Drácus Dementer: Lycanthrope


Escrita porHels
Revisada por Natashia Kitamura


Capítulo 1

Tempo estimado de leitura: 19 minutos

  Esse lugar, a Transilvânia, trazia uma sensação completamente obscura, tudo aqui parecia ter parado no tempo, exatamente como Upiór. Porém, mesmo que seja antigo, tudo se tornava muito elegante, como se eu tivesse ido parar na era dos reis e rainhas. E levando em conta que, nesse exato momento, estou indo para um castelo (literalmente), talvez eu realmente tenha feito uma viagem no tempo.
  Mesmo que a noite esteja agradável, uma leve nevoa pairava sobre o ar, provavelmente por este lugar ser montanhoso. Durante o caminho até o castelo, percebo que minha equipe e eu não éramos as únicas indo para este baile, já que muitas outras pessoas estavam formalmente trajadas em ternos e vestidos, todo pegando o mesmo caminho.
  Uma familiar ansiedade que não me assolava há mais ou menos quatro anos se apossa de todo meu corpo nesse momento, me revirando completamente por dentro. Sinto minhas mãos soarem levemente, por isso, as movimento (abrindo e fechando) para tentar me livrar disso.
  Cheguei neste lugar há dois dias, e durante essas quarenta e oito horas, eu não paro de ter ideias idiotas sobre quem possa ter mandado aquela carta. Isso era surreal, e aqueles filhos de Henry, os irmãos, principalmente um em especial, tornavam os meus pensamentos em pesadelos acordados. Mas não era possível, pois sei que eles morreram naquele incêndio. Talvez seja algum outro vampiro, um novo sucessor de Drácula, querendo se vingar pelo que fizemos.
  Sei que foi completamente imprudente da minha parte viajar para Romênia sem antes avisar os meus superiores, mas, naquele momento, depois de ler aquela carta, eu simplesmente não consegui me controlar, eu me senti inquieta; eu precisava descobrir o real motivo por trás dessa carta.
  De qualquer forma, minha equipe e eu não pretendemos chamar atenção, iremos apenas investigar, para que assim, possamos relatar tudo ao Padre Albert que, se já leu minha mensagem, deve estar soltando fogo pelas ventas.
  Céus, estamos muito encrencadas, mas irei lidar com isso depois.
  Para que chegássemos em nosso destino, foi preciso subir uma pequena colina com chão de pedras lisas, que era cercada por árvores e mais árvores altas. Era como se tivessem desmembrado uma floresta para fazer esse caminho e o que estava no final dele.
  Não foi um caminho difícil, mas era um pouco cansativo, já que o local do baile era um pouco afastado do centro da cidade, ficando no ponto mais alto, sendo visto de qualquer lugar. Um grande símbolo que carregava inúmeras lendas.
  Quando a colina finalmente termina, a primeira coisa que vejo é um enorme muro de pedra em tamanhos, formas e desenhos esculpidos nas pedras, como uma construção que não parecia ser dessa era. Bem ao centro do muro, debaixo de um pequeno formato cruzado como se imitasse a parte da frente do telhado de uma casa, estava gravurado "Castelul lui Dracula".
  Eu finalmente havia chegado, esse era o lugar, o covil, o berço de todos os Dráculas que já passaram por esta terra.
  Minhas entranhas se reviram à medida que tenho a sensação de ser inundada por milhares de pequenos insetos que me deixam cada vez mais nervosa. Respiro fundo, sentindo três pares de olhos sobre mim, e sei que minha equipe está esperando que eu, literalmente, dê o primeiro passo.
  Mesmo nervosa, seguro na saia do meu vestido, erguendo-o um pouco, e começo a andar pelo chão cimentado que estava coberto por folhas vermelhas-alaranjadas. Escuto os passos das três que me acompanhavam atrás de mim e, assim, passamos pela pequena entrada que nos revelou a maior estrutura que já vimos em nossas vidas. Era enorme, majestoso, inigualável, era o Castelo do Drácula.
  Completamente espantada com tudo que vejo, continuo caminhando, indo em direção a uma pequena ponte de pedra curvada, que passava por cima de um claro e brilhante lago calmo que, no final, deu direto para um jardim formado por relevos de grama e gárgulas. Um pequeno caminho no centro de tudo isso, nos levou para a frente do castelo, que mais parecia uma arranha-céu de tão alto, e confesso que chegava a dar um pouco de medo. Eram inúmeras torres com tetos pontiagudos, inúmeras janelas de vitrais vermelhos, o lugar era de dar arrepios.
  Havia algumas sessões de escadas até que conseguíssemos entrar na mansão, então, tivemos que subir alguns degraus em direção reta, depois virar mais alguns para a direita e subir uns últimos para cima e reto, de novo. A grande porta de entrada estava aberta, e os convidados entravam despreocupadamente e, sem saber muito bem o que fazer, nós quatro acabamos por seguir os que estavam na frente. E com isso, passamos por um longo hall com um tapete vermelho no chão e espelhos nas paredes. Quando saímos do hall, entramos em um espaço enorme preenchido por pilastras desenhadas e por diversas escadas curvadas que levavam para outros lugares do gigantesco castelo.
  Um mordomo mascarado já nos esperava, pronto para nos mostrar o restante do caminho. Ele nos indica o lado esquerdo, nos fazendo passar por debaixo de uma das escadas curvadas. Depois, ele para em frente a uma porta dupla e a empurra para dentro, revelando o maior salão de bailes que eu já havia visto em toda a minha vida. Isso aqui deve ser maior que a casa que divido com a minha equipe; definitivamente era muito maior.
  Pessoas bem vestidas estavam por toda parte, dançando no meio da música alta clássica. Suas identidades estavam preservadas pelas máscaras, enquanto se deliciavam com as taças de líquidos vermelhos. Mordomos e empregados estavam por toda parte, servindo bebidas e comidas em bandejas que pareciam ser de ouro, ao menos, a cor era bem semelhante.
  Esse lugar me traz uma sensação mais obscura do que andar nas ruas da Transilvânia. Todas essas pessoas mascaradas que eu sei que não são pessoas, porque o grande número deve ser dos vampiros, os Drácus Dementers.
  Se eu não fosse uma Van Helsing e não pudesse sentir a presença dessas criaturas, isso aqui se tornaria muito difícil.
  As garotas param ao meu lado, bem no momento em que um dos mordomos passa com uma bandeja repleta de taças com líquidos avermelhados. Sem pestanejar, Lilu pega uma das taças sobre a bandeja, pronta para beber, mas eu a impeço, tomando a taça de sua mão quando estava perto o suficiente de sua boca coberta por um batom escuro.
  – Você aceitaria uma taça de vinho? – Sorrindo, pergunto para uma mulher de cabelos curtos que passava do meu lado.
  – Claro. Obrigada. – Ela sorri e pega a taça.
  – Não foi nada. – Aceno com a cabeça e ela sai.
  Me viro para minha equipe, encarando Lilu - agora carrancuda - com desaprovação.
  – Não vamos beber e nem comer nada, entenderam? Não sabemos se colocaram alguma coisa, é arriscado. – Falo, séria, e Lilu revira os olhos.
  – Então, por que você deu pra ela? – Lilu aponta para trás de mim, onde a mulher de cabelos escuros estava.
  Por um segundo, a espio pelo canto de olho.
  – Ela vai ficar bem. Não se preocupe. – Digo, sabendo que aquela mulher estava longe de ser uma humana.
  – Não começa. – Sally diz para Lilu, quando ela cruza os braços, ainda mantendo a carranca.
  Lilu a encara com falso desprezo, só para provocar, mas depois suspira, balançando as mãos no ar, enquanto revira os olhos outra vez, se dando por vencida.
  – Vamos repassar o plano rapidinho? – Wendy pergunta baixo, ao lado de Sally, que estava no meio das três paradas na minha frente.
  Assinto, em concordância.
  – Nós vamos nos separar. Tentem mandar todos os humanos que puderem pra casa, mas sejam discretas, não podemos arranjar confusão, ok? – Pergunto baixo, mas elas só assentem, olhando para alguma coisa atrás de mim.
  Curiosa, me viro, vendo um garoto alto e jovem, de pele pálida e cabelos pretos, parado atrás de mim, me encarando atrás de sua máscara, com um sorriso descoberto.
  Com uma mão escondida atrás do próprio corpo, ele estende a outra em minha direção.
  – Eu poderia tirar essa bela dama para dançar? – Com sua mão estendida, ele continua me encarando.
  – Hm... eu não sei dançar, me desculpe. – Sorrio forçado, tentando me livrar dele.
  – Não se preocupe com isso. – Delicado, ele segura em minha mão e me puxa sutilmente para dançar com ele, me levando por entre as pessoas do baile.
  Por cima dos ombros, procuro por minha equipe que continua parada no mesmo lugar.
  Quando estava pronta para insistir em minha desculpa, o garoto de cabelos pretos para de andar e me vira de frente para ele, colocando sua mão livre em minhas costas, trazendo meu corpo para perto do seu.
  Mantendo seu galante sorriso, ele começa a nos movimentar de um lado para o outro, e apenas por encarar seus olhos cor de âmbar, não consigo ir embora. Havia algo muito sombrio sobre isso, era como estar conectado, não conseguindo fugir mesmo querendo.
  Seus cabelos estavam propositalmente bagunçados de um jeito arrumado, com as laterais sendo mais baixas do que os medianos fios da parte de cima da sua cabeça, com algumas mechas caindo sobre sua testa. O seu terno era preto, assim como a blusa de gola alta que ele usava por baixo, deixando em destaque seu colar de prata sobre a gola da blusa. Suas orelhas eram furadas, as duas carregando pequenos brincos da cor preta, também.
  Os olhos cor de âmbar piscavam lentamente, sustentando o nosso contato visual, e seus lábios nem tão finos, não abandonavam o sorriso que o fazia se tornar mais charmoso a cada segundo.
  A mão que estava sobre os meus cabelos que cobriam minhas costas, permanece imóvel, enquanto a outra mão tentava deixar seu toque sempre leve, não apertando minha mão.
  Nossos corpos iam de um lado para o outro, dançando entre todas as outras pessoas ao nosso redor. E minha cabeça ficava emitindo a mesma mensagem "Elena, você deve fazer o que veio fazer", mas era impossível me afastar desse garoto agora, eu não entendo e nem consigo.
  Suspiro quando a temperatura do meu corpo fica oscilando entre quente e gelado, como se um ventilador estivesse apontado em minha direção, emitindo um vento frio, mas que toda vez que o ventilador girava, o calor voltava no mesmo instante.
  Mais alguns passos e a música se aproximava do fim, fazendo, assim, nosso ritmo se tornar lento até que parasse. O garoto de cabelos pretos retira sua mão das minhas costas e, em seguida, beija minha mão esquerda, bem próximo ao anel de pedra vermelha que estou usando.
  – Foi um prazer dançar com você. – Ele se curva rapidamente, e depois começa a se afastar.
  – E-Espera! – Digo um pouco alto, o fazendo parar. – Qual o seu nome? – Pergunto, e ele sorri antes de me deixar sem uma resposta.
  Quando mais um suspiro escapa de minha boca, chacoalho minha cabeça, tentando voltar ao normal.
  Eu preciso me concentrar.
  Olho em volta em busca da minha equipe, e acabo vendo Sally relativamente perto de onde eu estava. Ela dançava com um garoto, mas seus olhos estavam em mim, e quando percebe que eu a encaro de volta, Sally aponta discretamente com a cabeça para alguém que estava ao seu lado.
  Uma garota de vestido acinzentado e cabelos presos, estava com um homem que parecia um pouco mais velho que ela. Ele cheirava e beijava seu pescoço, inúmeras vezes, não tendo pretensão de se afastar dali.
  Volto a encarar Sally e, quase que imperceptivelmente, assinto para ela, mostrando que entendi.
  Com passos rápidos, me aproximo dos dois, fazendo o homem mais velho se afastar do pescoço da garota, para me olhar. E mesmo com uma máscara branca, eu consigo perceber quando ele arqueia as duas sobrancelhas como se perguntasse "o que você quer?".
  – Se não for incômodo, eu gostaria de dançar um pouco com ela. – Sorrio para o homem, que não parece gostar nenhum pouco da minha ideia.
  Sem esperar por uma resposta sua, eu simplesmente seguro na mão da garota e a puxo para longe dele, o fazendo assumir uma postura defensiva, como um gato arisco.
  – É só uma música, poxa. – Forço uma feição desapontada. E parecendo irritado, o homem simplesmente se vira para nós e vai em busca de uma nova presa.
  Me viro para a garota e a seguro em uma posição de dança, logo depois procurando Sally de novo para indicar o homem que saiu. Ela entende o recado e se afasta do garoto com quem dançava, e vai atrás do homem para vigiá-lo e impedi-lo de atacar outro humano.
  Olho para a garota com quem eu dançava, percebendo que seus olhos, apesar de estarem em mim, estavam completamente vidrados, ela nem piscada; estava hipnotizada.
  Apreensiva, passo os olhos pelas demais pessoas no salão, me sentindo um pouco paranoica com isso agora, como se finalmente conseguisse ver quem precisa de ajuda.
  Lilu e Wendy surgem em meu campo de visão, ambas se aproximando de mim enquanto dançam. Não perco tempo, e com a mão que estava nas costas da garota de olhos vidrados, aponta pra ela mesma, para que Lilu e Wendy percebam o que eu quero.
  Com um sorriso positivo de Lilu, ela abre sua mão que estava junto da de Wendy, me mostrando um pequeno frasco de Erva-Amarela. E tanto elas quanto eu, começamos a nos aproximar em passos de dança, comigo sempre tendo que puxar a garota em direção as outras duas. E com um afastar e um giro, jogo a garota nos braços de Lilu, em seguida, iniciando uma dança com Wendy.
  Atenta, fico observando Lilu e a garota, sobre os ombros de minha irmã. Discretamente, Lilu coloca sua mão que segurava o frasco de Erva-Amarela, sobre a lateral do braço da garota, usando a pequena agulha escondida dentro do frasco, para injetar o líquido. Depois, Lilu aproxima seu rosto do pescoço dela, e sussurra alguma coisa que faz a garota se afastar um pouco assustada, a encarando por alguns segundos antes de sair apressada do salão.
  Nos saímos bem. Se nos mantermos assim, tudo dará certo.
  – Ela conseguiu. – Aviso Wendy, que sorri e assente.
  – Vamos continuar assim? – Minha irmã pergunta, enquanto dançamos.
  Olho em volta.
  – Ficaríamos a noite toda fazendo isso e não conseguiríamos livrar todos os humanos, tem muita gente nesse lugar. Nós precisamos nos separar.
  – E o que você quer fazer?
  – Nós duas vamos sair desse salão e vamos procurar por alguma coisa nesse castelo. A Lilu e a Sally ficam aqui, tentando livrar mais alguns.
  Nosso real objetivo é descobrir quem está por trás das cartas, e se passarmos a noite inteira preocupadas com os humanos, no final não teremos nada. Por isso, penso que esse é o melhor jeito de fazermos as duas coisas.
  Wendy concorda, e paramos de dançar, indo até Lilu e contando sobre o plano. Ela diz que vai atrás de Sally para que as duas trabalhem juntas aqui. E com isso, minha irmã e eu saímos do salão, voltando ao espaço com escadas e pilastras.
  Peço que Wendy tome cuidado, e que se encontrar qualquer coisa suspeita, ela deve retornar ao salão e avisar as outras. Nada de agir sozinha essa noite, não queremos chamar atenção.
  Sempre atenta para saber se não estou sendo vigiada, acabo indo para o lado contrário do salão, abrindo uma outra porta que também ficava embaixo de uma das escadas curvadas. Sem fazer barulho, passo para o outro lado, dando em um extenso corredor coberto por um similar tapete vermelho do hall.
  Em um dos lados do corredor, havia uma parede clara e limpa, e do outro, janelas que davam vista para o lado de fora. Por estar de noite, eu não conseguia ver muito mais do que árvores do lado de fora.
  E em silêncio, mas atenta, começo a caminhar pelo corredor vazio, escutando apenas o baixo ressoar dos meus saltos abafados pelo tapete vermelho. Com a mão esquerda, procuro pela pulseira de Erva-Marrom escondida debaixo da manga do vestido, me certificando de que ela estaria ali para esconder a minha presença.
  O final do corredor era escuro, sendo fracamente iluminado pela luz que atravessava as janelas do corredor. Paro e observo o que eu deveria fazer agora. Ao meu lado esquerdo havia uma escada para outro andar e, à minha frente, uma abertura de porta, mas sem porta.
  Preparada para qualquer coisa, começo a caminhar em direção à abertura sem porta, vendo de longe, nada além da escuridão do outro lado, e isso foi o que despertou minha curiosidade para saber o que poderia estar escondido ali.
  Um arrepio causado por uma inesperada sensação de frio corre por toda minha espinha, me fazendo parar de andar. Ainda encarando a abertura escura, meu corpo fica tenso quando sinto uma segunda presença junto da minha. Tudo estava em silêncio, e meu coração se encarrega de preencher os meus ouvidos com batidas ansiosas, fazendo minhas mãos voltarem a suar e minhas entranhas se revirarem.
  Abro a boca e, silenciosamente, respiro fundo, antes de me virar e descobrir quem estava comigo.
  – Eu sabia que você viria.
  Meus olhos se arregalam, e dou dois passos para trás, fechando minhas mãos em punhos quando elas parecem querer tremer. E se antes minha boca estava aberta para respirar fundo, agora ela estava aberta em descrença. Tenho vontade de coçar os olhos para descobrir se não estou alucinando, mas meu corpo está chocado demais para fazer isso.
  Os olhos castanho-escuros me encaram em meio a alguns frios brancos de cabelos, enquanto os lábios avermelhados me ofereciam um sorriso insolente, revelando parcialmente seus dentes alinhados e brancos. A pele pálida que parecia uma porcelana, estava debaixo de uma blusa preta de botões dourados e relevos semelhantes a babados, com um colete preto por cima. Os longos brincos que adornavam suas orelhas furadas, cintilavam sob a fraca luz das janelas.
  O seu perfume de flores e sangue me deixava tonta, completamente inebriada, como uma bêbada repleta de alucinações.
  – Já tem um bom tempo. – Sua voz rouca e grave, quase faz as minhas pernas tremerem por debaixo do meu vestido aveludado.
  – C-Como você pode estar vivo? – Pergunto, incrédula.
  Sua cabeça se inclina um pouco para o lado, fazendo um de seus brincos penderem e seus cabelos acompanharem o motivo.
  Seus olhos me encaram de cima a baixo, e mais um sorriso surge em seus lábios perfeitamente delineados com uma pequena pintinha no canto inferior.
  – Você por acaso me viu morrer? – Suas palavras eram sombriamente zombeteiras, assim como seu sorriso, enquanto ele arqueava as duas sobrancelhas. Talvez para ele, isso seja engraçado de alguma forma.
  Calmamente, ele dá dois passos em minha direção, e leva uma das suas mãos com unhas pintadas de preto em direção ao meu pescoço, afastando todo o cabelo que estava ali. Suas pupilas se dilatam quando ele vê minha pele desnuda. E com a ponta dos dedos, ele toca o local que sei estar marcado por duas pequenas marcas de presas.
  Afasto sua mão do meu pescoço, e dou mais dois passos para trás.
  – Como é que você está vivo, Taehyung? – Minhas palavras eram uma mistura de exaspero, descrença e começo de uma irritação.
  Sem dizer nada, ele apenas enfia as mãos para dentro dos bolsos das calças pretas.
  – Você deveria saber que um Drácula não morre tão facilmente. – A resposta não vem de Taehyung, e sim, da pessoa que estava descendo as escadas atrás dele.
  Yoongi.
  Calmamente, e com uma das mãos para dentro de um dos bolsos, como Taehyung, ele desce todos dos degraus, até que estivesse ao lado de seu irmão mais novo e mais alto.
  – Me deixe ser o primeiro a te parabenizar por seu noivado. – Com os olhos preguiçosamente pouco abertos, Yoongi diz.
  Meu cenho se franze, o encarando abstrusa.
  – Do que você está falando?
  Com a mão que estava fora do bolso, Yoongi segura a minha mão esquerda.
  – Este é um anel muito especial, do tipo que só uma das noivas de um Drácula usa. E se você veio até esse baile com esse anel, é porque aceitou o pedido de casamento do Taehyung.
  Yoongi solta a minha mão, enquanto encaro atônita o anel de pedra vermelha que estava no meu dedo anular.
  Olho para Taehyung, que sorri de maneira cínica e arqueia uma das sobrancelhas. Ele estava adorando isso, eu sei que sim.
  – Foi você que me mandou? – Espantada, pergunto para ele, que não responde. – Você só pode estar brincando comigo. – Passo a mão pelo rosto, retirando a máscara e a jogando no chão.
  Me tornando exasperada no segundo seguinte, tento puxar o anel para fora do meu dedo, mas ele não sai, estava entalado. Sua auréola só rodava, mas não saia do meu dedo.
  Yoongi encara Taehyung de maneira significativa que só eles entendem, e depois ri nasalado, antes de passar por mim e entrar na abertura escura que eu estava prestes a espiar antes de tudo isso acontecer.
  – Eu devo pedir que preparem um quarto pra você? A não ser que a minha noiva queira ficar no meu quarto... comigo. – Suas palavras se arrastam com insolência.
  Completamente descreditada, me calo, e Taehyung vê isso como um convite para se aproximar, deixando seu rosto próximo do meu pescoço, fazendo seu nariz tocar minha pele, antes que ele inspire profundamente.
  – Tão doce quanto eu me lembro. – Ele sussurra.
  Meu corpo treme quando sua voz soa perto da minha orelha, mas consigo empurrá-lo para longe. Taehyung ri, e passa a mão pelos cabelos, me olhando de forma sombria.
  As batidas aceleradas do meu coração são um aviso de alerta para que eu desperte e consiga correr para bem longe de Taehyung, voltando pelo mesmo caminho que vim, enquanto tento a todo custo tirar essa droga de anel do meu dedo.

Capítulo 1
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