Dezembro, Lembranças e Neve


Escrita porBetiza
Editada por Lelen


TERCEIRO CAPÍTULO

Tempo estimado de leitura: 28 minutos

  Portsmouth, New Hampshire, 19 de Dezembro de 2024:

  O despertador tocou pontualmente às sete da manhã, preenchendo o quarto com seu som irritante. %Ágata% estendeu a mão para desligá-lo, ainda com os olhos fechados. Depois de um suspiro pesado, abriu os olhos, encarando o teto do pequeno quarto.
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  Ela não tinha dormido bem. As imagens da noite anterior — o bilhete, o livro, o homem misterioso — insistiam em invadir seus sonhos e transformá-los em um emaranhado confuso de emoções e lembranças.
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  “Mais um dia,” murmurou para si mesma, jogando as pernas para fora da cama.
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  Vestiu um suéter grosso, calças confortáveis e foi direto para a cozinha. Preparou uma xícara de café rápido e comeu uma torrada enquanto olhava pela janela. O mundo lá fora parecia mais tranquilo do que o caos que sentia por dentro.
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  Assim que terminou o café, pegou suas coisas e saiu. O ar frio da manhã a recebeu com um golpe gelado, mas ela nem se incomodou. Caminhou apressada pelas ruas decoradas com guirlandas e luzes, as vitrines exibindo promoções de última hora para o Natal.
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  Quando a livraria surgiu em seu campo de visão, %Ágata% sentiu o corpo inteiro enrijecer. Ela não sabia o que esperava encontrar lá, mas, ao se aproximar, viu algo que fez seu coração dar um salto.
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  Ele estava lá.
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  Encostado na porta de vidro, o homem misterioso parecia completamente à vontade, como se aquele fosse o lugar mais natural para estar. Ele usava o mesmo sobretudo escuro da noite anterior, e a mala ainda estava ao seu lado, como se não tivesse saído dali desde que a vira pela última vez.
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  %Ágata% parou a poucos passos de distância, o coração disparado.
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  — O que você está fazendo aqui? — perguntou, sua voz mais áspera do que pretendia.
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  O homem ergueu o olhar para ela, os olhos claros brilhando com algo que parecia... diversão?
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  — Bom dia para você também, %Ágata%. — respondeu ele, ignorando o tom dela.
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  Ela franziu o cenho.
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  — Você não respondeu minha pergunta.
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  Ele deu de ombros, como se a resposta fosse óbvia.
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  — Eu disse que voltaria.
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  — E você achou que a melhor hora para isso era logo de manhã cedo?
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  O homem sorriu de lado, um sorriso pequeno e enigmático.
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  — Às vezes, certas conversas não podem esperar.
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  Ela revirou os olhos e destrancou a porta, empurrando-a para dentro.
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  — Entre logo, antes que alguém ache que você está acampando aqui.
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  Ele pegou a mala e seguiu-a para dentro. %Ágata% não olhou para trás enquanto ligava as luzes e ajeitava algumas coisas no balcão, mas sentia o olhar dele a acompanhando.
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  — Então? — disse, virando-se para encará-lo. — O que você quer agora?
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  Ele colocou a mala ao lado do balcão e cruzou os braços.
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  — Quero ajudar você a encontrar as respostas que procura.
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  %Ágata% soltou uma risada curta, sem humor.
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  — Respostas? Você não sabe nada sobre mim.
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  — Eu sei mais do que você imagina… — retrucou ele, os olhos fixos nos dela.
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  Por um momento, %Ágata% ficou sem palavras. Algo na voz dele, na forma como ele falava, fazia parecer que não era apenas uma conversa trivial. Havia algo maior ali, algo que ela não conseguia nomear.
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  — Seja como for — ela disse, tentando recuperar o controle. — Eu tenho um trabalho a fazer. Se não vai comprar um livro ou me explicar exatamente o que está acontecendo, sugiro que vá embora.
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  Ele inclinou a cabeça, como se estudasse cada palavra que ela dissera.
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  — E se eu disser que o que está acontecendo aqui tem tudo a ver com você?
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  %Ágata% sentiu a garganta secar, mas manteve a expressão neutra.
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  — Acho que você precisa parar de falar em enigmas e ir direto ao ponto.
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  O homem abriu a mala, puxando um envelope grosso e desgastado. Ele o colocou sobre o balcão entre eles e olhou para ela com seriedade.
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  — Tudo o que você precisa saber está aqui… — disse ele, empurrando o envelope em sua direção.
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  %Ágata% olhou para o objeto com hesitação. O que quer que estivesse ali, sabia que iria mudar tudo.
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  — Por que eu? — perguntou, sua voz saindo quase em um sussurro.
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  Ele sorriu de lado novamente, mas dessa vez havia algo de suave em seu olhar.
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  — Porque você é a única pessoa que pode resolver isso.
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  %Ágata% desviou o olhar do envelope e decidiu ignorá-lo — e ao homem também.
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  Sem dizer mais nada, ela começou sua rotina habitual: pendurou o casaco no gancho atrás do balcão, girou a placa de "Fechado" para "Aberto" na porta e ajustou a iluminação da livraria. Tudo isso com passos firmes e movimentos calculados, tentando deixar claro que não estava interessada em continuar aquela conversa.
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  — Você não pode simplesmente entrar e agir como se fosse dono do lugar… — disse, quando percebeu que ele a seguira sem o menor sinal de constrangimento.
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  O homem olhou ao redor, ignorando completamente a repreensão dela. Passou os olhos pelas prateleiras abarrotadas de livros, inclinando a cabeça como se estivesse avaliando cada detalhe.
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  — Você não acha que está escuro demais aqui? — comentou, caminhando até uma luminária de canto e a ajustando, sem pedir permissão.
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  — Ei !— %Ágata% largou os papéis que começava a organizar no balcão. — Quem você pensa que é para mexer nas minhas coisas?
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  Ele se virou para ela com um sorriso que beirava a provocação.
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  — Estou só ajudando. Luz é essencial para criar um ambiente acolhedor, sabe?
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  %Ágata% cruzou os braços, encarando-o com uma mistura de irritação e descrença.
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  — Eu não pedi ajuda.
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  — Talvez você devesse — respondeu ele, sem perder o tom calmo e confiante. Em seguida, caminhou até o balcão e começou a reorganizar um pequeno expositor de marcadores de página que estava ali.
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  — Você é sempre assim? Invade espaços, faz o que bem entende e espera que as pessoas agradeçam?
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  Ele riu baixo, mas não respondeu de imediato. Continuou ajustando o expositor até que parecesse satisfeito com o resultado, então ergueu o olhar para ela.
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  — Na verdade — começou — Só estou tentando tornar seu dia um pouco mais interessante.
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  — Interessante? — Ela arqueou uma sobrancelha. — Se sua ideia de interessante é me deixar ainda mais irritada, então parabéns, está funcionando.
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  — Ah, irritação é só o primeiro estágio… — disse ele, dando de ombros. — Logo você vai perceber que estou aqui para ajudar.
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  %Ágata% soltou um suspiro exasperado e pegou um bloco de notas, tentando ignorar a presença dele. Mas era impossível. O homem parecia ter decidido que fazia parte da livraria — ou talvez da vida dela.
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  Enquanto ela tentava anotar algumas coisas, ele continuou andando pelo espaço, tocando os livros, ajeitando objetos, e até limpando um pequeno resquício de poeira de uma prateleira com os dedos.
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  — Você tem algum problema com limites? — perguntou, sem conseguir evitar.
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  Ele sorriu de canto e respondeu sem olhar para ela:
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  — Só os estabelecidos por quem não quer mudanças.
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  %Ágata% revirou os olhos, mas algo na resposta dele a fez se calar.
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  Ela decidiu que a melhor estratégia era ignorá-lo completamente. Se aquele estranho queria bancar o decorador de livraria, que o fizesse. Ela pegou a pilha de papéis que havia deixado sobre o balcão no dia anterior e começou a revisar algumas anotações de vendas. Sua mente insistia em desviar para a presença invasiva dele, mas ela se forçou a focar nos números.
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  Alguns minutos se passaram, e o ambiente estava estranhamente silencioso. Quando finalmente ergueu os olhos, percebeu que ele a estava observando. Não com aquele ar de provocação que usara antes, mas de maneira intensa, como se estivesse tentando decifrá-la.
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  — Você poderia ao menos me dizer o seu nome? — perguntou, tentando esconder o desconforto que sentiu sob aquele olhar.
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  Ele hesitou, os lábios se curvando levemente em um sorriso quase imperceptível, como se considerasse se deveria ou não responder. Depois de um breve instante, falou:
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  — %Taehyun%. — Sua voz era calma, mas firme. — Pode me chamar de %Taehyun%…
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  %Ágata% estreitou os olhos, analisando-o. Algo na maneira como ele disse seu nome parecia calculado, como se houvesse muito mais por trás daquela apresentação simplória.
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  — Certo, %Taehyun% — respondeu ela, com um tom ligeiramente irônico. — E o que exatamente você está fazendo aqui? Porque, até onde sei, invadir livrarias alheias e mexer em tudo não faz parte do comportamento padrão de um turista.
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  Ele deu de ombros, as mãos nos bolsos do casaco.
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  — Talvez eu não seja um turista padrão.
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  — Ah, que original. — Ela revirou os olhos e voltou a focar nos papéis, mas sentiu que ele sorria novamente, como se tivesse gostado da resposta.
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  %Taehyun% se aproximou de uma das prateleiras próximas ao balcão e começou a passar os dedos pelas lombadas dos livros, parecendo à vontade demais para alguém que acabara de se apresentar.
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  — Você não tem nada melhor para fazer? — perguntou ela, sem desviar os olhos do que estava escrevendo.
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  — Não… — respondeu simplesmente. “lE você?
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  Ela largou a caneta, fechando os olhos por um segundo para não perder a paciência.
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  — Olha, eu não sei o que você quer, mas se for um livro específico, posso ajudá-lo a encontrar. Caso contrário, sugiro que vá embora.
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  %Taehyun% não respondeu imediatamente. Ele tirou um livro da prateleira e o abriu, folheando as páginas como se estivesse absorvendo cada palavra, antes de finalmente dizer:
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  — Talvez eu esteja aqui pelo que você ainda não sabe que está procurando.
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  %Ágata% se virou para ele, a expressão fechada.
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  — Você gosta de falar por enigmas, não é? Muito conveniente para alguém que nem deveria estar aqui.
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  Ele fechou o livro com calma e devolveu-o à prateleira.
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  — Enigmas são divertidos. Não acha?
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  Ela bufou, frustrada, e voltou a ignorá-lo, mas sentia que aquilo era apenas o início de algo que ela ainda não conseguia compreender.
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❄️❄️❄️

  O restante do dia de %Ágata% tomou um rumo completamente inesperado, como se a presença de %Taehyun% tivesse alterado o curso habitual das coisas.
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  Logo após a breve troca de palavras, o sininho da porta da livraria começou a soar com uma frequência incomum para uma manhã de meio de semana. Um grupo de adolescentes entrou primeiro, rindo alto enquanto procuravam livros de fantasia. Depois, um casal de meia-idade apareceu em busca de um presente de Natal.
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  %Ágata%, ainda intrigada com %Taehyun%, mal teve tempo para refletir. Ela estava ocupada demais procurando edições específicas nas prateleiras, ajudando clientes a escolher marcadores personalizados e lidando com pagamentos.
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  %Taehyun%, para sua surpresa, não ficou apenas observando. Sem ser solicitado, começou a ajudar. Ele orientava clientes sobre livros como se fosse um funcionário da loja, sabia recomendar gêneros com facilidade e até organizava as filas que se formavam perto do balcão.
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  Em um momento, %Ágata% tentou repreendê-lo.
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  — Eu não me lembro de ter contratado você.
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  Ele respondeu com um sorriso calmo:
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  — Considere isso uma cortesia.
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  Apesar do incômodo inicial, ela não teve tempo para insistir na conversa. A livraria estava cheia como não ficava há anos. Entre risos, conversas animadas e sacolas cheias de livros indo embora com novos donos, %Ágata% notou que o movimento era quase mágico.
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  Quando o relógio finalmente marcou 18h, ela se apoiou no balcão, exausta, mas com um leve sorriso no rosto. O dia atípico tinha sido cansativo, mas surpreendentemente produtivo.
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  %Taehyun%, que estava ajustando uma pilha de livros perto da entrada, olhou para ela e comentou:
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  — Nada mal para uma terça-feira, não acha?
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  %Ágata% suspirou, relutante em admitir.
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  — Eu nem sei o que aconteceu hoje. Foi como se...
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  — Como se algo diferente estivesse no ar? — Ele completou a frase antes que ela pudesse.
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  Ela o encarou, desconfiada, mas antes que pudesse perguntar algo, o sino da porta tocou novamente. O último cliente do dia entrou, e %Ágata% foi atender, deixando %Taehyun% mais uma vez como um enigma sem solução.
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❄️❄️❄️

  Com o sino da porta anunciando a saída do último cliente, %Ágata% sentiu o peso do dia atípico finalmente cair sobre seus ombros. A livraria estava uma bagunça controlada — livros fora do lugar, embalagens abertas e o balcão coberto de anotações e recibos.
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  %Taehyun%, sem que ela precisasse pedir, já estava ajudando a reorganizar tudo. Ele ajeitava as pilhas de livros com uma naturalidade irritante, como se aquele fosse seu lugar desde sempre.
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  — Você leva jeito, vou admitir. — %Ágata% comentou, enquanto recolhia algumas embalagens do chão.
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  — Eu sou bom com livros — ele respondeu com um sorriso despreocupado, ajeitando a última prateleira.
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  Quando terminaram de arrumar o básico, %Ágata% limpou as mãos em um pano e se virou para ele, cruzando os braços.
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  — Certo, %Taehyun%. Se eu fosse mesmo considerar contratar você, eu precisaria fazer uma entrevista. Não acha?
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  Ele levantou as sobrancelhas, surpreso, mas logo abriu um sorriso divertido.
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  — Uma entrevista?
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  — É assim que as coisas funcionam, sabia? Não basta aparecer e começar a trabalhar como se a livraria fosse sua.
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  %Taehyun% deu um passo em direção ao balcão, apoiando-se casualmente nele.
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  — Então que tal um jantar... e uma entrevista?
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  %Ágata% piscou, sem saber se ele estava brincando ou falando sério. A proposta foi inesperada, mas, ao mesmo tempo, algo em sua voz fez com que ela hesitasse.
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  — Um jantar? — Ela repetiu, tentando manter o tom indiferente.
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  Ele apenas sorriu, enigmático como sempre, e ajeitou o cachecol antes de caminhar em direção à porta.
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  — Pense nisso… — disse antes de abrir e sair para a noite fria, deixando %Ágata% parada no meio da livraria, sem saber se estava mais intrigada ou irritada com aquele homem misterioso.
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  %Ágata% trancou a porta da livraria, guardando a chave no bolso do casaco enquanto a noite fria envolvia o centro da cidade. Quando se virou para atravessar a rua, viu %Taehyun% parado do outro lado, encostado em um poste, iluminado pelas luzes natalinas. Ele parecia estar esperando por ela, com aquele sorriso leve que já começava a deixá-la inquieta.
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  Ela hesitou por um instante, mas então atravessou a rua com passos firmes. Ao se aproximar, cruzou os braços, tentando manter uma postura defensiva.
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  — Tudo bem — disse, finalmente, parando a poucos passos dele. — Vamos fazer isso. Jantar e entrevista.
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  %Taehyun% arqueou uma sobrancelha, claramente divertido.
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  — Ótima escolha — respondeu, com um tom calmo que a irritava levemente.
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  — Não pense que isso significa algo — apressou-se a acrescentar, apontando um dedo na direção dele. — É só porque quero entender que tipo de pessoa acha que pode invadir minha vida desse jeito.
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  Ele riu baixinho, o som quente e despreocupado.
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  — Entendido. Apenas um jantar e uma entrevista.
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  %Ágata% bufou, ainda incerta sobre sua própria decisão.
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  — Tem uma pizzaria ali na esquina. Vamos resolver isso logo.
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  — Agora? — perguntou %Taehyun%, surpreso, mas logo abriu um sorriso mais largo. — Perfeito.
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  Sem esperar uma resposta, ele a seguiu enquanto ela caminhava na direção indicada. A pizzaria tinha uma atmosfera aconchegante, com mesas de madeira e enfeites de Natal discretos. %Ágata% escolheu uma mesa no canto, longe da movimentação.
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  — Não se sinta confortável demais — disse ela, sentando-se e cruzando os braços.
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  %Taehyun% puxou a cadeira oposta, sentando-se com uma naturalidade que a desconcertava.
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  — Então, por onde começamos? — perguntou ele, com um olhar travesso.
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  — Eu faço as perguntas — retrucou %Ágata%, erguendo o cardápio para esconder o rosto por um momento.
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  Enquanto eles esperavam pela comida, a conversa oscilou entre perguntas práticas e comentários mordazes. Apesar de sua relutância inicial, %Ágata% não pôde deixar de notar como ele parecia saber exatamente o que dizer para quebrar suas defesas, mesmo que apenas por alguns instantes.
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  Conforme o jantar avançava, a livraria e o cansaço do dia ficaram temporariamente em segundo plano. Havia algo em %Taehyun%, algo que ela não sabia se queria compreender ou simplesmente ignorar, mas que, de qualquer forma, fazia com que aquele jantar parecesse menos uma entrevista e mais um enigma esperando para ser desvendado.
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  O jantar prosseguia em um silêncio quase confortável. O som ambiente da pizzaria — risadas baixas, talheres tilintando, conversas em tons moderados — preenchia o espaço entre eles. %Ágata% cortava a pizza no prato com precisão quase metódica, enquanto %Taehyun% comia com uma naturalidade irritante.
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  Quando o silêncio começou a pesar, ela ergueu o olhar e, com um tom descontraído, comentou:
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  — Então, você existe mesmo. É uma pessoa real, afinal... você até come.
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  %Taehyun% parou por um momento, o garfo no meio do caminho até a boca. Depois, riu alto, um som genuíno que fez algumas pessoas nas mesas próximas olharem curiosas.
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  — Achou que eu fosse o quê? — perguntou ele, com um brilho divertido nos olhos. — Uma assombração? Um ser místico que só você via?
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  %Ágata% tentou não sorrir, mas não conseguiu evitar o canto dos lábios se curvando discretamente enquanto ela fingia voltar a se concentrar no prato.
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  — Quem sabe? — respondeu, com um leve tom de sarcasmo. — Sua entrada triunfal na minha livraria foi estranha o suficiente para justificar qualquer teoria maluca.
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  — Ah, então eu sou misterioso e estranho? — provocou ele, inclinando-se ligeiramente para frente. — Que combinação interessante.
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  Ela revirou os olhos, mas o calor subindo em seu rosto entregava que a provocação a afetava mais do que gostaria.
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  — Não se empolgue, %Taehyun%. Ser estranho não é exatamente um elogio.
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  Ele riu novamente, voltando a cortar sua pizza.
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  — Estranho ou não, pelo menos consegui fazer você sorrir. Isso já é uma vitória.
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  %Ágata% ficou em silêncio por alguns segundos, tentando ignorar como ele parecia perceber coisas que ela preferia esconder.
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  — Coma logo, %Taehyun%. Tenho que abrir a livraria cedo amanhã.
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  — Como quiser, chefe — respondeu ele, piscando em provocação antes de dar outra garfada em sua pizza.
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  Apesar do comentário dele, o resto do jantar fluiu mais leve, como se a risada dele tivesse quebrado parte da tensão. E, mesmo que ela não admitisse, algo naquela noite estava começando a parecer diferente.
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  Depois de terminarem a refeição, %Ágata% empurrou o prato vazio para o lado e pegou a bolsa. %Taehyun% já estava com a carteira na mão, mas ela foi mais rápida.
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  — Eu pago a minha parte — disse ela, decidida.
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  — %Ágata%, não precisa. Deixe que eu...
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  — Nem tente. Dividimos a conta — interrompeu ela, lançando-lhe um olhar firme que não deixava margem para discussão.
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  Ele suspirou, claramente divertido com a teimosia dela, mas acabou aceitando. Dividiram a conta, e quando terminaram, %Ágata% pegou seu casaco e levantou-se, pronta para sair.
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  — Obrigada pelo jantar — disse ela, com um tom que soava quase profissional.
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  — Que tal me deixar acompanhar você até em casa? — sugeriu %Taehyun%, já ao lado dela enquanto caminhavam para a saída.
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  — Não precisa — respondeu ela, imediatamente. — Minha casa não é longe, e eu sei me cuidar.
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  Ele ergueu as mãos em sinal de rendição, mas o sorriso no rosto dele mostrava que não parecia muito convencido.
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  — Tudo bem, chefe. Boa noite, então.
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  %Ágata% assentiu e seguiu em direção à sua casa, as botas ecoando levemente contra o pavimento. A noite estava fria, mas clara, e o silêncio das ruas parecia reconfortante após o dia agitado.
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  No entanto, ao virar uma esquina, sentiu uma sensação estranha. Um leve arrepio percorreu sua espinha, como se estivesse sendo observada. Parou por um momento, fingindo ajustar o cachecol, e discretamente olhou para trás.
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  Lá estava ele. %Taehyun%, a poucos metros, andando tranquilamente como se também estivesse voltando para casa, mas era óbvio que ele estava a seguindo.
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  Ela bufou, parando de repente e virando-se para encará-lo.
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  — Você está me seguindo?
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  Ele parou no meio do passo, como se não esperasse ser confrontado tão rápido.
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  — Não exatamente — respondeu, encolhendo os ombros. — Só quis garantir que você chegasse bem.
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  — Eu disse que não precisava — retrucou ela, cruzando os braços.
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  — E eu ouvi. Mas sabe, é tarde, e as ruas podem ser perigosas.
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  %Ágata% o encarou por um momento, entre irritada e... tocada?
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  — Se eu disser que não quero companhia, você vai insistir?
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  %Taehyun% sorriu, aquele sorriso fácil e despreocupado que parecia desarmá-la.
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  — Provavelmente.
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  Ela revirou os olhos, mas acabou soltando um suspiro resignado.
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  — Tudo bem. Já que decidiu ser meu guarda-costas, ande logo. Não quero passar mais tempo no frio do que o necessário.
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  Sem dizer nada, ele se aproximou e acompanhou-a no restante do caminho. A presença dele, apesar de inesperada, não era tão desconfortável quanto ela temia. Mesmo que não admitisse, parte dela achava a companhia um pouco... reconfortante.
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  Quando chegaram à frente da casa de %Ágata%, %Taehyun% parou por um instante, observando o lugar com atenção. Era uma casa pequena, de fachada simples, mas com um charme peculiar. As janelas tinham cortinas floridas que davam ao ambiente uma aura acolhedora, e havia um pequeno jardim na entrada, onde algumas luzes natalinas piscavam discretamente.
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  %Ágata% destrancou o portão e notou o olhar dele, que vagava pelo jardim e depois para a estrutura da casa.
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  — O que foi? — perguntou, franzindo o cenho.
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  %Taehyun% deu de ombros, um leve sorriso no rosto.
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  — Não é nada. Só não esperava que você morasse em um lugar assim.
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  — Assim como? — retrucou, cruzando os braços, desconfiada.
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  — Acolhedor — respondeu ele, dando um passo à frente. — Não sei por quê, mas imaginei algo mais... sério. Minimalista, talvez.
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  %Ágata% riu, mas sem muito humor.
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  — Bem, o que posso dizer? Aparências enganam.
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  Ele continuou olhando ao redor, notando detalhes como o banco de madeira sob a janela e os vasos de cerâmica cuidadosamente alinhados na varanda.
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  — É um lugar bonito. Combina com você, de certa forma.
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  — Combina comigo? — Ela arqueou uma sobrancelha. — Agora você vai dizer que também é um especialista em leitura de casas?
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  — Não. Mas sou bom em ler pessoas — respondeu ele, com aquele tom que a fazia questionar o quão sério estava sendo.
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  Ela balançou a cabeça, sentindo o coração acelerar um pouco com a forma como ele falava. Tentando ignorar a sensação, abriu a porta e se virou para ele.
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  — Bom, foi um longo dia. Acho que agora você pode ir, já que me trouxe sã e salva.
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  %Taehyun% sorriu, mas não se moveu imediatamente.
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  — Posso perguntar uma coisa?
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  — Já está perguntando.
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  — Você não acha que, às vezes, o que a gente menos espera é exatamente o que estávamos precisando?
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  %Ágata% piscou, surpresa pela mudança repentina no tom dele. A pergunta parecia carregar mais significado do que ela queria admitir.
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  — Boa noite, %Taehyun% — disse ela, escapando da conversa ao fechar a porta com um clique rápido, antes que ele pudesse responder.
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  Encostada contra a porta fechada, %Ágata% respirou fundo. Por mais que tentasse afastar, as palavras dele ecoavam em sua mente. O que ela menos esperava... exatamente o que precisava?
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  Lá fora, %Taehyun% olhou para a porta por alguns segundos antes de dar meia-volta e desaparecer pela rua, um sorriso discreto no rosto.
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❄️❄️❄️

TERCEIRO CAPÍTULO
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