Drácus Dementer: Lycanthrope


Escrita porHels
Revisada por Natashia Kitamura


Capítulo 13

Tempo estimado de leitura: 11 minutos

  Meu pescoço começa a doer, me obrigando a acordar. Expiro pesado, desencostando minhas costas do assento da poltrona da qual passei a noite. Ele ficava no quarto de Wendy, que estava adormecida em sua cama, com Lilu dormindo do seu lado e Sally aos seus pés de um jeito atravessado na cama. Por sorte, na noite passada, Jimin não demorou para trazer um médico provavelmente hipnotizado, tendo em vista que o estado da minha irmã era grave demais e só as nossas ervas não ajudariam. Após uma avaliação e de trazer tudo que era preciso, o médico suturou minha irmã e passou alguns antibióticos para dor; ele também pediu que ela repousasse o máximo possível, enquanto esse machucado não melhorasse.
  Eu sei que normalmente sempre ajo como se fosse a irmã mais velha de Wendy, mas ontem eu passei longe de ser assim, a verdade é que eu queria ligar para nossa mãe dizendo que não sabia o que fazer. O sentimento de impotência me esmagou.
  Depois das coisas se acalmarem e toda minha raiva pelo que fizeram com a minha irmã "passar”, consegui pensar com um pouco mais de clareza. Ontem, quando conversei com Jimin, Blarie e Hoseok, eu estava preocupada em mostrar para Taehyung uma prova concreta das minhas ações até agora, mas depois do que aconteceu com a minha irmã e do bilhete (que já era do conhecido dele), eu não poderia mais fazer isso. As coisas mudaram, estão sempre mudando, os lobos nos forçam a mudá-las.
  Aproveitando que as minhas garotas ainda estavam dormindo, vou até o banheiro e lavo o rosto para acordar de vez; depois saio do quarto de Wendy e vou até à sala de jantar, onde encontro Skull preparando a mesa para o café. Brevemente o comprimento e pergunto se Taehyung estava no castelo, e ele informa que Taehyung estava em seu quarto. Skull também avisa sobre meu novo quarto, que todas as minhas coisas já foram levadas para lá.
  Como Amia destruiu meu quarto, precisei trocá-lo, e pensei que ficaria no mesmo corredor que as garotas, já que ali havia mais de quatro quartos, porém, Skull me disse que foi informado para preparar um quarto ao lado do de Taehyung, que deu essa ordem a ele. Aparentemente, depois de tudo, Taehyung queria que eu ficasse mais perto dele, assim ele poderia me vigiar caso eu sofresse mais um ataque dentro do castelo. A princípio, pensei em relutar e permanecer no corredor das garotas, mas ao levar em conta o estado da minha irmã, acho que pelo menos por enquanto, é melhor que eu seja um alvo afastado. Sei que o real interesse dos lobos está em mim e no Taehyung, e que Wendy foi um mero aviso para nos atingir (a mim mais do que Taehyung), então, acho que esse é o certo a se fazer por agora.
  Decidida e ansiosa para ter essa conversa com Taehyung, vou para o oitavo andar, onde seu quarto ficava. Parada em frente à porta dupla de madeira, encaro a que estava do lado: meu novo quarto. Suspiro. Dou leves batidas na porta e espero alguns segundos até que ela seja aberta por Taehyung, que estava tão parecido com o Taehyung de Upiór, o da vez em que ele interrompeu uma conversa minha com Blarie, na mansão, pedindo que ficássemos quietas para que ele pudesse dormir.
  Ele usava calças largas de um moletom preto e uma blusa fina e branca, tinha os pés descalços e seus cabelos não estavam tão alinhados como de costume. Por um momento, tenho um estranho sentimento de nostalgia que logo trato de mandar para longe.
  – Posso entrar? Eu queria conversar com você. – Sem dizer nada, ele apenas dá espaço para que eu entre em seu quarto que, apesar de ter as portas de vidro da sacada abertas, não iluminava muita coisa por conta dos tons escuros das paredes, cortinas e todo o resto.
  Taehyung fecha a porta e caminha até sua cama, se sentando na ponta, e eu faço o mesmo, ficando de frente para ele.
  Ele passa seus dedos com unhas pintadas de preto, por entre seus cabelos, bagunçando-os mais ainda, e levemente movimenta suas costas.
  Inspiro e expiro algo.
  – Eu disse pra mim mesma que seria sincera com você e é isso que eu vou fazer. – Falo mais para mim do que para ele.
  Taehyung permanece em silêncio, apenas me encarando com seus olhos escuros.
  – Não é só os vampiros que foram atacados pelos lobos... a igreja também foi. – Encolho os ombros, engolindo minha saliva em seco. – Depois de conversar com as garotas, chegamos à conclusão de que os lobos estavam jogando. Aquelas palavras nos corpos de Olivia, Peter e Zoe completavam as que estavam nos corpos das vítimas da igreja. Eles queriam saber se nos juntaríamos para descobrir o que significavam. – Seguro minhas mãos e as encaro. – Não é novidade alguma que nós temos que relatar para os nossos superiores o que estava acontecendo aqui, e eles não queriam que contássemos para vocês sobre as mortes na igreja.
  – E por que você está me contando então? – Taehyung pergunta com sua voz grave e grossa, mas em um tom calmo.
  Volto a encará-lo, não vendo nenhum resquício de raiva em seu rosto.
  Minha boca se abre e se movimenta, mas sem som. Expiro alto de novo.
  – Não importa o que eles querem. Estou fazendo isso por conta própria agora, Taehyung. Eu realmente não acho que possamos fazer isso sem a ajuda dos vampiros, e é por isso que eu estou te contando que amanhã, dia quatro de julho, ao Oeste de Bran, na igreja Santa Maria, você e eu devemos ir encontrar quem está por trás dos lobos. – Suspiro de alívio quando termino de falar, sentindo uma pequena parcela de todo esse peso ir embora.
  A expressão de Taehyung não muda, mas por estar tão próximo a ele e por ter a visão privilegiada de uma Van Helsing, consigo notar quando suas pupilas se dilatam.
  – Eu e as garotas estamos dispostas a intervir na invasão que a igreja pretende fazer amanhã. Depois do que aconteceu com a minha irmã, sei do jeito perfeito de fazer isso.
  Taehyung assente e se levanta da cama.
  – Esteja pronta amanhã de tarde. Nós iremos encontrar esse lobo.
  – Vamos sozinhos? – Me levanto também.
  – Não. Não podemos confiar neles. Vou pedir que os meus irmãos nos sigam de maneira discreta, se escondendo para que eles pensem que fomos sozinhos.
  – O castelo vai ficar desprotegido? Não posso deixar a minha irmã nesse estado aqui sozinha.
  – Suas amigas não vão ficar com ela? – Ele levanta as sobrancelhas.
  – Cuidar de alguém ferido e lutar contra lobos não deve ser muito fácil.
  Taehyung desvia seu olhar e encara um ponto qualquer por alguns segundos.
  – Vou pedir que alguns vampiros fiquem espalhados pela floresta da colina.
  – Obrigada. – Falo, sincera, e ele assente de novo.
  Com isso, deixo o quarto de Taehyung, sentindo que finalmente estava fazendo a coisa certa.
  Volto para o quarto de Wendy e fico lá até que todas acordem. E depois de perguntar pelo menos umas oito vezes se minha irmã estava bem, Lilu e eu fomos tomar café, enquanto Sally cuidava de Wendy.
  Não encontramos todos os irmãos na sala de jantar, nem mesmo Taehyung veio tomar café, mas, ao menos, consegui ver Jimin, Hoseok e Blarie, que disseram que após o café iriam até a cidade onde Jimin viu Amia.
  Tivemos um café da manhã até que agradável, tirando as trocas de insultos entre Lilu e Hoseok que, pelo menos por aquele momento, me fizeram esquecer a situação da minha irmã.
  Assim que os três vampiros partem em sua pequena missão, trato de avisar as garotas que agora era a nossa vez. Logo após levarmos o café para Sally e Wendy, peço que a de cabelos curtos e pretos cuide de minha irmã por algumas horas, pois Lilu e eu iriamos até à base do Padre impedir a invasão de amanhã.
  Quando terminamos de nos arrumar, Lilu e eu saímos do castelo. E durante o caminho até à saída da Transilvânia, expliquei para Lilu o que pretendia fazer. Agora, atenta aos taxistas do lugar, com desconfiança, paguei o que nos levou até nosso ponto, mas, no final, ele era apenas um humano.
  Juntas, Lilu e eu caminhamos pela estrada de terra e logo avistamos a base, que estava extremamente movimentada, com todos se preparando para o dia de amanhã.
  Fomos recebidas por Alef, que nos levou até o pequeno quarto onde o Padre Albert ficava. Ao nos ver, ele pediu que entrássemos e foi logo contando toda sua estratégia para invasão.
  Sentada na pequena cama de madeira, encaro Lilu com falso temor.
  – Padre, vamos ter que cancelar a invasão. – Digo, e o Padre que estava mexendo em sua escrivaninha, para, se virando e nos encarando com as sobrancelhas franzidas.
  – Como? Por quê? – Ele se aproxima, parando a nossa frente.
  – Ontem de noite, depois de sair daqui, Wendy foi atacada por lobos. Ela realmente está machucada, por isso não veio, Sally está cuidando dela. – Falo, e as sobrancelhas do Padre passam de franzidas para levantadas.
  – Os vampiros do castelo conseguiram capturar um dos lobos que atacou a Wendy, e ele confessou que tudo não passou de distração. Toda essa história de igreja Santa Maria é furada. O que eles queriam, era continuar atacando a gente. Wendy teve sorte, se não tivéssemos salvado ela dos lobos, ela com certeza... – Lilu passa a ponta de sua unha pelo pescoço enquanto faz um barulho com a boca, simulando morte.
  Em silêncio, o Padre nos encara com atenção, provavelmente, tentando “enxergar” através do que falávamos.
  – Desculpe não ter avisado nada para o senhor ontem. Eu estava desesperada, tivemos até que chamar um médio porque o que eles fizeram com a Wendy foi sério, mas, graças a Deus, ela está melhor. A partir de hoje vamos cuidar muito bem do machucado dela e usar todas aquelas ervas que o Vaticano nos enviou. Estou pedindo aos céus que ela se cure logo. – Falo a verdade.
  O Padre suspira alto.
  – Como que os vampiros não conseguem perceber essas constantes invasões? – O Padre pergunta em um tom de voz frustrado.
  – Nós já sabemos, Padre, descobrimos isso ontem. É alguma coisa sobre o sangue Valak. – Lilu fala, fazendo os olhos do Padre se arregalarem.
  – É claro, o sangue Valak. Céus, como eu pude me esquecer disso? É uma coisa que não escuto há tanto tempo que até me esqueci. – Ele coça a própria barba branca. – Isso quer dizer que tem mesmo um vampiro ajudando os lobos?
  Assinto.
  – Sim. Por isso precisamos adiar essa invasão e começarmos a procurar pelo traidor. O senhor não precisa se preocupar, vou dar um jeito do Taehyung fazer outra reunião de vampiros e nela vamos descobrir quem está ajudando os lobos. – Falo, determinada.
  O Padre acena positivamente.
  – Crianças, me deem licença. Preciso informar tudo ao Vaticano agora. – A frustração ainda era muito presente em sua voz.
  Lilu e eu nos levantamos da pequena cama de madeira.
  – Padre, nós vamos voltar para o castelo. Só viemos avisar mesmo. Não quero ficar muito tempo longe da minha irmã. Quero estar por perto caso aconteça mais alguma coisa. – Digo e o Padre acena de novo.
  Nós duas nos despedimos e saímos do quarto do Padre e da base, prontas para voltarmos para o castelo.
  Não sei se o Padre acreditou cem por cento no que falamos, mas para garantir que nada dê errado, peço para que Lilu fique o dia todo na base, amanhã. Ela tinha a missão de vigiar todos da igreja para se certificar de que eles não fariam a invasão, pois isso poderia estragar a minha ida com o Taehyung até à igreja Santa Maria. Ela também estava encarregada de impedir a invasão caso eles resolvam fazê-la mesmo depois do que falamos.
  Amanhã, quatro de julho, completaria cinco anos da lua de sangue, cinco anos da noite em que eu renasci de novo, cinco anos que Taehyung se tornou o Drácula. E amanhã também seria o dia em que o Taehyung e eu nos encontraríamos com o possível líder dos lobos, e nada pode dar errado; era o que eu esperava.

Capítulo 13
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