CAPÍTULO QUATRO
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Talvez fosse impressão sua, mas Peter tinha quase certeza de que o prédio da Oscorp estava ainda mais imponente do que na última vez em que esteve ali. Obviamente, havia passado por ele e até visto notícias sobre o lugar, mas encarar aquela construção era também encarar uma enxurrada de coisas que tentava enterrar, já que não conseguiria esquecer, e nunca estava preparado o suficiente para aquilo.
Sendo honesto consigo mesmo, naquele momento, ele ainda não estava, porém quem um dia estaria? Imaginar que seria capaz, no fim das contas, era uma tremenda burrice.
Suas pernas de repente estavam moles, tremendo de um jeito vergonhoso que quase o fez desistir. Ir até ali de fato era uma péssima ideia, mas precisava. Se quisesse respostas quanto ao que havia mudado naquele universo, tinha que engolir todo o receio e seguir em frente.
No fundo, era sempre o que Peter Parker fazia. Engolia todo e qualquer sentimento que tentava paralisá-lo, então se lançava, corria todos os riscos, enfrentava todos os inimigos.
Ao adquirir uma expressão mais determinada, Peter adentrou o prédio. A imensidão de andares e pessoas andando por todos os lados trouxe uma sensação de nostalgia.
Fazia tanto tempo desde a última vez que esteve ali e ainda assim nunca seria igual, porque nem ele era a mesma pessoa. Todas as suas batalhas o moldaram e espalharam cicatrizes em seu corpo, em seu coração e em sua alma.
— Posso ajudá-lo? — A voz da recepcionista chamou sua atenção, e Parker a olhou tentando esconder a surpresa porque não havia a notado ali.
Pigarreou, com a intenção de responder de forma clara, e se encostou de lado no balcão.
— Eu trabalho aqui. — Sorriu, como se estivesse se divertindo com a suposta confusão da mulher, que estreitou os olhos em sua direção.
Tinha certeza de que nunca tinha visto aquele homem ali. O rosto dele não era assim tão fácil de esquecer.
— Ah, trabalha? Posso ver as suas credenciais, senhor…?
— Hofstader. — O sobrenome parecia estar na ponta de sua língua. Talvez por ser um dos pesquisadores da universidade onde ele realmente trabalhava agora.
— E o primeiro nome? — A recepcionista arqueou uma sobrancelha para ele, ainda desconfiada.
— Elliott.
— Não lembro de ter nenhum Elliott Hofstader trabalhando aqui. — Suas feições passaram a expressar um nítido “cai fora”.
— Imagino que nem tem como. Olha o tanto de funcionários. — Peter riu sarcástico. — Mas te garanto que se procurar no sistema, vai achar o meu nome ali. — Apontou para o computador na frente da mulher.
Oscilando seu olhar entre o objeto e as feições despreocupadas de Parker, ela umedeceu seus lábios para tornar a repetir.
— Suas credenciais, senhor Hofstader. — Estendeu a mão e esperou que o homem lhe entregasse.
Peter soltou outra risadinha.
— Sabe o que é? Eu deixei no bolso do meu jaleco, lá dentro do laboratório. — Fez uma careta, enquanto indicava os outros andares com uma aceno de cabeça.
Foi a vez de a recepcionista rir sarcástica.
— Sem credenciais o senhor não entra. Se trabalha mesmo aqui, sabe muito bem disso.
— Ah, vamos lá! Quebra essa pra mim… — Olhou na direção do crachá dela e agradeceu mentalmente à sua visão mais aguçada. — Jodie.
Sua expressão de cachorrinho abandonado, que, ainda assim, carregava um certo charme, deveria ser infalível.
— Não posso fazer exceções. O senhor entende o porquê, certo?
É. Com Jodie não era, mas Peter não iria desistir.
— Só confere o meu nome aí. Juro que estou falando a verdade, Jodie. — Seu tom era de súplica, e, quando a mulher suspirou vencida, ele quase gritou de felicidade e alívio.
— Tá, eu vou olhar, mas só porque, pelo jeito, o senhor não vai me deixar em paz — resmungou, impaciente.
— Não me chama de senhor, não. Elliott já tá ótimo. — O jeito despreocupado estava de volta, e Jodie suspirou mais uma vez antes de focar seu olhar na tela do computador.
Peter não quis trair a mulher daquela forma, mas o que mais poderia fazer? Aquele foi o jeito que encontrou de conseguir entrar.
Ele estava pronto para sair em disparada em direção às catracas para pular por cima delas se fosse preciso. No entanto, foi surpreendido pela voz da recepcionista.
— Tudo certo, Elliott. Mas vê se não esquece suas credenciais ali dentro de novo. Não posso ficar dando exceções.
Parker quase perguntou se ela estava tirando uma com sua cara, porém não ia brincar com a sorte.
Na pior das hipóteses, voltaria ao plano de sair correndo.
— Obrigado, Jodie. Você é um anjo. — Sorriu tão abertamente que a mulher acabou retribuindo um tanto desconcertada.
Sem perder mais tempo, Peter passou pelas catracas e foi até o elevador.
Ele se lembrava de algumas coisas dali, no entanto, várias mudanças ocorreram no decorrer dos anos, e Parker teria que sondar o lugar por si mesmo para descobrir algo sobre o Doutor Connors ou Max. Questionar as pessoas seria muito arriscado, principalmente depois do que havia acabado de acontecer na recepção.
Primeiro, ele eliminou os andares onde sabia que eram da parte administrativa, portanto, se Connors ainda trabalhasse por lá, seu laboratório não seria neles.
Quando finalmente o elevador alcançou o quinto andar, Peter precisou conter um suspiro aliviado. Durante todo o trajeto, entravam pessoas no cubículo de metal, e ele conseguia sentir olhares de desconfiança sobre si.
Qual, é? Como é que todo mundo se conhecia em um prédio gigante daqueles?
Vagou pelos corredores com a maior expressão de que sabia muito bem o que estava fazendo e descobriu que ali não havia nada. O andar era todo dedicado à neurociência.
Resolvendo ir pelas escadas daquela vez, Parker estava prestes a alcançar a porta, quando uma outra à frente dele se abriu e de lá saiu um rosto bem conhecido por ele.
Maxwell Dillon.
No entanto, não era o cara desajeitado e completamente invisível às pessoas ao seu redor. Era aquele que foi curado por Peter no outro universo. Usava um jaleco, andava totalmente confiante e havia um crachá preso ao seu bolso superior, onde Parker leu o nome dele.
O homem conferiu algo em uma prancheta, então começou a caminhar na direção oposta.
— Max? — Sem conseguir se conter, Peter indagou exasperado.
O homem parou imediatamente e se virou para Parker, franzindo o cenho.
— Sim?
Aproveitando a deixa, Peter deu alguns passos e se aproximou de Dillon.
— Max, o que faz aqui? Eu… — Não sabia muito bem como abordá-lo. Aquele parecia mesmo o Maxwell Dillion que foi curado, mas havia algo estranho no ar.
Como se o homem não fizesse ideia de quem ele era.
Será que não sabia?
— Eu trabalho aqui — Max respondeu, como se fosse óbvio, então também se aproximou de Peter. — Desculpa, cara, mas eu te conheço?
Não, ele não sabia. Parker tentou se lembrar de tudo o que havia acontecido, então se deu conta de que o mago havia lançado um feitiço, onde todas as pessoas que sabiam a verdadeira identidade do Homem Aranha se esqueceriam dela. Ele achava que aquilo só se aplicaria ao universo do outro Peter, mas, pelo jeito, no dele também havia acontecido.
— Ahn, não! Na verdade, eu sou novo aqui e ouvi falarem muito da sua pesquisa. — Parker não sabia de onde tirava aquelas histórias, mas nunca reclamaria daquilo.
De onde havia tirado que Dillon trabalhava em uma pesquisa? Bem, uma olhada furtiva no crachá do homem havia sido o bastante para obter aquela informação.
Maxwell o encarou desconfiado.
— E por que perguntou o que eu fazia aqui? — Peter devia ter previsto aquela pergunta.
Mais uma vez, precisou pensar rápido.
— Foi mal. Fiquei nervoso e repeti o que me perguntaram quando saí do elevador. — Então se inclinou um pouco e diminuiu o tom de voz. — Teoricamente, eu nem poderia estar aqui, porque trabalho no andar de baixo, mas quem vem trabalhar na Oscorp e não dá ao menos uma olhada pelo lugar, não é? E eu precisava ao menos ver de perto o seu trabalho.
Se Maxwell Dillon ainda era ao menos um pouco parecido com aquele que Peter conhecia, ia gostar de ter seu trabalho reconhecido daquela forma. Tomou o cuidado de oscilar o olhar do rosto de Max para as próprias mãos, reforçando como estava nervoso.
Precisou se conter para não suspirar aliviado quando Maxwell sorriu.
— Sem querer me gabar, mas estamos fazendo algo realmente importante aqui. — O orgulho ficou evidente em sua voz, então Dillon olhou para seu relógio de pulso, verificando quanto tempo livre teria até o termociclador terminar sua tarefa. — Se não estiver ocupado, podemos conversar sobre ela.
Parker sorriu abertamente, aquela era a oportunidade perfeita para entender como o homem se tornou um cientista da Oscorp e, quem sabe, sondar alguma informação sobre Connors.
— Tô não. Me liberaram agora para o intervalo — mentiu e viu Max assentir satisfeito e fazer um sinal para que Peter o acompanhasse.
— Ótimo. — Retomou o caminho que fazia e olhou Parker de soslaio. — Não fizeram aquele tour de boas vindas com você?
— Tour de boas vindas? — Peter arqueou a sobrancelha.
— Onde te mostram todos os setores da Oscorp. Costumam fazer isso pra mostrar exatamente os locais onde você não pode ir. — Foi a vez de Max erguer a sobrancelha, numa demonstração de que aquele andar era um deles.
Os olhos de Parker se arregalaram enquanto ele fingia surpresa e até um certo pânico por estar em um local proibido.
— Cara, foi mal. De verdade, eu não sabia! Jamais ia imaginar que o quinto andar tinha algum setor restrito e…
Dillon começou a rir.
— Calma, eu tô zoando com você. Realmente tem uns lugares que não é todo mundo que pode entrar, mas eles ficam mais pra cima. — Apontou e fez Peter acompanhar o gesto com o olhar. — O único setor nesse andar que é proibido é o antigo laboratório do Doutor Connors.
Ao ouvir aquilo, Parker mal pôde conter sua reação. Seu corpo ficou um tanto rígido de expectativa e ele se inclinou, como se assim conseguisse absorver melhor cada informação.
— Doutor Connors?
— É, esse mesmo que você está pensando. O que tentou transformar todo mundo em lagarto.
Os dois pararam em frente à porta de um laboratório onde se lia “Neurogenética” e logo Dillon a abriu, entrou e deu passagem para Peter.
Não havia como não ficar de queixo caído com o lugar. Quem via pelo lado de fora, não tinha noção do quanto aquele laboratório era grande, muito menos da tecnologia que abrigava.
De um lado, havia vários computadores e telas de monitoramento. Mais adiante, algumas bancadas com microscópios estavam isoladas por uma barreira de vidro e, do outro lado, Peter viu máquinas que não sabia para o que eram, apenas tinha uma noção.
Maxwell foi explicando algumas coisas sobre cada ambiente e Parker prestava metade de sua atenção, já que realmente estava embasbacado com tudo que via. Não podia negar, uma parte dele até gostaria de trabalhar num local como aquele, mas havia outra pessoa que poderia estar ali, quem sabe apresentando tudo aquilo para ele como no dia em que fingiu ser um estagiário.
Gwen Stacy teria sido uma cientista brilhante e ninguém discordava daquilo. Por mais que os dois disputassem o pódio de melhor aluno da classe, Peter sabia que Gwen o venceria. Oxford havia a aceitado, o que só reforçava que ela teria qualquer coisa que desejasse.
Suspirou baixo e focou o olhar no setor do laboratório onde haviam câmaras capazes de abrigar uma pessoa e, de fato, duas delas estavam ocupadas. Um homem e uma mulher tinham eletrodos em suas cabeças e, ao lado de cada câmara, telas monitoravam suas atividades cerebrais.
Peter passou por outros setores não tão interessantes quanto, até chegar a um ponto que o deixou alarmado.
Uma sensação de déjà vu tomou conta de si assim que seus olhos foram de encontro a um tanque imenso, onde enguias elétricas nadavam.
Sem conseguir disfarçar, Parker lançou um olhar rápido para Dillon, que abriu um sorriso de canto porque havia percebido aquela reação.
— Vejo que você não foi totalmente sincero sobre aquela história de estar nervoso.
Peter engoliu em seco, então fixou seu olhar no homem para tentar decifrá-lo.
— Não. Eu reconheci você dos noticiários.
Aquele era um tremendo tiro no escuro. Parker não fazia ideia de quais pontos foram mudados, porém imaginou que se Gwen ainda estava morta, aquilo significava que Dillon ainda havia sido desmascarado como o Electro.
— Depois de alguns anos de bom comportamento, o governo decidiu que eu seria mais útil aqui do que apodrecendo em uma cela.
Peter assentiu ao tentar absorver aquela informação. Haviam soltado Max?
Não que ele não acreditasse em segundas chances, mas por que Dillon estava justamente trabalhando com enguias elétricas?
— A minha pesquisa envolve utilizar células elétricas para induzir impulsos nervosos em regiões cerebrais como a da memória, que é o nosso foco atual. De uma forma bem resumida, poderemos trazer de volta as memórias de quem sofreu algum dano causado por acidentes, ou doenças neurodegenerativas.
— E usam enguias para isso? — Parker não queria soar desconfiado, porém não conseguiu evitar.
— Fica tranquilo. Uma experiência de cair num tanque desses já foi o suficiente. — Max riu de um jeito estranho, que não o tranquilizou em nada.
— É um trabalho realmente grande — observou, enquanto associava a explicação de Dillon, então os dois caminharam até outra seção, onde havia computadores e telas de monitoramento.
— Estamos estudando uma forma de fazer isso sem que o paciente sofra qualquer dor, ou desconforto, como ocorre em terapias com eletrochoque.
— Sem transformar a cidade em enguias também — Peter murmurou, ao se lembrar de %Reyna%.
Aparentemente, as pesquisas feitas por seu pai e o Doutor Connors haviam aberto uma verdadeira caixa de Pandora e sido pioneiras para várias outras. E ele não culpava nenhum cientista por aquilo. Talvez fizesse o mesmo se não fosse quem era.
— Isso também. — Outra vez, a risada estranha ecoou dos lábios de Max.
— E, falando nisso… Você tem acesso ao laboratório do Doutor Connors? — Aquela pergunta havia saído na maior cara de pau, porém Peter foi tomado por uma sensação de que não podia mais enrolar. Max era o único que talvez lhe daria a informação.
No entanto, o cenho franzido do homem indicou que aquele havia sido um erro.
— Ninguém tem. Foi fechado há anos, mas isso não é segredo. A prisão dele saiu em todos os noticiários, principalmente porque foi domiciliar. — Estudava cada ponto do rosto de Parker enquanto falava. — Como você disse que se chamava mesmo?
— Domiciliar, é? Então ele ficou todo esse tempo em casa? — Era uma constatação óbvia, porém Peter precisava ganhar tempo e descobrir se Connors ainda morava no mesmo lugar.
— Como você se chama? E por que não está com o seu crachá? — Dillon se aproximou dele, enquanto adquiria uma expressão séria e até um pouco ameaçadora.
Definitivamente, ele não era o mesmo Maxwell Dillon que Parker havia conhecido. Ele já não era quando os dois se encontraram no outro universo.
— O papo tá interessante, Max, mas meu intervalo já acabou. Quem sabe outro dia continuamos? — Peter foi recuando até a porta ao ver que o homem, mais uma vez, o questionaria sobre seu nome.
Antes que Dillon o fizesse, ele correu para fora do laboratório, ignorou o elevador e tomou o rumo das escadas. Max gritou pelos seguranças, enquanto seguia atrás dele, mas Parker foi mais rápido que ele e logo sumiu de suas vistas.
Peter não conseguiria o endereço de Connors ali. Tinha poucos minutos antes do prédio todo ser alertado que havia um intruso e tentou disfarçar a respiração ofegante quando chegou ao térreo.
— Ei, você! Cadê as credenciais? — Jodie, a recepcionista, gritou quando o viu se aproximar das catracas no exato momento em que o elevador abriu e Maxwell saiu dele com quatro seguranças.
— Ali! Peguem ele!
Ao arregalar os olhos, Parker saltou por cima da catraca e correu para as portas da saída como se sua vida dependesse daquilo.
Acabou esbarrando em algumas pessoas no processo e fez uma careta quando derrubou duas delas.
— Desculpa! Eu juro que foi a pressa — gritou por cima dos ombros e empurrou a porta pesada de vidro.
Os seguranças ainda o seguiam, ele podia sentir, então virou no primeiro beco que encontrou e aproveitou que estava vazio para lançar uma teia no alto de uma escada de incêndio, se pendurou nela e escalou a parede até o teto.
Segundos depois, os quatro homens entraram no mesmo beco, e Peter os observou olharem em volta, procurarem por ele e se separarem em dois grupos quando não o encontraram.
Um suspiro alto ecoou de seus lábios e Parker se jogou no chão, se sentou e apoiou as costas no pequeno muro.
Aquela havia sido por pouco e a visita à Oscorp só o havia deixado mais preocupado ainda. Algo na pesquisa de Max lhe soava estranho e aquilo só tornou mais urgente sua visita ao Doutor Connors.
🕷
Peter descobriu de forma bem simples que, apesar de ter de aturar as pessoas o xingando ou fazendo chacota todos os dias, Curt Connors ainda morava no mesmo endereço. Aquilo facilitava e muito as coisas para ele, já que se lembrava muito bem onde era.
Andando de um lado para o outro dentro de seu apartamento, Parker repassava as coisas que havia visto na Oscorp como uma forma de se preparar para o que poderia vir.
Maxwell havia se dado bem. Recebeu uma segunda chance da justiça e conseguiu ser notado. Sua pesquisa era realmente importante e traria a Dillon um reconhecimento que o homem jamais imaginou. Depois disso, outras pesquisas viriam e, passo a passo, Max alcançaria outros patamares dentro da Oscorp.
Patamares que Richard Parker e Curt Connors haviam alcançado.
Mas seria aquilo o suficiente? Seria aquilo que Maxwell buscava naquela empresa?
Ao mesmo tempo em que confiava, Peter desconfiava das pessoas. É o tipo de coisa que acontece quando se é traído pelo melhor amigo.
Parker sacudiu a cabeça. Não podia pensar em Harry Osborn naquele momento. Tinha que focar em uma coisa de cada vez.
Enquanto encarava seu próprio reflexo no espelho, Peter pensou em treinar as coisas que diria ao Doutor Connors, perguntas que poderia fazer sem revelar demais ou parecer um lunático. No entanto, nada vinha. Ele simplesmente não sabia o que poderia dizer ao homem, pelo menos não naquele momento.
Um suspiro escapou dos lábios dele, então Parker se deu conta de uma coisa: ele não queria fazer aquilo sozinho. Havia sentido um certo incômodo ao entrar escondido na Oscorp, mas o atribuiu ao nervosismo e seguiu em frente. Só que naquele momento era mais intenso. E Peter sabia muito bem o motivo.
Quando lutou em equipe junto aos outros Peters, teve a sensação de que nunca esteve tão vivo. Era bom ter com quem comemorar no final de uma luta vencida, para variar.
No entanto, aquilo não passaria de uma lembrança. Parker mais uma vez estava só. Ou ao menos era o que pensava, porque, segundos depois, seu celular notificou uma nova mensagem recebida.
Antes mesmo de ver quem era, Peter sentiu e abriu um largo sorriso ao ler o nome de %Reyna% %Bennington% em sua tela.
Ocupado, Parker?
Ele riu da resposta que surgiu em seus pensamentos e acabou dando de ombros ao ver que não teria problema algum em externá-los a ela.
Só com as minhas crises existenciais.
E você, %Bennington%?
Mais entediada impossível.
Quem sabe posso te ajudar com suas crises?
Ou quem sabe ficamos entediados juntos.
Peter não conseguiu evitar que mais um sorriso se formasse em seu rosto. Em todas as vezes que a encontrou ou conversou com %Reyna% se sentiu daquela forma.
E talvez por esse motivo acabou cedendo a um impulso sem nem mesmo pesar as consequências.
Gosto das suas ideias, mas descobri outra coisa que podemos fazer juntos.
Sou curiosa demais, Peter. Não faz mistério!
Vamos fazer uma visita ao Doutor Connors.
Assim, do nada? Não acho que ele vá nos receber, Peter.
Algo me diz que vai, sim.
Quase uma hora depois, os dois se encontraram no metrô próximo à casa de Connors e Parker não conseguiu evitar se sentir um tanto desnorteado por causa de %Reyna%.
Ela se vestia de forma simples; calça jeans, uma blusa verde escuro por baixo, um casaco preto que cobria uma parte de seu quadril e coturnos pretos. Tinha arrumado os cabelos em uma trança lateral e aquilo deu todo um charme à sua aparência. Tanto que Peter ficou vários segundos a encarando, sem conseguir desviar o olhar.
Por mais que devesse se sentir menos nervosa, %Bennington% estava a ponto de desfalecer, ainda mais pela forma como o homem a encarava naquele momento. Tinha se surpreendido positivamente com a proposta dele e, embora sentisse o medo de ser enxotada da casa de Curt Connors, estava disposta a correr aquele risco com Peter Parker.
O jeito fofo e adorável dele não ajudava em nada.
— Tem certeza de que ele vai nos receber mesmo? — %Reyna% indagou incerta, e Peter assentiu.
— Acho difícil ele rejeitar a visita do filho do antigo parceiro de pesquisa dele. Por mais que as coisas tenham saído do controle. — Parker fez uma careta ao lembrar do lance dos lagartos.
%Rey%, no entanto, havia adquirido uma expressão de surpresa e compreensão.
— É lógico! Como fui burra! — Soltou uma risadinha nervosa. — Você é filho do Doutor Richard Parker. Não sei como pude esquecer disso.
Peter fez um gesto de pouco caso.
— Não se preocupe. Confesso que às vezes eu mesmo preciso me lembrar disso. — Aquilo soou tão sincero que %Bennington% examinou as feições do homem e tombou levemente a cabeça, intrigada.
— Todo mundo acaba se perdendo às vezes, Peter. Mas o mais importante é que acabamos nos encontrando de volta depois.
Parker encarou os olhos dela demoradamente e sentiu que poderia ficar mergulhado ali por horas, mas acabou desviando porque tinham algo importante a fazer.
Eles seguiram até a casa de Connors, enquanto conversavam sobre coisas mais leves e aleatórias, como o fato de %Reyna% ser apaixonada por filmes de terror.
— Me lembre de nunca deixar você escolher o filme que formos assistir, então — Peter brincou, o que arrancou uma expressão indignada dela.
— Eu jamais imaginaria que você fosse medroso, Peter Parker. — Os olhos dela se estreitaram e ele riu.
— Medroso? Eu? Não falei nada disso. Pode mandar o filme que você quiser.
— Então você tá mesmo marcando nossa sessão de cinema? Vou cobrar, hein!
— Pode cobrar. — Parker piscou, então apertou o interfone da casa de Connors e esperou pacientemente que o homem atendesse.
Alguns segundos passaram e nada. %Rey% fez um sinal para que Peter tocasse novamente, e ele o fez de forma mais prolongada, torcendo para não terem ido até ali em vão.
Mais um tempo de espera e nada. %Bennington% bufou e estava prestes a insistir mais uma vez, quando um som de que alguém pegou o aparelho surgiu, seguido por uma respiração.
— Doutor Connors? — %Reyna% o chamou, receosa.
— Vão embora — Curt rosnou, nada simpático.
— Por favor, Doutor. Não vamos tomar muito do seu tempo, nós… — %Bennington% olhou para Parker em busca de respostas. — Nós só queremos conversar.
Outros segundos se seguiram com apenas a respiração do homem ecoando no aparelho.
— Já falei para irem embora. Não faço ideia de quem são, mas, mesmo assim, não tenho nada para conversar com vocês.
Peter pigarreou.
— Doutor Connors, aqui é o Peter Parker. Juro que realmente não vamos tomar muito do seu… — O som da porta sendo destravada imediatamente chamou a atenção dos dois. — Tempo.
Em questão de segundos, Connors abriu a porta, então encarou Peter dos pés à cabeça.
Será que lembrava alguma coisa sobre a outra identidade dele? Se fosse o caso, aquela conversa poderia não ser tão amigável assim.
— Peter Parker. — Então um sorriso se formou em suas feições. — Meu rapaz, quanto tempo! Entrem, por favor.
Peter tentou não demonstrar que estava um tanto desconcertado ao adentrar a residência e segurou a mão de %Reyna% sem nem se dar conta disso.
A aparência de Curt estava muito melhor do que na última vez em que Parker o viu. Claro que havia sido quando ele e os outros Peters o curaram do composto de lagarto, então Connors estava bem debilitado, mas o homem até mesmo havia engordado alguns quilos.
— O senhor parece… bem. — Peter acabou deixando escapar e ocupou um dos sofás quando Curt indicou que os dois ficassem à vontade.
Uma risadinha ecoou dos lábios do homem.
— Pode falar, Peter. Eu pareço bem para alguém que está em prisão domiciliar. — Parker notou que Connors agora tinha uma prótese em seu braço e parecia perfeitamente confortável com ela.
— Bom, é. — Ele acabou concordando, o que fez Connors rir novamente.
— Não é como se eu não tivesse passado a maior parte da minha vida fechado em algum lugar, sabe? — Ergueu uma sobrancelha, e Peter entendeu ao que o homem se referia. Curt Connors dedicou sua vida toda aos laboratórios, sacrificando muitas coisas por sua paixão pela ciência.
— Posso oferecer algo a vocês dois? Um chá? Café? Água? — ofereceu, por fim, e pousou seus olhos em %Reyna%.
Ela se sentiu um tanto nervosa por atrair a atenção dele daquele jeito e abriu a boca para dizer algo, mas, de repente, sua voz sumiu e %Rey% apenas negou com a cabeça.
Apesar de ter perdido totalmente o controle, Curt Connors havia sido um modelo para ela desde os tempos de escola. Ele foi uma das pessoas que a motivaram a seguir pelo caminho da ciência e até mesmo a pesquisa que realizava no momento tinha fundamentação em trabalhos feitos por Curt e Richard.
Notando o nervosismo de %Bennington%, Peter pigarreou para atrair a atenção do homem novamente.
— Não se preocupe com isso, Doutor Connors. Estamos bem. — Sorriu. — Essa aqui é %Reyna% %Bennington%, senhor. Ela está fazendo um trabalho muito promissor na engenharia genética de plantas.
— É mesmo? — Mais uma vez, Curt olhou para a mulher, um tanto interessado pela informação.
— S-sim. — %Reyna% se forçou a engolir o nervosismo para encontrar a própria voz. — Peter está exagerando um pouco, mas nós estamos bem no começo. E o senhor sabe como é essa parte inicial. Ainda estamos trabalhando com organismos menores, buscando um modelo ideal para que ocorra a hibridização sem efeitos colaterais que não possam ser controlados.
— Sabe que eu e Richard não havíamos levado a ideia para uma perspectiva envolvendo plantas? Mas isso soa muito interessante. Desde que não transforme todo mundo em árvores. — Seu tom carregava uma certa amargura, o que fez Peter perceber que talvez Connors tivesse se arrependido do ponto em que as coisas chegaram.
— Doutor Connors, eu não o culpo pelo que aconteceu. Como o senhor poderia saber que o DNA do lagarto se tornaria a parte dominante? Não havia como prever isso. — Parker tentou argumentar.
— Mas aí é que está, Peter. Eu poderia prever se não estivesse tão ansioso pelos resultados. Fui pressionado pela Oscorp, mas, ainda assim, injetar o composto em mim mesmo foi uma escolha minha, e até hoje estou lidando com as consequências disso.
— Então o senhor se arrepende — %Reyna% soltou baixinho, mas, ainda assim, os dois a ouviram.
— Não, senhorita %Bennington%. Na verdade, não me arrependo. — Parker se surpreendeu ao ouvir aquilo. — Veja bem, a Oscorp estava tirando a pesquisa de mim. Se eu não tivesse testado o composto em mim mesmo, ganhando também a chance de ter um braço normal, sabe-se lá o que teriam feito com algo como aquilo? As consequências poderiam ser muito piores.
— Ou não, não é? — %Rey% ergueu uma sobrancelha, enquanto estudava as feições de Connors. — Nós só temos controle sobre as nossas próprias ações.
— E é por isso que digo para a senhorita ter o máximo de cautela em sua pesquisa. Não me arrependo de minhas escolhas, mas tampouco recomendo que cometa os mesmos erros que eu. — Curt não se importou se soava contraditório, ele só sentia que devia dizer aquilo. A garota à sua frente possuía uma ambição evidente em seu olhar, algo que o fazia lembrar de si mesmo quando era mais jovem.
— Quanto tempo mais o senhor vai precisar usar isso? — Peter resolveu mudar ligeiramente o assunto, ao indicar a tornozeleira de Connors.
— Uma eternidade. Pelo menos é o que parece. Mas há dias que mal sinto ela aqui. — Deu de ombros, em um ar condescendente. — Se não fosse pelas dezenas de policiais brotando do chão, eu facilmente esqueceria e sairia com ela na rua.
Aquilo era para soar engraçado, Parker percebeu nos olhos de Curt, porém não foi. E quando analisou o cientista de uma forma mais apurada, entendeu que, embora Connors estivesse aparentemente bem fisicamente, o seu emocional nunca seria o mesmo. Assim como o dele mesmo também não seria depois da morte de Gwen.
Haviam marcas que não podiam ser apagadas, afinal.
— Sinto muito, Doutor Connors — Peter suspirou. Mesmo depois de todo o mal que as escolhas do homem haviam causado, não conseguia odiá-lo, e esse era o maior indicativo de que o antigo Peter Parker estava de volta.
Mesmo desconfiado, ele preferia acreditar no melhor das pessoas. E por isso acabou convencendo a si mesmo de que Curt e Max ficariam bem. Que trilhavam os caminhos para suas redenções.
— Está tudo bem, meu rapaz. Acho que eu mesmo vou querer aquele chá. Vocês aceitam? — E antes mesmo que os dois respondessem, o homem se retirou.
Peter percebeu as feições de %Reyna% um tanto pensativas. Ela não havia dito mais nada desde seu último comentário.
— Tudo bem, %Rey%? — A olhou com cuidado e %Bennington% não conseguiu segurar um sorriso. O jeito dele a amolecia.
— Sabe aquele ditado que diz para nunca conhecermos nossos heróis? Então. — Fez uma careta, que Parker acabou imitando.
— O Doutor Connors era seu herói?
— Não exatamente. Mas antes de todo o lance dos lagartos acontecer, ele e o seu pai eram grandes inspirações para mim. — Peter foi pego de surpresa ao ouvir aquilo.
— Eu não sabia disso, %Rey%. Poderia ter me contado.
— Pra você achar que só me aproximei de você porque é filho de Richard Parker? — Ela ergueu uma sobrancelha.
— Jamais pensaria algo assim de você. — Ele negou com a cabeça, sendo totalmente sincero.
— Fico feliz, Pete. — Parker não soube do que havia gostado mais, se do sorriso doce de %Reyna%, ou daquele apelido.
Mais uma vez, os dois se encararam demoradamente, até que o barulho das xícaras na cozinha fez com que despertassem.
%Bennington% soltou um suspiro.
— Acho que saber que ele não se arrepende me deixou um tanto chocada. — Acabou confessando e Peter não discordou, porque se sentia da mesma forma.
— Se te serve de consolo, novos heróis surgem o tempo todo. Quem sabe eu não acabo virando um deles também?
Aquilo fez %Reyna% rir, deixando o clima mais leve por ali.
Ela não fazia ideia de que na verdade ele já era.
— Há quanto tempo vocês dois estão juntos? — A voz de Connors denunciou sua presença ali, o que fez os dois se sobressaltarem. Estavam tão concentrados um no outro que mal viram o homem se aproximar e colocar uma bandeja com as xícaras e um bule de chá sobre a mesinha de centro.
%Rey% sentiu seu coração saltar até a garganta com aquela pergunta, enquanto Peter ficou tão vermelho que poderia explodir a qualquer momento.
— Nós… — %Bennington% começou, ao olhar para Parker.
— Nós não… — Ele gesticulou, apontou para ela e depois para si mesmo, então Curt riu.
— Bom, é uma pena. Vocês seriam adoráveis juntos.
Peter precisou de alguns segundos para processar que aquelas palavras haviam mesmo ecoado da boca do Doutor Connors. Ele olhou de relance para %Reyna%, que parecia pensar o mesmo, e, de repente, os dois estavam um tanto tímidos demais para se encararem.
— Espero que gostem de camomila. Eu pretendia fazer um de um blend especial que descobri por acaso, mas infelizmente meu estoque acabou.
%Bennington% pigarreou, recuperando a própria voz.
— Camomila está ótimo.
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Quando enfim deixaram a casa de Curt Connors, o clima estava menos estranho entre os dois. Por mais que %Reyna% estivesse decepcionada com o cientista, imaginou que realmente não devia ser fácil ficar preso na própria casa e sem ter nenhuma companhia, e, por isso, acabou cedendo às tentativas de conversa dele. O resultado daquilo foi que os três passaram horas debatendo os mais variados assuntos. Curt deu sugestões valiosas ao projeto de %Bennington%, e ela e Peter só partiram quando perceberam que a noite havia chegado.
Parker desconfiava de que era a companhia dela que fazia as horas voarem e, embora soubesse que aquilo era um bom sinal, não gostava de ter que se despedir.
— Sabe, eu te convidaria para ir beber alguma coisa, mas imagino que você esteja tão cheia quanto eu.
%Reyna% sentiu o olhar dele sobre si e o encarou de volta.
— Eu aceitaria o seu convite mesmo assim, mas infelizmente tenho que acordar amanhã cedo. — Fez uma careta, realmente odiando aquilo.
Ela poderia simplesmente ignorar e passar mais algumas horas com ele, porém a ideia de um possível próximo encontro soava ainda melhor.
Sabia que ir à casa do Doutor Connors não era um encontro, muito menos bater um papo no cemitério, mas ainda assim…
— É, eu também preciso. Mas podemos fazer isso a qualquer hora dessas, o que acha? — Peter propôs, contendo a vontade absurda de levar a mão aos cabelos, em um sinal claro de nervosismo. O comentário de Curt havia feito aquilo com ele.
— Que tal na sexta, às oito da noite? — Se era para marcarem um encontro, que fosse do jeito certo, sem rodeios.
— Sexta, às oito então. — Parker sorriu radiante, ao sentir que de repente poderia sair pulando, e %Reyna% retribuiu, sem conseguir tirar os olhos dele.
Sabia que estava ferrada desde o dia em que havia esbarrado em Peter. Porém, pela forma como ele também a olhava, talvez os dois estivessem ferrados juntos.
— Bom, a bebida ficou para outro dia, mas eu posso ao menos te acompanhar até em casa?
Mesmo tentada, %Bennington% negou com a cabeça.
— Não precisa, Pete. Eu estou bem.
— Foi o que você disse da outra vez, uh? — Estreitou seus olhos para ela, que acabou rindo fraco.
— Eu sei. Mas eu realmente posso ir sozinha, não se preocupe.
A expressão dele ficou ainda mais desconfiada.
— Estou começando a achar que você não quer que eu saiba onde mora, %Reyna%.
Dessa vez, ela riu mais alto e negou com a cabeça.
— Não é isso, Peter.
— Então o que é?
%Rey% respirou fundo, então fez questão de encará-lo nos olhos, deixando qualquer resquício de nervosismo de lado.
— É porque se eu deixar você me levar, vou ficar tentada a te convidar para entrar na minha casa, Peter Parker.
Peter piscou os olhos demoradamente e mal acreditou que ela havia dito aquilo até vê-la morder a boca, sem deixar de encará-lo.
Sim, aquilo tinha sido uma provocação e, sim, ele estava absurdamente tentado. Tanto que não conseguiu desviar o olhar dos lábios de %Reyna%.
Ela sorriu de canto, adorando ver que suas palavras surtiram efeito, e começou a se afastar lentamente de Parker. Não queria deixá-lo, mas sabia que precisava, e instigá-lo até que era divertido.
— E qual o problema? Talvez eu queira conhecer a sua casa. — De repente, Peter recuperou a consciência e lhe lançou um sorriso tão provocativo quanto.
%Bennington% poderia agarrá-lo ali mesmo por aquilo. Parker mexia com todos os seus sentidos.
— Boa noite, Pete — disse simplesmente e continuou se afastando.
— Qual é o problema, %Rey%? — ele perguntou um pouco mais alto, e ela, há uns bons metros dele, apenas riu.
Peter ficou ali parado, sorrindo feito um bobo, enquanto a observava cada vez mais longe.
— Boa noite, %Bennington% — murmurou, ao negar com a cabeça.
Não sabia ao certo quando foi que %Reyna% começou a mexer com ele, mas, de repente, se sentia menos culpado por aquilo.
Foi caminhando totalmente despreocupado, repassando as conversas que tiveram e, por mais que precisasse pensar no próximo passo que daria, sabia que não conseguiria pensar em qualquer outra coisa que não fosse %Reyna% %Bennington%.
No entanto, como se o universo estivesse ouvindo aquilo, de repente, o barulho de uma explosão fez Peter Parker erguer seu olhar, alarmado.
Seu sentido aranha lhe disse exatamente para onde ir.
Nota da autora: Se quiserem receber avisos de quando a fic atualizar, bem como spoilers ou informações sobre minhas outras histórias, além de interagir com essa autora meio doida, me sigam no instagram e entrem nos grupos do whatsapp e facebook!
Beijos e até a próxima!
Ste