Dahlia Negra


Escrita porStephanie Pacheco
Revisada por Natashia Kitamura


CAPÍTULO DOIS

Tempo estimado de leitura: 37 minutos

  A ausência de movimento era atípica naquela região de New York. Havia passado das oito da noite, deixando a iluminação a cargo dos diversos postes, além das luzes provenientes das residências e estabelecimentos comerciais.
  Era de se esperar que a agitação ainda estivesse presente e carros passassem de um lado a outro, no entanto, tudo estava estranhamente silencioso, como se houvesse alguma espécie de toque de recolher estabelecida por ali.
  Se realmente se tratava daquilo ou não, o senhor Goodman não queria saber. Nada o impediria de ir até o mercado de sempre para comprar os alimentos que sua esposa havia solicitado.
  Na verdade, a senhora Goodman não havia pedido nada, mas sua perna machucada por uma queda recente requeria um pouco mais de cuidados. Então, mesmo sob protestos, o marido conseguiu fazer com que ela ficasse quietinha em casa, aguardando-o retornar com tudo o que precisava para fazer o jantar.
  A respiração do velho senhor estava um tanto falha devido ao esforço da caminhada. Não era um trajeto muito longo, mas seus pulmões não funcionavam da mesma forma de quando era jovem e qualquer tentativa de apressar seus passos logo fazia seu coração disparar como se fosse sair pela boca a qualquer momento.
  Carregando o pacote de papel nos braços, Goodman caminhava com uma certa tranquilidade que não condizia muito com a atmosfera da região naqueles últimos tempos. Não com um possível assassino à solta. Mas pelo que o homem havia visto nos noticiários, o tal Dahlia Negra tinha uma preferência por criminosos, então aquilo significava que estava livre, certo? E, de qualquer forma, ele estava velho demais para se importar com coisas do tipo. Costumava dizer que quando chegasse sua hora, ele partiria e não havia nada que ninguém pudesse fazer.
  Dando uma risada rouca de seus próprios pensamentos, o senhor Goodman acabou tossindo sonoramente, sentindo seus pulmões protestarem novamente e clamarem por oxigênio. Ele parou sua caminhada sem se dar conta, ou até mesmo sem se importar com a sombra parada na curva de um beco escuro.
  O dono da sombra, no entanto, se importava com o velho senhor. Não por ter alguma relação com ele ou empatia, mas simplesmente porque ali estava a sua oportunidade de garantir alguma coisa naquela noite.
  Se aproximou sorrateiramente, observando Goodman tirar um lenço do bolso de sua calça para tossir mais uma vez, cobrindo a boca com o pedaço de pano. E foi quando o homem ergueu sua cabeça que sentiu o cano de uma arma encostar na base de suas costas.
  Por mais que estivesse conformado com o fato de que morreria em breve, a sensação de que sua vida agora estava nas mãos de um estranho fez com que gelo percorresse sua espinha e cada célula de seu corpo entrasse em estado de alerta. A adrenalina gritou para que corresse o mais rápido que pudesse, porém, seu cérebro clamava o contrário. Correr só ia fazer o estranho apertar o gatilho, fazendo com que as compras nunca chegassem até sua amada esposa.
  — Se tentar fugir ou gritar, você morre. Entendeu? — A voz rouca fez o trabalho de aumentar ainda mais o pavor que o velho senhor sentia.
  Ele assentiu febrilmente. A única coisa que pensava era na senhora Goodman.
  — Ótimo. Então anda comigo. — O assaltante empurrou o cano da arma, cutucando as costas do homem e o fazendo caminhar para dentro do beco escuro, onde definitivamente ninguém poderia vê-los. Mesmo as ruas estando desertas, não podia arriscar.
  Goodman engoliu em seco, seus pulmões começaram uma luta ainda mais intensa por oxigênio e seus lábios começaram a tremer sem controle, pressentindo que o pior estava prestes a acontecer.
  Por que aquele estranho simplesmente não pegava seu dinheiro e ia embora?
  — Pode parar aí. — Apontou a parede ao lado de uma grande caçamba de lixo. — Agora passa tudo o que tiver nos bolsos.
  Tentando controlar a tremedeira em suas mãos, o homem tateou um dos bolsos com a mão livre, entregando a carteira e mostrando em seguida que no outro havia apenas a chave de sua casa.
  — Seu relógio também.
  O coração do senhor Goodman se apertou quando ele ouviu aquilo. O relógio havia sido um presente da filha, que naquele momento provavelmente estava do outro lado da cidade, encerrando seu expediente na empresa em que trabalhava. Ele não a via já fazia quase um mês, era verdade, porém sabia o quanto a mulher era ocupada e tinha certeza de que a sua esposa também. Aquilo nunca havia sido um problema para o casal, por mais saudades que sentissem.
  Se separar daquele item era como deixar que um pedaço de sua filha fosse levado e, por um milésimo de segundo, o homem hesitou. O momento não passou despercebido pelo assaltante, que, dominado pela própria adrenalina, agiu com ainda mais agressividade.
  — Tá de brincadeira, velhote? Passa logo essa merda! — Então o socou com tanta força em um dos ombros que o pacote de compras caiu das mãos do senhor Goodman.
  Um grunhido de dor ecoou pelo ambiente e lágrimas escaparam dos olhos do homem. Naquele momento, Goodman teve a certeza de que, mesmo que entregasse seu relógio àquele estranho, não seria o suficiente. Sem nada a perder, ele tiraria sua vida.
  Pensou em implorar, mas de repente não encontrava forças para fazer com que as palavras saíssem de sua boca. O desespero era tanto que naquele momento a única coisa que lhe restava era pedir mentalmente por uma salvação, mesmo sabendo que esta nunca chegaria.
  Estendendo o pulso, tremendo como se estivesse congelando de frio, seus dedos erraram algumas vezes em abrir o fecho do relógio, o que causou ainda mais impaciência ao assaltante. A arma foi pressionada com mais força em suas costas e mais ameaças foram proferidas, porém o pavor naquele momento era tanto que o senhor Goodman mal conseguiu entendê-las. Só queria que aquilo acabasse de uma vez. Só queria voltar para casa e se aninhar com a esposa, nunca mais soltá-la.
  Então, de repente, não havia mais nada machucando suas costas. Não havia mais ninguém cuspindo enquanto gritava em seu ouvido. A única coisa que o senhor Goodman sentiu foi uma lufada de ar, como se o próprio vento tivesse arrancado o assaltante dali.
  Atordoado, o homem olhou à sua volta, percebendo que o estranho agora estava atirado no chão, a apenas alguns metros dele e olhava em sua direção com fúria.
  Mais uma onda de pânico tomou conta de si, até o momento em que a arma voltou a ser erguida e o assaltante a apontou para algo que parecia estar logo atrás de Goodman.
  — Seja lá quem você for, eu não tenho medo. Te furo inteiro antes mesmo de se mexer! — Estava claro que sua primeira frase não era verdadeira. Sua voz estava trêmula, assim como sua mão, enquanto se atrapalhava para posicionar o dedo no gatilho.
  Uma risada baixa ecoou.
  — Quero ver você tentar. Manda a ver! — A voz era um tanto distorcida e o senhor Goodman não conseguiu reconhecê-la, muito menos distinguir se pertencia a um homem ou a uma mulher.
  Ele se virou para olhar quem o salvava, porém, tão rápido quanto havia atingido o assaltante anteriormente, o vulto encapuzado se lançou na direção dele, ficando bem diante da arma, como se esperasse pelos tiros que foram prometidos.
  — E então? Não vai me furar? — Mais uma risada sarcástica pôde ser ouvida e o vigilante tombou a cabeça de lado, parecendo se divertir com o quanto o assaltante de repente parecia atrapalhado. — Vocês criminosos são mesmo todos iguais.
  Então lhe deu um chute que fez a arma voar longe ao mesmo tempo que um grito de dor dominou o ambiente.
  Os olhos do senhor Goodman se arregalaram diante daquilo e ele pôde jurar que tinha visto a mão do homem se dobrar em um ângulo estranho.
  As histórias sobre a figura encapuzada realmente eram verdadeiras. Aquele era o Dahlia Negra e aquele gesto deixou muito claro que não teria um pingo de misericórdia com aquele homem.
  Ainda encolhido onde estava, paralisado pelo medo, o senhor Goodman assistiu quando Dahlia Negra avançou ainda mais para cima do criminoso, desviando uma tentativa tosca de um soco e atingindo-o com um chute em uma das pernas. O homem tombou, caindo de joelhos, mas mal teve tempo para se dar conta disso, porque, no instante seguinte, foi atingido com socos impiedosos em seu rosto.
  — Gosta de assaltar idosos e bater neles? — o vigilante sibilava, completamente dominado pela fúria, não deixando que o homem respondesse, lhe dando joelhadas no estômago e acertando seu queixo com um gancho de direita que com toda certeza devia ter quebrado sua mandíbula.
  Goodman devia desejar que o criminoso pagasse pelo que havia feito com ele, mas não se sentia daquela forma. Cada golpe que assistia o homem receber e cada som de dor e engasgo que chegava aos seus ouvidos fazia uma agonia sem fim tomar conta de si.
  — Pare! — De repente, ouviu a própria voz ecoar, falha devido à falta de oxigênio que nunca ia embora.
  O vulto, que naquele momento segurava o assaltante pela gola da camiseta, se virou para encarar o velho senhor. Pela forma como o corpo do homem balançava mole, estava praticamente desmaiado àquela altura.
  — Por favor, ele vai pagar pelo que fez. Vão jogá-lo numa cela. Você não precisa fazer isso — Goodman prosseguiu, num fio de esperança de que suas palavras estariam surtindo algum efeito.
  Dahlia Negra olhou rapidamente para o homem em suas mãos e mais uma vez para o senhor Goodman.
  — Tenha misericórdia. — Mal sabia ele que aquela havia sido uma péssima escolha de palavras.
  — A misericórdia é dada apenas para aqueles que merecem. Ele será preso hoje, amanhã volta para as ruas e volta a atacar pessoas. Ele não merece misericórdia — declarou, irredutível.
  — E quem é você para julgar quem merece misericórdia ou não? — Goodman questionou, em um surto de coragem.
  — Eu sou a justiça.
  De repente, as sirenes da polícia puderam ser ouvidas. Ainda estavam há alguns quarteirões de distância, então Dahlia Negra teria tempo o suficiente para terminar seu trabalho.
  — Se eu fosse o senhor, não olhava. — Sabia que não teria tempo para esperar o velho senhor sair dali, então apenas se voltou para o criminoso, que soltou um gemido baixo, denunciando que estava quase recobrando a consciência.
  Puxando a adaga de sua cintura, o vigilante precisou de apenas um movimento rápido para cortar a garganta do homem, jogando-o no chão e o assistindo se debater enquanto encarava a última coisa que veria em sua vida. Um olho azul e o outro negro.
  Horrorizado, o senhor Goodman assistiu o vulto encapuzado tirar uma pequena planta e colocá-la sobre o assaltante, agora morto.
  — Ei, você! — De repente, uma terceira voz preencheu o ambiente e Dahlia Negra se virou na direção dela, já sabendo muito bem a quem pertencia.

🕷

  Peter Parker havia disparado janela afora ao ouvir no rádio da polícia que havia uma ocorrência onde o Dahlia Negra parecia estar envolvido.
  Não lembrava de ter disparado suas teias e cruzado os grandes prédios tão rápido desde o momento de sua volta àquele universo. A ansiedade em confrontar aquele assassino de criminosos tomava conta de si.
  Na verdade, ele não sabia como chamá-lo. Se de assassino ou justiceiro. Precisava descobrir qual era seu propósito e aquela era a sua chance.
  Usando seu sentido aranha, conseguiu localizar com mais facilidade onde tudo estava acontecendo, mas, ao chegar lá, viu que era tarde demais para salvar uma vida.
  Dahlia Negra deixava sua assinatura sobre o corpo do criminoso, enquanto um senhor se encolhia horrorizado. Sua voz ecoou pelo beco, chamando a atenção da figura, que se voltou para ele e tombou a cabeça de lado como se o desafiasse.
  — Eu só quero… bater um papo. — O Homem Aranha interrompeu sua fala, quando Dahlia Negra disparou pela noite em uma velocidade tão impressionante quanto sua habilidade para escalar muros.
  Peter tentou lançar uma teia, mas não conseguiu pegá-lo, então seguiu na direção por onde o justiceiro havia ido. Seguiu procurando qualquer vestígio dele, porém, frustrado, não encontrou nenhum sinal do Dahlia Negra.
  Ele havia sumido feito fumaça.

  Honestamente, dizer que Peter Parker estava frustrado era muito pouco. Sem conseguir evitar um grunhido alto de frustração, o Homem Aranha retornou ao local do crime para se certificar de que o senhor Goodman estava bem e descobriu que, além do choque com a cena presenciada, o homem estava com seu ombro deslocado.
  Aos sussurros, ele contou que havia sido o criminoso, mas que nem por isso a morte e a violência eram a solução. Parker ficou ali, lhe fazendo companhia até a polícia enfim chegar e só foi embora após se certificar de que tudo estava mesmo bem.
  — Obrigado, meu filho. Você tem um bom coração. — A voz do senhor Goodman permaneceu ecoando nos ouvidos de Peter enquanto ele se deslocava entre os prédios.
  Mesmo não tendo nenhuma semelhança física, aquele homem o lembrou de seu tio Ben e vê-lo machucado daquela forma trouxe de volta aquela dor com a qual havia aprendido a conviver, mas nunca ia embora de fato.
  Um suspiro resignado escapou de seus lábios. Tomando mais um impulso, Parker seguiu atravessando os prédios, procurando por algo que ele já sabia que não ia mais encontrar. Não havia conseguido quando a fuga do Dahlia Negra havia sido recente, não era naquele momento que qualquer milagre aconteceria.
  Naquela noite, Peter interveio em mais dois crimes que aconteciam na região. Um havia sido uma tentativa de furto de um carro e no outro ele parou um estranho prestes a assaltar uma conveniência.
  Retornando ao seu apartamento, Parker se jogou em sua cama de uniforme e tudo, encarando o teto e tentando assimilar as coisas. Tudo havia acontecido muito rápido e ele recebeu informações demais desde o momento em que foi parar em outro universo.
  Parecia que tudo havia virado de ponta cabeça e por mais que tentasse consertar as coisas, não conseguia.
  Bufou alto, fechando os olhos e pressionando as têmporas com suas duas mãos. A imagem do Dahlia Negra se virando para encará-lo voltou aos seus pensamentos e Peter observou que o justiceiro nem mesmo havia tentado enfrentá-lo, o que só deixava ainda mais claro que seus alvos eram apenas os criminosos.
  — Mas por que matá-los? — murmurou, aturdido. — Assassinato só o torna igual a eles.
  Antes que pudesse chegar a uma resposta, no entanto, o som da televisão, que Parker havia deixado ligada, chamou sua atenção.
  — E segue a busca pelo assassino vigilante, conhecido como Dahlia Negra. Embora a polícia local não tenha nenhuma novidade sobre o caso, o delegado Crosby reforçou que as investigações estão a todo vapor. Muito pouco se sabe, mas todo o cuidado é pouco e um toque de recolher está sendo estudado.
  Sentando-se na cama para prestar atenção no que era dito, uma careta tomou as feições de Peter.
  Ele precisava descobrir a identidade daquele vigilante e, mais do que isso, queria entender o seu propósito. Algo dentro de si gritava por aquilo.
  Decidiu então que no dia seguinte começaria a analisar os lugares por onde Dahlia Negra havia deixado seu rastro.

🕷

  Quando seu despertador tocou naquela manhã, um resmungo de protesto ecoou dos lábios de Peter. Num gesto rápido, ele se levantou e silenciou o aparelho sem nem mesmo olhá-lo, para logo em seguida desabar novamente na cama, cobrindo seu rosto com o travesseiro.
  Pressionando os olhos com força, Parker desejou febrilmente voltar a dormir. Havia passado quase a madrugada toda acordado, sem conseguir parar de pensar nos últimos acontecimentos e quando finalmente sua mente relaxou estava quase amanhecendo.
  No momento em que o barulho estridente ecoou pelo cômodo, parecia que ele havia acabado de dormir.
  Não soube quanto tempo permaneceu naquela posição, encolhido na cama e com o travesseiro ainda tampando seu rosto, mas de repente foi como se pudesse ouvir a voz de Tia May dizendo que ele precisava levantar ou iria se atrasar.
  Bufou, descobrindo seu rosto e encarando o teto. Para ser sincero, Peter sentia falta de quando tudo parecia se resolver se ele simplesmente fosse para a aula.
  Havia prometido a si mesmo que tentaria viver ao menos uma parte de sua vida de forma “normal”, mesmo duvidando de que aquilo realmente era possível, e ir para a universidade era um passo importante. Não era?
  Levantou da cama, por fim, pegando a primeira combinação de roupas que encontrou e abriu um sorriso amarelo quando viu seu reflexo desgrenhado no espelho.
  O apartamento de Parker era realmente pequeno. O que queria dizer que seu quarto era também a sala de estar, a cozinha e a lavanderia. O único cômodo separado era o banheiro e para ele não era tão ruim. Era aquele lugar que podia pagar, então não podia ser tão ruim.
  Peter abriu a geladeira, vendo que ali tinha só um galão de leite e uma bandeja com rosbife. Ele precisava comprar comida urgente, não podia ficar comendo todos os dias na casa da Tia May, por mais que provavelmente ela fosse adorar aquela ideia.
  Riu com o pensamento, pegando a caixa de cereal do armário, sendo aquele também o único alimento que havia ali e colocando um pouco na tigela para depois acrescentar o leite.
  No entanto, seu riso sumiu quando colocou uma colherada na boca. O cereal estava mole.
  — Nojento! — resmungou, sacudindo o corpo ao sentir um arrepio e largou a tigela na pia, correndo para o banheiro e terminando de se ajeitar para finalmente sair de casa.
  Repassando mentalmente as coisas que precisava fazer naquele dia, Peter carregou a câmera consigo. Precisava arrumar algum dinheiro logo e o trabalho como fotógrafo freelancer sempre salvava sua vida.
  Não duvidava nada se o editor chefe do Clarim Diário resolvesse que agora queria fotos do Dahlia Negra, além do Homem Aranha. Todos estavam obcecados pelo justiceiro e, aparentemente, ele mesmo também estava.
  Quando saiu para a movimentada New York, Parker de repente percebeu que precisava correr ou chegaria atrasado à universidade.
  Andando apressado até o primeiro beco vazio que encontrou, sua única alternativa era pegar carona com o Homem Aranha.
  E apesar do breve mau humor matinal, Peter Parker não deixou de cruzar as ruas e prédios da cidade com a animação o fazendo gritar a plenos pulmões e cumprimentar cada pessoa que parava para olhá-lo.
  Ter conhecido os outros dois Peter Parkers tinha trazido aquilo de volta a ele. A animação de ser o amigo da vizinhança, a vontade de ajudar cada cidadão, mesmo em coisas simples como atravessar a rua ou salvar gatos pendurados em árvores.
  Lembranças ruins tentavam cruzar seus pensamentos, porém Peter escolheu não focar nelas naquele momento. Aquele dia seria ótimo apenas para variar um pouco.
  E, ao aterrissar no telhado da universidade, ele estava certo de que conseguiria.

🕷

  Trabalhar como professor assistente era muito mais fácil do que Parker imaginava. Exigia bem menos esforço se ele fosse considerar, bem, suas outras atividades. Peter tinha bastante experiência e a ideia de ajudar os estudantes estava lhe agradando bem mais do que esperava.
  No fim das contas, ele gostava de ser surpreendido. Se fosse para um lado bom, é claro.
  O tempo pareceu passar relativamente rápido, ou talvez Peter apenas estivesse realmente entretido no novo emprego.
  Ele foi bastante elogiado pelo professor Hofstader e só não recusou seu intervalo porque realmente precisava comer alguma coisa.
  Parker voltava do refeitório com a ideia de passar o tempo que lhe restava no telhado, ou quem sabe na biblioteca? Como um era caminho do outro, resolveria na hora.
  Encontrou um ou outro rosto conhecido no corredor. O lance de ser professor assistente fazia as pessoas o notarem e ele não sabia ainda como se sentia em relação àquilo.
  Por algum motivo, no entanto, uma das portas dos laboratórios chamou sua atenção. Mais especificamente o pequeno vidro no meio dela, que dava um vislumbre de quem estivesse ali dentro e em uma bancada próxima.
  E foi olhando naquela direção que Peter identificou mais um rosto conhecido. Esse, no entanto, talvez não ficasse tão feliz em vê-lo.
  Era %Reyna% %Bennington%.
  Parker não esperava mesmo que ela fosse ficar contente em ver o cara que tinha lhe dado um fora no outro dia. Pelo menos ele não ficaria se a situação fosse invertida.
  Passou reto pelo laboratório, agradecendo mentalmente porque %Reyna% aparentemente não tinha lhe visto, porém acabou parando uns três passos depois.
  Uma careta se formou em suas feições. Ele devia ao menos se desculpar com ela, certo? %Rey% parecia ser uma pessoa legal, Peter só não podia arriscar a vida de outra pessoa e…
  E tinha Gwen.
  Como podia sequer pensar em pensar em outra garota?
  Sacudiu a cabeça, confuso com os próprios pensamentos, então respirou fundo.
  Ele ia se desculpar. Era o certo a se fazer.
  Parker só se deu conta de que corria o risco de passar uma vergonha colossal depois de empurrar a porta do laboratório e entrar. Mas, por sorte, o lugar não estava cheio de alunos e muito menos de outros técnicos. Havia apenas %Reyna% ali.
  — Peter Parker? — A mulher havia erguido a cabeça para encará-lo, erguendo uma sobrancelha em confusão. De todas as pessoas que poderiam entrar ali, jamais esperaria por ele.
  Peter coçou a nuca, nervoso, então deu dois passos na direção da bancada onde %Bennington% estava.
  — Esse sou eu — respondeu a primeira coisa que veio à sua cabeça e se sentiu idiota por aquilo segundos depois.
  — Não quero ser mal educada, mas… O que faz aqui? — Ela o avaliou rapidamente, tentando parecer o mais centrada possível. Parker a deixava nervosa e ele certamente já a achava maluca o suficiente por conta do convite no outro dia.
  — Hm, eu estava passando e te vi aqui. Achei que seria uma boa hora para conversar sobre uma coisa. — Peter torceu a boca, como se já esperasse uma resposta negativa por parte dela, porém %Reyna% achou aquilo um tanto adorável e conteve um sorriso.
  — Tudo bem. Mas é melhor você vestir um jaleco antes. Ainda não cheguei aos meus experimentos em humanos. — Piscou para ele, indicando que poderia pegar um dos jalecos pendurados atrás da porta, se precisasse.
  O comentário fez Parker sentir uma súbita curiosidade, mas não podia se distrair e só sairia daquele lugar depois de ter resolvido as coisas com ela.
  Não gostava muito da ideia de usar o jaleco de outras pessoas, mas o dele estava no laboratório do professor Hofstader, então, à contragosto, vestiu o primeiro que parecia servir nele e logo voltou para perto de %Reyna%, puxando uma banqueta e se sentando ao lado dela.
  %Bennington% examinava amostras no microscópio e parou por alguns segundos para fazer algumas anotações num caderno posto ao lado. Ao terminar, largou a caneta na bancada e voltou seu olhar para Peter.
  Os olhos dela eram tão negros que pareciam refletir as luzes do laboratório e por alguns segundos ele se viu completamente perdido os encarando.
  — E então? — A voz de %Reyna% o fez despertar de seus pensamentos.
  — O quê? — Não quis soar totalmente atordoado, mas foi impossível disfarçar, afinal, ele estava a encarando fixamente sabe-se lá por quanto tempo.
  — O que quer conversar, Peter Parker? — Um pequeno sorriso se formou nos lábios de %Rey%, enquanto, mais uma vez, ela o achava adorável.
  — Acho que, para começar, você não precisa ficar me chamando pelo nome completo, sabe? Peter já está ótimo. — Tentou soar o mais descontraído possível. Alguma coisa nela o deixava nervoso e ele se sentia como um adolescente de novo.
  — Tudo bem, Peter. O que quer conversar? — %Bennington% tinha bastante coisa para fazer no laboratório naquele dia, mas não se importou. Parker podia levar o tempo que quisesse ali.
  Ela só precisava lembrar que havia levado um fora épico dele. Não podia se permitir ser completamente patética de novo.
  — Então… Eu vim me desculpar. — %Reyna% o olhou surpresa e estava pronta para dizer algo, porém Peter prosseguiu antes que o nervosismo levasse a melhor. — Acho que não foi nada legal o que aconteceu no outro dia. Quer dizer, você estava sendo legal e eu não fui. Eu sinto muito, %Reyna%.
  %Bennington% simplesmente não conseguia acreditar que Parker havia ido até ali só para fazer aquilo. Ele não tinha obrigação alguma de se desculpar ou justificar qualquer coisa, afinal, eles nem se conheciam. No entanto, ali estava ele.
  E ela não conseguiu segurar o sorriso delicado que surgiu em seu rosto, algo que não passou despercebido por Peter. Ele não sabia qual reação esperar dela, mas não imaginava que %Reyna% fosse sorrir daquele jeito tão… doce.
  — Peter, você não precisa me pedir desculpas. Eu que fui totalmente maluca de chegar chamando você pra sair. Afinal de contas, nós nem nos conhecemos. — A voz dela oscilou na última frase, deixando em evidência que se sentia envergonhada, e Parker negou com a cabeça.
  — Acho que não tem problema nenhum nisso. As pessoas não saem para se conhecerem?
  — Ainda assim…
  — Que tal se a gente começar de novo? — De repente, ele estendeu a mão para ela. — Prazer, eu sou o Peter Parker.
  %Reyna% riu daquilo e tirou uma das luvas de látex para segurar a mão dele de volta.
  — %Reyna% %Bennington%. Mas você pode me chamar de %Rey%. — Parker sorriu para ela, que retribuiu.
  Um silêncio tomou conta do ambiente e os dois ficaram se encarando por alguns segundos. Ele imaginando que seria expulso do laboratório a qualquer segundo. Ela esperando pelo momento em que o rapaz levantaria e sairia correndo. Tinha consciência de que não era lá tão sociável, a prova daquilo era estar ali sozinha naquele momento.
  — Me desculpe por ter saído daquele jeito, aliás.
  — Então, sobre o que é a sua pesquisa?
  Os dois haviam falado ao mesmo tempo e aquilo arrancou mais algumas risadas tímidas de ambos.
  — Eu teria feito a mesma coisa — Peter falou primeiro, porque certamente sua resposta seria mais breve. — Mas nem lembro mais do que você tá falando, de qualquer forma. — Acrescentou, franzindo o cenho como se estivesse realmente tentando lembrar.
  Aquilo fez %Reyna% rir mais uma vez. Parker realmente era adorável demais para a sanidade dela.
  — Bom, a minha tese é voltada para o melhoramento genético de plantas. Mais especificamente a hibridização entre espécies. — Sabia que Peter entendia do que ela estava falando, porque ele não pareceu nem um pouco confuso com as palavras que usava. — Comecei com cruzamentos planta com planta, depois plantas com fungos e agora plantas com bactérias e cianobactérias. A ideia é ir evoluindo até…
  — Até fazer um híbrido de planta e ser humano? — Parker arqueou uma sobrancelha, surpreso e ao mesmo tempo tendo uma espécie de déjà vu. A conversa era muito parecida com os trabalhos de seu pai e do Doutor Connors.
  — Exatamente. Mas a ideia não é beneficiar o ser humano com isso, Peter. É tentar reverter um pouco do dano que nós já fizemos ao meio ambiente. Sei que parece algo completamente maluco, mas…
  — Sim, realmente é meio louco. — Ele foi sincero, fazendo uma careta se formar no rosto de %Bennington%.
  — Pode ficar tranquilo. Não quero transformar a população do mundo inteiro em árvores — %Rey% brincou, com uma risada envergonhada. — O estudo ainda vai levar anos para chegar ao estágio humano. Mas alguém precisa começar, não é? E imagina o quão incrível seria um indivíduo fitocinético. — Os olhos dela brilharam.
  Parker assentiu, embora ainda tentasse assimilar tudo aquilo.
  No entanto, não podia negar que a ambição de %Reyna% era admirável.
  — Então, além de inteligente e divertida, você é bastante ambiciosa. — Sem que conseguisse se controlar, de repente os elogios haviam escapado de sua boca.
  Sentindo algo engraçado no estômago, %Bennington% desviou seu olhar para as próprias mãos, depois tornou a encarar Parker, precisando de um certo esforço para recuperar a própria voz. Ele realmente a deixava nervosa.
  — Obrigada, Peter. Você também é inteligente e divertido. Só não sei da ambição ainda. — Abriu um pequeno sorriso, que ele retribuiu de imediato.
  Parker não esperava que ela fosse elogiá-lo de volta, mas havia gostado de ouvir.
  Mais uma vez, o silêncio tomou conta do ambiente e mesmo que a ideia de recomeçar tivesse partido dele, de repente ali estava novamente a necessidade de se desculpar.
  — Eu realmente sinto muito por aquele fora, %Rey%. É bem clichê o que eu vou dizer, mas não é você… sou eu. — E riu do quanto aquilo soava idiota.
  — Não se preocupe, Peter. Eu entendo. De verdade. — Sorriu mais uma vez daquele jeito que Parker havia achado doce. — Mas nós falamos em recomeço, certo?
  — Certo. — Ele assentiu, acompanhando com curiosidade quando %Reyna% desviou sua atenção dele para pegar a caneta na bancada e anotar alguma coisa em uma folha em branco de seu caderno.
  Quando ela arrancou o papel e estendeu em sua direção, ficou claro do que se tratava.
  — É o meu número. — %Bennington% não precisava dizer, mas mesmo assim o fez. — Se você quiser uma amiga ou apenas alguém para conversar, me manda uma mensagem, ou me liga. Você é legal demais para ficar andando por aí sozinho, Peter.
  Parker sorriu com aquilo e aceitou o papel.
  — Como sabe que eu ando sozinho, %Bennington%? — Ergueu uma sobrancelha.
  — Foi um palpite e você acabou de confirmar. — Seus lábios se curvaram em um sorriso esperto.
  Peter sentia que poderia continuar ali por horas conversando com ela, mesmo que em alguns momentos ambos ficassem sem saber o que dizer. No entanto, %Reyna% estava trabalhando e ele também.
  Ele também.
  De repente, Parker olhou para o relógio em seu pulso, percebendo que faltavam dois minutos para o fim de seu intervalo.
  Voltou a encarar %Bennington% e ela poderia rir novamente apenas com aquela expressão atordoada dele. De novo, adorável demais para o bem dela.
  — Deixa eu adivinhar. Você precisa ir — %Reyna% se pronunciou antes que ele o fizesse.
  — O restante do meu intervalo voou. Vou te deixar voltar ao seu trabalho também. — Riu sem jeito e de repente ela sentiu uma certa animação em saber que Parker havia se perdido no tempo ali com ela.
  — Bom saber que gostou da nossa conversa. — Tombou levemente a cabeça de lado e Peter sorriu.
  — Não imagino como eu não gostaria. — Foi sincero. — A gente se vê, %Rey%. Nada de transformar as pessoas em árvores.
  Talvez aquela brincadeira fosse idiota demais, mas havia sido mais forte do que ele.
  — Pode deixar. A gente se vê, Peter.
  %Reyna% o assistiu seguir até a porta e dar uma última olhada para ela, sorrindo antes de sair do laboratório.
  Pelo restante do dia, a sensação de animação continuou ali e vez ou outra %Rey% se pegava sorrindo para absolutamente nada.
  Ter dado seu número a ele provavelmente havia sido um erro fatal.

🕷

  Ficar atento ao movimento policial naquela noite não foi o suficiente para Peter. Ele tinha experiência o bastante para duvidar que qualquer viatura conseguiria chegar a tempo caso Dahlia Negra atacasse mais uma vez.
  Não é que não confiava na polícia ou os achava incapazes de proteger a população, mas Parker havia de fato dado de cara com o vigilante e comprovado que sua agilidade não era comum.
  E não saber exatamente com o que estava lidando só aumentava ainda mais sua vontade de encontrá-lo.
  O Homem Aranha estaria preparado, não permitiria que escapasse até obter as respostas que procurava.
  Analisando todos os ataques anteriores, Peter sabia que a região do Brooklyn era a de principal atuação do Dahlia Negra e foi se atendo àquela informação que ele se escondeu na escuridão do prédio mais alto, observando com atenção qualquer movimentação suspeita.
  As ruas estavam praticamente desertas, exatamente como nos dias anteriores. Vez ou outra, alguma pessoa ou cachorro de rua passava, porém nada de surpreendente aconteceu. Estavam todos em alerta. Cinco ataques haviam acontecido e mesmo que os alvos fossem criminosos, ninguém queria arriscar.
  Sentado no parapeito, Parker deixou um suspiro escapar. Na última vez em que ficou daquela forma, cuidado de algo, na verdade havia sido de alguém.
  Teve tanta esperança de que suas ações no outro universo fossem mudar o que tinha acontecido. Por que estava tudo igual?
  Não havia um dia sequer que ele não sentisse falta dela. Da sua Gwen. E já tinha se conformado com o fato de que aquilo nunca mudaria porque Peter nunca esqueceria dela.
  Por algum motivo, seus pensamentos foram guiados para %Reyna% %Bennington%. Seria justo ele conhecer uma outra mulher? Seria justo com %Reyna% trazê-la para toda a sua realidade bagunçada e cheia de perigos?
  Por outro lado, Parker estava cansado de ficar sozinho. Estava cansado de lutar contra vilões e monstros durante o dia e com seus próprios demônios durante a noite.
  Talvez não fosse tão ruim ao menos ter alguém com quem conversar.
  Deixando um sorriso fraco se formar em seus lábios, ele puxou seu celular e procurou o número de %Reyna% na lista de contatos. Havia o salvado no instante em que saiu do laboratório, em um impulso por ter realmente gostado da breve conversa que tiveram.
  O que diria pra ela?
  Um “oi” já era um começo?
  Droga, ele havia perdido completamente o jeito com aquelas coisas.
  Se é que já teve jeito algum dia.
  Riu de si mesmo e parou para pensar em algo mais elaborado. Por fim, até achou razoável a mensagem que digitou, enviando antes que perdesse a coragem ou refletisse demais sobre o que escreveu.

%Reyna% %Bennington%
visto por último hoje às 23:35

Conferindo se esse é o seu número mesmo ou se você resolveu se vingar me dando qualquer outro.
x Peter Parker.

  %Reyna% havia dito que o achou divertido, mesmo que fosse apenas uma resposta ao elogio dele, então talvez fosse gostar da mensagem, certo?
  Parker batucou os dedos na parte traseira do aparelho, ficando um tanto ansioso para saber o que %Bennington% responderia. Então na segunda vez que acendeu o visor, conferindo se havia alguma notificação de mensagem, seus olhos se fixaram no horário, que marcava exatamente duas e trinta e sete da manhã.
  Bateu na própria testa, se sentindo um completo idiota. Tinha mesmo mandado mensagem para ela de madrugada? Com certeza %Reyna% estaria dormindo.
  Ainda assim, ele não deixou de conferir o celular de vez em quando, dividindo sua atenção com a movimentação da cidade.
  Eram quase quatro horas da manhã quando Peter decidiu voltar para casa e descansar um pouco. No dia seguinte, ele voltaria a analisar os ataques anteriores do Dahlia Negra para retomar o plano de tentar prever suas próximas vítimas.
  Aquela foi uma das raras noites em que Parker se jogou em sua cama e adormeceu instantaneamente.

  — Peter! — Mais uma vez, ele estava de volta àquele momento terrível.
  As risadas de Harry Osborn pareciam vir de todos os lugares, mas o mundo simplesmente parou quando Parker olhou para baixo e viu que Gwen despencava.
  Mas ele conseguiria pegá-la. Sua teia havia sido desenvolvida para aquilo. Gwen estaria a salvo em poucos segundos.
  No entanto, tudo passou em câmera lenta diante de seus olhos. Peter estendeu o pulso, lançando a teia em direção ao amor de sua vida, se jogando também em direção a ela para que pudesse agarrá-la antes que atingisse o solo.
  Os olhos de Gwen estavam fixos nos dele, apavorados, suplicantes, marejados. Ele jamais esqueceria daquela imagem.
  Por que o mundo havia desacelerado? Parker precisava ser mais rápido, ele seria mais rápido.
  E por um segundo achou de verdade que havia conseguido. Por um segundo, o alívio tinha tomado conta de seu peito e Peter poderia dizer a ela que tudo estava bem. Que Gwen estava a salvo.
  Mas o corpo dela estava mole como uma boneca, suspenso pela teia.
  Parker se agarrou a ela, tentando acordá-la, tentando acordar também a si mesmo daquele pesadelo, mas não conseguia, assim como não conseguiu salvá-la.
  Sua Gwen havia partido e não havia nada que pudesse fazer para tê-la de volta.
  Peter se debateu, implorando de novo para acordar, mas, de repente, tudo começou de novo.
  De repente, ele estava mais uma vez no alto, ouvindo a voz de Gwen gritar por ele, as risadas. E mais uma vez o mundo estava desacelerando enquanto o Homem Aranha lançava sua teia e se jogava em direção à sua amada.
  Aquilo era tortura demais.
  E como se não bastasse aquele pesadelo se repetindo em um loop, de repente a imagem de Gwen oscilava, assim como todo o cenário ao seu redor.
  De repente, não era Gwen Stacy e sim Michelle Jones despencando enquanto o Peter mais jovem não conseguia alcançá-la, mas, de alguma forma, ele sabia que conseguiria.
  Seus sentimentos estavam completamente confusos entre o pesar e o alívio de alcançar Michelle a tempo.
  Os olhos de Parker estavam marejados de lágrimas, ele afirmava que estava bem e era como se sentisse que alguém o acalentava.
  Então o cenário mudou.
  Mais uma vez, o Homem Aranha chegava a um ambiente escuro, onde apenas a luz do luar impedia o breu completo.
  — Ei, você! — gritava, vendo a figura encapuzada segurando alguém pelo colarinho.
  Dahlia Negra se virou para ele, a cabeça tombando rapidamente em curiosidade, para logo em seguida o vigilante largar o corpo sem vida no chão, seguido pela flor que era sua assinatura.
  Sabendo que fugiria, Peter se adiantou em sua direção, mas algo o impediu de persegui-lo.
  Na verdade, não era algo, era alguém.
  O corpo jogado no chão era do Doutor Connors.

  Suando como nunca, Parker despertou. Aquele pesadelo foi tão vívido que de repente o Homem Aranha olhou à sua volta, como se fosse encontrar o Dahlia Negra em seu quarto e o Doutor Connors morto ao lado de sua cama.
  Por que havia sonhado com aquilo? Seria um aviso?
  Seria ele a próxima vítima do vigilante?
  Suas mãos tremiam. Foram emoções demais, pesadelos demais, e seu coração continuava apertado por ter revivido pela milésima vez a morte de Gwen.
  Peter se sentou na cama, passando a mão pelos cabelos, sentindo-os pingando e tentou colocar seus pensamentos em ordem, analisar as coisas que haviam acontecido nos pesadelos.
  Então lhe ocorreu uma coisa e de repente ele se sentiu idiota por não ter pensado naquilo antes.
  O que havia acontecido com o Doutor Connors e com Max ao retornarem curados para o seu universo?
  Como estaria Harry Osborn?

CAPÍTULO DOIS
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