentários (0)
×

Comentários

×

ATENÇÃO!

História NÃO RECOMENDADA PARA MENORES ou PESSOAS SENSÍVEIS.

Esta história pode conter descrições (explícitas) de sexo, violência; palavras de baixo calão, linguagem imprópria. PODE CONTER GATILHOS

O Espaço Criativo não se responsabiliza pelo conteúdo das histórias hospedadas na sessão restrita ou apontadas pelo(a) autor(a) como não próprias para pessoas sensíveis.

Você não pode copiar o conteúdo desta página

0
Adoraria saber sua opinião, comente.x