Drácus Dementer: Lycanthrope


Escrita porHels
Revisada por Natashia Kitamura


Capítulo 34

Tempo estimado de leitura: 20 minutos

  Depois de conseguirmos fugir de toda confusão que aconteceu na rua da casa de Morgana, Lilu, Abel e eu estávamos diante as ruínas do que um dia foi a capela de Upiór. O lugar onde eu renasci como uma verdadeira caçadora de vampiro e monstros. Foi exatamente nessa pequena construção caindo aos pedaços que conheci a minha equipe e me entreguei ao meu destino sangrento.
  – Elena! – Escuto a voz de Wendy quebrar o silêncio dessa parte do vilarejo, e quando me viro, a vejo vindo correndo em minha direção com outros exorcistas e espíritos da igreja. A quantidade era menor que antes.
  Corro em sua direção e a seguro pelo rosto suado, encarando preocupada a linha de sangue que ia do canto de sua cabeça até o queixo.
  – Você está bem? Se machucou?
  – Eu estou bem, e você? – Ela segura as minhas mãos, também me encarando preocupada. Assinto silenciosa, e ela olha sobre os meus ombros. – Lilu?
  – Estou bem. – Lilu responde e Wendy suspira aliviada.
  – Isso não parece um déjà vu? – Meg se aproxima com seu corpo cintilante e aponta para o lado.
  Exatamente como a seis anos atrás, na lua de sangue, Amia caminhava em nossa direção, mas agora ela não liderava apenas um grupo de vampiros, pois havia vários lobos ao seu redor também, uivando como cachorros. Seu vestido preto balançava cada vez que os seus saltos batiam nos ladrilhos, e um enorme sorriso pintado com um batom vermelho similar ao meu, surge em seus lábios, enquanto seus olhos me tinham como alvo.
  – Tenho a impressão de que essa será a última vez que nós nos veremos. – Ela diz, quando para a quase dois metros de mim, colocando suas mãos sobre a cintura fina enquanto sorri.
  Seguro com força minha arma e faço questão de retribuir o sorriso de Amia.
  – Pode ter certeza que eu me certificarei de que essa seja a última vez. – Falo, entre um riso nasalado, sem desviar o meu olhar do seu. – Essa noite, você é minha. – Digo entre os dentes, baixo, mas suficientemente alto para que todos comigo, escutem.
  Dessa vez, não haverá piedade da minha parte. Amia era o pião do meu jogo e eu sabia que se matasse o pião, o rei logo mandaria uma peça ainda maior para jogar; aquela que eu tanto queria.
  – Então faça as honras. – Wendy ri de forma debochada, e faz um gesto de mão como se imitasse um mordomo educado.
  Os olhos da Amia ficam completamente vermelhos e suas presas se alongam em seu sorriso perverso e basta um assoviar do vento frio para que ela voe em minha direção e eu corra na sua.
  Quando Amia faz menção de me pegar com as unhas grandes e afiadas, me jogo no chão, deslizando sobre os ladrilhos ásperos, enquanto atiro para cima, a acertando quatro vezes, fazendo seu sangue pingar em mim.
  Todos ao novo redor se agitam, iniciando muitas lutas em todos os cantos, regadas a gritos, urros e uivos, preenchendo cada canto da madrugada de lua cheia.
  Mesmo que sangrasse enquanto seus machucados cicatrizam após ela puxar as balas de prata para fora do corpo, Amia sorri, voando e se jogando sobre o meu corpo. Ela agarra os meus pulsos com força, fazendo os próximos tiros saírem na direção errada, passando por entre quem brigava.
  – Que tal um beijo de despedida, querida? – Ela começa a aproximar o seu rosto do meu, enquanto passa a língua sobre as presas. – Mas já aviso que talvez isso seja um pouco doloroso para você.
  O riso escapa pelo meu nariz, quando consigo encolher as pernas e usar as solas da bota para chutá-la para longe de mim.
  – Não acho que quero te beijar outra vez. – Em um salto, me levanto do chão, a vendo fazer o mesmo.
  Por um segundo, presa dentro da tensão de ódio que eu dividia com Amia, desvio meu olhar, espiando de conto de olho a velha construção com madeiras nas portas, impedindo a entrada.
  Eu sabia exatamente o que deveria fazer.
  Tento correr em direção à capela abandonada, mas paro abruptamente no meio do caminho quando sinto algo afiado entrar na carne da minha panturrilha. Meu tronco se contrai enquanto solto um reprimido gemido de dor. Me curvo para baixo, puxando para fora de minha pele, uma estaca de madeira.
  Mal tenho tempo de me virar, pois Amia, que havia roubado essa estaca de alguém, atinge meu rosto com as costas de sua mão, fazendo o canto da minha boca sangrar. Em seguida, ela me segura, me tirando do chão e começando a voar comigo.
  Finjo me debater, e espero até que ela sobrevoe exatamente aonde eu queria, enquanto ela tentava encontrar algum lutar para jogar meu corpo contra, exatamente como fez na lua de sangue. Quando Amia começa a voar perto da capela, viro minha arma para cima e atiro em suas asas, a fazendo tombar para o lado e perder parte do equilíbrio e, assim, continuo com os tiros até que ela não consiga mais voar e caia, me levando com ela até o chão em um bate pesado, duro e bastante doloroso.
  Por mais que os meus ossos pareçam pegar fogo, não perco tempo ao me levantar, segurando Amia pelas beiradas do seu vestido, antes de jogá-la em direção à porta da capela. Seu corpo bate de forma feroz contra as tábuas de madeira que interditavam a capela, rachando algumas e quebrando outras, mas, mesmo assim, a porta continua fechada. Por isso, quando Amia endireita seu corpo e mostra suas presas, a chuto bem no estômago, aplicando a força que faltava para fazer as portas da capela se romperem e abrirem, fazendo Amia cair do lado de dentro. Em questão de segundo, ela começa a gritar de forma desesperada, quando seu corpo inteiro começa a eclodir em bolhas, queimando sua pele por ela estar dentro de solo sagrado. Ela tenta voar para fora, mas a agarro pelo tronco, rente à porta, fazendo força para mantê-la dentro, enquanto seus braços e mãos sobre os meus ombros, arranhavam o ar em um gesto desesperado.
  A seguro com apenas uma mão e abaixo a outra - que ainda carregava a pistola, e então atiro em sua coxa, a fazendo cair de joelhos. Minha panturrilha machucada faz minha perna fraquejar, por isso, caio com Amia. Solto um gemido de dor com o impacto, mas ele é encoberto pelos gritos da vampira que se debatia no chão da capela.
  – Me deixe sair! Me deixe sair agora, sua maldita! Humana imunda! Me tire desse lugar! – Ela rugia com um leão, ao mesmo tempo que sua pele ganhava uma camada de sangue. Seus braços e pernas iam para todos os lados, mas ela queimava como uma folha seca, sem poder fazer nada.
  – Por favor, tenha um pouco mais de respeito. Você está em uma igreja. – Me levanto mais uma vez, enquanto minha perna machucada treme.
  Os seus gritos ecoam tão poderosamente dentro da igreja, que temo que poderia partir os vitrais em pedaços bem pequenos.
  Me aproximo de Amia, a segurando pelo vestido e, desta forma, a arrasto para perto dos bancos, afastando-a da porta da capela.
  – Me deixe ser aquela que te mandará direto para o inferno. – Falo, antes de soltar seu corpo quando ele estava afastado o suficiente da saída. Coloco minha pistola de lado e puxo uma das estacas presas no meu cinto, cravando o objeto de prata com o interior cheio de Erva-Verde, em seu peito de carne viva, a matando de uma vez por todas, enquanto, em seus momentos finais, Amia tentava me machucar com suas unhas afiadas e gritos agudos. – Faça boa viagem e queime para sempre, maldita. – Seu corpo sangrento para de se debater, e seus olhos arregalados e sem vida pareciam me encarar com ódio.
  Me afasto dela e acabo me jogando em dos bancos, deitando sobre a madeira suja. Me sinto tão cansada e com tantas dores pelo corpo todo que nem mesmo os rifles pendurados em minhas costas incomodavam. Meu peito sobe e desce de forma rápida, e eu levo minhas mãos até o pescoço, sentido alguns dos arranhões que Amia conseguiu fazer em mim. Suspiro alto dentro da capela, quando percebo que o arranhão sangrava.
  Um arrepio percorre meu corpo dolorido da cabeça aos pés, e acabo me encolhendo sobre o banco quando sinto um frio completamente fora do normal. E bastam segundos para que minha visão que se escureceu em tons sombrios, contemple a pavorosa criatura que surgiu em cima de mim, em um literal respirar. Suas presas pareciam maiores que de todos os lobos que vi hoje, e seus olhos brilhavam em um misto de âmbar e vermelho. Seu focinho de lobo estava enrugado, deixando as gengivas sangrentas a amostra, e os pelos no seu corpo eram mais escuros quanto a madrugada. Uma de suas mãos estava ao lado da minha cabeça, e a outra segurava o encosto do banco, arranhando a madeira com suas enormes garras. Sua respiração quente batia no meu rosto, me permitindo sentir o cheiro do sangue fresco que emanava dela.
  A peça maior havia chegado, e ela estava aqui para jogar comigo agora.
  Pouco a pouco, a sua monstruosidade de lobo começa a sumir, até que eu enxergue a pessoa por trás dela.
  – Você não deveria ter matado ela. – A voz de Kihyun ecoa por toda capela, e mesmo que ele usasse seu tom calmo de sempre, ela parecia muito intimidante agora.
  – Por quê? – Pergunto, sem desviar meu olhar, mantendo meu corpo debaixo do seu, sobre o banco de madeira empoeirado.
  – Amia era a minha noiva. Nós nos casaríamos quando tudo isso acabasse.
  – Você a amava?
  Suas sobrancelhas se movem lentamente até que seus olhos estejam estreitos em uma linha apertada.
  – Isso não se trata de amor, Elena, apenas de poder. Amia foi a vampira que traiu o Drácula, alguém que um dia amou e viveu por anos, para ficar do nosso lado. Ela era a única possível para assumir esse lugar. – Kihyun tenciona seus braços cobertos pela roupa preta, se inclinando mais para baixo, deixando seu olhar ainda mais pesado.
  – Então acho que isso é uma pena... – Não me deixando fraquejar, ergo minha cabeça, aproximando mais ainda meu rosto do seu para que ele visse todo ódio e desprezo nos meus olhos. – Porque ela está morta agora, e nada a trará de volta.
  Seus lábios apertados tremem um pouco, antes que ele sorria minimamente.
  – Talvez eu encontre alguém ainda melhor do que ela.
  – Eu poderia matar a próxima, e depois a próxima. Não me importo. – Cuspo as palavras de maneira firme.
  – Estou falando de você. – Sua cabeça se inclina levemente para o lado, enquanto seus olhos correm por todo o meu rosto, enquanto sinto o calor da sua respiração a centímetros da minha.
  – Eu nunca me casaria com você ou com o louco do seu pai! – Falo tão alto e cheia de emoções, que meu nariz toca o seu quando me movimento de forma raivosa.
  Kihyun ri nasalado.
  – Isso é uma pena. – Ele afasta seu rosto de perto do meu. – Eu sempre tentei ser gentil com você, Elena. Mas não costumo dar segundas chances, e acho que você já fez sua escolha. – Então, habilidosamente rápido, Kihyun quebra o apoio do banco e usa a grande lasca de madeira para rasgar a minha pele quando ele enterra a ponta cortante em minha barriga, até ela atravessar meu corpo e o banco debaixo de mim.
  Minha boca se abre, mas sou incapaz de gritar, a dor era tão insuportável que me arrancava todas as forças.
  O bebê!
  O meu bebê!
  Quando penso que vou perder o fôlego e morrer enquanto vejo Kihyun sorrir para a minha dor, seu corpo é puxado com brutalidade de cima de mim, e só consigo escutar o baque alto logo em seguida. Tudo foi como um grande borrão, e eu não sabia quem havia feito isso.
  Minhas mãos trêmulas vão até à lasca de madeira que me atravessava, mas não tenho forças para puxá-la.
  – Elena! Elena, calma! Eu estou aqui agora! – Os olhos aterrorizados de Jimin me encaravam com preocupação.
  – Tira isso... – Minha voz sai baixa e trêmula.
  Jimin assente e puxa a lasca de madeira para fora do meu corpo e, ao mesmo tempo, vejo uma feição de dor se formar em seu rosto, e é quando percebo sua pele queimando como a de Amia.
  Quero pedir para ele sair de dentro da igreja antes que morra, mas uma estranha luminosidade vinda do meu peito, atrai minha atenção.
  Os meus olhos se arregalam e eu enfio a mão para dentro do meu casaco, puxando para fora o relicário que brilhava como uma estrela. Sinto uma estranha sensação na minha pele, como se ela se unisse, cada pequeno pedacinho que foi dilacerado pela lasca de madeira. Abruptamente, me sento no banco e checo minha barriga, vendo o rasgo no meu casaco, mas minha pele estava inteira, sem qualquer arranhão ou cicatriz.
  Assustadamente, encaro Jimin, que em um misto de dor reprimida, parece tão surpreso quando eu. E foi então que, por cima dos seus ombros, eu vi quem havia tirado Kihyun de perto de mim. Mesmo que sua pele pálida e perfeita começasse a se manchar com o sangue, Taehyung parecia não se importar, enquanto partia para cima do lobo, o acertando de todas as maneiras que pudesse.
  – Taehyung, saia dessa igreja agora! – Grito desesperada e me levanto do banco, puxando Jimin junto. – Eu estou bem! – Por um milésimo de segundo, nossos olhares se encontram, e isso é o bastante para ele agarrar Kihyun e voar para fora da capela com ele.
  O próximo gemido vindo de Jimin me faz começar a correr, enquanto o puxo pela mão até que estivéssemos fora da igreja. Ele respira aliviado, ao mesmo tempo que sua pele queimada começa a se curar.
  – Elena! Você está bem?! – Wendy corre em minha direção quando me vê, e Lilu tenta se desvencilhar de um vampiro para vir ao meu encontro também.
  – Estou. Isso aqui me protegeu. – Seguro o relicário, o apertando com força. Ele não brilhava mais.
  Wendy encara o objeto de forma séria, ela não parece entender muito bem, mas também não perguntou.
  – Desculpe não ajudar, as coisas não estão nada fácies aqui do lado de fora. – Lilu diz, enquanto corre para perto e se vira por um momento para atirar no vampiro que a seguia. – Precisamos ser rápidos agora. – Lilu olha em direção a uma das muitas brigas, a que parecia mais agressiva, sendo travada por Kihyun, Taehyung e Hoseok.
  – Onde estão os outros? – Pergunto para Jimin.
  – Blarie ficou na base, caso algum intruso apareça por lá. E os meus outros irmãos foram para o castelo. Taehyung queria passar no vilarejo pra ter certeza que você estava bem, então Hoseok e eu viemos com ele, porque sabíamos que ele não mudaria de ideia.
  O plano era que eu mantivesse Kihyun afastado de Henry, evitando a transmigração, enquanto Taehyung invadia a mansão de surpresa com seus irmãos para matar o pai. Eles não deveriam estar aqui.
  Respiro profundamente.
  – Vamos ajudá-lo com isso antes que as coisas deem errado. – Falo, sacando a outra pistola que ainda me restava. – Wendy, você e Jimin conseguem manter todos os outros afastados de nós enquanto vamos pra cima do Kihyun?
  – Claro. – Minha irmã assente e encara Jimin que devolve o olhar de forma firme, antes que eles se afastem juntos, indo para perto de Meg e Abel, que brigavam com um grande número de lobos.
  – Hora de botar esse pano de chão pra dormir. – Lilu pega outro revólver, ficando com dois, um em cada mão coberta pelos socos-ingleses. Ela me encara séria, mas com um sorriso malicioso nos lábios.
  Lilu se afasta de mim, dando a volta para se aproximar por trás de Kihyun, que trocava socos e mordidas com Taehyung, enquanto Hoseok se levanta do chão após ser atingido.
  De longe, Lilu me fita significativamente e, com isso, começo a me aproximar da briga, esperando o momento certo, que surge quando Lilu salta nas costas de Kihyun, enfiando as pontas afiadas de seu soco-inglês na garganta dele. Aproveito a oportunidade para disparar cinco vezes contra o seu rosto, o cegando momentaneamente. Puxo do meu cinto a única estaca de prata que sobrou, e a cravo no peito de Kihyun. Ele ruge em um uivo alto que estremece tudo ao seu redor.
  Sua mão de lobo segura meu pulso enquanto eu tentava empurrar a estaca em direção ao seu coração, fazendo suas unhas afiadas arranharem minha pele, que começa a pingar sangue, como o seu pescoço que cicatrizava. Quando escuto o primeiro estalar vindo do meu pulso, acerto a mão de Kihyun com o cotovelo, me libertando de seu aperto. Ele ergue seu braço para trás e segura na roupa de Lilu, a puxando para frente, lançando-a em cima de mim quando Taehyung o impede de nos atacar novamente.
  O corpo de Lilu bate pesadamente contra o meu, nos empurrando para trás. Fecho os olhos pelo impacto repentino, mas braços logo nos rodeiam quando minhas costas batem em algo, enquanto Lilu e eu despencávamos para o chão.
  – Peguei vocês. – Hoseok diz abaixado, segurando nossos corpos que estavam caídos de forma desajeitada.
  – Obrigada. – Agradeço e me levanto, segurando meu pulso machucado que era o único a doer. Todos os meus outros machucados sumiram quando o relicário brilhou, e esses arranhões parecem ser os primeiros agora.
  Começo a procurar por minha arma que soltei, querendo ir ajudar Taehyung.
  – Que tal um relacionamento a três? – Viro minha cabeça para o lado quando escuto a voz de Hoseok. Ele ainda estava agachado, com Lilu em seus braços, e ambos se encaravam.
  Ela aperta os olhos e sorri minimamente.
  – Eu posso pensar nisso se você sobreviver. – Sua resposta faz Hoseok sorrir.
  – Só vamos sobreviver se vocês ajudarem. – Interrompo a conversa, e eles me encaram, saindo do seu momento e voltando para a grande guerra que acontecia em Upiór.
  Nego com a cabeça, mas rio fracamente e, em seguida, corro para perto da minha arma quando a encontro. E assim que me inclino para pegá-la, os meus olhos são magneticamente puxados para a transformação que acontecia a poucos metros de mim, onde asas de vampiros surgiam no corpo de lobo de Kihyun, mostrando a verdadeira aparência de um híbrido.
  Ele acerta Taehyung de forma forte, o fazendo cair para longe. E então, seus olhos âmbar-avermelhados encontram os meus, e com as mãos no chão, ele corre em minha direção como se fosse um cachorro. Disparo várias vezes, mas a minha munição logo acaba, e o que me resta é ir para o chão quando ele se joga sobre mim, rosnando em frente ao meu rosto. Fecho um dos olhos quando respingos de sangue vindos de sua boca, sujam meu rosto. Expiro irritada e uso a coronha da arma para acertar seu rosto, o tirando de cima de mim. Puxo um dos rifles pendurados nas minhas costas pelas tiras marrons de couro, e uso para bater em Kihyun enquanto ele ainda estava deitado, o acertado até seu focinho de lobo ser coberto pelo sangue vívido. Com a respiração completamente descompassada, destravo o rifle e atiro em seu rosto, fazendo carne e sangue saltarem para todos os lados, mas ele ainda estava vivo, por isso, o próximo tiro será em seu peito. Era o que eu pretendia fazer quando sua mão agarrou meu tornozelo e me puxou para o chão, e quando caio nos ladrilhos, Kihyun, mesmo desfigurado, se levantou e começou a alçar voo, me levando com ele para cima.
  Pendurada de cabeça para baixo, pelo tornozelo, os meus olhos se arregalam quando ficamos alto demais. Completamente nervosa, seguro firme no rifle que mantive comigo e tento mirá-lo em Kihyun, mas um grande borrão preto vestido em uma capa vinho-escuro atinge Kihyun, fazendo ele me soltar.
  Solto um grito de pavor quando meu corpo despencar pelo ar, fazendo o vento gelado da madrugada esvoaçar os meus cabelos e roupas. Solto o rifle, que se espatifa no chão, e fecho os olhos esperando o mesmo acontecer com o meu corpo, se não fosse por mãos firmes que me seguram a tempo de me salvarem de uma dolorosa queda de ossos partidos.
  Apressada abro os olhos, encontrando o olhar sério de Jimin. Ainda em seus braços, olho para cima, vendo Taehyung e Kihyun voarem pelo céu da madrugada em direção à floresta.
  – Eles estão indo para a mansão! – Hoseok grita, antes de voar atrás dele e Lilu o seguir correndo em terra.
  Jimin voa para baixo e me coloca cuidadosamente no chão. Wendy se aproxima.
  – Eu preciso ir agora. – Digo, com o coração disparado.
  Wendy me encara tensa, enquanto engole em seco.
  – Cuide de tudo aqui e leve os mais feridos para a base. – Peço para minha irmã, que fica em silêncio.
  – É bom você voltar inteira pra casa, porque o seu aniversário ainda não chegou, e nós precisamos fazer uma festa! – Ela praticamente grita, com a voz embargada, e eu a abraço apertado.
  – Eu vou voltar. – Sussurro para que apenas ela escute, antes de soltá-la, e encarar seus olhos marejados.
  – Pode ir, estou logo atrás de você. – Falo para Jimin, que assente e voa pelo céu tão rapidamente que mal acompanho com o olhar.
  Olho uma última vez para mim irmã, que permanece parada no mesmo lugar. Em seguida, me viro e começo a correr em direção à floresta, tentando alcançar Lilu.
  Me escondo por onde quer que passasse, percebendo que o número de vampiros traidores e lobos que estavam em Upiór era grande, mas nós também éramos, pois, com a chegada de Taehyung, muito outros vampiros surgiram para ajudar. Puxo a última arma de fogo que me restou, o último rifle, e forço minhas pernas a correrem mais rápido, até que eu avistasse as enormes árvores e o caminho para a floresta. Rapidamente passo em frente à loja fechada, com a pintura gasta e os telhados ornados por lodo e sujeira preta, com a placa que dizia “Van Helsing” pendurada, quase caindo. O meu corpo se arrepia por isso, antes que eu entre na floresta de Upiór.

Capítulo 34
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