Drácus Dementer: Lycanthrope


Escrita porHels
Revisada por Natashia Kitamura


Capítulo 7

Tempo estimado de leitura: 12 minutos

  – Eleninha, quando você vai acordar?
  – Deixa ela, Lilu. Você sabe que ela precisa descansar.
  – Mas é muito chato assim. Enquanto ela não acordar, nós não podemos fazer nada.
  – Sai de cima dela logo, Lilu, antes que eu te bata pra valer.
  – Ai! Ai! Espera, ela se mexeu! Eu vi! Olha!
  – O que vocês estão fazendo? – Faço uma careta pelo barulho e abro os olhos, vendo o rosto da Lilu tão próximo do meu, que seus cabelos caíam em mim e eu podia sentir sua respiração.
  – Que bom que você acordou! – Lilu grita contra o meu rosto, e joga seu corpo em cima do meu, me abraçando.
  – Lilu, tá apertando demais. – Resmungo e tento me sentar na cama, mas ela não me solta.
  – Desculpa. Eu estava com saudades.
  – Saudades? Você não saiu do lado dela durante esses dois dias. – Sally resmunga, do meu lado esquerdo.
  A encaro confusa, antes de sentir mais um corpo se jogar contra o meu. Era a Wendy agora.
  – Como você se sente, Eleninha? Está melhor? – Com os braços ao redor da minha cintura, Wendy me encara.
  – Garotas, primeiro, vocês podem me deixar respirar um pouco? – Retiro os braços de Lilu que estavam em volta do meu pescoço, e com isso Wendy também se afasta.
  Respiro fundo, me sentindo aliviada por ter um pouco de espaço, e isso me leva a conseguir observar com atenção o lugar onde eu estava: uma cama maior que a minha, lençóis e cortinas pretas e vinhos, um espaço absurdamente maior, um enorme lustre de cristal no teto, um carpete cobrindo quase todo o chão... eu não me lembro de ter isso.
  – Onde estamos? – Pergunto.
  – No quarto do seu morceguinho. – Lilu responde, me fazendo ficar parada por alguns segundos, apenas encarando o lençol que me cobria, enquanto meus olhos correm de um lado para o outro, tentando entender tudo isso.
  – Você desmaiou e o Taehyung te trouxe pra cá. Você também dormiu por dois dias, mas eu cheguei ontem de noite e trouxe a Erva Anti-Parálysi. – Sally explica e aponta para o meu braço esquecer que, ao olhar, vejo uma nova atadura em volta dele.
  Um pouco receosa, toco o lugar enfaixado, esperando pela dor que não vem.
  – Por conta do seu sangue Van Helsing, provavelmente, seu processo de cura será mais rápido ainda com a ajuda dessa erva.
  – Obrigada. – Agradeço a Sally, que sorri, antes de suspirar.
  – Eu estive com o Padre. Nós visitamos uma base nas redondezas e esperamos pelo que o Vaticano iria nos mandar. Já conversei com as garotas a respeito disso, mas enquanto estive fora, li o máximo de informações que pude dos livros que o Vaticano enviou. – Ela faz uma pequena pausa, e nos encara com preocupação. – Isso não é brincadeira, Elena. Eles são tão fortes quantos os vampiros, é preocupante.
  Expiro profundamente.
  – Antes de desmaiar, os irmãos falaram sobre uma reunião com os outros vampiros, para alertar sobre os lobos. Eles também querem me apresentar como noiva do Taehyung nessa reunião. As coisas podem piorar depois disso. Mas, acho que antes de qualquer coisa, devemos ver o que acontecerá nessa reunião antes de tomarmos alguma atitude. Como a Sally disse, os lobos são tão fortes quantos os vampiros, uma ameaça a mais do que tínhamos antes. Não podemos mais simplesmente fazer as coisas de qualquer jeito, como viemos fazendo até agora.
  – Eu sinceramente não gosto nada disso, Elena. – Wendy também suspira. – Nós não temos sequer um plano descente. Só fomos jogadas nesse castelo com uma missão que é impossível. Nós estamos na Transilvânia, esse lugar é o berço dos vampiros. Somos apenas três. E mesmo que treinadas, o que podemos fazer contra milhares de vampiros, e agora lobisomens? Isso se parece muito mais uma punição, do que uma missão.
  – Uma punição pelos meus pecados. Eu sinto muito por ter arrastado vocês pra essa bagunça. – Abaixo meu olhar, segurando com força o lençol.
  – Eu já disse antes e vou dizer de novo, ninguém aqui foi obrigada a nada, viemos por vontade própria. – Sally diz. – Já passou da hora de você parar de se martirizar por isso, Elena. Você não é culpada por essas coisas, como o Vaticano te faz acreditar.
  – É isso mesmo, Eleninha. Por favor, não fica triste agora. Nós estávamos tão felizes por você ter acordado. – Lilu me abraça de lado. – Quer saber, acho que deveríamos começar com o que a Elena disse e depois montarmos nosso próprio plano.
  – Do que você está falando? – Wendy pergunta para Lilu.
  – Vamos nessa reunião e vamos ver o que os vampiros pretendem fazer, porque, querendo ou não, tecnicamente estamos do lado deles, né? Moramos no Castelo do Drácula agora. – Lilu faz uma pausa para nos encarar uma por uma. – Nós poderíamos até ajudar eles nessa caçada aos lobos, e isso seria uma ótima oportunidade para observar de perto as fraquezas dos vampiros. Assim, acabamos com eles e essa missão, mandamos o Vaticano para o inferno e tiramos férias em um lugar bem quente e com praia.
  – Finalmente você está falando alguma coisa de verdade. – Sally diz, e ri depois que Lilu faz uma careta.
  – Eu gostei disso, tirando a parte da blasfêmia. – Wendy sorri, animada com a ideia.
  Assinto.
  – Certo, então vamos fazer isso. – Eu só espero que dê tudo certo dessa vez e que não acabemos como a quatro anos atrás.

***

  Após nossa conversa, retornei ao meu quarto, acabando por encontrar Skull no meio do caminho. Primeiro ele disse estar feliz por eu ter acordado, e depois pediu que eu e as garotas nos aprontássemos para o jantar, pois Jin havia dado uma ordem para organizar um jantar com todos do castelo, assim que eu acordasse. Como acabei de fazer isso, esse tal jantar seria hoje.
  As garotas esperaram no meu quarto comigo, até que alguém viesse nos chamar, e esse alguém foi Blarie, que me recebeu com um abraço impulsivo que ela pareceu ser arrepender logo depois que o clima estranho pairou sobre nossa antiga amizade. E com Lilu cantarolando, nós cinco fomos até à sala de jantar, onde, os irmãos e Amia ocupavam seus lugares à mesa. E como já imaginava, quando chegamos, todos nos encaravam, principalmente por ser a primeira vez em vê-los depois de ter desmaiado.
  – Elena, que bom que você acordou. – Hoseok é o primeiro a me saudar com um sorriso. E Lilu, que estava perto de mim, para de cantarolar e muda de expressão na hora.
  Sorrio fechado para ele.
  – Vem sentar. – Jimin pede, também com um sorriso, e eu assinto.
  Blarie volta a se sentar ao lado de Yoongi e Hyun. E eu acabo tendo que me sentar ao lado esquerdo de Taehyung, que estava na ponta, no centro da mesa, com Amia sentada do seu lado direito.
  Bandejas tampadas estavam por toda mesa, e assim que eu e as garotas nos sentamos, Skull e algumas empregadas surgem, destapando tudo e nos desejando uma ótima refeição. Aos poucos, todos começa a comer, e me pego por um momento os observando, sabendo que fisiologicamente eles não precisavam disso para sobreviver e que comem apenas por comerem. Talvez, porque gostem, mas nada além disso.
  – Agora que a Elena acordou, nós podemos fazer aquela reunião com os vampiros. Por isso, é bom que planejemos tudo entre nós, antes de fazê-la. – Jin anuncia, sentado do mesmo lado que eu, perto de Lilu, que estava encarando Hoseok com um olhar de poucos amigos.
  – Qual o problema, bonitinha? – Hoseok pergunta, enquanto leva até à boca uma garfada do frango que nos serviram.
  Tão rápido quanto o clima tenso ao redor da mesa, Lilu arremessa uma faca em direção a Hoseok, que apenas inclina sua cabeça para o lado, desviando com facilidade.
  – Você errou. – Ele provoca.
  – Qual o lance entre vocês? – Jungkook pergunta da outra ponta da mesa, enquanto arqueia as sobrancelhas.
  Fazendo um alto barulho, Lilu se levanta da cadeira, a empurrando para trás. Em seguida, ela levanta sua blusa, fazendo todos a encararem. Blarie tampou os olhos de Hyun, que estava do seu lado.
  – Esse é o lance. – Lilu aponta para a própria barriga, mostrando uma pequena cicatriz que ela tinha em sua pele.
  – Eu só me defendi. Você estava tentando me matar. – Hoseok fala incrédulo, e Namjoon, ao seu lado, nega com a cabeça, voltando a comer como se nada tivesse acontecido.
  – Vocês não adoram jantares em família? – Yoongi pergunta, enquanto também volta a comer normalmente, fazendo Jimin rir.
  – Alguém, por favor, controla esse Gremli. Eu quero jantar em paz. – Amia bufa.
  – Não fala assim dela. – Wendy, do meu lado, solta seu garfo no prato, fazendo um barulho alto. – Se começar uma briga, eu já aviso que vou pra cima dela, Elena. – Minha irmã me olha com irritação.
  Encaro Sally, sem saber o que fazer, e ela dá de ombros, completamente indiferente; se juntou ao clube dos "estou mais interessado em jantar", com Namjoon e Yoongi.
  – Sente-se, por favor, estamos jantando. Tenha um pouco mais de modos. – Jin fala para Lilu, que o encara incrédula. – Eu pedi para se sentar, Lilu. – O tom de voz dele se torna mais firme, e quem fica incrédula agora sou eu, por ver Lilu o obedecendo, enquanto não consegue parar de encará-lo de um jeito admirado? Eu não sei.
  – Vocês vão brigar? – Hyung pergunta depois que Blarie destapa seus olhos.
  – Só se a bonitinha quiser. – E lá se vai a paz que eu achei que ia ter.
  Deixando de fitar Jin por um momento, Lilu volta discutir com Hoseok que só respondia com provocações, fazendo Jimin não conseguir mais comer de tanto que ria deles.
  Amia faz um barulho nasalado de desdém, algo capaz de irritar Wendy outra vez, que só queria uma miséria desculpa para se vingar dela pelo que ela fez. Eu nem consegui tocar na minha comida, porque isso aqui está parecendo um campo de guerra, só que mais barulhento. Ainda sem saber o que fazer e completamente desesperada, me viro para Taehyung que se manteve calado o tempo todo.
  – Você pode acabar com isso? – Cansada, pergunto para ele, que jantava em silêncio.
  De forma calma e sutil, ele se levanta e pega na minha mão, me puxando para levantar também e sair da cozinha com ele, deixando toda a barulheira para trás. Eu até mesmo duvido que a maioria tenha nos percebido. Tentando manter a calma e fazer com que os nossos planos deem certo, deixo que ele me conduza pelo castelo até que estejamos no meu quarto, apenas nós dois. Essa deve ser a oportunidade perfeita para colocar as coisas em práticas do jeito que combinamos, não sei quanto tempo a distração irá durar.
  Em silêncio, caminho até à sacada do quarto e apoio os meus braços no batente dela.
  – Eu posso pedir para o Skull trazer sua comida aqui, se quiser.
  Olho sobre os ombros, encarando Taehyung, que estava escorado na entrada da sacada, com os braços cruzados.
  – Tudo bem, eu posso comer alguma coisa depois. – Digo, e ele assente quase que imperceptivelmente.
  – Taehyung... eu estive pensando em uma coisa, e acho que deveria te dizer. – Por um momento, comprimo os lábios em uma linha fina, e ele arqueia as sobrancelhas enquanto me encara.
  – O que é? – A brisa da noite passa por nós, balançando levemente os cabelos de Taehyung, fazendo os fios dançarem em frente aos seus olhos.
  Fico em silêncio por alguns segundos e encaro o anel de pedra vermelha preso no meu dedo anular. O seguro, girando o anel que não saia, de um lado para o outro.
  – Eu realmente não sei o que está acontecendo aqui, mas acho que pelo menos por um tempo, posso esquecer todo esse desentendimento entre os vampiros e os humanos. Eu quero te ajudar no que seja lá que você for fazer, contra os lobos. – Volto a encará-lo.
  Ainda de sobrancelhas arqueadas, Taehyung arregala minimamente os olhos, parecendo curioso sobre o que eu estava oferecendo.
  – E por que você quer fazer isso? – Ele pergunta calmamente em sua voz grave.
  – Eles estão tentando me matar, não é o que parece? Eu já estou envolvida nisso. – Também arqueio as sobrancelhas e me viro para ele, encostando minhas costas no batente. – Provavelmente, é por conta desse casamento. E ainda tem aquela reunião com os vampiros. – Encaro, outra vez, o anel no meu dedo.
  – Você não precisa se preocupar com isso, Elena. – Ele diz, e eu assinto.
  – Quando vai ser essa reunião?
  – Amanhã.
  Suspiro.
  – Não podemos perder tempo, não é? – Falo, incerta, e ele assente.
  Ficamos em silêncio mais uma vez, mas seus olhos escuros não desviam dos meus. Ele permanece por longos segundos apenas me encarando, e isso me faz engolir em seco, não só por temer que ele veja a verdade por trás das minhas intenções, mas porque é Taehyung III Dracul que está me fitando com uma intensidade tão profunda que faz com que os meus insetos interiores, guardados em uma caixa por quatro anos, comecem a sair para um passeio relembrando dos velhos tempos.
  – Vou te deixar descansar agora. Espero por você amanhã, Elena. – Taehyung diz, piscando lentamente seus olhos com longos cílios. E como se estivesse hipnotizada, tudo que eu faço é acenar positivamente com a cabeça, enquanto o vejo sair do meu quarto.

Capítulo 7
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