Drácus Dementer: Lycanthrope


Escrita porHels
Revisada por Natashia Kitamura


Capítulo 15

Tempo estimado de leitura: 23 minutos

  Um esguio filete aquece meu ombro, descendo por uma parte do meu braço esquerdo e barriga. Respiro fundo, me concentrando na sensação de calor; era confortável. Mesmo que eu não usasse roupas, o sol que atingia meu corpo não o deixava desconfortável, ao contrário da superfície dura da qual eu estava deitada. Meu braço direito, debaixo do meu corpo, já começava a doer e a ficar dormente, o que, ocasionalmente, me faz abrir os olhos, tendo minha primeira vista da manhã: um rosto de traços delicados, com alguns fios de cabelos brancos - que pareciam brilhantes sob os raios de sol - espalhados pela testa e em frente aos olhos fechados de longos cílios; o longo brinco deitado na lateral do rosto; a pele pálida que criava um grande contraste com os lábios avermelhados e bem delineados, levemente cheios; as mãos com unhas pintadas de preto, perto do rosto, levemente sujas pelo sangue seco, assim, como, algumas partes do corpo pálido e desnudo.
  Inspiro profundamente, enquanto perco algum tempo apenas observando Taehyung, que parecia dormir. Me sento, espiando sobre os ombros, encarando as portas abertas da sacada, por onde os agradáveis raios de sol entravam. Perco mais algum tempo observando, antes de me levantar, decidida a tomar um banho para me limpar e despertar. Caminho para perto do piano e recolho minhas roupas sujas e sapatos, mais uma vez observando o piano, enquanto me lembro do dia anterior. E com mais uma respiração profunda, saio silenciosamente, deixando um Taehyung adormecido no chão da sala de música, para trás.
  Passo rapidamente para o cômodo do lado sem que ninguém me veja sem roupas, e quando fecho a porta do meu quarto, jogo tudo que trouxe no chão, indo com pressa até o banheiro grande e claro. Em frente à grande redoma de vidro que escondia o chuveiro, estico meus braços para cima, espreguiçando o meu corpo. Fecho os olhos por alguns segundos e movimento meu pescoço para os lados. Inspiro e expiro fortemente, tentando tirar toda preguiça matinal do meu corpo e, em seguida, abro a porta da redoma de vidro. Quando toco no registro, noto uma quantidade significativa de sangue seco debaixo das minhas unhas e nas pontas dos dedos. Rio sem humor de forma nasalada, fazendo uma pequena quantidade de ar sair do meu nariz.
  Giro o registro e, em instantes, a água quente atinge meu corpo como se fosse uma relaxante massagem. Paro ao centro do chuveiro, fechos os olhos e permaneço parada, apenas deixando que a água me cubra.
  Enrugo minhas sobrancelhas quando escuto um barulho suave ao fundo, indicando que alguém abriu a porta do quarto. E leva segundos até que eu escute a porta do banheiro ranger quase que imperceptivelmente. Se eu estivesse com a cabeça cheia de pensamentos, talvez eu nem teria escutado.
  Abro os olhos e me viro para a direita, em direção à porta da redoma de vidro, dando de vista com um alto corpo pálido e manchado de sangue. Meus olhos se arrastam do torço até o belo rosto de Taehyung.
  – Pensei que estivesse dormindo. – Algumas das gotas de água que me atingiam, respingam em seu corpo.
  – Acho que você me acordou. – A voz de Taehyung era isenta de qualquer emoção. Seu olhar, que encarava meu rosto, era baixo e pouco aberto, semelhante à sua voz.
  – Sinto muito por isso, mas eu precisava me limpar. – Confesso, e ele assente.
  Taehyung fica em silêncio, me fitando por alguns segundos, enquanto o barulho do chuveiro ligado soava ao fundo, preenchendo esse momento entre nós. Desvio meu olhar quando meu rosto ameaça esquentar, e isso era um pouco irritante.
  Respiro alto e profundamente.
  Sinto Taehyung tocar minha mão direita com a ponta dos dedos, de forma sutil, antes de segurá-la. Devagar, ele puxa meu braço para frente, me fazendo aproximar dele e sair debaixo do chuveiro. Taehyung solta minha mão, repousando suas mãos na minha cintura. Meu busto se junta ao seu tronco, tendo um contato direto das nossas peles e, com isso, acabo o molhando. Respiro alto de novo, e passo os meus braços ao redor do seu pescoço.
  Eu podia sentir cada parte do seu corpo. Não haviam roupas ou qualquer outra coisa que separasse esse contato. E por mais que meu rosto continue teimando em esquentar por essa situação, isso parece um pouco natural.
  – Eu ainda não sei se concordo com isso, Taehyung. Há muitas coisas dentro de mim que eu preciso resolver agora. – Faço uma pequena pausa e suspiro, desviando meu olhar do seu. – Por isso, eu queria levar as coisas de um jeito diferente.
  Sua mão vai até meu rosto, e ele empurra uma mecha molhada do meu cabelo, para trás da orelha.
  – Que jeito? – As costas dos seus dedos deslizam pela lateral do meu rosto, enquanto ele me encara de um jeito atento e profundo, como se me hipnotizasse, apesar de eu saber que ele não está fazendo isso e nem pode, pois estou usando o meu anel Van Helsing.
  Anel...
  O simples pensamento me faz tocar o segundo anel que passei a carregar comigo; com as mãos ainda atrás do seu pescoço, com um dedo, encosto na pedra vermelha.
  – Eu sei que para todos os outros, nós vamos estar em um compromisso... eu quero que entre nós dois, aqui e agora, demos um tempo em tudo isso. – Minhas palavras não têm qualquer efeito em sua feição apática e olhos atentos. – Não vou tirar o anel porque não consigo, mas durante todo esse tempo em que caçarmos os lobos, quero que levemos isso não como um noivado, e sim, como uma união entre as Filhas da Sombra e os Drácus Dementers. E quando tudo isso acabar, nós dois vamos nos entender. – Acabar com tudo.
  – É isso o que você quer, Elena? – Seus dedos passam, outra vez, pela lateral do meu rosto, deslizando até meu queixo, enquanto seu polegar roça suavemente no meu lábio inferior.
  Assinto, em silêncio.
  Taehyung curva sua cabeça para frente, selando nossos lábios por alguns segundos, sem intenção de intensificar o beijo.
  Seus lábios se afastam lentamente dos meus, com seus olhos castanho-escuros tão próximo dos meus.
  – Tudo bem. Vamos fazer isso. – Ele volta a sua postura anterior, afastando seu rosto.
  – Obrigada. – Agradeço, sincera.
  Nesse momento, me encarando, não sinto que ele possa ter ficado irritado, Taehyung realmente parece sincero e, por alguma razão, isso faz meu coração ficar acelerado e ansioso. E estando com meu corpo contra o dele, torço para que ele não note.
  Noite passada, eu admiti para mim mesma que não o superei e que até senti sua falta, e esses tipos de pensamentos, misturados a conhecer Taehyung dessa forma tão diferente e que julgo ser sincera, realmente me faz ficar nervosa. Um milhão de insetos andando por todo meu interior, enquanto sou corroída por essa ansiedade que me atinge bem na boca do estômago. Mas, independentemente de todos esses sentimentos, me sinto grata e feliz por ele ter me entendido.
  Seus olhos adornados pelos longos cílios, encaram meu pescoço, e sei que ele está observando a marca que havia ali. E me pergunto o que ele pode estar pensando agora?
  Taehyung é um vampiro, um Drácula, e mesmo que sua fonte de alimento sejam almas e não o sangue, como no caso de um vampiro comum; de certa forma, é admirável a forma como ele e seus irmãos se controlam mesmo debaixo do mesmo teto que humanos, ou até mesmo se controlam diante do sangue humano. Já tive alguns machucados nesse castelo, minha irmã também e, mesmo assim, eles nunca perderam o controle. Depois de estudar os vampiros por longos anos, sei que não é tão fácil se manter indiferente a um estímulo tão grande quanto o sangue humano, mas, no caso desses irmãos, eles estão, definitivamente, além disso.
  Penso que para Taehyung, talvez seja algo ainda mais difícil; toda vez que ele olha para essa marca no meu pescoço deixada por ele, seus instintos devem gritar para que ele repita o que fez na lua de sangue, mas ele nunca o fez desde que cheguei na Transilvânia. Mas, apenas pela maneira como suas pupilas se dilataram minimamente quando ele encarou a mordida feita por dois pequenos pontos de presas, sei que isso se torna uma grande tentação para ele.
  As batidas do meu coração ficam mais fortes quando novos pensamentos rodeiam minha mente. Estou decidida a seguir minhas próprias decisões, sem a interferência da igreja, por isso, não quero pensar no julgamento deles diante do que estou pensando em fazer. Taehyung e eu conversamos, não há mais um casamento, por enquanto, então eu não devo me preocupar com isso.
  Em uma pequena brecha, abro minha boca, puxando uma pequena quantidade de ar para depois a soltar. Afasto minhas mãos do pescoço de Taehyung, e coloco meu cabelo molhado para trás, deixando a marca em meu pescoço completamente à mostra.
  – Você quer fazer isso, não quer? – Pergunto, e Taehyung me encara, sem responder. – Faça.
  Ele aperta os olhos, em um olhar estreito.
  – Faça, Taehyung.
  Ele permanece parado. E eu engulo em seco.
  Suavemente, coloco minhas mãos uma de cada lado do seu rosto, e o encaro tão profundamente quanto ele costuma me encarar.
  – Eu estou dizendo que você pode fazer isso. – As batidas do meu coração parecem que vão parar a qualquer momento, de tão agitadas que estão. – Apenas faça isso agora, Taehyung
  Afasto minhas mãos do seu rosto e dou um passo para trás, deixando que ele me encare bem. Suas pupilas se dilatam outra vez, mas, agora, com muito mais intensidade.
  Em um literal piscar de olhos, sinto meu corpo ser prensado contra a parede fria, me causando um pequeno calafrio. O corpo alto de Taehyung estava parcialmente debaixo do chuveiro, deixando seu cabelo, em instantes, completamente molhado, com gotas que escorriam por seu rosto que ganhou uma expressão carregada.
  Suas mãos vão para os meus pulsos, os segurando contra os azulejos claros. Aos poucos, minha respiração começava a descompassar, do mesmo jeito que as batidas do meu coração. Minimamente, inclino a cabeça para o lado, o dando uma bela visão do meu pescoço que Taehyung não consegue desviar nem por um segundo. E sem qualquer tipo de aviso, ele aproxima seu rosto da curva do meu pescoço, e sinto seus lábios roçarem minha pele, me causando um pequeno arrepio. Seus lábios se afastam um do outro, e sei que ele abriu a boca, pois, segundos depois, fecho os olhos quando sinto suas presas perfurarem minha pele em uma dolorosa fisgada. As presas deslizam para dentro da minha pele com facilidade, como se atravessassem pequenos amontoados de algodão.
  Mordo meu lábio inferior quando o sinto começar a sugar meu sangue, assim, como, também sinto algumas gotas escorrerem por meu pescoço. Solto um baixo gemido de dor, fechando minhas mãos em punhos. Taehyung solta meus pulsos, e uma das suas mãos vai para lateral do meu pescoço, como um suporte, e a outra vai para minhas costas, me segurando e me mantendo perto; entre seu corpo e a parede gelada.
  A água do chuveiro continua caindo em Taehyung e, consequentemente, em mim, me possibilitando ver algumas pequenas gotas vermelhas se diluírem no chão molhado do banheiro.
  Assobio um curto suspiro quando a mão que estava nas minhas costas, se arrasta para minha cintura, apertando levemente o lugar, antes de subir de forma arrastada que meu causava arrepios, parando abaixo do meu busto prensado ao seu tronco. A mão em meu pescoço se arrasta para dentro dos fios molhados dos meus cabelos, enquanto Taehyung apertava mais seu corpo despido contra o meu, me fazendo sentir uma pequena ereção surgir dele. Ele estava prestes a ficar excitado, e sei como vampiros podem se tornar excitados quando bebem sangue humano (abrangendo todos os sentidos dessa palavra); mas, estando nessa situação, sei exatamente o motivo de Taehyung ficar excitado.
  Apoio uma mão em seu ombro e a outra no seu braço dobrado, sentindo meu corpo se arrepiar à medida que se torna quente. Taehyung para de sugar meu sangue, retirando suas presas de dentro da minha pele, mas sem afastar a boca do lugar. Seus lábios macios se mexem suavemente sobre o meu pescoço, roçando contra minha pele de uma maneira que me causava mais arrepios. Sua mão aperta a pele abaixo do meu busto e, em seguida, sinto a ponta de sua língua encostar no meu pescoço, se arrastando por todos os lugares manchados de sangue.
  Lentamente, Taehyung vai afastando seu rosto da curva do meu pescoço, até que eu possa o encarar: olhos vermelhos carregando um olhar pesado e profundo, pupilas dilatadas e a boca ainda mais avermelhada, com os cantos sujos de sangue e uma pequena gota escorrendo em direção ao seu queixo.
  Mais um arrepio e, dessa vez, um que carregava todos os meus sentimentos de; desejo e excitação, espanto e curiosidade, irritação e confusão, medo. E Taehyung enxerga cada um deles.
  Ainda consigo sentir suas presas e boca no meu pescoço, como um formigar que deixava minha pele dormente. Abruptamente, Taehyung me beija, sem qualquer tipo de delicadeza ao toque dos seus lábios contra os meus. E quando sua língua quente toca a minha, sinto o gosto do meu próprio sangue.

***

  Ajeito os fios úmidos dos meus cabelos e fecho a porta atrás de mim, antes de sair pelo corredor do oitavo andar. Em silêncio, desço até o cinto andar e vou direto para o quarto de Wendy, do qual abro a porta com cuidado para não fazer barulho, pois ainda era muito cedo.
  Assim que entro no quarto, vejo Wendy adormecida na cama com Lilu do seu lado. As portas da sacada estavam abertas, deixando que a claridade do belo dia ensolarado entrasse no quarto, como a suave e agradável brisa.
  Descalça, Sally sai do banheiro, me encarando com surpresa. Ainda em silêncio, indico para ela a sacada, e ela assente. Nos juntamos na sacada, de modo que possamos conversar sem acordar Wendy e Lilu. Primeiro, pergunto de minha irmã, e Sally diz que Wendy está se recuperando muito bem, e que apesar da gravidade do seu ferimento, em alguns dias ela estará curada, tudo graças aos poderes místicos da erva Anti-Parálysi. Mentalmente faço um pequeno agradecimento ao meu Senhor por isso, e depois conto para Sally sobre o encontro com Kihyun. Ela me questiona acerca do aviso do lobo sobre só podermos confiar em nós mesmo; Sally sugere que talvez um dos irmãos possa estar envolvido nisso, mas eu a respondo dizendo que não. Não que eu conheça esses irmãos tão bem ao ponto de não desconfiar, mas após passar algum tempo com Kihyun, percebi que suas intenções são tentar nos desestabilizar a todo custo, nos fazendo brigar entre nós mesmos, por conta das suas provocações. Isso facilitaria o seu trabalho, e é justamente por esse motivo que não devemos cair na sua armadilha.
  Quando nossa conversa acaba, pergunto se Sally não gostaria de tomar café, e ela me responde que está quase na hora de acordar Wendy e trocar seu curativo. Pergunto se ela se importa se eu fosse tomar café, e quando ela responde que não, digo que não vou demorar e que logo voltarei para ficar com elas.
  Saindo do quarto da minha irmã, vou direto para a sala de jantar, onde encontro Skull organizando a mesa para o café. Ao me ver, ele diz que tem algo para mim e pede que eu o espere aqui na sala de jantar. O mordomo volta segundos depois, com sua velocidade e eficiência de vampiro, me trazendo uma pequena xícara de porcelana com um conteúdo roxo. Não preciso pensar muito para saber o que é. Skull diz que Taehyung foi quem pediu que ele me preparasse esse chá. E em meio ao meu momento de vergonha, agradeço Skull, e pergunto onde Taehyung estava agora, na tentativa de mudar o assunto que fazia meu rosto esquentar. Skull me diz que Taehyung estava na sala de estar reunido com seus irmãos, o que desperta a minha curiosidade. Ele provavelmente está explicando sobre Kihyun, e eu gostaria de fazer parte dessa conversa, por isso, rapidamente tomo o chá-roxo e pego um dos pequenos pães de leite dentro de uma cesta sobre a mesa, e saio da sala de jantar.
  – Você não pretende ir para uma sala cheia de vampiros desse jeito, não é? – Quando estou prestes a descer as escadas que levavam para o primeiro andar, escuto a voz de Blarie atrás de mim.
  Quando me viro, a encontro sorrindo e de braços cruzados em seu longo e elegante vestido preto.
  – O quê? – Levanto as sobrancelhas em confusão, e olho para mim mesma. – Está falando do meu cabelo molhado? Eu tomei banho, só isso.
  Blarie ri e estica seu braço em minha direção, colocando meu cabelo para trás. Depois ela passa o dedo indicador sobre meu pescoço. Ela mostra o dedo sujo de sangue para mim, colocando-o na boca em seguida.
  – Esse cheiro e gosto são inconfundíveis. – Ela tira o dedo, já não mais sujo de sangue, da boca. – Foi atacada por um vampiro, Elena? – Blarie arqueia as sobrancelhas, e sorri lasciva.
  Arregalo os olhos e tampo o pescoço, sentindo o sangue molhar a palma da minha mão.
  – É melhor darmos um jeito nisso. Vem comigo. – Blarie ri, e faz um gesto de mão para que eu a siga.
  Ela me leva para um quarto qualquer do terceiro andar. E dentro do grande guarda-roupas de madeira, Blarie pega um pequeno kit de primeiros socorros; me fazendo pensar que esses vampiros devem ter um “longo relacionamento” com humanos, pois eu sei que eles não precisam de kits de primeiros socorros, mas, mesmo assim, ainda mantêm isso no castelo.
  – Vocês finalmente estão se entendendo? – Blarie pergunta, enquanto limpa meu pescoço com uma gaze, antes de colar um pequeno curativo sobre a mordida.
  Desvio o olhar e encolho os ombros.
  – Talvez.
  Blarie ri.
  – Isso é bom. – Ela se levanta da cama em que estávamos sentadas, e estende sua mão para mim.
  Nós duas saímos do quarto, e refazemos todo o caminho, agora, indo para a sala de estar, onde os irmãos conversavam.
  – Bom dia, Elena. – Hoseok me saúda com entusiasmo. – Senta aqui. – Ele indica o lugar vago entre ele e Yoongi, no grande sofá.
  Faço o que ele pede, e me sento do seu lado. Jimin que estava sentado no braço do sofá, do lado de Yoongi, sorri para mim, e eu retribuo com um sorriso fechado. Por fim, Blarie se senta no outro braço do sofá, esse do lado de Hoseok, que a abraça pela cintura.
  – Estávamos falando sobre o que o Yoon, Nam, Jungkook e Jin encontraram depois de seguirem os lobos. – Jimin fala.
  Atenta, acabo encarando Taehyung, que estava de pé a poucos metros de distância, perto da mesa de cristal no centro da sala de estar.
  – Não conseguimos ir atrás do Kihyun, ele é esperto, provavelmente já havia pensado nisso. Mas conseguimos seguir alguns lobos. – Yoongi me explica.
  – E pra onde ele foram? – Blarie pergunta, encarando Yoongi.
  – Igreja.
  – Igreja? Mais uma? – Franzo o cenho para Yoongi, confusa.
  Ele assente.
  – Essa estava ativa.
  – Não podemos entrar em igrejas ativas. Esse é um bom jeito de se esconder e se defender. – Namjoon, que estava sentado em uma das elegantes poltronas da sala, diz.
  Jin, de pé ao seu lado, suspira alto e irritado.
  – Então o Kihyun querer nos encontrar em uma igreja, era meio que uma pista? – Pergunto.
  Taehyung nega com a cabeça, cruzando os braços em sua elegante roupa.
  – Ele queria nos testar.
  – Eu pensei que tivesse dito que ele queria nos intimidar. – Jungkook, parado ao lado de Taehyung, o encara com o cenho franzido.
  – Também. – Taehyung é o próximo a suspirar. – Kihyun queria saber se a igreja e os vampiros trabalhariam juntos, por isso, distribuiu as pistas, sabendo que o único jeito de acharmos ele, era se juntarmos nossas pistas.
  – Se estivéssemos juntos, as coisas seriam mais difíceis para ele. – Jin complementa Taehyung, que assente.
  Fico contente por saber que pensei da maneira correta.
  – Mas a igreja não está do nosso lado, só a Elena e a equipe dela, não é? – Hoseok me encara, e eu assinto.
  A essa altura, Taehyung já deve ter contado tudo aos seus irmãos, de qualquer forma, era o certo a se fazer já que estamos trabalhando juntos agora.
  – Sim, Hoseok, mas elas estarem do nosso lado, já diz muito para o Kihyun. Só existem duas opções para isso: a Elena continuar com a igreja e mentir pra nós, ou ela ficar do nosso lado e mentir pra igreja. – Calmamente, Taehyung explica. – Kihyun sabia que a igreja não ia ficar do nosso lado, ele fez isso propositalmente.
  – O que isso tem a ver com as igrejas onde eles estão se escondendo? – Jimin pergunta para Taehyung.
  – Ele fez isso justamente para saber se iria ou não poder se esconder nas igrejas. A Transilvânia é a terra dos vampiros. Nós conhecemos muito bem esse lugar e vasculhamos cada parte, e não encontramos nada.
  – Vasculhamos tudo exceto as igrejas. – Namjoon parece ter um insight, e encara Taehyung com as sobrancelhas levantadas em surpresa.
  Taehyung assente mais uma vez.
  – Saber se a Elena estaria do nosso lado, é o mesmo que saber se ele pode ou não se esconder nas igrejas, já que ela poderia entrar. Ela estando do nosso lado, seria uma vantagem. – Jin fala, parecendo entender o raciocínio de Taehyung.
  – O vira-lata não é nada burro. – Jungkook diz sem humor.
  – No nosso encontro com ele, percebi o quão seguro Kihyun está de toda essa situação. E isso pode atrapalhá-lo. – Taehyung volta a falar. – Ele sabe que a Elena está do nosso lado agora, mas, provavelmente, não está tão preocupado, porque com essa decisão dela, tiramos a igreja dos planos.
  – A jogada desse cara é diminuir o número de inimigos que atacariam os lobos. – Yoongi cruza as pernas do meu lado, e movimenta a cabeça como se estivesse confirmando alguma coisa, com os olhos presos no carpete escuro do chão. – Ele sai ganhando com as duas opções que o Taehyung disse, já que, em ambas, ele elimina ou a igreja, ou os vampiros. E isso só faz com que ele se sinta mais seguro e arrogante.
  – Se ele está tão seguro assim e não enxerga a Elena e a equipe dela como ameaças, por serem apenas quatro, então tem grandes chances de ele continuar se escondendo nas igrejas. Por isso vimos os lobos em uma, ontem. – Namjoon fala, enquanto encara todos.
  – Maldito pulguento! – Hoseok bate na própria perna.
  – E o que fazemos agora? – Jungkook encara Taehyung, que devolve o olhar por alguns segundos, antes de fitar Jimin.
  – O que vocês descobriram sobre a Amia?
  Jimin expira alto.
  – Nada. – Ele responde com frustração.
  – Se estivermos certos acerca de tudo que falamos, e se a Amia realmente estiver ajudando os lobos, ela não deve estar por aqui. – Namjoon esfrega sua mão esquerda no queixo e depois arruma os óculos que usava hoje. – Estamos supondo que os lobos estão escondidos nas igrejas, portanto, ela não pode estar com eles, porque é uma vampira. E duvido muito que ela esconderia em uma igreja inativa, pois nós podemos entrar nelas.
  Me lembro de ter visto-o poucas vezes de óculos. Não acho que Namjoon precise, mas gosta de usar apenas por aparência.
  – Quando percebeu que a Elena armou para tirá-la do castelo, ela deve ter pensando que a Elena mandaria alguém para segui-la; a Amia é inteligente, nós sabemos disso. – Namjoon fala sério, encarando apenas seus irmãos com essa respectiva fala. – Ela provavelmente foi para Sibiu, justamente para despistar quem estivesse a seguindo, fazendo quem quer que fosse, perder tempo a procurando ali, enquanto ela fugia para seu real destino.
  – Quer dizer que perdemos esse tempo todo procurando no lugar errado? – Jimin encara Hoseok e Blarie, com uma expressão deprimida.
  – É uma opção. – Jin expira alto.
  – Por conta disso, escutem agora o que eu vou dizer, isso é o que devemos fazer. –Todos se voltam para Taehyung, o encarando com atenção. – Precisamos nos dividir em grupos, cada um liderado por uma das humanas aqui do castelo. Nós iremos invadir todas as igrejas desse lugar. – Ele fala de forma imponente, soando como um verdadeiro Drácula que é. – As humanas podem entrar, então, caso encontremos mais lobos escondidos, elas os atraem para fora e nós damos um jeito, até descobrirmos onde o maldito alfa está.
  – Só podemos formar duas equipes. Wendy ainda está se recuperando, e alguém vai precisar ficar cuidado dela aqui no castelo. – Digo.
  – Skull pode tomar conta da sua irmã enquanto fazemos isso. – Blarie sugere, mas fico em silêncio, pensando se seria uma boa ideia deixar minha irmã aos cuidados de um vampiro.
  – Se estamos todos juntos nisso, você vai precisar aprender a confiar em nós. Do mesmo jeito que vamos confiar em vocês. – Para minha surpresa, quem diz isso é Jin, que me fita com as sobrancelhas arqueadas.
  Sinto todos em encararem.
  Suspiro.
  – Tudo bem. – Solto o ar, baixo.
  – Certo, então temos três equipes. Isso faz com que aumentemos o tempo de busca. Assim será mais rápido. – Hoseok divaga, e todos concordam.
  – Quando começamos? – Namjoon pergunta para Taehyung.
  – O mais rápido possível. Apenas me deem algum tempo para falar com os outros vampiros, quero que eles vasculhem todas as cidades vizinhas atrás de vampiros; vamos fazer do jeito certo agora. Com certeza, existe mais de um traidor, e se encontrarmos Amia, encontramos o resto.
  – Não é perigoso demais fazer outra reunião, Taehyung? Já sabemos que existem vampiros nos traindo, e juntar todos em um lugar só vai aumentar as chances dos traidores vazarem nosso plano. – Jin fala seriamente para seu irmão mais novo.
  – A reunião vai acontecer aqui no castelo, e será só com os vampiros representantes.
  – Aqui no castelo? Mas e se um dos representantes for um traidor? Não é muito perigoso colocá-los aqui dentro? – Jimin pergunta.
  – Se qualquer informação dita na reunião vazar, então sabemos que um dos traidores é algum dos representantes. Isso vai facilitar as coisas.
  Acho que finalmente estamos farejando o nosso maldito lobo.

Capítulo 15
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