Drácus Dementer: Lycanthrope


Escrita porHels
Revisada por Natashia Kitamura


Capítulo 22

Tempo estimado de leitura: 17 minutos

  – Elena?
  – Oi. Você tá acordada já?
  Sinto um dedo cutucar meu braço, enquanto escuto uma voz fina sussurrar perto do meu rosto.
  Puxo bastante ar, soltando-o logo em seguida pelo nariz. Minha cabeça dói um pouco, então meu rosto se contorce enquanto, lentamente, começo a abrir os olhos.
  Grandes e redondos olhos escuros estavam desfocados na minha frente, e meu cérebro parece lento. Aos poucos, consigo organizar minha cabeça até que minha visão se torne nítida e eu veja a imagem de Hyun.
  Espantada, me levanto com exaspero e abraço o garotinho sentado do meu lado.
  – Graças a Deus você está bem. – Enquanto respiro aliviada, a minha cabeça dói mais uma vez.
  Me afasto de Hyun, colocado a mão direita sobre a cabeça, esperando a dor ir embora.
  Hyun pisca algumas vezes e depois aponta para o meu rosto.
  – Tá saindo sangue do seu nariz, Elena.
  Surpresa, passo os dedos perto do nariz, sentindo algo molhado. Encaro os meus dedos, vendo a cor do sangue. Respiro fundo e limpo o nariz com as costas da mão, não me importando de sujá-la.
  Em seguida, pela primeira vez, observo em volta para ver com atenção o lugar superficialmente escuro que estávamos. Era uma cela, onde, do lado esquerdo, havia uma janela média em um pequeno corredor, e na frente, algumas tochas nas paredes de pedras e uma porta no fundo. Apenas isso.
  – Você sabe que lugar é esse, Hyun? – Volto a me virar para o garotinho.
  Ele nega com a cabeça.
  Fico em silêncio por um tempo, pensando.
  – E essas barras, você acha que consegue arrebentá-las? Nós poderíamos tentar fugir. – Aponto para o ferro enfileirado que nos prendia aqui.
  – Não sei. – Hyun me encara, não parecendo entender muito bem o que estava acontecendo.
  Eu não tenho a habilidade de entortar barras. Mas talvez ele, como vampiro, consiga fazer isso.
  – Pode tentar? – Pergunto, e ele assente.
  Ao nos aproximarmos das barras, vejo um brilho estranho vindo delas. Passo a ponta de dois dedos sobre elas e depois cheiro. Reconheço o odor do óleo transparente no mesmo segundo, e tento impedir Hyun de tocar as barras, mas era um pouco tarde, ele havia encostado uma de suas mãos.
  O garotinho afasta sua mão com rapidez quando sua palma e dedos ficam vermelhos, como uma queimadura. Era similar à quando um vampiro entrava em contato com água benta, mas esse óleo parecia ser um pouco menos agressivo.
  – Você está bem? Me desculpe, eu não sabia. – Após limpar meus dedos, seguro sua pequena mão, analisando o avermelhado que logo vai sumindo até que sua pele volte ao normal.
  Expiro alto, pensando em como seria difícil sair desse lugar que nem sei onde é. Até mesmo óleo ungido passaram nas barras da cela para que não escapássemos.
  – Hyun, o que aconteceu na loja? Por que você sumiu? – Pergunto, enquanto me sento no chão gelado e estico minhas pernas.
  – Eu vi a Amia do lado de fora. Ela me chamou. – Então eu escutei certo, sabia que reconhecia aquela voz.
  Fecho os olhos por um momento, me sentindo tão cansada e perdida.
  – Eu fiquei desacordada por muito tempo?
  Ele assente.
  – E alguém veio aqui nesse tempo? Você viu outras pessoas além da Amia?
  – Um homem alto veio aqui. Ele queria ver se você já tava acordada. Eu vi ele três vezes. – O garotinho levanta a mão e forma o número três com os dedos.
  Enquanto Hyun me encara, provavelmente esperando que eu faça algo para nos tirar daqui, me sinto completamente desnorteada. Estamos trancados em uma cela com óleo ungido nas barras, e não há nada ao nosso redor que possa ajudar.
  Olho mais uma vez para a janela, e dela, tudo que se podia enxergar era o azul do céu. E bem ao fundo, longe, escutar o vento balançando o que parecia ser folhas e galhos, o barulho era semelhante.
  Encaro Hyun, me perguntando o que faríamos agora.

***

  Um longo tempo havia se passado e o céu do outro lado da janela estava mais escuro.
  Meu estômago começava a doer um pouco, e tenho certeza que para Hyun não é diferente. Não sei com que frequência um vampiro se alimenta, mas sei do que se alimenta, e espero que isso não chegue em momentos drásticos aqui.
  O meu corpo estava cansado, era como se eu tivesse me esforçado muito, mas sei que tudo isso era devido a nossa situação e ao que inalei antes, quando desmaiei naquela rua.
  Hyun estava sentado sobre as pernas com elas dobradas. Suas mãos pequenas estavam sobre os joelhos, enquanto ele encarava o chão. Já estava assim a mais ou menos uns vinte minutos. E não importa o que eu pergunte, ele sempre diz que não está pensando em nada.
  Com rapidez, desvio meu olhar do garotinho para a porta, quando a mesma faz barulho. Os meus olhos ficam atentos para quem entraria, e sinto meu corpo se tornar tenso ao ver Kihyun e Amia abrirem a porta de ferro.
  Os dois se aproximam calmamente da nossa cela, ficando perto das barras.
  – Finalmente você despertou, Elena. Fico feliz em ver que está bem. – Kihyun sorri para mim.
  Suas roupas eram inteiramente pretas. E Amia, ao seu lado, usava um longo vestido enquanto mantinha um olhar pretencioso.
  – Eu disse que os traria em segurança, meu querido. – Amia fita Kihyun, sorrindo abertamente em seu batom vermelho-escuro.
  – O que você quer com a gente, Kihyun? – Pergunto, enquanto, involuntariamente, passo um braço ao redor do corpo de Hyun, o trazendo para perto de mim. Ele apoia suas mãos em uma das minhas coxas, e sinto seu olhar curioso sobre mim.
  Kihyun segura nas barras da cela, e aproxima seu rosto delas.
  – Tem alguém muito importante que quer te conhecer, Elena. Ele está vindo de muito longe só para te ver. – O sorriso de Kihyun se torna ainda maior, e seu olhos também.
  Por debaixo das minhas roupas, os pelos do meu corpo se arrepiam um por um, enquanto minha boca fica seca.
  – E por que não veio me contar isso antes? Eu teria ido com você sem tudo isso.
  – Não teria, não. – Kihyun ri, fazendo Amia sorrir. – Você não iria querer conhecê-lo por vontade própria. Eu sei.
  Respiro pesado, fazendo meu peito subir e desder de uma vez.
  – Por que está fazendo isso? Eu sei de quem você está falando e ele é um vampiro, Kihyun. Isso não faz sentido.
  O vento que entrava pela janela a esquerda, se torna mais alto e forte.
  – Faz sentido quando você ajuda o seu pai, Elena.
  Os meus olhos se arregalam, e meu cenho se franze em uma expressão confusa.
  – O-O quê? Do que você está falando, Kihyun? – Meu corpo se arrepia outra vez.
  Amia ri nasalado, ao lado do lobo.
  – Deixe-me te falar meu nome completo pela primeira vez. – As mãos dele escorregam pelas barras da cela, se afastando. – Eu sou Kihyun Falls III Dracul.
  Tudo ao meu redor parecia ter parado. E, por alguns segundos, eu só conseguia escutar o som do vento balançando as folhas e galhos do lado de fora.
  – É mentira. Está mentindo. Você é um lobo, Kihyun. – Aperto Hyun contra meu corpo. Ele continua em silêncio, observando tudo.
  Calmamente, Kihyun dá a volta na cela e caminha para o lado esquerdo, de costas para o corredor da janela. Ele se agacha perto das barras, apoiando os pulsos sobre os joelhos dobrados.
  – Sim, eu sou um lobo, Elena. – Seus olhos de âmbar, encaram diretamente os meus. – Mas eu também posso ser um vampiro se você quiser. – Vagarosamente a cor de seus olhos começa a mudar, abandonando o amarelo para obter o vermelho dos vampiros.
  Mais uma vez, Kihyun toca nas barras da cela, e depois mostra suas mãos para mim, permitindo-me ver as mesmas marcas avermelhadas em sua mão, como as de Hyun antes ao tocar no óleo.
  – Não é possível... – Sussurro, desacreditada do que via.
  – É possível desde que minha mãe é um lobo e o meu pai um vampiro. E isso me torna seu irmão mais velho, Hyun. – O olhar de Kihyun vai até garotinho, que encolhe seu pequeno corpo debaixo do meu braço, e fechas suas mãos sobre a minha coxa.
  A minha cabeça estava a ponto de explodir. Os meus pensamentos se embolavam em nós, dos quais, eu não conseguia desatar.
  – Bom – Kihyun se levanta abruptamente – se me dão licença, preciso ir agora e ajeitar os preparativos para a chegada do meu pai. Só passei aqui para vê-los e saber como estavam. Vejo vocês outra hora. – Ele sorri e acena com a cabeça, refazendo seu caminho. E, por um momento, sua mão toca o ombro de Amia ao passar perto dela. – São todos seus, meu amor.
  Com isso, Kihyun deixa o lugar onde estávamos, e tudo que nos resta, é Amia e seu sorriso maldoso.
  – Já tem um bom tempo desde a nossa última conversa.
  A encaro, tensa.
  Solto Hyun e me levanto, aproximando-me da frente da cela, onde Amia estava aparada.
  – O que é isso, Amia? Está traindo o Taehyung? – Exasperada, seguro nas barras, sentindo o óleo sujar minhas mãos.
  – Estou apenas indo para o lado que vai sobreviver, querida. – Ela quase sobrepõe minha fala, com sua voz alta e firme. – Já superei o Taehyung há muito tempo.
  – Pensei que gostasse dele.
  – E eu gostei. – Seu tom era um pouco irritado, como se não gostasse de ser questionada sobre isso. – Acredite, eu o amei. E continuaria amando se não fosse por você.
  Amia passa a mão pelo cabelo longo e rosado, recuperando sua postura.
  – Taehyung e eu sempre estivemos juntos, e eu nunca me importei se ele conhecia outros, porque nunca era algo sério. Mas com você – Ela aproxima seu rosto da cela, deixando-o na altura do meu para que possa me encarar bem. – isso foi diferente.
  "Na época, eu estava viajando para resolver os assuntos da família dele, e quando volto, o vejo obcecado por uma Van Helsing. Ele deveria ter te matado, mas não o fez." Seus dedos apertarem sutilmente as barras que ela segura, sem se importar com o óleo que queimava sua pele. "Depois da lua de sangue, eu percebi que não o teria mais. E eu estava certa, já que ele te enviou um dos anéis de noivado."
  Amia se afasta das barras e arruma o cabelo mais uma vez, tentando sustentar a expressão indiferente.
  – Conheci o Kihyun quando nos mudamos para a Romênia. A mando de seu pai, ele estava indo atrás dos vampiros leais, os quais sabia que se juntariam à causa de Henry. Bem, eu não era um desses. – Ela ri baixo. – O peguei no flagra e ele acabou me contando tudo, antes que eu contasse para o Taehyung. E assim eu me juntei a ele.
  – Não se sente mal com isso? Você viveu com aqueles irmãos por anos. – A encaro, descrente.
  – Mal pelo quê? Por sobreviver? – Ela ri de novo, de novo e de novo. – Mesmo que você não surgisse na vida de Taehyung, eu teria um casamento de aparência, porque eu sei que ele não me ama. Na verdade, nunca pensei que ele pudesse amar alguém além da humana da mãe dele. – Ela sorri debochadamente. – Taehyung se prendeu a ela, mas isso não era um problema, desde que eu fosse sua noiva principal, aquela que comandaria os vampiros com ele. Eu poderia assumir caso ele deixasse a memória de Amélia atrapalhar suas decisões como Drácula.
  – Então tudo isso se trata de poder?
  Eu realmente não podia acreditar nas coisas que ela dizia.
  – Tudo se trata de poder, Elena. O mundo é assim, seja para os vampiros, ou para os humanos. Por que você acha que a igreja quer acabar com todos nós?
  – Para livrar a raça humana e nos deixar livres de vocês, que nos matam como gado. – Me apresso a responder, tornando-me um pouco séria para isso.
  Amia ergue seu dedo indicador no ar e o balança de um lado para o outro, enquanto faz um barulho com a boca.
  – O Vaticano é tão perverso quanto nós. O que eles querem, é controlar os humanos como gabo – Ela aponta para mim, de modo que, indique a palavra que eu usei antes. – Colocar um cabresto em vocês, com um antolho que não os deixa olhar para os lados. Vocês serão puxados pela rédea, indo para onde eles querem que vão.
  Se a intenção dela era me irritar, ela realmente estava conseguindo, pois minha cabeça estava fervilhando em pensamentos que queriam concordar com Amia.
  – Ao contrário do Taehyung, o Kihyun soube me tratar da maneira como eu devo ser tratada. E quando tudo isso acabar, nós dois, juntos, estaremos à frente de todas as criaturas místicas. Vampiros e lobos. E então, nem o Vaticano poderá fazer algo contra nós. Ninguém.
  Seu sorriso era vil, e o brilho em seus olhos, mostrava a ânsia por isso.
  – Por que Henry faria isso por vocês? Ele tem mais oito filhos, e o Taehyung já é o Drácula. – Minha voz fica um pouco mais alta.
  Eu estava a ponto de perder o controle disso.
  Ela me encara, rindo pelo nariz.
  – Taehyung não tem o que é preciso para ser um Drácula. Primeiro, ele teria que se livrar das memórias da Amélia, porque elas só o deixam mais fraco como os humanos. E segundo – ela se aproxima de novo das barras –, ele precisaria se livrar de você.
  Aperto os dentes um nos outros, enquanto engulo toda a saliva de maneira nervosa.
  – Você acabará com a vida do Taehyung. Ele se tornou a desonra dos vampiros. Como confiar em um líder que se entregou a uma caçadora de vampiros? – Ela arqueia as sobrancelhas. – Henry não poderia deixar que aqueles irmãos afundassem o legado dos vampiros na lama. Kihyun é o único capaz de fazer isso, por isso ele existe, porque Henry percebeu que não havia mais solução para os seus outros filhos. Por este motivo, ele decidiu criar um filho ainda mais poderoso, um híbrido de lobo e vampiro, alguém honrado o bastante para unir e liderar as criaturas místicas.
  Ela faz uma pausa, me encarando por segundos incômodos.
  – De fato, Kihyun é o único para isso, tendo em vista que até mesmo Henry se deixou levar pelos humanos. Esse pequeno fedelho é a prova viva. – Amia aponta por cima de mim, para Hyun, que estava silencioso. – Kihyun deveria ser o último filho, a salvação. Mas Amélia provavelmente seduziu Henry para que fizessem esse garoto que nunca fala e brinca de bonecas.
  – Não fale assim dele. Vocês são detestáveis. – Falo entre os dentes, e Amia ri em minha cara.
  – Você é detestável, Elena. Está traindo a sua própria espécie por um vampiro.
  – E o que você está...?
  – O que eu estou fazendo é diferente. – Ela me corta, aproximando tanto seu rosto das barras, que nossos narizes se tocam. – Estou lutando pela honra da minha espécie, unificando dois povos para que ambos se tornem uma grande potência. Já você, está apenas se entregando ao grande pecado que seu povo condena.
  Amia passa uma mão por entre as barras e toca meu rosto, segurando meu queixo.
  – Você é egoísta. Aceitou o pedido de Taehyung e se enfiou no castelo dele para derrubá-lo, a mando da igreja. Mas nem isso você conseguiu fazer, porque acabou ajudando seu maior inimigo, pois estava pensando apenas em você e em como, provavelmente, gostava de ficar na cama do Taehyung, mesmo que isso significasse trair a confiança dos humanos... outra vez. – Ela desliza os dedos pelo meu rosto. – Me diga, Elena querida, você realmente acha que isso dará certo? Que ele ficará do seu lado quando a igreja descobrir tudo? – Ela sorri. – Taehyung é um vampiro e não vai hesitar em matá-lo se for preciso, cada um deles.
  Abro a boca, mas não consigo responder.
  – Isso não te faz refletir um pouquinho? Você realmente conseguiria passar o resto da sua vida com alguém que mata humanos por prazer e sobrevivência? Que faz isso sem sentir qualquer remorso? Me diga, Elena, você conseguiria?
  Permaneço em silêncio, sentindo meu corpo começar a tremer, enquanto meus olhos ardiam.
  – Se lembra quando visitou o Festival de Sangue em Upiór? Humanos enjaulados e comercializá-los como animais. Eles faziam aquilo para que a igreja não desconfiasse das mortes e sumiços, uma camuflagem. Já aqui na Romênia, eles não precisam, podem matar quando quiserem. Mas não podemos esquecer que isso só acontece porque esse é o país dos vampiros, mas e nos outros lugares? Onde os vampiros precisam se esconder, como você acha que eles fazem nesses lugares? Isso nunca acabou, Elena, e nunca vai acabar. Esse é o império Dracul, construído em cima de sangue e morte.
  Minha respiração se torna curta e rápida, enquanto tento controlá-la junto com o choro que ardia dentro de mim.
  – Também não podemos esquecer que um dia o Taehyung acordará e te olhará, e você estará velha, e ele jovem e belo. Quando esse dia chegar, ele não te tocará mais, deixará você de lado. E na porta do castelo haverá vampiras e vampiros prontos para satisfazê-lo em um estalar de dedos. – Amia estala seus dedos, fazendo-me sobressaltar no lugar e o barulho ecoar pela cela.
  Eu não estava bem. Essas palavras pareciam queimar dentro de mim. Eu gostaria de poder fugir daqui e me esconder até que esquecesse tudo isso.
  – Escute o que eu digo, querida, isso é um conselho de alguém que deixou no passado todas as nossas desavenças. – Ela se afasta das barras da cela e se vira, começando a caminhar vagarosamente em direção à porta. – Vocês não podem ficar juntos porque Taehyung será o seu maior erro. E você se arrependerá todo dia e toda noite por ter escolhido ficar ao lado dele.
  Sinto as lágrimas quentes e reprimidas escorrerem por meu rosto, fazendo meu corpo tremer ainda mais.
  – Ah, quase me esqueci. – Ela para de andar quando está perto da porta e se vira de lado, segurando uma das mãos e puxando um anel para fora do dedo. – Pode ficar com isso. Eu não preciso mais. – Amia lança o anel para dentro da cela, fazendo-o cair ao meu lado e quebrar a pedra vermelha, deixando a pequena quantidade de sengue dentro dela, manchar o chão.
  Quando ela se vai, o som da minha respiração preenche todos os lados desse lugar, se misturando ao som do vento que entrava pela janela. Minhas pernas tremem muito, me impossibilitando ficar de pé quando um mal-estar me atinge, fazendo-me agachar no chão a abraçar as próprias pernas, enquanto escondo a cabeça entre os joelhos e deixo as lágrimas molharem minhas calças.
  Eu sei que tudo que ela disse era a mais pura verdade, e nos últimos dias venho evitado pensar dessa maneira, justamente por saber que estava fazendo tudo errado. Mas me enganar não tornava as coisas menos dolorosas, só as adiava para momentos como esse, onde tudo dentro de mim mergulhava em sentimentos amargos.
  Pequenas mãos me seguram pelos braços, e ao levantar minha cabeça, encontro Hyun me encarando com um olhar preocupado e confuso.
  – Não se preocupe comigo, está bem? Nós ficaremos bem. – Me forço sorrir para ele, secando as minhas lágrimas enquanto fungo.
  Eu sentia como se pudesse morrer agora. E talvez eu queira isso.

Capítulo 22
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