Capítulo dez
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%Ellie% foi a primeira a abrir os olhos quando os raios de sol começaram a entrar na barraca. O peso confortável e constante do peito de %Adam% contra o seu próprio a trouxe de volta à realidade, e flashes da noite anterior invadiram sua mente como um turbilhão. Os toques intensos, os sussurros entre beijos e o jeito como ele a segurou ainda estavam vívidos em sua memória.
Com o coração disparado, %Ellie% se sentou de repente, como se o gesto pudesse afastar os pensamentos ou, quem sabe, o peso do que havia acontecido. No entanto, ao se mover com pressa, uma pontada de dor atravessou seu pé machucado, arrancando um pequeno gemido.
O som fez %Adam% se mexer, franzindo o cenho enquanto despertava. Ele abriu os olhos devagar, parecendo confuso por um momento, até que os eventos da noite anterior também o atingiram. Ele se virou para ela, ainda deitado, apoiando-se no cotovelo.
— %Ellie%? — perguntou com a voz rouca de sono, a preocupação evidente em seu tom ao notar a expressão dela. — Você está bem?
Ela desviou o olhar, tentando se recompor.
— Sim… Só o meu pé. Tentei me levantar rápido demais e...— sua voz falhou por um instante antes de ela balançar a cabeça, evitando encará-lo diretamente.
%Adam% ficou em silêncio por alguns segundos, estudando o rosto dela. Então, com calma, ele se levantou parcialmente, movendo-se para mais perto.
— Deixe-me ajudar você. — Sua mão se estendeu automaticamente, mas ele hesitou por um momento, como se estivesse incerto de como ela reagiria após a noite que haviam compartilhado.
%Ellie% hesitou por um momento, mas acabou aceitando a mão de %Adam%. Ele a segurou com cuidado, ajudando-a a se levantar sem forçar o pé machucado. O toque dele era gentil, quase hesitante, como se tentasse medir o conforto dela com a situação.
Sem dizer nada, %Adam% se virou para abrir o zíper da barraca. A luz do sol inundou o espaço apertado, iluminando os dois e dissipando parte da tensão que pairava no ar. Ele olhou por cima do ombro para %Ellie%, observando-a com cuidado.
— Pronta? — perguntou em voz baixa.
Ela assentiu e, com a ajuda dele, conseguiu sair da barraca. %Adam% passou um dos braços ao redor da cintura dela para dar suporte enquanto ela mancava em direção ao trailer mais próximo, aquele que pertencia aos pais dele. %Ellie% se apoiava nele mais do que gostaria, mas não tinha escolha.
— Está tudo bem? — %Adam% perguntou quando a viu franzir a testa de dor.
— Estou bem. Só preciso chegar ao banheiro e dar um jeito nesse pé — respondeu ela, tentando soar mais firme do que se sentia.
Ele não insistiu, continuando a guiá-la em silêncio até a porta do trailer. Ao chegarem, ele abriu a porta para ela e a ajudou a subir o pequeno degrau, segurando-a firme até que ela estivesse dentro.
— Vou esperar aqui fora. Se precisar de algo, é só chamar, tá? — Ele falou com um sorriso leve, mas preocupado.
%Ellie% apenas assentiu antes de se dirigir ao banheiro, ainda sentindo a presença dele como uma constante ao seu redor, mesmo à distância.
Ela entrou no pequeno banheiro do trailer e fechou a porta atrás de si, apoiando-se na pia para manter o equilíbrio. O silêncio do espaço, interrompido apenas pelo som da água corrente, parecia amplificar seus pensamentos.
%Ellie% abriu a torneira e, com as mãos em concha, deixou a água fria molhar o rosto, tentando afastar as imagens que invadiam sua mente. Mas era inútil. Os flashes da noite anterior surgiam com uma clareza quase cruel: o toque de %Adam%, os beijos intensos, a sensação de estarem tão conectados como nunca antes…
Ergueu a cabeça devagar, encarando o próprio reflexo no pequeno espelho. Seus olhos estavam levemente avermelhados, talvez pelo cansaço, talvez pelas lágrimas que insistiam em não cair. A mão foi automaticamente ao peito, onde sentiu o coração batendo rápido demais.
"Por que meu corpo está me traindo desse jeito?" pensou, sentindo o calor subir pelas bochechas ao lembrar das reações involuntárias que ele provocava. Aquele nó apertado no estômago se intensificava, e a respiração acelerava como se estivesse revivendo cada segundo da noite anterior.
"%Adam% é meu melhor amigo. Meu Deus… por que eu deixei que tudo aquilo acontecesse?" Ela fechou os olhos com força, tentando controlar a mente que parecia decidida a repetir cada detalhe do que havia acontecido entre eles. %Ellie% levou as mãos ao rosto, tentando se recompor.
"Preciso resolver isso. Preciso entender o que está acontecendo comigo… com a gente." Ao soltar um longo suspiro, sentiu a água fria escorrer por sua pele, um leve alívio para o turbilhão que se formava por dentro. Mas ainda assim, o peso das perguntas permanecia.
***
%Adam% estava na parte de fora do trailer, próximo à mesa de piquenique onde haviam deixado algumas garrafas de água potável. Com a escova de dentes na mão e o tubo de creme dental apoiado sobre a superfície de madeira, ele começou a escovar os dentes com movimentos metódicos, mas sua mente estava longe.
Enquanto o gosto fresco da pasta preenchia sua boca, flashes da noite passada invadiam seus pensamentos, inevitáveis e vívidos demais para ignorar. Ele se lembrava da forma como %Ellie% o olhou, como se tudo ao redor tivesse desaparecido, deixando apenas os dois ali, juntos. Cada toque, cada sussurro ainda parecia tão real que ele quase sentia o calor de sua pele novamente.
Ele parou por um momento, inclinando-se para pegar a garrafa de água. Destampou-a e inclinou a cabeça para enxaguar a boca, cuspindo a água ao lado com um gesto quase automático. Mas, enquanto fazia isso, as lembranças continuavam surgindo: o jeito como ela puxou sua camiseta, a suavidade de suas mãos contra sua pele, e, principalmente, a forma como ela parecia tão entregue quanto ele.
Ao se levantar novamente, %Adam% passou as costas da mão pela boca, secando-a, e apoiou-se na mesa com ambas as mãos, respirando fundo. Ele olhou para o horizonte, onde os primeiros raios de sol iluminavam as árvores ao redor.
"Por que deixei isso acontecer? Quer dizer, foi… incrível. Mas é a %Ellie%… eu preciso esquecê-la!" – pensou, sentindo uma mistura de culpa e desejo se enroscar em seu peito.
Ele se endireitou, guardando a escova de dentes e tampando a garrafa.
"Preciso de um plano," concluiu, como se isso pudesse resolver a confusão de emoções que o consumia. O problema era que, cada vez que pensava em se afastar, a lembrança de %Ellie% o puxava de volta, com uma força que ele não sabia se conseguiria resistir.
%Ellie% abriu a porta do trailer com cuidado, apoiando-se na moldura para equilibrar o peso no pé machucado. O movimento foi lento, mas o suficiente para chamar a atenção de %Adam%, que ainda estava na área de camping. Assim que a viu, ele largou a garrafa d’água na mesa e correu até ela.
— %Ellie%, você não devia forçar o pé assim. — Ele alcançou as escadas do trailer rapidamente, estendendo a mão para ela.
— Estou bem, %Adam% — respondeu, embora sua expressão mostrasse o oposto.
— Não parece. Vem, deixa eu ajudar.
Sem esperar por mais protestos, ele colocou uma das mãos no antebraço dela e a outra em sua cintura, oferecendo suporte enquanto a ajudava a descer o primeiro degrau. %Ellie% tentou não encará-lo, mas a proximidade entre eles era inegável.
Quando chegaram ao último degrau, seus movimentos desaceleraram. %Adam% segurava firme, mantendo-a próxima para evitar qualquer tropeço, mas também hesitava em soltar. O rosto dele estava a poucos centímetros do dela, e %Ellie% notou como os olhos dele pareciam refletir a luz suave do amanhecer.
As respirações se misturaram, o ar entre eles carregado por algo que ambos reconheciam, mas temiam. O nariz de %Adam% roçou levemente o de %Ellie%, e ela sentiu um arrepio que percorreu sua espinha.
— %Ellie%... — ele sussurrou, a voz baixa e rouca.
Ela não respondeu, apenas inclinou-se instintivamente, e %Adam% fez o mesmo. Quando seus lábios se encontraram, o beijo foi lento e delicado no início, como se ambos ainda estivessem incertos sobre a escolha que estavam fazendo. Mas a intensidade cresceu rapidamente, as emoções contidas se libertando.
As mãos de %Adam% subiram até a lateral do rosto de %Ellie%, enquanto ela segurava a barra da camiseta dele, como se precisasse de apoio para se manter de pé. Nenhum dos dois parecia disposto a recuar dessa vez. O mundo ao redor desapareceu novamente, deixando apenas eles dois, presos na energia arrebatadora que os unia.
Os lábios de %Ellie% se separaram dos de %Adam% por um breve momento, tempo suficiente para ela sussurrar contra a boca dele, quase sem fôlego:
— %Adam%... o que tá acontecendo?
A pergunta veio carregada de confusão e emoção, mas antes que ela pudesse dizer qualquer coisa mais, %Adam% deslizou uma das mãos pela linha do maxilar dela e voltou a beijá-la, calando qualquer dúvida ou hesitação.
O beijo foi mais firme dessa vez, como se fosse uma resposta silenciosa, um “não importa agora” que só eles poderiam entender. A forma como ele segurava o rosto dela transmitia uma mistura de urgência e cuidado, enquanto %Ellie% se entregava, esquecendo momentaneamente o turbilhão de sentimentos que os envolvia.
O beijo se intensificou, os lábios se movendo em uma sincronia perfeita, como se ambos estivessem tentando dizer o que não conseguiam em palavras. As mãos de %Adam% seguravam o rosto de %Ellie% com delicadeza, enquanto os dedos dela se enroscavam nos cabelos dele, puxando-o um pouco mais para perto, como se temesse que ele se afastasse.
O mundo ao redor parecia ter desaparecido. Não havia mais som de folhas ao vento ou o canto distante dos pássaros. Só existia aquele instante, aquele momento compartilhado, onde as dúvidas e confusões eram substituídas pelo calor que emanava entre os dois.
%Adam% inclinou ligeiramente a cabeça, aprofundando o beijo, enquanto uma de suas mãos desceu até a cintura dela, puxando-a delicadamente para mais perto. %Ellie% suspirou contra os lábios dele, seu corpo relaxando e ao mesmo tempo se incendiando com o toque.
Mas o momento foi quebrado abruptamente por um som inesperado.
— Hã-hã! — A tosse discreta, mas intencional, soou como um trovão na cabeça dos dois.
%Ellie% e %Adam% se separaram instantaneamente, os rostos ainda próximos, mas os olhos arregalados. Quando se viraram, deram de cara com o pai de %Adam% parado a poucos metros, com as sobrancelhas levantadas em uma mistura de surpresa e um leve divertimento mal disfarçado.
— Vocês dois parecem bastante... animados esta manhã — disse ele, com um tom de voz casual, mas com um sorriso de canto.
%Ellie% sentiu o rosto esquentar imediatamente, a vergonha tomando conta. %Adam% coçou a nuca, claramente sem saber o que dizer, enquanto tentava desesperadamente disfarçar a tensão que ainda pairava entre eles.
— Pai... — %Adam% começou, mas foi prontamente interrompido pelo gesto calmo de mão do mais velho, como se dissesse que não havia necessidade de explicações.
— Eu sempre soube, queridos. Sem problemas! — O tom de voz dele era leve e despreocupado, mas trazia uma pontada de afeto e compreensão. — No tempo de vocês para se assumirem para a gente.
%Ellie% sentiu seu rosto queimar ainda mais, desejando que o chão sob seus pés magicamente se abrisse. %Adam% parecia igualmente embaraçado, abrindo a boca para falar algo, mas logo desistindo, soltando um suspiro exasperado.
— Pode me ajudar, %Adam%? — o pai continuou, mudando completamente de assunto e apontando para uma pilha de lenha que estava encostada na lateral do trailer. — Preciso dessas madeiras para preparar o almoço.
— Claro, pai — %Adam% respondeu, claramente grato pela mudança de foco. Ele se virou para %Ellie%, ainda ruborizado, mas com um sorriso leve. — Você consegue ficar bem sozinha um momento?
%Ellie% apenas balançou a cabeça, incapaz de dizer qualquer coisa, ainda perdida entre a confusão e o alívio pela atitude descontraída do pai dele.
Enquanto %Adam% caminhava em direção à lenha, ela respirou fundo, tentando acalmar seu coração acelerado e organizar os pensamentos que insistiam em fugir ao controle.
***
A manhã seguiu tranquila, com todos reunidos ao redor de uma mesa improvisada perto do trailer dos pais de %Adam%. O aroma do café fresco misturava-se ao cheiro da natureza, e o clima ameno tornava o momento ainda mais acolhedor. A mãe de %Ellie% servia torradas enquanto conversava animadamente com a mãe de %Adam% sobre receitas práticas para camping.
%Adam% e %Ellie%, por sua vez, estavam em lados opostos da mesa, mas isso não impediu que trocassem alguns olhares discretos. Cada vez que os olhos de %Adam% encontravam os de %Ellie%, ele não conseguia evitar um leve sorriso, e ela, apesar de tentar se manter indiferente, sentia as bochechas corarem.
— %Ellie%, você vai querer mais suco? — perguntou o pai dela, interrompendo o momento.
— Ah, sim, por favor — ela respondeu, apressando-se em pegar o copo.
%Adam% aproveitou a pausa na conversa para observar %Ellie% mais uma vez, seu olhar fixo no movimento dela enquanto despejava o suco na própria bebida. Ele não sabia ao certo o que aquele dia traria, mas a lembrança da noite anterior e dos momentos intensos que compartilhavam continuava a pairar entre eles, mesmo sem uma palavra ser dita.
O café da manhã terminou com risadas e histórias compartilhadas entre os pais, enquanto %Adam% e %Ellie% continuavam envolvidos em uma silenciosa dança de olhares e sorrisos tímidos, ambos tentando, sem sucesso, esconder o turbilhão de emoções que sentiam.
%Ellie% observava a mãe dela e a mãe de %Adam% trabalharem juntas na pequena cozinha improvisada montada no exterior de um dos trailers. As duas pareciam se divertir, trocando receitas e risadas enquanto picavam vegetais e preparavam os ingredientes para o almoço. A simplicidade do momento aquecia o coração de %Ellie%, que sentia como se estivesse em um daqueles dias despreocupados da infância.
— Querida, você pode me ajudar a lavar esses tomates? — perguntou sua mãe, segurando uma tigela com as frutas vermelhas.
%Ellie% assentiu rapidamente, apoiando-se em uma cadeira antes de mancar até a mesa de apoio. Ela pegou uma garrafa de água e começou a lavar os tomates com cuidado, sentindo-se útil mesmo com suas limitações.
— Está tudo bem, querida? — a mãe de %Adam% perguntou, observando-a com atenção.
— Sim, só um pouco dolorida, mas nada que me impeça de ajudar, — respondeu %Ellie% com um sorriso leve.
As duas mulheres trocaram um olhar cúmplice, claramente compartilhando uma piada não verbal sobre o que poderia ter causado o "acidente" de %Ellie%.
Enquanto %Ellie% terminava sua tarefa, ouviu os homens conversando ao longe, preparando-se para uma nova rodada de pesca. %Adam% passou por ela rapidamente, segurando uma caixa de iscas e lançando um olhar em sua direção.
— Não vá se esforçar demais, — ele disse em tom de brincadeira, antes de seguir com os outros até o lago.
%Ellie% revirou os olhos, mas não conseguiu evitar sorrir.
De volta à cozinha, ela entregou os tomates lavados para sua mãe e se sentou em uma cadeira próxima, observando o trabalho delas. Mesmo sem poder fazer muito fisicamente, %Ellie% ajudava do jeito que podia, passando utensílios e organizando os ingredientes sobre a mesa.
— Você acha que eles vão trazer algo decente dessa vez? — perguntou ela, tentando parecer casual.
— Espero que sim, — respondeu sua mãe com uma risada. — Porque, do jeito que estão empolgados, acho que pescaram mais histórias do que peixes na última vez.
O trio riu, e %Ellie% se sentiu confortável naquele momento de cumplicidade e descontração. Mesmo com o que acontecera na noite anterior e naquela manhã ainda pairando em sua mente, ela aproveitou o calor familiar e as interações leves, tentando ignorar o turbilhão de sentimentos que a aguardava quando estivesse novamente a sós com %Adam%.
***
Os homens voltaram ao acampamento depois de algumas horas, suas risadas e conversas ecoando enquanto carregavam os peixes que haviam pescado. %Adam% caminhava ao lado de seu pai e do pai de %Ellie%, todos com um sorriso satisfeito no rosto. Eles haviam conseguido uma boa quantidade, e agora era hora de preparar o almoço.
%Adam% observava seu pai e o pai de %Ellie% limpando os peixes com destreza, como se já tivessem feito aquilo centenas de vezes. As mãos de seu pai trabalhavam rapidamente, retirando as escamas e as vísceras com uma facilidade que apenas a prática poderia proporcionar. O cheiro fresco dos peixes misturava-se ao ar úmido da manhã, e o ambiente estava tranquilo, com o som das lâminas cortando a carne dos peixes sendo a principal música.
Ele se afastou um pouco, sentindo a necessidade de um momento só para si.
— Eu vou tomar um banho — disse ele para os outros, e antes que alguém pudesse protestar, ele entrou no trailer, fechando a porta atrás de si.
No pequeno banheiro, %Adam% ligou o chuveiro e se despediu da bagunça do dia. A água quente batia em seu corpo, e ele se apoiou na parede por um momento, fechando os olhos enquanto as gotas escorriam por sua pele. O calor da água contrastava com a frieza das últimas horas em sua mente.
Ele pensou em %Ellie%. Na noite anterior. No que aconteceu entre eles, e nas consequências. A intensidade do beijo, a proximidade, os toques. Tudo parecia certo naquele momento. Mas agora, com a distância do ato e o frescor da manhã, %Adam% se perguntava se ele havia ido longe demais. Eles eram amigos, e ele sempre soubera que %Ellie% era alguém muito importante para ele, mas tudo aquilo parecia fora de contexto, especialmente com Emma ainda em sua vida.
Mas, ao mesmo tempo, não podia negar o que sentia por %Ellie%. Ela mexia com ele de uma forma que ninguém mais conseguia. E, enquanto ele estava ali, imerso na água quente, uma dúvida começou a crescer em sua mente:
seria ele capaz de continuar com Emma e esconder o que sentia por %Ellie%? Ou, ao voltar para Ottawa, seria melhor ser honesto com ela, falar sobre tudo e tentar resolver essa confusão interna?
%Adam% suspirou, sentindo a água escorrer pelas suas costas. Ele não queria machucar Emma, mas sabia que a honestidade poderia ser a única solução. Porém, ele também temia o que isso poderia significar para a amizade com %Ellie%. Eles já tinham cruzado uma linha, e agora, não sabia se conseguiriam voltar atrás.
Enquanto se enxugava e se vestia, %Adam% se deu conta de que essa conversa, essa decisão, o aguardava assim que voltassem para Ottawa. Ele não sabia o que o futuro reservava, mas sabia que precisaria ser honesto, não apenas com Emma, mas com ele mesmo.
%Adam% saiu do trailer com uma sensação de leveza, como se a água quente tivesse lavado não apenas o cansaço de uma noite agitada, mas também parte das confusões em sua mente. Quando chegou à área externa, o sol já começava a esquentar o ar, criando uma atmosfera agradável. Ele olhou para %Ellie%, que estava sentada perto da fogueira, tentando disfarçar a vergonha com um sorriso tímido. Ela estava com as mãos sobre os joelhos, os olhos um tanto quanto baixados, mas ainda assim parecia confortável naquele espaço, aproveitando o momento tranquilo.
Ele se aproximou e se sentou ao lado dela, sem falar nada a princípio, como se a simples presença já fosse o suficiente. %Ellie%, sentindo a proximidade dele, não conseguiu evitar o rubor que subia pelas suas bochechas. Ela estava um pouco sem graça, ainda processando tudo o que acontecera na noite anterior, mas, ao mesmo tempo, se sentia estranhamente calma ao tê-lo ali, perto dela, sem a pressão do que poderia ter sido ou do que estava por vir.
Enquanto %Adam% se acomodava, ele começou a conversar com o pai, que estava ao lado, focado em preparar o peixe que acabaram de pescar. %Ellie% aproveitou o momento para observá-lo discretamente. Ela olhou para %Adam% com um olhar suave, mas curioso, percebendo os detalhes que antes talvez passassem despercebidos. Ele estava com uma camisa simples e jeans, com o cabelo ainda molhado do banho, um pouco bagunçado, mas ainda assim incrivelmente atraente.
Ela notou a definição de seu maxilar, que parecia mais pronunciada desde a última vez em que o havia olhado com mais atenção, e o jeito como seus olhos pareciam brilhar de maneira intensa sempre que ele falava com seu pai, com uma naturalidade e conforto que a fazia sorrir de maneira discreta. Seus ombros largos, a postura relaxada, tudo nele parecia exalar confiança, algo que %Ellie% jamais havia percebido com tanta clareza antes.
O sorriso que ele dava de vez em quando, com um brilho no olhar, a fazia se perguntar quando foi que ele realmente havia se transformado naquele homem… Quando ele deixou de ser o garoto com quem ela compartilhava segredos para se tornar esse homem tão encantador, e tão irresistível?
Ela não sabia responder a si mesma, mas de uma coisa tinha certeza: %Adam% sempre esteve ali, mas agora parecia mais difícil de alcançar, mais distante, como se ele tivesse evoluído para algo que ela ainda não soubera lidar. Isso fazia seu coração disparar, seu estômago revirar, e ela se pegava mais uma vez desejando entender o que tudo aquilo significava.
Ainda imersa em seus pensamentos, ela manteve os olhos fixos nele, incapaz de desviar o olhar enquanto ele conversava com seu pai, os dois se entendendo com facilidade, como se o tempo nunca tivesse passado. Ela então respirou fundo, tentando tirar a tensão que se formava dentro dela. Ela queria continuar ali, naquela calma, sem mais complicações, mas sabia que as coisas estavam prestes a se tornar bem mais complicadas do que ela poderia imaginar.
***
O almoço foi uma ocasião tranquila, mas repleta de conversas animadas entre os dois casais. O peixe recém-pescado foi preparado com perfeição, servido com salada fresca e acompanhamentos simples, mas deliciosos. Todos pareciam satisfeitos, aproveitando ao máximo aquele último momento juntos antes de se despedirem do acampamento. As risadas e as histórias trocadas à mesa tornaram o ambiente ainda mais acolhedor, com o aroma da comida misturado com o som suave das folhas balançando com o vento.
%Ellie%, ainda com dificuldade devido ao pé machucado, não conseguia se mover com a mesma facilidade de antes, então %Adam%, sempre atencioso, se ofereceu para ajudá-la com suas coisas. Ele a acompanhou até o trailer, onde ela estava organizando suas coisas e começava a empacotar tudo para a viagem de volta. %Ellie%, que não queria depender tanto dele, ficou inicialmente relutante, mas logo se permitiu aceitar sua ajuda, principalmente quando ele a observou com atenção, perguntando se ela precisava de algo mais.
Com um sorriso gentil, %Adam% a guiou até a área onde estavam as malas e mochilas, pegando algumas delas para ajudar a aliviar o peso. Ele sabia que ela não queria ser um incômodo, mas também entendia que ela estava passando por um momento difícil com o pé machucado e precisava de algum auxílio. %Ellie%, embora tentasse parecer independente, agradeceu com um olhar. Algo em %Adam% a deixava desconfortável e ao mesmo tempo aliviada, como se sua presença fosse sempre uma constante de apoio.
Quando estavam quase prontos para partir, os pais de ambos começaram a se despedir e a guardar os utensílios. %Adam%, sem deixar de prestar atenção em %Ellie%, se aproximou dela mais uma vez para ajudá-la a sair do trailer, com um cuidado redobrado para que ela não se sentisse ainda mais constrangida. O momento de partida se aproximava, e o silêncio confortável entre eles indicava que, embora a viagem estivesse chegando ao fim, as emoções que pairavam no ar ainda estavam longe de serem resolvidas.
Depois de todos se reunirem para as despedidas, eles começaram a arrumar as últimas coisas e a se preparar para a viagem de volta a Tobermory. %Ellie% e %Adam% trocavam olhares silenciosos, ambos cientes de que algo havia mudado entre eles. Mas, por ora, tudo o que podiam fazer era seguir em frente e esperar para ver o que o futuro reservava.
***
Os pais de %Adam% e %Ellie% estavam prestes a se despedir, com um abraço apertado entre os casais. O clima estava levemente tenso, uma mistura de despedida e apreensão sobre o que aconteceria após a viagem de volta. Eles se despediram calorosamente, com promessas de se encontrarem novamente em breve e os pais de %Ellie% desejando uma viagem segura.
Quando o ônibus chegou à rodoviária, %Adam% rapidamente se colocou ao lado de %Ellie%, que ainda mancou um pouco devido ao pé machucado. Embora ela tentasse ser discreta, ele notou o desconforto dela, então ofereceu sua ajuda mais uma vez.
— Deixa que eu te ajudo com as escadas — ele disse, aproximando-se dela com um sorriso. Ela não teve como recusar, ainda mais porque ele parecia tão preocupado. Ela aceitou a mão dele com um sorriso tímido.
Com cuidado, %Adam% a guiou até as escadas do ônibus, sempre atento para que ela não se desequilibrasse. %Ellie% sentia uma mistura de gratidão e desconforto, não conseguindo deixar de se sentir um pouco dependente dele, mas ao mesmo tempo, a presença dele lhe trazia uma sensação boa e segura. Ele só voltou para dentro do ônibus depois de acomodar as bagagens dos dois no bagageiro do ônibus.
Quando finalmente estavam dentro do ônibus, %Adam% ajudou %Ellie% a se acomodar ao seu lado. Eles ficaram em silêncio por um momento, o som do motor do ônibus e o burburinho de outras pessoas ao redor preenchendo o espaço. Os dois se sentaram lado a lado, e %Adam% olhou para ela de vez em quando, tentando disfarçar a tensão no ar, mas ambos sabiam que algo ainda pairava entre eles, não resolvido.
%Ellie% olhou pela janela, sentindo o peso da viagem e das emoções que ela ainda não conseguia processar totalmente. %Adam%, ao seu lado, também tentava lidar com seus próprios sentimentos conflitantes. As palavras e os olhares trocados entre os dois nos últimos dias deixaram um rastro, e ele sabia que as coisas precisavam ser esclarecidas em algum momento. Mas, por enquanto, estavam ali, juntos, e a viagem até Tobermory seguia seu curso, com os dois presos em seus próprios pensamentos.
***
O ônibus finalmente chegou à cidade e, após um longo dia de viagem, %Ellie% e %Adam% desceram com suas malas, já se sentindo cansados. A madrugada estava fria, e a rua vazia parecia refletir o silêncio entre eles. %Adam% fez questão de ajudar %Ellie% com as malas, e ela, embora quisesse insistir em carregar tudo sozinha, não tinha forças para se opor. Ela sorriu agradecida, observando o jeito cuidadoso dele.
Ao entrarem no prédio, %Adam% fez questão de acompanhá-la até o elevador. %Ellie% entrou primeiro, e ele a seguiu, ajustando as malas de forma a não causar nenhum desconforto. Quando o elevador começou a subir, o silêncio se fez presente, mas de um jeito diferente –
carregado de lembranças. Ambos se lembraram do primeiro beijo que haviam trocado naquele mesmo elevador, ali onde tudo havia começado. O calor ainda estava neles, no olhar e na lembrança daquele momento, e foi como se o tempo tivesse desacelerado por um instante. O olhar deles se encontrou novamente, e naquele momento, sem palavras, tudo parecia ter sido dito.
%Ellie% olhou para ele, um pouco nervosa, e a tensão entre os dois se intensificou. Ela sentiu o peso da pergunta antes mesmo de pronunciá-la. Queria que as coisas fossem diferentes, mas também temia o que isso significava para a amizade deles.
— Promete que vai continuar sendo meu melhor amigo para sempre, independente do que aconteça daqui para frente? — %Ellie% perguntou com a voz baixa, quase como um suspiro, sentindo o peito apertado.
%Adam%, que estava parado ao lado dela, olhou em seus olhos, sentindo uma mistura de emoções que ele não sabia se conseguia controlar. Ele respirou fundo e, por um momento, o silêncio tomou conta novamente. Ele pensou no quanto aquilo significava para ela, e para ele também. Ele sabia que, mesmo com todas as complicações, a amizade deles sempre seria a base de tudo.
Com um sorriso sincero, ele colocou uma das mãos no ombro dela, em um gesto protetor e afetuoso.
— Prometo, %Ellie% — ele disse suavemente, como se aquilo fosse uma promessa eterna.
O elevador parou no andar deles, mas nenhum dos dois se apressou a sair. Ficaram ali, por um momento, segurando os olhares, antes que o som da porta abrindo os despertasse da introspecção. Quando finalmente saíram do elevador, ambos sabiam que aquele momento ficaria com eles, mas que a promessa de amizade ainda seria o elo que os uniria.
***
Na segunda-feira seguinte, %Adam% acordou cedo, ainda sentindo os efeitos da viagem e da conversa com %Ellie%. A madrugada anterior ainda estava viva em sua memória, mas ele sabia que não podia adiar mais a rotina. %Ellie% havia decidido ficar em casa, descansando e cuidando do pé, e também porque, talvez, precisasse de um tempo para colocar a cabeça no lugar. %Adam%, por outro lado, sabia que precisava ir para a faculdade, embora, no fundo, sentisse uma certa inquietação.
Ele saiu de casa, já cansado de se sentir confuso, e quando chegou ao campus, foi logo encontrado por Noah. Seu amigo estava parado perto da entrada do prédio, como sempre, esperando para ir para a primeira aula do dia.
— E aí, cara! — Noah sorriu ao ver %Adam% se aproximando, logo caindo na rotina de sempre. — Como foi a viagem?
%Adam% apenas deu um aceno, respondendo de forma breve, mas sem esconder a expressão pensativa no rosto.
— Foi bem… — ele suspirou — Foi incrível rever meus pais.
Noah, observando a tristeza no rosto de %Adam%, franziu a testa. Não era como se %Adam% fosse uma pessoa constantemente melancólica, e esse estado de espírito parecia estranho nele.
— Hum… — Noah coçou a cabeça, desconcertado. — Parece que foi mais do que só isso, né? O que aconteceu? Você tá... diferente.
%Adam% olhou para o amigo, hesitando por um momento. Não era fácil falar sobre isso, principalmente com Noah, que sempre o via como alguém forte e focado. Mas, por algum motivo, ele sentiu que precisava se abrir. Talvez porque Noah fosse o único ali que realmente o conhecia, o único em quem ele poderia confiar.
— Eu… — %Adam% começou, a voz baixa. — Eu sabia que não seria fácil, mas… não esperava que fosse tão complicado.
Noah levantou uma sobrancelha, curioso.
%Adam% olhou para o chão, reunindo coragem. Sabia que estava prestes a compartilhar algo que poderia mudar a dinâmica entre eles, mas a pressão em seu peito era demais para ignorar.
— Com a %Ellie%… — ele finalmente disse, a palavra saindo como um suspiro. — Eu sempre fui apaixonado por ela, Noah. Desde que éramos crianças. Eu tentei esconder isso por muito tempo, tentando ver ela apenas como minha amiga, porque era assim que ela sempre me via. Mas... depois da viagem, tudo ficou mais confuso.
Noah ficou em silêncio por um momento, os olhos fixos em %Adam%. Ele nunca imaginou que algo tão sério estivesse acontecendo por trás do comportamento calmo e fechado do amigo.
— Você sempre foi apaixonado por ela? — Noah perguntou, tentando entender, mas sua voz ainda estava cheia de surpresa. — Mas você nunca falou nada…
%Adam% passou a mão pelos cabelos, claramente frustrado consigo mesmo.
— Eu sei… Eu tentei esquecer isso. Tentava ser só o amigo dela, ajudar ela nas coisas, ser o cara que ela podia contar... mas, na viagem, tudo mudou. Eu não estava preparado para o que aconteceu, e agora eu tô…
Noah ficou em silêncio, digerindo tudo o que %Adam% acabara de falar. Ele sabia o quanto a amizade deles com %Ellie% era importante, mas também sabia que %Adam% estava lutando contra algo que não poderia ser ignorado.
— E aí no acampamento, você ficou mais perto dela, né? O que aconteceu lá? — Noah continuou, com um tom mais descontraído, mas tentando dar a %Adam% o espaço para se expressar.
%Adam% olhou para o amigo, engolindo em seco antes de responder.
— Eu… eu acabei beijando ela. — A voz dele saiu mais baixa, como se fosse um segredo. — Não sei o que aconteceu, mas parecia o momento certo, e... depois daquilo, eu não consegui mais pensar em nada além dela.
Noah não conseguiu esconder a surpresa, mas sorriu, compreendendo mais do que %Adam% imaginava.
— Então, você finalmente beijou ela. Isso foi... uau. — Ele falou com um sorriso. — Mas, e agora? Como você tá lidando com isso?
%Adam% soltou um suspiro profundo, sentindo o peso de sua decisão. Ele sabia que, ao compartilhar isso com Noah, não poderia mais ignorar seus sentimentos. Ele teria que lidar com eles, de alguma forma.
— Eu não sei o que fazer, Noah. Eu sempre soube que ela era importante para mim, mas agora, com o beijo… tudo ficou mais intenso. Eu não sei o que ela sente, e eu não quero estragar nossa amizade. Mas, ao mesmo tempo, não consigo parar de pensar nela.
Noah, agora mais sério, olhou nos olhos de %Adam%.
— Cara, você precisa falar com ela. Não vai adiantar ficar se torturando por dentro, esperando que ela adivinhe o que você sente. Vocês têm uma amizade incrível, mas talvez tenha algo mais aí. O que você vai fazer com isso é com você, mas ficar se escondendo nunca vai ajudar.
%Adam% ficou quieto, absorvendo as palavras de Noah. Ele sabia que, em algum momento, teria que ser honesto com %Ellie%, mas a ideia de colocar em risco o que eles tinham o deixava apreensivo.
— Eu sei que preciso falar com ela, mas não sei se estou pronto para o que isso pode significar.
Noah apenas balançou a cabeça, como se não houvesse mais nada a ser dito.
— Só não espera muito tempo. Quanto mais você deixar pra depois, mais difícil vai ser.
%Adam% deu um leve sorriso, grato pela honestidade de Noah. Ele sabia que, de alguma forma, tinha que fazer o que fosse necessário para descobrir o que realmente significava o que acontecera entre ele e %Ellie%.
O dia foi longo para %Adam% e Noah. Durante as aulas, %Adam% mal conseguia focar. As palavras dos professores pareciam se misturar com os pensamentos sobre %Ellie% e o que ele havia compartilhado com Noah mais cedo. Na aula de Psicologia, ele se pegou observando a cadeira ao lado, onde docume
nt.write(Ellie) normalmente se sentava, pensando em como as coisas entre eles tinham mudado tão rápido. Ele tentou se concentrar, mas a constante batalha interna entre os sentimentos por ela e sua amizade com Emma o deixava distraído.
No final do dia, depois de um intervalo entre as aulas, ele finalmente conseguiu se acalmar, mas a ansiedade tomou conta quando o relógio indicava que era hora de ir. Ele sabia que precisava enfrentar Emma, conversar sobre o que estava acontecendo. Seu coração estava batendo mais rápido do que o normal, e ele se perguntava o que diria a ela.
***
Na saída da faculdade, o clima estava mais calmo e as ruas começavam a ficar mais tranquilas, mas a mente de %Adam% estava longe da tranquilidade. Ele encontrou Emma na porta da faculdade, esperando por ele como sempre, com um sorriso no rosto. Ela parecia animada, conversando sobre o que haviam feito durante o dia, mas %Adam% não conseguia escapar dos pensamentos que o assombravam. Ao olhá-la, ele sentiu um nó na garganta, sabendo que tinha que ser honesto.
Emma notou que algo estava diferente nele e se aproximou, preocupada.
— Ei, você tá bem? — Ela perguntou, com a voz doce, tocando suavemente o braço dele.
%Adam% forçou um sorriso, mas não conseguiu esconder a tensão no rosto. Ele sabia que aquele momento não poderia ser adiado. Ele precisava falar com ela.
— Eu preciso conversar com você, Emma — ele começou, sua voz mais grave do que o normal. — Sobre a gente... e... sobre o que está acontecendo.
Emma olhou para ele, um pouco confusa, mas seus olhos se suavizaram quando percebeu o tom sério de %Adam%.
— Claro, o que houve? — ela perguntou, tentando entender.
%Adam% suspirou profundamente. Ele já sabia que isso seria difícil, mas sabia que era a coisa certa a fazer. Ele apenas esperava que, depois disso, ele pudesse resolver tudo o que estava acontecendo com %Ellie%, sem perder a amizade de Emma no processo.
%Adam% respirou fundo, sentindo o peso das palavras que estava prestes a dizer. Ele a olhou nos olhos, sentindo uma mistura de culpa e sinceridade.
— Emma... — ele começou, hesitante. — Eu... eu beijei a %Ellie% na viagem que fizemos no final de semana.
Ela piscou os olhos algumas vezes, claramente surpresa, mas também como se já tivesse uma noção do que ele estava prestes a revelar. Emma franziu o cenho e, com um suspiro, falou:
— Eu sabia que você era louco por ela... — ela deu uma pequena pausa, tentando processar as palavras. — Mas achei que o tempo e... bem, tudo o mais, poderia fazer você esquecê-la. Pelo visto, não é o caso, né?
%Adam% sentiu um nó se formar na garganta, mas não podia negar o que ela dizia. Ele sabia que era verdade. O sentimento por %Ellie% não tinha desaparecido e agora, depois da viagem, parecia até mais forte. Ele olhou para Emma, tentando ser o mais honesto possível.
— Não sei... — ele balançou a cabeça em negativa. — Nós ainda não conversamos sobre tudo o que aconteceu... Eu... eu precisava me resolver com você primeiro.
Emma não disse nada por alguns segundos, e o silêncio entre os dois parecia mais denso a cada momento que passava. Ela estava processando o que ele acabara de dizer, as palavras que ele tinha falado pesavam muito mais do que qualquer outra coisa.
Ela respirou fundo e, de repente, sua expressão ficou um pouco mais calma. Ela o encarou com um sorriso pequeno, quase forçado, mas ainda assim uma tentativa de disfarçar a dor.
— Eu entendo, %Adam%. Eu sabia que essa situação não seria fácil, mas… eu realmente esperava que as coisas fossem diferentes.
Ele abaixou a cabeça, sentindo o peso da conversa. Emma estava sendo mais compreensiva do que ele imaginava, mas também podia ver que havia algo que ela ainda não havia dito.
— Eu não quero que isso mude nada entre a gente — ele acrescentou rapidamente, a preocupação evidente na sua voz. — Você é minha amiga, Emma, e eu… não queria te machucar.
Emma deu um sorriso triste e balançou a cabeça.
— Não, %Adam%. Eu sei o quanto você se importa. Não é sobre isso. — Ela fez uma pausa e depois se aproximou dele, colocando a mão sobre o braço dele, como um gesto de apoio. — Só acho que... talvez nós dois precisemos de um tempo para entender o que queremos, o que é certo para cada um de nós.
%Adam% sentiu um alívio estranho, como se uma pressão tivesse se aliviado, mas ao mesmo tempo, uma sensação de tristeza tomava conta dele. Ele sabia que as coisas entre eles nunca seriam as mesmas, mas esperava que, com o tempo, as coisas se resolvessem.
— Eu… eu entendo, Emma. Eu só espero que, quando tudo se resolver, possamos continuar sendo amigos. Como antes.
Ela sorriu mais uma vez, agora mais sincera, mas ainda com um toque de tristeza nos olhos.
— Vamos ver o que o tempo nos diz, certo? — Ela disse, com um tom calmo.
%Adam% assentiu, sabendo que ela estava certa. O tempo iria mostrar o que aconteceria a seguir.
***
%Adam% chegou em seu apartamento, jogando a mochila sobre o sofá e suspirando fundo. A conversa com Emma ainda estava ecoando em sua mente, mas ele sabia que precisava falar com %Ellie%. Ele não queria que ela tivesse que mancar até a porta para atendê-lo, então, preferiu ligar.
Pegou o celular, hesitou por um segundo e então discou o número de %Ellie%. A linha foi atendida rapidamente, e a voz dela soou do outro lado, tranquila, mas com um toque de cansaço.
“Oi, %Adam%.” — Ela disse, com um sorriso que ele podia quase ouvir.
Ele se recostou contra a parede, aliviado por ouvir a voz dela, mas ainda preocupado com o que ela estava passando.
“Ei, como está o pé?” — ele perguntou, suavizando a voz para não demonstrar tanta preocupação. —
“Melhorando?” %Ellie% fez uma leve pausa antes de responder, a sensação de alívio em sua voz era óbvia, mesmo sem ela precisar dizer muito.
“Está melhorando…” — Ela disse, com um tom mais leve. —
“Consegui ir ao médico sozinha hoje. Agora estou com uma bota ortopédica e tomando os remédios certos, então está ficando melhor.” %Adam% fechou os olhos por um instante, sentindo um peso sair de seus ombros ao ouvir isso. Ele sabia que ela estava se cuidando, mas ouvir isso diretamente dela foi como uma confirmação de que estava tudo bem, ou pelo menos, indo na direção certa.
“Que bom, fico aliviado de ouvir isso…” — ele disse, tentando esconder o quanto estava preocupado com ela. —
“Você tem se cuidado direitinho?” “Sim, estou…” — Ela respondeu com um tom mais tranquilo. —
“Não quero que você se preocupe tanto, %Adam%. Eu vou melhorar logo, prometo.” %Adam% deu um sorriso pequeno, sentindo o calor no peito ao ouvir a confiança na voz dela. Ele ainda se sentia um pouco culpado por não poder estar lá o tempo todo, mas sabia que %Ellie% era forte e conseguiria se cuidar.
“Eu sei que você vai melhorar logo, mas me avisa se precisar de algo, tá? Se eu puder ajudar com qualquer coisa, é só chamar.” %Ellie% deu uma risada suave, um som que trouxe uma sensação de alívio a %Adam%.
“Eu sei, %Adam%. Eu te aviso. E... obrigada. Você sempre sabe o que dizer para me deixar mais tranquila.” %Adam% sorriu, mesmo que ela não pudesse ver. Havia algo reconfortante sobre o jeito que ela falava com ele, algo que o fazia sentir que, não importa o que acontecesse entre eles, haveria uma maneira de continuar sendo parte da vida um do outro.
“Fico feliz em poder ajudar.” Ele pensou por um momento antes de continuar, ainda com um toque de hesitação em sua voz.
“Eu estava pensando em ir até aí mais tarde, se você quiser... Sei que você não precisa de ajuda, mas... Talvez a gente possa passar um tempo juntos, assistir a um filme ou algo assim?” %Ellie% sorriu pela proposta, e %Adam% pôde quase sentir o sorriso dela mesmo à distância.
“Adoraria. Me avisa quando estiver vindo, e eu estarei pronta.” Eles trocaram mais algumas palavras antes de finalizar a ligação, com %Adam% sentindo uma mistura de emoções conflitantes, mas no fundo, aliviado por saber que ela estava bem e por poder estar perto dela.
***
%Adam% segurava a vasilha cheia de pipocas com uma das mãos e a chave do apartamento com a outra, caminhando até a porta do apartamento de %Ellie%. Ele já podia ouvir o som de sua voz do lado de dentro, rindo ou falando com alguém, talvez apenas sozinha. Ele sorriu consigo mesmo, pensando que, apesar de tudo o que acontecera, ainda gostava de estar com ela.
Ele deu três leves batidinhas na porta, já imaginando que ela iria ouvir e, antes mesmo de esperar por uma resposta, ouviu a voz dela ecoando de dentro.
— Pode entrar, a porta está aberta! — %Ellie% gritou, com um tom divertido, como se já estivesse antecipando sua visita.
Com um sorriso no rosto, %Adam% abriu a porta e entrou, dando um passo à frente. O apartamento dela estava silencioso e acolhedor, com luz suave, e ele a viu sentada no sofá, com os pés apoiados sobre uma almofada, uma expressão tranquila no rosto. Quando ele entrou, ela olhou para ele com um sorriso, e o alívio dela ao vê-lo foi palpável.
— Você trouxe pipoca? — %Ellie% perguntou com um sorriso travesso, seus olhos brilhando.
%Adam% riu, levantando a vasilha com as pipocas para que ela visse.
— Claro! Acompanhamento para o filme. — Ele respondeu, caminhando até ela e se sentando no sofá ao lado dela. — Não poderia faltar.
%Ellie% fez um gesto animado, sinalizando para ele se acomodar enquanto ela pegava um cobertor ao seu lado para cobrir as pernas. %Adam% se acomodou, colocando as pipocas entre eles e se ajeitando no sofá, com um suspiro.
— Como está o pé? — ele perguntou mais uma vez, querendo garantir que ela estivesse confortável.
%Ellie% sorriu e fez uma expressão de alívio, já se sentindo mais tranquila após o descanso e o cuidado que estava recebendo.
— Melhorando. Já posso andar um pouco mais. — Ela disse com um sorriso sincero. — Está ótimo agora, a bota ajuda bastante.
%Adam% relaxou, ainda mais aliviado ao saber que ela estava bem. Por um momento, os dois ficaram em silêncio, apenas se observando, enquanto a sensação confortável de estarem juntos tomou conta do ambiente.
Com a vasilha de pipoca entre eles, %Adam% e %Ellie% se prepararam para a noite, sem saber que, apesar de ainda não falarem sobre o que aconteceu entre eles, algo estava prestes a mudar no ar entre eles.
***
%Ellie% e %Adam% começaram a assistir o filme, ambos sentados no sofá com as pipocas entre eles. O silêncio dominava a sala, exceto pelos sons do filme e pelas risadas ocasionais que surgiam entre os dois, acompanhadas pela troca descontraída de olhares.
%Ellie%, ao observar a tela por alguns segundos, sentiu uma necessidade crescente de estar mais próxima de %Adam%, sem conseguir explicar muito bem o motivo. As noites passadas ainda estavam frescas em sua mente, mas ela sabia que algo estava acontecendo dentro dela, algo que ela não podia mais ignorar.
Com um movimento suave, ela se aproximou de %Adam%, ajeitando-se com cautela. O pé ainda incomodava um pouco, mas isso não a impediu de dar uma leve virada em seu corpo, em direção a ele. Ela começou a reclinar sua cabeça, de forma quase imperceptível, até que sua cabeça repousou no peito de %Adam%, sentindo o calor dele se espalhando através da camiseta.
%Adam%, que estava concentrado no filme, sentiu a mudança no espaço entre eles. Seu coração disparou um pouco quando percebeu o gesto dela, mas ele não disse nada. Deixou que ela se ajeitasse, seu braço se esticando, automaticamente, em direção a ela. Ele passou um braço por trás dela, tocando-a de forma natural, mas ao mesmo tempo, com uma tensão que ele não sabia explicar. O toque de seus corpos, a proximidade, era algo novo e ao mesmo tempo familiar. Como se aquilo fosse inevitável.
%Ellie% se acomodou completamente, fechando os olhos por um momento e respirando fundo, sentindo a segurança do abraço dele, o conforto de ter a confiança mútua entre os dois. Ela podia ouvir a batida do coração dele, um som tranquilo e constante, e isso a fazia se sentir ainda mais relaxada.
Ela começou a se aninhar mais contra ele, sem que %Adam% dissesse uma palavra. Quando seus corpos estavam completamente colados, %Ellie% sentiu a respiração dele em sua cabeça, e, quase como se fosse um reflexo, ela fechou os olhos e sorriu, aliviada. Ela sabia que ali, naquele momento, algo estava prestes a mudar, e ela não tinha certeza de como lidar com isso.
%Adam% também sentia a tensão crescente entre eles, mas manteve-se em silêncio, a respiração mais rápida e irregular, a consciência de como %Ellie% estava próxima dele dominando seus pensamentos. O peito dela estava contra o dele, e ele sabia que aquele momento era importante, mas ao mesmo tempo, não sabia como fazer para que aquilo não fosse confuso.
O filme continuava, mas, para ambos, parecia que o que realmente estava acontecendo naquele momento era entre os dois, não em qualquer tela. As respirações de %Ellie% e %Adam% estavam sincronizadas, o silêncio entre eles se tornando cada vez mais carregado de significado.
%Ellie%, ainda recostada no peito de %Adam%, sentiu uma onda de calor percorrendo seu corpo. O silêncio estava pesado ao redor deles, como se o mundo lá fora tivesse parado por um momento. Ela não conseguia mais focar no filme; toda a sua atenção estava em %Adam%. Cada vez mais, ela sentia uma necessidade crescente de estar mais próxima dele, de explorar esse momento.
Sem perceber muito bem o que a estava impulsionando, %Ellie% começou a levantar lentamente a cabeça, seus olhos fixos no rosto de %Adam%, seu coração batendo mais forte a cada centímetro que subia. Quando seus olhares finalmente se encontraram, ela podia ver a expressão dele, misturada entre a surpresa e uma intensidade que ela não conseguia mais ignorar.
%Adam% ficou parado, os olhos fixos nela, como se estivesse esperando. A tensão no ar era palpável. O espaço entre os dois parecia ter desaparecido, e, ao mesmo tempo, tudo ao redor parecia irrelevante. %Ellie% não pensou duas vezes. Ela se aproximou ainda mais, seus lábios quase tocando os dele, e, com uma suavidade que parecia pedir permissão, ela finalmente se entregou ao beijo.
%Adam% hesitou por um segundo, mas logo a resposta dele foi imediata. Ele a puxou mais para perto, sentindo o gosto doce e o calor de seus lábios. O beijo começou suave, mas logo se intensificou à medida que %Ellie% se aproximava mais dele, seus corpos quase colados agora. %Adam%, em um movimento instintivo, colocou a mão na nuca dela, aprofundando o beijo e explorando cada sensação que corria pelo seu corpo.
%Ellie%, sem saber ao certo o que fazer, apenas seguiu o fluxo, suas mãos se movendo por sua camisa, sentindo a suavidade do tecido e a firmeza de seu corpo. Ela não queria que o momento acabasse, queria se perder nele, esquecer todas as dúvidas e inseguranças.
O beijo foi ficando mais quente, mais urgente, como se os dois estivessem tentando comunicar algo que as palavras não podiam alcançar. A respiração deles se misturava, ofegante e sincronizada, e o mundo lá fora desaparecia ainda mais.
O beijo foi interrompido abruptamente, mas os rostos e os lábios de %Ellie% e %Adam% ainda estavam tão próximos que a respiração deles se misturava, quase como se o mundo ao redor deles tivesse desaparecido. O calor do corpo de %Adam% ainda a envolvia, e o silêncio entre eles parecia pesado, carregado de algo indefinido.
%Adam% olhou profundamente nos olhos dela, com uma expressão que ele nunca havia mostrado antes. Algo em seu olhar, um misto de vulnerabilidade e intensidade, fez o coração de %Ellie% acelerar novamente. Ela tentou quebrar o silêncio, mas ele foi mais rápido, sua voz baixa e quase rouca, como se as palavras tivessem sido difíceis de sair, mas ao mesmo tempo necessárias:
— %Ellie%, eu... — Ele pausou, respirando fundo, antes de continuar, com os olhos fixos nos dela. — Eu sempre fui apaixonado por você. Desde a infância. Eu tentei esconder isso por tanto tempo, tentei seguir em frente e esquecer, mas não consegui. Cada vez que eu via você, tudo que eu queria era estar mais perto. E agora... depois de tudo o que aconteceu, eu não sei mais como continuar fingindo que não sinto o que sinto.
%Ellie% ficou paralisada por um momento, as palavras dele ecoando em sua mente. Ela não sabia o que responder, mas o que mais a surpreendeu foi a sinceridade no olhar de %Adam%. Ele estava ali, completamente vulnerável, e ela sentiu a mesma sinceridade refletida em seu próprio peito.
%Adam% se aproximou ainda mais, a mão tocando suavemente o rosto dela, seus dedos traçando as linhas de seu queixo enquanto ele falava com um tom mais suave:
— Eu não sei o que vai acontecer entre a gente, %Ellie%. Mas eu só precisava te dizer isso. Precisava que você soubesse. Porque não aguento mais tentar esconder isso de você... nem de mim. Não aguento mais falhar na missão de esquecer você!
%Ellie% ficou em silêncio por alguns segundos, absorvendo cada palavra dele. Ela queria dizer algo, mas não conseguia. Algo em seu coração começava a ceder, mas ao mesmo tempo, ela sabia que esse momento era mais complicado do que apenas um simples beijo. Ela não queria machucar ninguém, nem a %Adam%, nem a si mesma.
E, naquele instante, enquanto o olhar deles se encontrava novamente, %Ellie% não tinha certeza de como tudo se encaixaria, mas sentia que uma parte dela estava pronta para seguir esse novo caminho ao lado dele.
E, naquele instante, enquanto o olhar deles se encontrava novamente, %Ellie% ficou em silêncio por alguns segundos, tentando processar tudo o que estava sentindo. Algo ainda a incomodava, e ela não conseguiu evitar a pergunta que escapou dos seus lábios.
— Desde a infância? — ela sussurrou, a voz um pouco trêmula, como se estivesse tentando entender. — Por isso você sumiu um ano inteiro? Era para me esquecer?
%Adam% pareceu se encolher um pouco, o peso daquelas palavras atingindo-o de forma inesperada. Ele desviou o olhar por um momento, como se estivesse tentando encontrar uma explicação, e então suspirou profundamente. A culpa ainda era algo difícil de lidar, mas ele sabia que precisaria ser honesto, agora mais do que nunca.
— Eu... eu não queria te magoar, %Ellie%. O tempo longe foi para tentar seguir em frente, mas não foi fácil. Eu pensei que, se estivesse distante, talvez eu conseguisse parar de pensar em você, parar de sentir o que eu sentia. Mas não deu certo. E quanto mais tempo passava, mais difícil era te ver apenas como amiga. — Ele fez uma pausa, os olhos novamente fixos nela, quase implorando por compreensão. — Não era para te esquecer, mas eu precisava tentar, por mim. Por nós.
%Ellie% sentiu um nó no peito, misturando dor e confusão. Ela sabia que aquilo não era fácil para ele, mas também não era fácil para ela. O sentimento que estava crescendo dentro de si parecia contraditório, e ela não sabia como lidar com isso.
%Adam% se aproximou mais uma vez, tocando levemente sua mão, em um gesto suave e quase inseguro, como se temesse que ela se afastasse.
— Eu sei que não é simples, mas eu não posso mais esconder o que sinto. Eu não sei o que vai acontecer agora, mas... eu só queria que você soubesse.
%Ellie% fechou os olhos por um instante, processando o que ele acabara de dizer. Mas ainda havia uma dúvida que martelava em sua cabeça, algo que ela precisava entender para seguir em frente, se fosse possível.
— E a Emma? — perguntou ela, a voz quase imperceptível, mas cheia de um peso emocional. — Foi para me esquecer?
%Adam% ficou em silêncio por um momento, como se a pergunta tivesse tomado de surpresa. Ele sabia que %Ellie% tinha o direito de perguntar isso, e, ao mesmo tempo, ele não queria magoá-la ainda mais.
Ele abriu a boca para responder, mas foi interrompido por algo muito mais forte e instintivo. %Ellie%, com um olhar intenso, não deixou espaço para mais explicações. Ela se aproximou dele e, com um movimento suave, encostou seus lábios nos dele.
O toque foi como um choque elétrico. Ele podia sentir a pressão dos lábios dela, mas também sentia a hesitação que ainda pairava no ar entre eles. %Ellie% estava deixando claro, sem palavras, que as perguntas poderiam esperar. O que importava, naquele momento, era a intensidade daquilo que estavam sentindo juntos.
A conexão entre eles era inegável, uma mistura de desejo e necessidade que parecia crescer a cada segundo. O beijo, embora breve, se carregou de uma carga emocional tão forte que fez %Adam% esquecer tudo o que estava acontecendo ao redor. A pergunta sobre Emma ficou perdida no ar, substituída pela verdade do momento presente:
eles estavam ali, agora, juntos. O beijo de %Ellie% foi suave no início, como se ela estivesse procurando algo entre o que seus corações estavam tentando dizer, mas não conseguiam. %Adam%, sentindo sua hesitação, respondeu com a mesma intensidade, como se fosse algo que ele tivesse esperado a vida inteira para viver, mas nunca tivesse realmente se permitido.
Ela, então, aprofundou o beijo, seus lábios se moldando aos dele com uma urgência silenciosa. A mão de %Ellie%, que antes estava levemente apoiada em seu peito, subiu para acariciar o rosto de %Adam%, seus dedos deslizavam suavemente pela pele dele, enquanto ele envolvia a cintura dela com uma das mãos, a outra ainda apoiada nas costas dela. A respiração deles foi se tornando mais pesada, o toque mais firme, como se quisessem que aquele momento durasse para sempre.
Mas, quando o beijo parecia atingir o seu ápice, %Adam% se afastou, seus lábios ainda a poucos milímetros dos dela. Eles ficaram ali, tão próximos, com o calor de seus corpos ainda se misturando, e o ar carregado de tensão. %Adam% olhou para ela, seus olhos tão intensos que parecia que ele estava tentando decifrar tudo o que se passava na mente de %Ellie%.
— %Ellie%... — ele sussurrou, ainda sem conseguir encontrar as palavras exatas, mas sentindo que não precisava mais dizer nada. O silêncio entre eles, agora, dizia tudo.
Ela olhou de volta para ele, seus lábios ainda inchados pelo beijo, mas seus olhos brilhando com uma mistura de desejo e vulnerabilidade. Ela não disse nada, mas o jeito como ela o observava era como uma promessa silenciosa de que, apesar de tudo, ela estava pronta para dar um passo a mais.
Fim