Daejeon

Escrita porPams
Revisada por Luba

2 • Indestructible

Tempo estimado de leitura: 32 minutos

— Olá novamente, pequena — disse me aproximando de Sunny, agachei ficando na sua altura e sorri para ela, que timidamente sorriu de volta. — Vejo que está cuidando muito bem dessa flor, tão linda quanto você.
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  Eu senti uma respiração profunda vindo dele, que permanecia ao lado da filha me observando, então me levantei e o olhei, respirei fundo também, precisava ser o mais profissional possível.
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  — Bem, como você ficará responsável por Sunny, deixarei que conversem sobre a nossa nova aluna. — A diretora se dirigiu para a porta. — Vamos, Yuri, precisamos providenciar os documentos da transferência de Sunny.
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  — Sim, senhora. — Yuri me lançou um olhar de boa sorte e seguiu a diretora, saindo depois dela.
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  Voltei meu olhar para Sunny, tentando não desviar minha atenção dela, que mantinha seu olhar na flor em sua mão.
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  — Bem… É um tanto surpreendente — disse ele como se procurasse as palavras certas. — Eu nem sei por onde começar.
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  — Porque não começamos do início. — Eu ri um pouco para descontrair, estendendo a mão para que sentasse no sofá, e me sentando também. — Prazer, eu sou a professora Miller, de literatura, mas pode me chamar de %Nalla% se preferir.
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  — Kim %Baekhyun%, mas pode me chamar somente de %Baekhyun%. — Ele se sentou, mantendo seu olhar em mim. — Novamente queria me desculpar pelo outro dia, eu estava desnorteado e, mesmo nervosa, a Gain não deveria ter dito aquela palavras tão duras.
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  — Por favor, não se desculpe por um erro que não foi seu, apesar de ter ficado irritada pelo tratamento dela, posso compreender o desespero de uma mãe. — Ou talvez só esteja me forçando a entender.
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  — Mãe?! A Gain não é a mãe da Sunny. — Ele riu de leve.
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  — Não?! — Por essa eu não esperava. — Madrasta?
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  — Também não — ele riu novamente. — Gain é minha sócia, uma amiga de muito tempo, tem me ajudado a cuidar de Sunny.
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  Oh! Novamente sem reação… Voltei meu olhar para Sunny, que se mantinha de pé entre suas pernas brincando com a flor.
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  — Eu posso entender o que aconteceu com a mãe dela?! — perguntei ponderadamente. — Se não for intromissão.
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  — Eu prefiro não falar sobre isso, não sem antes… — ele respirou fundo. — Não que eu não confie em você, mas…
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  — Por favor, não se explique, você não me conhece direito e sou uma estranha para sua filha, entendo perfeitamente. — O olhei com segurança. — Quantos anos a Sunny tem?!
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  — Seis anos. — Ele acariciou o cabelo da filha com carinho. — Como eu disse para a diretora, eu não consegui encontrar nenhuma creche onde ela se adaptasse, Sunny de alguma forma sempre foge, então um amigo me indicou essa escola.
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  — Essa pequena é muito especial, posso sentir isso. — Mantive meu olhar singelo nela. — Bem, como professora responsável, prometo ajudá-los.
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  — Mais uma vez obrigado — aquele tom soava gratidão sincera, algo que me deixou ainda mais motivada a ajudar Sunny a se adaptar a nossa escola.
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  A diretora Lee logo retornou com seus documentos para que %Baekhyun% assinasse, aproveitei o momento para discretamente pegar Yuri pelo braço e a arrastar até o banheiro da sala dos professores.
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  — O quê?! — disse ela embasbacada após eu contar a verdadeira história da mulher ciumenta.
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  — Isso mesmo, ela não é nada dele, só sócia, o que está me irritando ainda mais. — Respirei fundo.
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  — Agora mais do que nunca, eu preciso saber quem ele é, o que ele faz, se é rico ou não — Yuri começou com suas loucas teorias like a dorama.
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  — Lá vem você com suas loucuras de chaebol. — Cruzei os braços a olhando séria. — Yuri, estamos falando de uma criança, de um pai e uma sócia que nem faz parte da família.
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  — O que não significa que ela não queria ser. — Ela me olhou. — Aposto que ela gosta dele, mas ele não gosta dela.
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  — E o que isso me importa? — Respirei fundo, controlando meus pensamentos. — De onde que a diretora tirou essa ideia de me colocar responsável pela Sunny?
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  — Deveria estar feliz, já está afeiçoada a criança — retrucou.
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  — Você não me respondeu. — Meu olhar sério continuava.
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  — Digamos que nenhum dos outros professores quis ficar responsável.
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  — Ah, claro, porque não pensei no óbvio, temos um problema, jogue para a professora nova — sussurrei.
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  Meu problema não era ficar responsável pela Sunny, eu estava amando a ideia, meu problema era não saber como faria para ajudar aquela criança e ao mesmo tempo lidar com seu pai e o fato de não saber mais sobre a vida deles. Havia aprendido com uma pedagoga que crianças com dificuldade de comunicação frequentemente carregam grandes traumas em sua vida. Sunny só tinha seis anos e, pela reação de %Baekhyun%, certo que já havia passado por algo difícil em sua vida, o que fez meu coração ficar ainda mais apertado.
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- x -

  — Me diz que não é cinco da manhã?! — resmunguei da cama ao desligar o despertador do celular.
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  — Adoraria, mas não, já são cinco da manhã. — Yuri desceu da cama e seguiu cambaleando até a porta. — Não acredito que o fim de semana passou tão rápido.
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  — Nem eu, e hoje ficarei o dia todo com a Sunny. — Me espreguicei ainda deitada. — Hoje é meu dia de trabalho que mais amo, porém minha falta de criatividade em realizar uma atividade que estimule ela a falar está me matando.
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  — Porque você não faz o óbvio e prático e leva ela em uma fonoaudióloga ou psicóloga infantil? — sugeriu Yuri.
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  — O pai dela já fez tudo isso, por isso eu estou cuidando dela, tecnicamente sou o último fôlego de esperança, ou algo do tipo. — Suspirei fraco.
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  — Então, tenta tirar ela das quatro paredes da escola. — Yuri abriu o armário e começou a escolher a roupa que vestiria. — Você não sabe a rotina dela com o pai, e pelo que observamos ele parece ser uma pessoa bem ocupada, então, vai que a menina esteja somente precisando de um pouco de afeto e carinho?!
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  — Pode ser, o fato dela não ter mãe e a sócia ser uma figura feminina meio estranha também pode ser um agravante — observei. — Já estamos indo para a quarta semana, percebi que nos dias que Gain vem buscar ela, Sunny fica mais retraída e com um olhar de decepção.
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  — Talvez por ela querer ver o pai… — completou.
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  — Também — concordei pensando no que faria.
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  Assim que %Baekhyun% deixou sua filha na escola, pedi para que assinasse uma autorização para uma aula ao ar livre, algo que me custou um longo argumento sobre como seria benéfico para Sunny sair do ambiente relativamente aprisionador que a escola poderia lhe causar. Como assegurei, era um experimento que queria fazer, para que aumentasse o grau de confiança dela em mim, e o destino escolhido foi o Daejeon O-World. Nada como um zoológico para deixar uma criança animada, feliz e interessada ao mesmo tempo.
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  — Está pronta, recruta Sunny? — Bati continência para ela, que assentiu batendo continência também.
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  A flor que havia lhe dado estava devidamente sendo segurada pela mão esquerda, como todos os dias, isso de alguma forma me dava forças e energia para continuar e me empenhar mais. Paguei nossa entrada e adentramos o parque, mas não sozinhas, o senhor Han havia se prontificado para nos acompanhar, assim a diretora ficaria mais tranquila, e com a autorização assinado pelo pai, eu poderia ter um dia tranquilo com essa pequena.
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  A cada jaula que passávamos eu tentava desembolar uma história mais maluca que a outra, enfatizando o quão importante era a família para os animais, rolou até uma versão nova e improvisada de o rei leão. O que mais me deixou satisfeita foi ver alguns sorrisos e olhares curiosos dela, Sunny estava se divertindo aquele dia, o que significava que a sugestão de Yuri de sairmos da escola estava funcionando e eu pretendia seguir adiante, nas próximas segundas.
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  — Chegamos — disse assim que o senhor Han estacionou o carro em frente ao portão da escola. Voltei meu olhar para o retrovisor. — Muito obrigada, Han ajusshi.
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  — Não precisa agradecer, a companhia de vocês foi bem melhor que ficar sentado na cadeira da sala dos professores corrigindo exercícios. — Ele soltou uma gargalhada engraçada, nos fazendo rir junto. — E contem comigo para a próxima semana.
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  — Isso se a diretora Lee e o pai dela concordarem — enfatizei já pedindo a Deus ajuda para convencê-los.
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  — Tenho certeza que vão, sou sua testemunha que hoje foi um dia de muito aprendizado para essa criança. — Senhor Han sorriu ao abrir a porta do carro.
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  Eu sorri ao abrir a porta do meu lado e desci do carro com Sunny, logo avistei seu pai em frente ao carro dele nos esperando. Pedi para que conversasse comigo e a diretora, eu precisava relatar o micro avanço de Sunny no zoológico, assim como minha ideia de ter as aulas ao ar livre. Claro que a diretora Lee colocou inúmeros empecilhos envolvendo questões de segurança e da tradição da escola no quesito educação, entretanto o que me intrigou foi o olhar atento e observador de %Baekhyun% para mim, enquanto eu contra-argumentava a diretora Lee.
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  — Admito que nenhuma das outras escolas me propuseram fazer isso, mas… — ele voltou seu olhar para a filha —, se você acha que pode ajudar Sunny, eu darei meu consentimento.
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  — Senhor Kim?! O senhor tem certeza?! — A diretora parecia mais surpresa que eu com sua resposta.
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  — Sim — confirmou sua decisão. — Se for ajudar minha Sunny.
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  — Eu reforço minha promessa de dar o meu melhor pela Sunny — disse segura de minhas palavras. — E vi como ela se divertiu hoje e aprendemos muitas coisas juntas.
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  Sunny, que estava ao lado do pai, voltou seu olhar para e sorriu, certamente agradecendo pelo dia maravilhoso que tivemos juntas.
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  — Então, precisaremos que assine outro termo de autorização, e você professora Miller assinará um termo de responsabilidade pelas aulas ao ar livre com a criança. — A diretora Lee sempre arrumava uma forma de não se comprometer e nem o nome da escola, então claro que seria o meu pescoço na forca.
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  Assentimos juntos e esperamos que Yuri preparasse os papéis, enquanto isso eu fiquei brincando com Sunny, era incrível como ela havia se apegado a minha flor e sempre a segurava na mão esquerda, algo que já estava me intrigando a muito tempo. Outra coisa que me intrigava era o olhar fixo que %Baekhyun% sempre mantinha em mim, observador e silencioso são as características iniciais que havia selecionado para descrevê-lo. Apesar de de toda a curiosidade que mantinha dentro de mim, já me dava por satisfeita ter chegado àquele ponto, ele já confiava em deixar Sunny comigo passeando pela cidade.
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  — Acredite ou não, aulas ao ar livre são mais cansativas que em sala — comentei com Yuri assim que entramos em casa. — Minhas costas doem.
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  — Mas com certeza se divertiu bem mais — retrucou ela.
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  — Sim, você precisava ver os olhos brilhando de Sunny quando nos aproximávamos dos animais — concordei. — Foi tão mágico.
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  — Oppa?! — Yuri parou no centro da sala olhando para o corredor. — Você chegou quando?
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  — Hoje de manhã. — O homem deu alguns passos saindo do corredor dos quartos e adentrando a sala, ele ainda trajava o uniforme militar, era alto e tinha que concordar quando Yuri disse que era bonito.
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  — Oppa, quero te apresentar %Nalla% unnie. — Yuri me olhou sorridente, não sabia se era por seu irmão estar de volta ou por ela finalmente apresentá-lo a mim.
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  — Prazer. — Eu me curvei de leve, então percebi que ele tinha esticado a mão em cumprimento.
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  Yuri riu baixo da nossa falta de coordenação.
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  — Prazer, sou o %Suho%. — Ele manteve a mão estendida e logo eu retribui o cumprimento. — Espero que esteja se sentindo confortável em nossa casa.
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  — Claro, Yuri e Sora ajumma estão sendo muito acolhedoras comigo. — Sorri em agradecimento por sua preocupação e me voltei para Yuri. — Eu vou colocar as coisas no quarto, preciso preparar a aula de amanhã.
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  Me afastei deles e segui para o corredor. Fiquei tão focada em proporcionar um dia de diversão a Sunny que acabei me esquecendo dos outros alunos, eu não sabia muitas coisas da literatura coreana, nada além do que estudei na universidade e das dicas do meu querido monitor. Certo que passaria a noite estudando ainda mais para não deixar que meu rendimento em sala caísse, sem contar com a incansável supervisão do vice-diretor, o senhor Chang. Ele me parece bem entusiasmado em seguir cada passo meu pela escola, o que já está me deixando louca.
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  As horas se passaram e bem depois do jantar, resolvi ficar na sala de estar trabalhando para não acordar Yuri, minha amiga parecia bem mais cansada do que eu, certamente era cansaço mental e psicológico por ter que trabalhar diretamente com a diretora Lee.
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  — Que concentração — comentou %Suho% ao aparecer na entrada do corredor, encostado na parede de braços cruzados.
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  — Ah… Eu não queria atrapalhar o bom sono da Yuri, então resolvi vir trabalhar aqui. — Continuei sentada no chão onde estava e olhei em minha volta para aquele tanto de papel espalhado. — Mas não posso garantir minha organização no processo.
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  — Acredite, Yuri consegue ser mais bagunceira — brincou ele dando mais alguns passos em minha direção. — Você parece cansada.
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  — É tão visível?! — Ri baixo. — Preciso melhorar meu cronograma de afazeres diários, mas tenho um problema em só conseguir ser produtiva à noite.
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  — Senhorita coruja — brincou.
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  — Agradeço o elogio — eu ri. — É estranho, mas sempre fui assim… Eu não te acordei, não é?
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  — Não — respondeu se dirigindo para a cozinha. — Estou acostumado a acordar no meio da noite para fazer a ronda, você sai do exército, mas o exército não sai de você.
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  — Te entendo, devem ter sido dias difíceis para você lá, a Yuri me contou como o exército é rígido e bastante intenso — comentei tentando ponderar minhas palavras.
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  — Não é fácil mesmo, mas me sinto honrado por ter defendido meu país, mesmo que somente por dois anos — concordou.
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  — Admirável esse amor de vocês pela nação. — Sorri de leve e voltei meu olhar para minha bagunça. — Isso me faz querer não decepcionar meus novos alunos.
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  — Hum… Então você ensina literatura. — Ele se aproximou mais um pouco e encostou na parede da porta, ficando de frente para mim.
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  — Digamos que estou no caminho, só preciso seguir nas direções corretas — enfatizei. — Ainda conheço pouco da cultura de vocês.
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  — Talvez eu possa te ajudar — disse tranquilamente. — Tenho uma velha amiga de escola que trabalha na biblioteca pública, ela sempre foi muito boa em literatura no ensino médio.
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  — Sério?! — O olhei. — Nossa, vai me ajudar muito mesmo.
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  — Hum… — Ele me manteve o olhar em mim como se me analisasse.
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  — O quê? O que foi? — Olhei em minha volta tentando entender.
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  — Nada, só estou aqui pensando… — Ele voltou o olhar para o relógio de parede. — Você está com fome? Já se passou um longo tempo desde que jantamos.
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  — Nossa… — Passei a mão de leve em minha barriga. — Agora que está falando, acho que estou mesmo precisando recarregar as energias.
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  — Que tal uma volta, conheço alguns lugares que funcionam essa hora e vendem uma comida bem gostosa — convidou ele retirando a chave de sua moto do bolso da calça.
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  — Devo considerar o fato desse convite já ter sido meramente planejado? — disse apontando para a chave.
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  — Eu já estava mesmo pensando em ir, então… Pensei que pudéssemos fazer companhia um para o outro — explicou de forma vergonhosa, mas mantendo a naturalidade na voz. — Você aceita?
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  — Acho que um passeio noturno pode ser bom para refrescar minha mente cheia de preocupações — brinquei me levantando do chão. — Só preciso pegar minha bolsa, não posso sair sem meus documentos, mesmo que você seja responsável por mim.
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  Saí rindo em direção ao quarto, tentei fazer o mínimo de barulho possível para não acordar Yuri, então troquei rapidamente de blusa e calcei o tênis antes de pegar minha bolsa transversal. Caminhamos por alguns minutos até chegar a uma barraquinha de rua, que para minha surpresa estava com bastantes pessoas, foi complicado encontramos um lugar para sentar, mas logo ao cantinho %Suho% avistou uma mesinha vaga.
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  — Incrível essa vida noturna em Daejeon, achei que fosse só no Brasil que os barzinhos ficassem lotados de madrugada — comentei assim que fomos servidos, nosso pedido foi lámen tradicional coreano.
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  — Bem, acho que só no verão a noite fica mais movimentada ainda que na primavera — explicou ele se sentando na banqueta em minha frente.
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  — Obrigado por me trazer aqui, essa é a primeira vez que saio de casa para me divertir e não trabalhar. — Desviei meu olhar para as mesas ao lado, vendo um casal mais a frente rindo de algo.
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  — Assim como o exército não foi para mim, imagino que não esteja sendo fácil se adaptar à nova vida — comentou ele.
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  — Só de viver longe de casa já é complicado. — Olhei para o hashi com certo receio, já havia treinado um pouco, mas não levava jeito para isso.
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  — O que foi? — perguntou curioso.
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  — Estou com medo de fazer bagunça.
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  — Não se preocupe… — ele riu. — Coma com a colher, com tempo pega a prática.
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  — Espero que sim — ri pegando a colher que estava na bandeja.
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  Delicioso. Essa era a palavra certa para classificar aquela comida, bem temperada e com um toque louco de pimenta que me fez tossir em alguns momentos, Yuri já tinha me dito que coreanos eram loucos por comidas apimentadas, mas não imaginava tanto. %Suho% pediu duas garrafas de soju, a bebida mais cheia de álcool deles, apreciada pela nação inteira, mas logo já informei que não bebia, então a senhora dona da barraquinha gentilmente conseguiu uma lata de coca para mim.
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  — Yuri me disse que você se formou em direito — comentei ao iniciar uma conversa aleatório sobre nós. — O que te fez largar tudo e ir para o exército?!
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  — É louco, mas inicialmente foi, por causa do meu coração — respondeu ponderadamente.
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  — Seu coração? Você está doente? — O olhei preocupada.
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  — Não. — Ele riu de imediato. — Talvez um pouco cego, mas, não doente.
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  — Como assim cego?
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  — Estava apaixonado — explicou melhor. — Por uma amiga de trabalho, então resolvi ir para o exército com o desejo de me tornar um homem honrado para ela, mas…
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  — Vocês terminaram? — perguntei, vendo a mudança no seu olhar, mostrando tristeza e frustração.
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  — Sim, ela disse que dois anos era muito tempo para um amor sobreviver a distância — respondeu. — Então, depois que entrei no exército ela se casou.
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  — Uau. — Aquilo me chocou.
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  Me segurei para não fazer nenhum comentário inoportuno, respirei fundo e pensei em mudar o rumo da conversa.
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  — Você pretende voltar a ativa e advogar novamente? — perguntei.
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  — É o que gosto de fazer — respondeu com segurança. — Vou começar a avaliar algumas propostas de trabalho.
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  — Hum, homem importante. — Sorri de leve.
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  — Tenho alguns amigos que tem amigos, que conhecem pessoas — ele riu. — E você? Como veio parar aqui?
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  — Você me trouxe de moto para cá, não lembra? — brinquei, o fazendo rir mais. — Bem, inicialmente eu sempre gostei de crianças e de ensinar, dava aulas de reforço quando estava no ensino médio, então minha mãe me incentivou a fazer algum curso que fosse licenciatura, assim eu seria professora.
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  — Interessante.
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  — É, se não fosse o fato de mexer com cadáver ou sangue, eu poderia ter partido para pediatria, entretanto, gosto bastante de literatura por isso segui esse caminho — continuei. — E para contrariar meus pais, escolhi o coreano como o idioma estrangeiro para estudar.
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  — Uau, agora estou curioso para entender o que a motivou a isso.
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  — Tenho duas amigas no Brasil que são loucas por kpop, fazíamos faculdade juntas e me influenciaram a escolher o hangul — respondi.
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  — Uahh, então terei que agradecê-las.
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  — Pelo quê? Me influenciar? — surpresa eu estava.
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  — Sim, estou desfrutando de sua companhia graças a elas. — Ele sorriu de forma tímida e fofa.
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  — Um agradecimento duplo, então. — Peguei a lata de coca e levantei em sinal de brinde.
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  Ele pegou sua garrafa de soju e brindou comigo, mantendo seu olhar em mim. %Suho% era bastante educado e muito gentil, além de suas histórias sobre os dois anos de exército serem bastante interessantes. Foram longas horas de conversa enquanto caminhávamos pelas ruas de Daejeon, eu sabia que pela manhã estaria um bagaço de tão cansada e com sono, porém aquele momento de descontração parecia mais revigorante que uma noite de sono.
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  — Pronto, agora pode ir contando — disse Yuri ao puxar a cadeira da estação ao lado e sentar perto de mim.
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  — Contar o quê?! — Desviei meu olhar do monitor e voltei para ela. — Do que está falando?
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  — Do seu encontro com meu irmão, achou mesmo que não vi vocês dois saindo cedo e voltando às cinco da manhã? Vocês nem dormiram em casa, estou morrendo de curiosidade! Já posso te chamar de cunhada?
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  — Claro que não. — Fiquei boquiaberta com a euforia louca dela. — Yuri por favor, eu e seu irmãos somente saímos para comer, e caminhamos um pouco.
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  — Só isso?! — Ela me olhou meio desapontada.
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  — O que mais esperava? — Desviei meu olhar para a porta da sala dos professores, Sunny estava parada ao lado do professor Han.
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  Era aula de esportes da turma que ela deveria frequentar, e propus que ela ficasse com ele para se enturmar, mas certamente não rolou muito. Me levantei da cadeira e segui até eles.
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  — Então, pequena Sunny, como foi a aula? — perguntei já sabendo que nem um som sairia dela. — Ajusshi Han?!
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  — Eu acho que ela só se sente à vontade perto de você — assegurou. — Você vai precisar de mais paciência para lidar com isso.
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  — Obrigado senhor Han, ainda que não tenha dado certo, demos mais um passo hoje. — Voltei meu olhar para ela. — Não é, Sunny?
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  Ela voltou seu olhar para mim e sorriu. Voltaria então para meu plano A, fazer a Sunny assistir todas as minhas aulas diárias para assim trabalhar seu entrosamento com outras crianças. Já tinha notado que ela parecia uma criança solitária, precisava saber um pouco mais sobre sua rotina em casa para conseguir ajudar da melhor forma possível, mas não sabia como poderia me aproximar do seu pai e fazê-lo confiar mais em mim. Além da curiosidade em saber o que tinha acontecido com a mãe da pequena.
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  Mais semanas se passaram. Consegui que %Baekhyun% me prometesse buscar Sunny todos os dias, assim como estava a levando para aula, seria mais um momento em que ambos teria a oportunidade de estarem juntos, já que ele passava muito tempo no trabalho e pouco com a filha. Seu vínculo com ela era evidentemente frágil, mais uma preocupação para mim, Sunny precisava vê-lo como uma figura paterna que lhe transmita segurança e principalmente amor. Mas como eu ensinaria um pai a fazer isso, se eu nem era mãe?! Pior, não poderia me intrometer assim tão abertamente no relacionamento de pai e filha deles, o que me deixava ainda mais agoniada sem saber o que fazer.
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  — Bem, eu… Queria fazer outro pedido — disse pouco antes de %Baekhyun% se afastar com a filha.
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  — Sim?! Preciso assinar mais alguma autorização? — perguntou.
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  — Não — tomei coragem. — Desta vez eu… Queria que fosse consoco.
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  — Em uma aula ao ar livre? — Ele se demonstrou surpreso pelo convite e ao mesmo tempo confuso.
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  — Sim… Vai ser bom para ela ter uma experiência assim com o pai — reforcei a importância. — Me desculpe a intromissão, mas percebi que passa muito tempo longe dela e Sunny precisa da sua atenção, de pai.
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  — Eu agradeço que queira ajudar e posso sentir que minha filha está mais calma ultimamente e nesse tempo todo não tentou fugir novamente, contudo, não posso fazer o que está me pedindo. — Ele se manteve sério.
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  — %Baekhyun%, estamos falando de um dia somente, não acredito que não possa fazer isso pela Sunny, ela é sua filha — retruquei cheia de indignação.
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  — Sim, ela é minha filha. — Ele segurou firme na mão da criança. — Por isso não acho que deva se envolver onde não deve, professora Miller, minha relação com Sunny só diz respeito a mim.
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  Mesmo seu olhar duro tinha traços de tristeza, talvez Sunny não seja a única ferida naquela família, mas se ele já estava me tratando assim por somente questionar o tempo que passa com a filha, imagine se eu perguntasse novamente o que aconteceu com a mãe dela. Ele a pegou no colo e se afastou de nós, Sunny me olhou tristonha enquanto apertava a flor de papel em sua mão.
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  — O que eu fiz?! — sussurrei para mim mesma.
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  Já sabia que passaria o fim de semana preocupada com a pequena, minha mente fervilhava de preocupação, para piorar meu corpo dolorido pelo resfriado que peguei sem necessidade. Domingo pela manhã Sora ajumma viajou para casa de sua irmã em Busan, segundo ela, precisava de umas férias, do que eu não sabia, mas estava feliz por sua animação em viajar. Logo após o almoço Yuri saiu para um encontro, minha amiga estava radiante com seu vestido novo que comprou para a ocasião, em suas palavras aliviadas, já fazia tempos que ela esperava pelo convite do tal funcionário da empresa de entretenimento. É engraçado imaginar minha amiga sendo namorada de um quem sabe k-idol, mais ainda, torcer pelo seu romance as escondidas, digno de dorama.
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  — Voltou cedo — disse ao adentrar a sala e ver %Suho% misteriosamente na cozinha preparando algo no fogão. — Olha só quem sabe cozinhar — brinquei.
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  — Eu que estou surpreso por estar em casa. — Ele me olhou de relance, então voltou sua atenção para a panela. — Aceita spaguetti?
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  — Além de chefe sabe gastronomia italiana — o fiz rir.
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  — Aprende-se muita coisa no exército, sabia? — ele continuou mexendo a panela que parecia ser do molho.
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  — Imagino. — Dei alguns passos até ele, ouvindo mais nitidamente o barulho da chuva que caía do lado de fora. — Eu até pensei em dar uma volta, mas começou a chover e desanimei, Yuri provavelmente vai demorar para voltar.
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  — Aposto que vai usar isso de pretexto para conhecer o dormitório de algum grupo de kpop. — Ele riu.
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  — Você sabe quem é esse tal funcionário?
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  — Ela sempre fala a mesma coisa, que não pode contar para proteger ele. — Ele suspirou fraco. — Tenho medo que minha irmã se machuque com essas suas fantasias amorosas de dorama.
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  — Eu não a recrimino, acho fofo os romances de dorama — retruquei — Apesar da maioria ser repetitivo, a mocinha pobre que apaixona pelo CEO da companhia, egocêntrico e sarcástico, com uma mãe ou tia que impede o amor deles, e ainda tem uma mulher para ser a rival.
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  — Nossa, não é só minha irmã que anda fazendo maratonas de doramas — comentou rindo.
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  — Digamos que eu veja para treinar minha pronúncia — me expliquei.
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  — Sei. — Ele desligou o fogo e me olhou cruzando os braços.
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  — Estou falando sério. — Fiz cara de emburrada. — Então, nosso jantar está pronto?
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  — Bon appétit, senhorita. — Ele abriu um largo sorriso, me fazendo sorrir junto.
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  Em um piscar de olhos tocaram a campainha da porta, achei estranho de início, já que Yuri havia saído com a chave e %Suho% assegurou que não estava esperando ninguém. Segui até a porta e assim que abri, meu corpo gelou ao ver Sunny toma molhada pela chuva parada na porta e chorando.
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  — Pequena?! O que faz aqui a essa hora?! — Me estiquei e olhei no corredor, vendo-o vazio a coloquei para dentro. — Como chegou até aqui?
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  Ela esticou a mão com um papel, notei que não estava com a flor de papel que havia lhe dado no dia em que nos conhecemos.
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  — Quem é essa criança? — perguntou %Suho%.
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  — Minha aluna. — Peguei o papel e li meu endereço anotado nele, fiquei curiosa para saber como ela tinha conseguido aquele endereço, mais, como ela tinha conseguido chegar em minha casa. — Venha, Sunny, temos que tirar essas roupas molhadas.
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  Por um momento me peguei desnorteada com a situação, mas antes de pensar em fazer o óbvio e ligar para o seu pai, eu iria cuidar daquela doce criança da forma mais carinhosa possível. Se Sunny veio atrás de mim, é porque conquistei sua confiança e seu afeto, então não iria decepcioná-la, muito menos negligenciá-la.
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  Seguraria sua mão, mesmo que me custasse ir contra seu pai.
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"Este indestrutível e inquebrável
Vínculo que nunca vai se quebrar
Nossas almas são almas gêmeas (almas gêmeas)
Por exemplo,
Mesmo se parecer que você está prestes a cair de um penhasco
Eu definitivamente não vou soltar a sua mão

Indestrutível…
Porque eu vou proteger você até o fim."

- Indestructible / Girls' Generation

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