Drácus Dementer: Lycanthrope


Escrita porHels
Revisada por Natashia Kitamura


Capítulo 8

Tempo estimado de leitura: 25 minutos

  – Eu estou parecendo a Mortícia. – Digo, enquanto encaro o meu reflexo no espelho do banheiro.
  – Você está linda, não seja boba. – Blarie fala, com as mãos apoiadas nos meus ombros, sorrindo para mim através do espelho.
  – É, não seja idiota. – Sally aparece na porta do banheiro.
  – Ela não disse idiota. – Encaro a garota de cabelos curtos e vestido escuro.
  Sally ri.
  – Você sabe, Eleninha, os vampiros têm essa coisa de um estilo próprio da Família Addams, só que mais chique. – Wendy fala de dentro do meu quarto, e mesmo sem poder vê-la, Blarie encara a porta aberta, com as sobrancelhas arqueadas.
  – Hora da festa, meninas. – Lilu quase pula nas costas de Sally, abraçando seu pescoço por trás.
  – Você não consegue levar nada a sério, não é? – Sally a encara de rabo de olho.
  – Só em situações críticas. – Lilu ri, balançando seu longo cabelo tingido de laranja.
  Blarie também ri.
  – Se todas estiverem prontas, nós já podemos ir. Com certeza, já estão no esperando. – A garota de cabelos púrpura fala, e nós assentimos, deixando o banheiro com ela.
  Com Blarie nos conduzindo pelo castelo, repasso mentalmente todo o planejamento para essa noite. Antes dela vir nos buscar no meu quarto, escondemos em nossos vestidos todas as armas que precisaríamos levar, afinal, estamos a um passo de uma reunião com vampiros e hoje as coisas podem ficar tensas.
  – Vocês já estão indo? – Hyun surge assim que estamos prestes a entrar no hall do castelo.
  O pequeno garotinho estava parado a poucos metros, usando um pijama amarelo enquanto segurava uma boneca.
  – Sim. E você deveria estar na cama. – Blarie o responde, fazendo Hyun contorcer o rosto em uma feição irritada.
  – O pirralhinho vai ficar? – Lilu pergunta e Blarie assente.
  – O Senhor Hyun sabe que ainda é muito novo para esse tipo de evento. Eu farei companhia durante essa agradável noite. – Skull é o próximo que surge como um fantasma, parado em uma das portas do primeiro andar.
  – Mas eu ainda nem brinquei com a Elena. – O garotinho resmunga, emburrado.
  – As crianças te amam. – Wendy dá dois tapinhas em meus ombros descobertos, rindo.
  Suspiro.
  – Podem ir. Me deem um minuto e eu alcanço vocês. – Digo para as garotas, que assentem e entram no hall.
  Skull fica em seu lugar, parado, esperando pacientemente que eu fale com Hyun, para que depois ele possa continuar com o seu trabalho.
  Coloco as mãos nos joelhos e me inclino para baixo.
  – Hyun, isso é importante e eu preciso sair agora. Nós podemos fazer isso depois, eu prometo, tudo bem? – Sorrio fechado para o garotinho, me sentindo um pouco nostálgica ao encarar seus grandes e redondos olhos escuros.
  Não menos emburrado, ele assente, me fazendo suspirar de novo.
  – Você está bem? – Coloco uma mão no topo da sua cabeça entre seus cabelos macios e cheios. – Blarie e Amia te protegeram, certo?
  Como estive mal por esses dias, eu realmente não vi esse garotinho desde toda aquela confusão, e sei como ele deve se sentir, sempre no meio de um grande caos, sem poder agir como uma criança de verdade. Eu entendo essa necessidade que ele tem de sempre procurar por um tipo simples de atenção. Mas eu ainda não posso me esquecer que Hyun é um vampiro, e mesmo que eu tente deixar as coisas mais calmas e suaves agora, sempre me manterei em alerta acerca de todos esses irmãos, até mesmo com esse pequenino aqui.
  – Eu não vi nada. – Ele nega com a cabeça, balançado seus cabelos lisos. – A Amia não tava com a gente naquele dia.
  Retiro minha mão de sua cabeça, me sentindo um pouco confusa e descrente agora, como se tivesse acabado de encontrar uma pequena caixa de moedas de ouro falsas.
  – Tudo bem, isso é bom. Como eu disso, assim que eu voltar, nós passaremos um tempo juntos. Agora eu preciso ir. – Forço um sorriso para o pequeno garotinho, antes de sair de perto dele e ir para o hall.
  Pensando sobre o que Hyun disse e após passar pelo hall, encontro as garotas me esperando perto das escadas, e assim, nós atravessamos o jardim e vamos para a entrada de pedra do castelo, onde alguns carros estavam estacionados. Eles pareciam chiques demais para estarem com seus pneus sobre esse terreno de terra e folhas secas.
  – Nós poderíamos ir de um jeito mais rápido, você sabe, para os vampiros. Mas como vocês vão também, providenciaram algumas carruagens. – Blarie diz descontraída.
  – Uau, eu quero ir nesse aqui. – Lilu tenta correr em direção ao grande carro preto que estava ao centro do outros, mas Blarie a segura pelo braço, impedindo-a.
  – Não. Esse é o carro onde o Drácula deve ir somente com suas noivas. – Blarie explica para Lilu.
  – Se a Eleninha vai nesse carro, eu quero ir com ela.
  – A Amia está dentro desse carro também? – Wendy se aproxima delas, e Blarie assente. – Nesse caso, eu também vou.
  – Então, está decidido. – Lilu bate uma palma animada.
  – Nós somos uma equipe, uma por todas e todas por uma. Você entende esse lance dos mosqueteiros, não é? – Sally aparece atrás de mim, me empurrando sutilmente para frente, enquanto sorri para Blarie.
  Sem qualquer cerimônia, Lilu vai até o carro escolhido e abre a porta detrás dele.
  – Boa noite, todos vocês. – Escuto sua voz dizer assim que ela entra no carro, seguida por Wendy e Sally.
  Paro rente à porta aberta e encaro Blarie, sorrindo sem graça para ela, como um pedido de desculpa. Ela nega com a cabeça, e depois faz um gesto de mão para que eu entre no carro. Debaixo do céu estrelado da Transilvânia, respiro fundo e entro no carro, me sentando do lado da Sally, espremendo quatro pessoas em um banco só. A outra opção era me sentar ao lado do Taehyung, que tinha Amia do seu lado esquerdo, agarrando-o pelo braço; eles estavam no banco de frente para o nosso.
  – Você está deslumbrante, querida. – Amia sorri em minha direção, apertando mais seu tronco contra o braço de Taehyung, propositalmente.
  – Obrigada. Você também está. – Digo, dentro do clima tenso dentro do carro.
  Lilu estava animada, mas ela fica animada com qualquer coisa. Wendy estava prestando atenção em Amia, tentando esconder sua antipatia pela garota de cabelos rosados. Sally estava indiferente, como sempre, mas sei que ela seria a primeira a agir caso Wendy resolvesse pular em cima da Amia para uma vingança dentro desse carro. E eu estava tentando fingir que não percebia os olhares de Taehyung em minha direção, enquanto ele apoiava a cabeça contra a pequena tela preta que nos separava de quem estava dirigindo o carro.

***

  Essa foi a viagem de carro mais desconfortante que eu já fiz em toda minha vida, e mesmo que o silêncio tenha preenchido o tempo, era o tipo de silêncio onde se podia sentir o cheiro da hostilidade e tensão. Passei o caminho todo olhando a paisagem sumir pela janela, mas não acho que isso tenha me ajudado, pois uma enorme ansiedade começa a surgir dentro de mim. Mesmo depois de quatro anos lutando em nome da igreja pela humanidade, eu estava nervosa agora por ir em uma reunião infestada de vampiros, como quando eu fui ao baile de máscaras e quando eu me mudei para o castelo. Contando que consiga esconder isso, eu posso fazer as coisas darem certo, essa noite, pelo menos; é isso que eu espero.
  Nosso carro estacionou em frente a uma grande mansão que parecia abandonada, e o que pude ver pela janela do carro, foi um portão enferrujado e torto, e ervas daninhas espalhadas por toda parte. Me surpreendo quando um homem vestido em uniforme de motorista e usando um quepe, abre a porta do meu lado, estendendo uma mão para me ajudar a sair do carro. O encaro por alguns segundos, mas percebendo que todos esperavam que eu saísse para fazerem o mesmo, acabo segurando na mão do motorista e saindo do veículo.
  Em mais dois carros, os irmãos e Blarie saíam também, todos muitos bem arrumados em roupas elegantes, como de costume. Ao me ver, Jungkook sorri discretamente em minha direção, e como fiz com Taehyung, apenas finjo que não percebi. Mesmo depois de sair do carro, Amia continua agarrada ao braço de Taehyung. E quando todos se juntam a nós, os irmãos ficam me encarando, esperando que eu faça alguma coisa que eu não sei o que é.
  – Essa é uma reunião pra que você seja apresentada como noiva do Drácula, então, será que você podia, senhorita...? – Namjoon fala entre um riso, e aponta para o Taehyung.
  Fico em silêncio, parada onde estou, até Lilu me dar uma cotovelada nada discreta, me fazendo segurar no outro braço de Taehyung para que todos comecem a caminhar em direção ao portão enferrujado da mansão.
  De rabo de olho, tento espiar Taehyung, que encarava o caminho a nossa frente de uma maneira apática, não se importando muito com isso agora. Mentalmente não paro de respirar fundo, me sentindo cada vez mais ansiosa à medida que nos aproximávamos da porta de entrada da mansão. A noite que era refrescante, parecia ter ficado gelada, como se alguns sopros de ventos atingissem parte das minhas costas descobertas, mas sei que isso era coisa da minha cabeça, por eu estar me mostrando para um bando de vampiros, a marca que ganhei por matar um deles. Mas não tive muitas opções, não foi eu que escolhi essa porcaria de vestido que, segundo esses irmãos, eu não deveria mais manter em segredo, já que estávamos fazendo isso para esclarecer de uma vez por todas essa história para os outros vampiros.
  A mansão por dentro era completamente escura e suja, teias de aranha e poeira estavam por todos os lados. E apenas com o som dos nossos passos, atravessamos uma parte do lugar, indo até uma grande porta de correr de vidro, que nos dava vista para um jardim, onde muitas pessoas, ou no caso, vampiros, transitavam de um lado para o outro, inclusive perto de uma fogueira feita ao canto do jardim.
  Com uma das mãos nos bolsos, Yoongi abre a porta de correr para que Taehyung, Amia e eu, fossemos para o jardim, e isso me faz apertar o braço de Taehyung que me encara no mesmo instante.
  – Não se preocupe. – Ele diz, acenando com a cabeça, antes que nós três passássemos para o jardim, sendo recepcionados por vários e vários olhares.
  – Finalmente o Conde chegou, agora podemos saber o motivo dessa importante reunião. – Um homem que estava sentado na base de uma fonte de gárgula, diz.
  – Todos nós escutamos alguns rumores sobre uma das suas noivas, Senhor. Mas agora que estão aqui, pelo cheiro acho que todos nós já sabemos a verdade. – Um outro homem, esse de cabelos avermelhados, perto do homem sentado na fonte, diz com um grande sorriso no rosto.
  – Drácula está noivo de uma humana? – O homem sentado na fonte estreita seus olhos enquanto encara Taehyung, fazendo todos prestarem atenção em nós.
  – Uma Van Helsing, devo corrigi-lo. – Jin para ao nosso lado, dizendo seriamente.
  Todos os vampiros presentes se entreolham de forma incrédula, e isso me deixa um pouco tensa.
  – Estar noivo de uma humana comum é mais aceitável do que estar noivo de uma Van Helsing, Taehyung. – O homem de cabelos pretos sentado na fonte, se levanta.
  – Vocês ainda devem respeito a ela. Não se esqueçam disso. – Sentada perto da fogueira, Olivia diz alto, tendo Zoe e Peter com ela.
  Rápido como o vento, o homem de cabelos avermelhados corre e surge atrás de mim.
  – Olhe para isso, ela tem a marca. – Me viro de supetão quando ele tenta encostar uma das mãos nas minhas costas.
  – Não toque nela. – Taehyung agarra o pulso dele, apertando com força antes de empurrá-la para longe.
  – Uou, estou surpreso, isso foi para valer, Taehyung. Você está mesmo gostando de uma caçadora de vampiros? – Ele segura seu próprio pulso, rindo provocativo.
  – A Elena está com a gente agora, e vai nos ajudar em algo muito mais preocupante do que um casamento. – Namjoon toma sua vez.
  – E o fato do Drácula se casar com uma caçadora que já matou um vampiro, não é preocupante? – Uma mulher em um vestido justo e vermelho, pergunta.
  – Depois que lidarmos com nossa real preocupação, quando tudo acabar, se vocês ainda não a aprovarem, podem fazer o que quiserem com ela. – Yoongi diz, calmamente, me fazendo encará-lo espantada.
  – Sem chance. – Wendy fala irritada, e eu a seguro pelo braço para que ela não se exalte.
  – Em outras palavras. – Jungkook também se aproxima, encarando todos com um sorriso sombrio. – Aqueles que não ajudarem, serão considerados inimigos. E vocês sabem o que acontecem com inimigos do Drácula.
  Todos ficam em silêncio por alguns segundos.
  – O quê? Vão nos ameaçar por causa de uma Van Helsing? – O homem de cabelos pretos diz e alguns vampiros por perto começam a nos encarar de forma intimidante.
  Sendo ainda mais rápido do que o vampiro de cabelos avermelhados, Taehyung o segura pelo pescoço e o arrasta até a fogueira, jogando seu corpo no fogo em questão de segundos, quase não nos deixando acompanhar seus movimentos.
  – Isso não é uma ameaça. Eu estou falando aqui e agora que qualquer um que não ficar do meu lado, pode se considerar morto, porque eu sou o Conde Drácula. – Taehyung fala em meio aos gritos desesperados do homem que queimava na fogueira até que virasse nada além de pó e fuligem.
  Sem se desfazer de sua postura, Taehyung caminha até o homem perto da fonte, parando de frente para ele, que fica completamente tenso, assim como todos ao redor.
  – E então, Abel, o que vai ser? Você está do meu lado ou não? – Taehyung o encara profundamente, de maneira que até mesmo eu me sinto intimidada.
  – S-Sim. – O homem gagueja, enquanto assente. – Mas isso não quer dizer que concordamos com sua decisão, Taehyung. – Ele se afasta, e diz quando se sente mais seguro.
  – Vocês não precisam concordar, mas cada um sabe do seu lugar. Talvez vocês não entendam isso agora, mas um dia entenderão. – Jin fala, e todos se acalmam um pouco mais. – Agora, vamos direto ao ponto que nos fez reunir os representantes de cada lugar.
  Jin espera até que Taehyung volte para perto de nós, e faz um gesto para que ele continue.
  – O meu castelo foi invadido por lobos. – Assim que Taehyung diz isso, todos os vampiros parecem ficar ainda mais surpresos do que descobrirem sobre minha origem. – Nós conseguimos prender um deles, mas, até agora, ele não revelou nada sobre o ataque.
  – Lobos? – Abel encara Taehyung, de forma descrente.
  – Eu sabia que isso ia acontecer. – Uma mulher de aparência mais velha, sentada em uma outra fonte, diz. – Esses malditos cachorros estiveram quietos por quase cem anos, já era de se esperar que eles voltassem.
  – Pois essa reunião...
  – É pra dizer que estamos entrando em guerra contra os lobos. – Os olhos de Yoongi se tornam carregados, enquanto ele cruza os braços.
  – Todos aqui sabem que se você ataca diretamente o lugar onde o líder de uma espécie vive, é porque está o convidando para um confronto. E nós estamos aceitando isso agora. – Hoseok diz com uma seriedade que nunca vi antes, chegava a dar arrepios.
  – Se tem uma coisa que eu odeio mais do que caçadores, são esses pulguentos imundos que pensam que podem tomar o nosso lugar. – Abel aperta suas mãos em punhos de raiva.
  – Como eles conseguiram invadir o castelo, Taehyung? Esse não deveria ser o lugar mais seguro da Transilvânia? – Peter, perto da fogueira, pergunta.
  – Aí está o problema, Peter. Estamos tentando entender como isso aconteceu. – Jimin responde entre um suspiro e uma expressão séria.
  – Mas vocês não sentiram nada? – Olivia pergunta, olhando para os lados.
  – Sentimos apenas uma vez, quando capturamos o vira-lata. Mas estou desconfiado de que aquela não foi a primeira vez. – Taehyung responde, estreitando os olhos, e eu engulo em seco ao lembrar da noite em que encontrei aquela folha na sacada do meu quarto.
  – Isso quer dizer que...
  – Isso quer dizer muitas coisas, mas enquanto não tivermos certeza, vamos ficar de olho e fazer uma grande varredura na Transilvânia, porque os lobos invadiram a nossa cidade. – Jin fala, interrompendo uma garota.
  – Os daqui e os de fora, quero que vocês vasculhem cada canil atrás dos lobos, e me avisem no segundo em que descobrirem alguma coisa. – Taehyung dá sua ordem e todos assentem, começando com burburinhos isolados sobre o novo problema que eles precisariam lidar.
  Após isso, nosso pequeno grupo caminha para perto da fogueira, onde as cinzas do homem de cabelos avermelhados, queimavam.
  – Vocês também não adoram quando ele fica sério? – Zoe fala, assim que nos aproximamos, tocando o tronco de Taehyung. – Você está incrivelmente sexy essa noite, baby.
  – Não posso discordar. – Olivia sorri galante para Taehyung.
  – Vocês conseguem mostrar um pouco de respeito e alguns modos? – Amia encara as duas garotas com desaprovação.
  – Sem estresse, Amia. A festa acabou de começar. – Peter passe seu braço pelos ombros da Amia, que o encara com desprezo antes de afastá-lo, o fazendo rir.
  – Elena, é um prazer te rever. Talvez não seja a melhor ocasião para dizer isso, mas você está linda essa noite. – Peter sorri para mim, me fazendo ficar sem jeito no meio de tantos olhares. – E você também. – Depois, ele se vira para Taehyung, segurando o queixo dele por alguns segundos.
  Taehyung não parece se importar com toda essa atenção das suas outras noivas, acho que deve estar pensando em como vai encontrar os lobos e dar um ponto final nisso tudo.
  – Eu estou com fome. – Lilu diz, interrompendo esse momento, e nunca me senti tão agradecida por sua tagarelice sem motivo.
  – Eu posso te lavar pra comer, bonitinha. – Hoseok se voluntaria, fazendo Lilu encará-lo com uma carranca desagradável.
  – E eu posso atirar na sua cabeça.
  – Tá bom, já chega. Não vamos começar de novo. Eu te levo para comer. – Jin expira alto, e Lilu o encara fixamente, assentindo e indo com ele de boa vontade.
  – Acho que perdi minha companhia. Blarie, me dá essa honra? – Hoseok fala descontraidamente, e oferece seu braço para a garota de cabelos púrpura, que ri e sai com ele.
  Yoongi os encara indo para longe, e acaba saindo também.
  – Você não se importa se roubarmos ela um pouquinho, não é? – Olivia me puxa para perto dela. – Vocês já moram juntos. – Ela ri, e começa a me arrastar para longe de todos, sendo seguida por Zoe e Peter.
  Wendy e Sally me encaram com preocupação, mas eu aceno para elas, mostrando que estava tudo bem.
  Os três me conduzem para dentro da mansão, e depois me fazem subir para um novo andar, onde nós três acabamos em um quarto velho e empoeirado.
  – Um ótimo momento para nos conhecermos melhor, sem a Amia por perto. – Zoe diz, se jogando sentada no colchão que levanta poeira com seu peso.
  – Qual o problema com ela? – Pergunto, curiosa.
  – Tirando o fato dela achar que, de alguma forma, o Taehyung vai preferi-la? Ela é chata mesmo. – Zoe responde, cruzando suas pernas debaixo do vestido de cetim.
  Peter ri e senta do lado dela.
  – Vamos. Se junte aos seus companheiros de matrimônio, Elena. – Olivia segura em minha mão e me leva até à cama, onde me sento entre ela e Peter.
  – Gracinha, pode começar, quando conheceu o Taehyung? – Com a mão que carregava o anel de noivado, Peter toca meu cabelo.
  Pela segunda vez, eu me sentia no ateliê da Madame Dorothea, tendo vampiros mais pertos de mim do que eu gostaria.
  – Hm... nos conhecemos há quatro anos, durante as minhas férias na casa da minha avó. – Respondo, tentando deixar meu corpo imóvel no meio deles.
  – Férias, isso parece divertido. – Peter diz, agora, tocando o meu rosto.
  – Acho que você conhece ele mais tempo do que nós. Não é de se espantar que seja a predileta. – Olivia comenta, afastando meu cabelo para trás e deixando a marca em meu pescoço, exposta.
  – Amia esteve com ele por muito mais tempo. – Zoe caçoa, enquanto se inclina para frente para poder me fitar melhor.
  – Mas quem aguenta ela? – Peter sorri provocativo, antes de aproximar seu rosto do meu pescoço, cheirando minha pele. – Eu gosto do seu cheiro, gracinha. É tão bom quanto o do Taehyung.
  Quando Olivia toca minha barriga por cima do vestido, sei que é hora de me afastar, então, me levanto da cama, ficando um pouco distante deles. Eu sei que vampiros podem ser criaturas sexuais, mas isso é demais. Preciso começar a manter uma certa distância desses três.
  – O que foi? Nós te assustamos outra vez? – Zoe ri.
  – Não é melhor ir se acostumando? Nós precisamos nos conhecer. – Peter fala provocativo.
  – Não acho que estamos pensando no mesmo sentido da palavra "conhecer". – Falo, atenta aos três.
  Olivia inclina sua cabeça para o lado, e me encara de cima a baixo.
  – Você só precisa relaxar e voltar para cama, docinho. – A de cabelos vermelhos, diz lasciva.
  – Acho que isso vai ficar para uma próxima vez, docinho. – Solto um riso nervoso.
  – Desse jeito não é justo, você disse a mesma coisa no ateliê. – Olivia rebate, com uma feição um pouco emburrada.
  – Desculpe, acho que ainda não estou pronta pra isso. Talvez vocês devam me procurar depois do casamento. – Um casamento que não vai acontecer.
  Dizendo isso, não dou oportunidade para que eles me "ataquem" mais uma vez, e saio do quarto completamente atordoada com esses vampiros. Acho que não importa quanto tempo eu passe perto deles, não sei se posso me acostumar com esse tipo de coisa.
  Me recompondo desse pequeno momento com os meus "companheiros", começo a descer a escada velha, segurando no corrimão de madeira que parecia que ia cair. E, ao encarar o final da escada, vejo Abel escorado contra parede da frente com um pé apoiado nela enquanto me encara.
  – Achei que não iria demorar. – Ele se afasta da parede quando termino de descer.
  – Aconteceu alguma coisa? – Pergunto, parada próxima ao último degrau.
  – Estava te esperando. – Ele se aproxima vagarosamente.
  – Me esperando por quê?
  – Para uma conversa. – Ele para na minha frente.
  Apenas três passos entre nós.
  – Estou escutando. – Sutilmente, posiciono minha mão perto da minha coxa esquerda, sabendo que na parte interna dela, eu escondia uma arma para que não marcasse.
  – Só vou dizer isso uma vez. – Ele dá um passo para frente.
  Apenas dois passos entre nós.
  – Eu não ligo se você vai se casar com o Taehyung, eu nunca admitiria uma desonra dessas a nossa espécie. – Mais um passo e seu rosto quase encosta no meu. – Espero que durma com os olhos abertos a partir de hoje. O maldito lobo não será a única coisa da qual você deve se preocupar daqui para frente.
  – Está me ameaçando, Abel? – Levanto as sobrancelhas.
  – E se eu estiver, Elena? – Ele diz meu nome desdém.
  Rapidamente, levanto a barra do meu vestido e pego minha arma, encostando a ponta dela conta o peito de Abel.
  – Então, nós teremos que resolver isso, porque eu não tenho medo de vampiros. – Coloco o dedo no gatilho, pronta para atirar se fosse preciso.
  – Você acha que consegue me matar? – Ele sorri, empurrando seu corpo contra a arma.
  – Na verdade, ela consegue sim. Mas se não conseguisse, aí você teria que se divertir com a gente. – Sally diz, saindo de um dos cantos escuros da mansão, seguida por Lilu, Wendy e todos os irmãos, que cercam Abel.
  Encaro confusa a cena, não entendendo como eles conseguiram surgir todos juntos em um momento como esses.
  – Colocamos um rastreador em você, Eleninha. Ele apita quando você está encrencada. – Lilu diz assim que percebe minha confusão. – É brincadeira. Todos nós vimos quando ele entrou na mansão pouco tempo depois de você. Então, viemos atrás e ficamos espiando pra ver o que ia rolar, legal né? Trabalho em equipe. – Ela maneia seus dois revólveres, mas sem tirar Abel da mira.
  Taehyung se aproxima, pronto para atacar Abel, mas Jin o para, segurando-o pelo ombro.
  – Não faça isso, Taehyung. Sem mais mortes ou vamos acabar com problemas aqui. E não importa se você é o Drácula.
  – É, Tae. Não podemos, não hoje. – Jimin se aproxima também. – Abel sabe muito bem o que vai acontecer se isso se repetir. Deixe para matá-lo outro dia. – Jimin encara Abel, mesmo que ele mantenha seus olhos presos nos meus, tentando me intimidar.
  – Tudo bem, me desculpe, estou indo. – Abel levanta suas mãos e se afasta de mim e da minha arma. – Espero que tenham uma ótima noite. – Ele se curva de maneira exagerada e vai em direção à saída da mansão.
  – Que bela maneira de começar um noivado. – Jungkook debocha, fazendo Namjoon e Hoseok rirem, enquanto Jin os repreende com um olhar sério.
  – Vamos terminar com essa reunião logo. Fale mais algumas coisas e depois nós voltamos, antes que mais alguém resolva começar outro tumulto, Taehyung. – Yoongi sugere.
  – Ele está certo. – Lilu assente, enquanto guarda suas armas debaixo do vestido outra vez.
  – Você poderia fazer isso não na nossa frente? – Jin pergunta para ela, quando Lilu deixa suas pernas a amostra.
  – Por quê? Não gostou delas? – Lilu estende uma das suas pernas em direção a Jin, que nega com a cabeça antes de sair e voltar para o jardim.
  – Eu gostei. – Hoseok provoca.
  – Ninguém aqui te perguntou nada. – Lilu rebate, abaixando o vestido.
  Namjoon ri, e dá alguns tapinhas nos ombros do Hoseok.
  – Vão na frente, eu preciso falar com a Elena. – Taehyung diz, e todos começam a sair, até mesmo as garotas.
  E aqui estava eu, mais vez, sozinha com Taehyung III Dracul.
  – Eu sinto muito por isso. Se mais algum deles tentar alguma coisa, me avise, preciso saber se terei outros rebeldes por aqui. – Ele diz, me encarando atentamente.
  – Você dizendo "eu sinto muito"? Estou surpresa. – Comento com um pouco de sarcasmo. – Não se preocupe tanto, eu posso me defender, e te contarei se encontrar algum rebelde. – Balanço minha arma para que ele veja, antes de escondê-la debaixo do meu vestido outra vez.
  – Ainda não tive a oportunidade de dizer. – O encaro com as sobrancelhas arqueadas, depois que guardo minha arma. – Eu realmente concordo com o que o Peter disse, você está linda essa noite. – Taehyung toca o meu rosto, e meus olhos se arregalam levemente.
  – Obrigada. – Seguro sua mão e a levo para longe do meu rosto que, aos poucos, eu sentia esquentar um pouco, e torço com todas as forças para que a má iluminação desse lugar não deixe Taehyung ver isso.
  Ainda segurando sua mão, ele desliza seus dedos sobre os meus, fazendo a boca do meu estômago sentir uma pontada de ansiedade.
  – V-Vamos. – Me viro e saio apressada de perto dele.
  Qual o meu problema? Já tinha tanto tempo que eu não gaguejava desse jeito. Isso é coisa da Elena de Upiór, e eu não posso mais ser como ela.
  Depois de mais alguns minutos naquele lugar, Taehyung enfatizou tudo que os outros vampiros deveriam fazer e encerrou a reunião e, em seguida, todos começam a sumir pelo ar em forma de pequenos morcegos da noite, enquanto nós seguimos para os carros estacionados em frente a mansão. E mais do que nunca, eu evitei qualquer tipo de contato com Taehyung dentro do carro, colocando toda minha atenção na janela do carro, querendo fazer esse horrível sentimento de ansiedade, sumir.
  Após vários resmungos de Lilu e muitos "pedidos" de Sally para que ela calasse a boca, nós finalmente havíamos chegado de volta ao castelo. Onde todos, sem exceção, caminharam conosco até as escadas do castelo, tendo em vista que eles poderiam voar. Eu já estava pronta para me jogar naquela enorme cama e esquecer um pouco dos problemas desse dia, mas acho que eles é que não estavam dispostos a nos esquecerem, pois, como um lembrete sangrento, um corpo desacordado e, possivelmente, morto, estava deitado perto da porta de entrada do Castelo do Drácula.

Capítulo 8
0 0 votos
Classificação do artigo
Inscrever-se
Notificar de
guest
0 Comentários
mais antigos
mais recentes Mais votado
Feedbacks embutidos
Ver todos os comentários
Todos os comentários (0)
×

Comentários

×

ATENÇÃO!

História NÃO RECOMENDADA PARA MENORES ou PESSOAS SENSÍVEIS.

Esta história pode conter descrições (explícitas) de sexo, violência; palavras de baixo calão, linguagem imprópria. PODE CONTER GATILHOS

O Espaço Criativo não se responsabiliza pelo conteúdo das histórias hospedadas na sessão restrita ou apontadas pelo(a) autor(a) como não próprias para pessoas sensíveis.

Você não pode copiar o conteúdo desta página

0
Adoraria saber sua opinião, comente.x